DEPUTADO PAULO GUEDES (PT)
Discurso
Comenta a importância da liberação da construção das Barragens de
Berizal, Congonhas, do Calindó, de Vacarias, de Guarda-Mor, de Jequitaí e
outras para a economia da região Norte do Estado. Solicita ao Secretário
de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho, a
criação de política diferenciada de licenciamento ambiental para as
regiões do Estado atingidas pela seca.
Reunião
34ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 10/05/2008
Página 46, Coluna 1
Assunto DESENVOLVIMENTO REGIONAL. RECURSOS HÍDRICOS.
Aparteante RUY MUNIZ, LUIZ TADEU LEITE.
Legislatura 16ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 10/05/2008
Página 46, Coluna 1
Assunto DESENVOLVIMENTO REGIONAL. RECURSOS HÍDRICOS.
Aparteante RUY MUNIZ, LUIZ TADEU LEITE.
34ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª
LEGISLATURA, EM 30/4/2008
Palavras do Deputado Paulo Guedes
O Deputado Paulo Guedes - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs.
Deputados, estamos de volta à tribuna para comentar vários
assuntos de interesse da nossa região.
Ainda hoje, na 1ª Parte desta reunião, acompanhei atentamente o
pronunciamento do Deputado Carlos Pimenta, que cobra do governo do
Estado e dos órgãos ambientais uma resposta mais rápida para as
inúmeras obras que se encontram paralisadas no Norte de Minas, por
falta de licenciamento ambiental. Quero também, aqui, fazer esse
chamamento, porque não dá mais para admitir a forma como vêm sendo
tratadas algumas obras na região por parte do meio ambiente de
Minas Gerais. A construção da barragem de Berizal foi iniciada
pelo governo federal há 10 anos, entre Berizal e Taiobeiras; uma
obra que vai beneficiar e garantir abastecimento humano para oito
cidades da região e vai perenizar o Rio Pardo. Trata-se de uma
obra de fundamental importância para a economia do Norte de Minas,
do Alto Rio Pardo. Não entendemos a demora, a burocracia. Há tanto
pedido, tanta documentação, tanto projeto, e as licenças não saem.
Todo ano, o DNOCS coloca recurso no Orçamento, o qual sai e vai
embora. Eu tive a oportunidade de ser Diretor do DNOCS, no período
de 2003 a 2006, e todos os anos os recursos destinados à
construção da barragem de Berizal eram utilizados para obras no
Estado do Ceará, porque em Minas Gerais não se conseguia o
licenciamento ambiental. Neste ano, o problema volta novamente.
Depois de muito trabalho, depois de tantos pedidos ao meio
ambiente, foram feitos três projetos de licenciamento ambiental, e
eles sempre arrumam um defeito. Já se gastaram quase
R$2.000.000,00 só no licenciamento ambiental dessa barragem, e o
meio ambiente não está satisfeito com tanto papel, com tanta
burocracia. O cidadão comum, as pessoas que precisam da água, as
pessoas que vivem ali, tanto as que são contra quanto as que são a
favor da barragem, não entendem a morosidade por parte dos órgãos
ambientais. Espera-se que seja encontrada uma solução cabível para
a barragem do Berizal e para outras obras importantes, como as
barragens de Congonhas, do Calindó, de Vacarias, de Guarda-Mor, de
Jequitaí, enfim, de tantas obras que estão paralisadas em nossa
região devido à questão ambiental.
