DEPUTADO PAULO GUEDES (PT)
Discurso
Declaração de posição favorável à greve dos servidores e dos professores
da rede pública estadual de ensino, da Universidade Estadual de Montes
Claros - UNIMONTES - e dos servidores do Hospital Universitário da
referida Universidade por melhoria do salário e das condições de
trabalho. Solicita ao Governador Antonio Augusto Junho Anastasia que
receba as Lideranças grevista para discussão das reivindicações da
categoria. Declaração de posição contrária ao pronunciamento do Deputado
Arlen Santiago criticando a sua atuação parlamentar na região Norte de
Minas.
Reunião
31ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 11/05/2010
Página 44, Coluna 4
Assunto EXECUTIVO. EDUCAÇÃO. PESSOAL. DEPUTADO ESTADUAL. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
Legislatura 16ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 11/05/2010
Página 44, Coluna 4
Assunto EXECUTIVO. EDUCAÇÃO. PESSOAL. DEPUTADO ESTADUAL. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
31ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª
LEGISLATURA, EM 4/5/2010
Palavras do Deputado Paulo Guedes
O Deputado Paulo Guedes* - Sr. Presidente, Srs. Deputados,
público presente e telespectadores da TV Assembleia espalhados por
diversas cidades de Minas Gerais. Venho a esta tribuna para mais
uma vez manifestar o nosso apoio ao Sind-UTE, aos professores do
Estado de Minas Gerais e aos professores, funcionários e
estudantes da Unimontes de Montes Claros, que estão em greve geral
por melhoria de condições de trabalho. Também quero trazer o nosso
apoio e a nossa solidariedade aos servidores do Hospital
Universitário de Montes Claros, que também pertence à Unimontes,
que, repito, está em greve há mais de 30 dias, na luta por
melhoria das condições de trabalho. Além de trazer o nosso apoio,
queremos solicitar ao governo uma posição mais clara. Esperamos
que o Governador Anastasia e a Secretária Renata Vilhena chamem o
pessoal do comando de greve da Unimontes para uma negociação. Hoje
a Unimontes se encontra numa situação muito difícil. O governo
criou muitos problemas que precisam ser solucionados não apenas no
tocante à questão salarial - uma das principais reivindicações -,
mas também no que se refere a outros pontos que a categoria
reivindica, e o governo pode resolvê-los. Há uma série de normas
criadas pelo governo do Estado que estão atrapalhando a Unimontes.
A aprovação da Lei nº 100, que efetivou vários servidores da
Unimontes, gerou inúmeras distorções. Uma delas é que um
contratado recebe mais do que um professor efetivado. Esses são
problemas que precisam ser resolvidos, e a Secretária precisa se
reunir com o comando de greve. Estamos aqui solidários ao
movimento, trazendo o nosso apoio aos servidores - professores do
Estado, professores e funcionários da Unimontes. Não podemos
admitir que o governo do Estado divulgue uma informação, mas, na
prática, aja de forma totalmente diferente. É inadmissível que
servidores da Unimontes e do Hospital Universitário ganhem como
salário-base apenas R$330,00 - está aqui no contracheque. Não
estamos aqui inventando números. Todo cidadão mineiro tem um
parente, alguém da família que trabalha para o Estado ou mesmo
conhece uma professora ou um servidor. O que estamos falando a
população pode comprovar ao procurar um professor e pegar seu
contracheque. O salário do professor está a quilômetros de
distância do teto estabelecido pelo governo federal, que é de
R$1.300,00. Em Minas Gerais, há salários que não chegam a um
salário mínimo: R$330,00, R$340,00, R$360,00, R$440,00. Esse é o
salário-base que o Estado está pagando para grande parte da
categoria no Estado. Isso é inadmissível! O governo tem de
corrigir essas distorções. O governo fala que não possui recursos,
mas sabemos que os recursos estão sobrando. Há recursos para
construir centro administrativo e obras faraônicas, bem como para
chamar Prefeitos para liberar obras eleitoreiras. Aliás, criou-se,
inclusive, uma tabela: a tabela da campanha.
Os Prefeitos estão sendo chamados no gabinete. Se apoiar o
governo, haverá recursos; se não apoiar, não haverá. Então estamos
aqui também para pedir ao governo que seja republicano, como faz o
Presidente Lula, que, quando lança programas, lança para todos. O
Presidente Lula não quer saber se o programa é para beneficiar o
Prefeito A ou B nem de qual partido, ele lança programas para os
Municípios, para os Estados. Portanto há recurso, sim. Queremos
que o governo receba o comando de greve da Unimontes, abra
negociação séria e atenda às reivindicações, que são justas, dos
servidores da Unimontes e do Hospital Universitário de Montes
Claros. Estamos firmes na defesa e solidários aos movimentos
desses professores, bem como a todos os professores de Minas
Gerais que também estão em greve. Portanto trazemos - nossa
Bancada do PT-PMDB-PCdoB - nossa solidariedade ao movimento de
greve, às reivindicações da categoria, que são mais do que justas.
O governo precisa tomar atitude, resolver o que está estabelecido
por lei e pagar o teto nacional aos professores do Estado.
Aproveito a oportunidade para rebater as críticas que recebi há
pouco do Deputado Arlen Santiago, quando se referiu à atuação
deste Deputado, que vem, de forma firme, defender a região do
Norte de Minas, o Vale do Jequitinhonha, o Noroeste, o Vale do
Mucuri. São regiões que estão sendo discriminadas pelo governo do
ponto de vista de investimentos. Há alguns dias, ao ler o jornal
“Estado de Minas”, havia mapa das viagens do Aécio no último mês
do mandato. Onde ele ia, deixava investimentos, anunciava obra.
Foi a Uberaba e anunciou o gasoduto de R$700.000.000,00; foi a
Juiz de Fora e anunciou obras de R$8.000.000.000,00, para resolver
o problema de saúde em tal cidade. Mas, para o Vale do Mucuri, o
Norte de Minas, o Noroeste e o Vale do Jequitinhonha, não anunciou
nada. Lá não há investimento que gere renda, não há empresa grande
que o governo tenha levado para gerar oportunidades; pelo
contrário, nessa região há a indústria da multa instalada. São
multas contra produtores rurais. É a indústria da multa liderada
pelo IEF, que não deixa ninguém mais produzir no Norte de Minas,
parou o Projeto Jaíba, parou os assentamentos de reforma agrária,
enfim, parou a produção do Norte de Minas de forma geral. É a
indústria das multas do DER, que, para beneficiar meia dúzia de
empresas de ônibus, tira das pessoas o direito de ir e vir.
Ninguém mais pode pegar táxi em Januária, Brasília de Minas, São
Francisco, Capitão Eneias, Manga, Salinas, Taiobeiras, São João do
Paraíso e Chapada Gaúcha para ir a Montes Claros. As pessoas têm
de se sujeitar a esperar a hora, às vezes uma vez por dia são
obrigadas a andar no ônibus da Transnorte. Isso porque o DER está
perseguindo e multando os taxistas do Norte de Minas, do Vale do
Mucuri. E mais: ninguém da região do Vale do Mucuri pode ir a uma
agência do INSS, à Caixa Econômica Federal ou fazer exame em
Teófilo Otôni, porque a indústria da multa também se instalou no
Vale do Mucuri. Quando vimos a esta tribuna cobrar, estamos
cobrando e fazendo a defesa do povo.
De certa forma, fiquei impressionado como o Deputado Arlen
Santiago tem a capacidade de querer ser dono de tudo. Por diversas
vezes, nos últimos quatro anos, todos de São João das Missões,
Itacarambi, Manga, Montalvânia, Juvenília e Miravânia viram tal
questão.
Era só haver uma festa na cidade que ele subia no palanque para
dizer que a estrada não seria feita porque o governo federal não
tinha interesse de fazê-la. Dizia também que deveria devolvê-la
novamente ao governo do Estado. Entretanto se esquecia de dizer
que essa estrada ficou cinco anos, de 2002 a 2007, delegada ao
governo do Estado. O Fernando Henrique, na época, ao sair do
governo, destinou R$800.000.000,00 às estradas federais que foram
estadualizadas. Esquece também de dizer que Aécio e Itamar usaram
esses recursos para pagar o décimo-terceiro e os salários
atrasados do Estado. Na época, houve um desvio do dinheiro, foi
publicado em todos os jornais. Na semana passada, o jornal “O
Globo”, na coluna “Panorama Político”, noticiou que o governo
federal baixará uma medida provisória para cobrar de volta o
dinheiro passado a Minas Gerais, mas desviado sem que se fizessem
as estradas.