Gostaria de solicitar do nosso Secretário de Meio Ambiente que
tivesse uma política diferenciada porque não vemos em outras
regiões do Estado essa rigidez que os órgãos ambientais vêm
imprimindo ao Norte de Minas. O Triângulo mineiro, por exemplo, já
foi quase que totalmente desmatado. Lá existem apenas 7% de
reserva legal, enquanto que deveria haver, no mínimo, 20%. No
Norte de Minas ainda temos 53% de cobertura, ou seja, 53% das
terras do Norte de Minas ainda são reserva legal. Mesmo assim,
sabemos que é uma região que está no semi-árido, que durante nove
meses por ano é castigada pela seca, por isso tem que ter
tratamento diferenciado. O clima naquela região é diferenciado,
portanto a construção de barragens lá é de fundamental
importância. A construção dessas barragens favorece, aliás, o meio
ambiente porque um rio seco não produz nada. Várias vezes
atravessei o Rio Pardo em Taiobeiras sem uma gota d´água.
Alguma coisa precisa ser feita. Temos que sair dessa burocracia
que está acontecendo na nossa região. Essa mesma legislação
ambiental chega a ser implacável às vezes. O Igam chegou ao
Município mais pobre de Minas Gerais, minha terra, São João das
Missões, onde 70% da população é de índios e os outros 30% são de
pequenos agricultores familiares, e multou todo o mundo que estava
usando a água do Rio Itacarambi. Existem casos lá em que, se a
pessoa vender a propriedade, não paga a multa aplicada pelo Igam.
Há muita insensibilidade. A formação desses profissionais está
muito acadêmica, muito voltada para o órgão, para a lei. Eles
precisam conhecer a realidade da região indo lá, vendo a
dificuldade das pessoas. A lei não pode ser aplicada simplesmente
como é aprovada no Parlamento, ela tem de ser interpretada para
cada região.
O Deputado Ruy Muniz (em aparte)* - Muito obrigado, colega
Deputado Paulo Guedes. Quero congratular-me com V. Exa. por sua
brilhante observação. Realmente, os órgãos do meio ambiente têm
que proteger o meio ambiente, mas têm que ser pragmáticos. Temos
que levar o desenvolvimento econômico e proteger o meio ambiente.
Isso se chama desenvolvimento sustentável. Nós, da bancada do
Norte, estamos fazendo um trabalho forte, e o Governador Aécio
Neves já liberou verba para fazermos centenas de pequenas
barragens ao longo das estradas. Na verdade, vamos fazer cortes
nos terrenos para que a água das chuvas fique acumulada. Isso vai
aumentar a umidade e proteger as estradas.
Precisamos fazer um programa de perenização de alguns rios da
nossa região, região da seca. O Governador Aécio Neves nomeou um
grupo estratégico para montar um projeto de convivência com a
seca. Nesse projeto estará prevista a perenização de alguns rios
da região: o Rio Pardo, trechos do Rio Verde. No próprio Vale do
Jequitinhonha serão feitas pequenas barragens, não com a
finalidade de exploração agrícola, mas de perenização do rio e de
permanência da água, principalmente para o consumo humano e a
criação. Precisamos solicitar dos órgãos do meio ambiente que
agilizem a aprovação das licenças das grandes barragens - Barragem
de Berizal, o Projeto Jequitaí, uma barragem importante que vai
irrigar 35.000ha. É um projeto de irrigação que vai ficar a 250km
de Belo Horizonte, vai gerar 100% de energia elétrica e será feito
por gravidade. É um projeto viável, e é preciso que o governo de
Minas, o governo federal e os órgãos do meio ambiente agilizem o
licenciamento ambiental para que essas obras sejam feitas.
Quero novamente apoiar a iniciativa de V. Exa. nesse
pronunciamento para desburocratizar a tramitação. Tivemos um
encontro na Assembléia muito bom, e agora está saindo uma nova
legislação, que vai agilizar todos os licenciamentos ambientais.
Muito obrigado.