Em 2007, fui eleito Deputado. Sou da região de Manga, de
Montalvânia, de São João das Missões, onde sou nascido e criado,
portanto conheço aquela realidade. Iniciamos um trabalho para a
realização dessas obras com o Deputado Virgílio Guimarães, que não
mediu esforços e se empenhou para consegui-las. Procuramos o
Presidente Lula, o Diretor do DNIT, o Ministro dos Transportes,
enfim, todas as autoridades, para cobrar - e cobramos muito -, até
que o Presidente Lula entendeu o nosso pedido e elaborou um
decreto retornando para o DNIT o trecho de Itacarambi até a divisa
da Bahia. Na época, mesmo que o governo quisesse disponibilizar
recursos, não podia porque o Tribunal de Contas da União não
permitia, já que a obra estava delegada ao Estado. Assim, em 2007,
conseguimos recuperar a estrada para o governo federal. Foi feita
a primeira manutenção com recursos de R$3.000.000,00 conseguidos
pelo Deputado Virgílio Guimarães, a nosso pedido, em Brasília.
Depois, conseguimos que o Exército fizesse novos projetos. Foi
feito o projeto executivo de Montalvânia à divisa da Bahia, de
Montalvânia a Monte Rei, de Monte Rei a Manga, e está sendo feito
o de Manga a Itacarambi. Então, três licitações já foram
concluídas para o asfaltamento: de Manga a Monte Rei; de Monte Rei
a Montalvânia; e de Montalvânia à divisa com a Bahia. Concluiu-se
também a licitação da manutenção geral da estrada. E, nos próximos
dias, começará a manutenção do trecho compreendido entre
Montalvânia e Itacarambi, que se encontra numa situação de
calamidade. Aliás, passei por ela na semana passada e fiquei, o
dia inteiro, terça-feira, em São João das Missões, com os índios
xacriabás e lideranças. Fizemos um protesto até que o Diretor do
DNIT nos atendeu e determinou que um engenheiro regional fosse ao
local para explicar aos manifestantes o passo a passo daquela
obra. Assim, tranquilizamos as pessoas. E, nos próximos dias,
contaremos com obras do governo federal na BR-135.
Fiquei abismado com o Deputado Arlen Santiago, com o Prefeito de
Manga e com outros Deputados, que nem mesmo são da base do governo
federal, ou melhor, são adversários ferrenhos do Lula, criticam o
Presidente todos os dias, ao comprar um espaço na Rede Globo para
dizer que ele é o pai da criança. Ele tem a mania de querer ser
dono de tudo. Isso é uma doença que está impregnada no Deputado.
Eu, por exemplo, nunca quis ser dono de nenhuma estrada do
Proacesso do governo do Estado. O Deputado Arlen Santiago virou
dono de todas, inclusive da de Miravânia a Manga, pois foi ao
governo e mudou para Miravânia a Cônego Marinho. Tudo bem que o
fez para beneficiar o referido Município, mas prejudicou várias
comunidades de Manga e de Miravânia. Vamos ganhar o governo do
Estado e, no próximo ano, faremos as duas. Na verdade, até hoje
não começaram as obras da estrada que liga Miravânia a Cônego
Marinho não sei por quê. Então pediremos que façam o trecho de
Miravânia a Manga também, que foi retirado pelo Deputado por meio
de força política. Sabemos que ele tem forças no governo do
Estado, mas querer meter o bedelho em obras do governo federal é
demais, Deputado Arlen Santiago.
V. Exa. deveria ser um pouco mais correto em suas atitudes. Ao
fazer seus anúncios, ao comprar espaço na televisão, não deveria
utilizar a Amams nem colocar propaganda na televisão com o
dinheiro do povo. A Amams é uma entidade pública mantida pelas
Prefeituras. Portanto não pode utilizar recursos públicos para
fazer propaganda para candidato A ou para candidato B. A Amams,
Presidida pelo Sr. Valmir Morais, acabou de cometer um ato
ilícito. Mais uma vez, utilizo esta tribuna para denunciar e pedir
providências ao Ministério Público com relação a esse gasto com o
dinheiro alheio. Trata-se de um ato de desrespeito com a região,
com o dinheiro e com os Prefeitos da região que não foram ouvidos.
Portanto, crime eleitoral tem de ser apurado. Esperamos que o
Ministério Público tome as providências e acabe com essa farra de
querer ser o dono de tudo, de aparecer em tudo e de pedir esmola
com o chapéu alheio. Muito obrigado, Sr. Presidente.
* - Sem revisão do orador.