O Deputado Paulo Guedes - Isso é importante. Gostaria ainda de
lembrar, Deputado Ruy Muniz, a construção de uma barragem no Norte
de Minas. Refiro-me à de Congonhas, que garantirá o abastecimento
de água da nossa cidade de Montes Claros, Capital do Norte de
Minas, para os próximos 100 anos. O abastecimento de água da
cidade hoje já passou do limite. Temos racionamento em vários
bairros, porque o Sistema Juramento já não mais comporta o
crescimento da cidade ano após ano. A cada ano surge uma nova
cidade dentro de Montes Claros, pois são 4 mil novas ligações da
Copasa no Município. A fonte de abastecimento é a mesma. Portanto,
a única solução para o abastecimento de água de Montes Claros é a
construção da Barragem de Congonhas. A obra já se encontra
licitada, aguardando o licenciamento ambiental, e já está pronta
para entrar no PAC. Berizal já está no PAC e, se não sair o
licenciamento até 30 de maio, sairá do programa. Já está com
“cartão amarelo” e levará “cartão vermelho”. Perderemos
R$80.000.000,00 garantidos no Orçamento para essa importante obra,
destinados àquela região pobre do Alto Rio Pardo. Trata-se de uma
região que precisa de desenvolvimento. Essa obra garantirá o
abastecimento de Taiobeiras e de várias cidades.
O Deputado Ruy Muniz (em aparte)* - Deputado Paulo Guedes, lembro
aqui que a Copasa está fazendo uma segunda adutora para Montes
Claros, saindo do Sistema Verde Grande, o que melhorará o
abastecimento de água na cidade. No entanto, sem dúvida alguma, no
futuro, daqui a 20 ou 30 anos, precisaremos de água para Montes
Claros e para todo o Norte de Minas. A solução, a redenção, com
certeza, é a Barragem de Congonhas, que já está toda encaminhada.
Vamos lutar para agilizar esse licenciamento e implantar
rapidamente essa barragem. Vamos lutar também para Berizal não
perder os recursos mencionados por V. Exa. São R$80.000.000,00,
fundamentais para a obra. Precisamos garantir esses recursos para
o Norte Minas. V. Exa. tem toda a razão. Conte com o nosso apoio e
o de todos os Deputados do Norte de Minas.
O Deputado Paulo Guedes - Sem falar, Deputado, que a água do Rio
Congonhas é quase mineral. Melhoraremos a qualidade da água de
Montes Claros com a construção dessa obra. Não é somente ela que
será beneficiada, mas todo o Sistema Verde Grande, pois o projeto
da Barragem de Congonhas prevê a garantia do abastecimento de água
de Montes Claros e transposição de água para o Rio Verde Grande,
possibilitando a reativação de centenas de projetos de irrigação
ao longo desse rio, que estão paralisados por falta de água. Além
disso, essa água de qualidade colocada no Rio Verde Grande
resolverá o problema de abastecimento de Capitão Eneas,
Verdelândia, Jaíba e outras cidades. Mais de 30 Municípios entre
Minas Gerais e o Sul da Bahia serão beneficiados.
O Deputado Luiz Tadeu Leite (em aparte) - Deputado Paulo Guedes,
estou acompanhando o pronunciamento de V. Exa. e gosto de ver o
entusiasmo com que se refere aos assuntos aqüíferos do Norte de
Minas. V. Exa. foi Diretor do DNOCS e, portanto, trabalhou
diretamente com essa questão tão grave. É grave mesmo esse
assunto. Aliás, dizem que a próxima guerra mundial não será pelo
petróleo, mas talvez pela água por sua escassez, não só na nossa
região, mas também no mundo, de uma forma geral.
Quando falo sobre barragens, temos de ressalvar que ou os órgãos
ambientais não gostam muito de barragens ou gostam muito da
natureza sem o ser humano inserido nela. Muitas vezes impedem que
se construam barragens pelo simples prazer de proteger a natureza.
Costumo dizer que o ser humano é o principal ator da natureza. É
para ele, o ser humano, que a natureza está, para atendê-lo e
servi-lo. É claro que de forma organizada e cuidadosa, para não
acabarmos com as nossas possibilidades antes da hora.
Devo dizer a V. Exa., na vontade de fazer barragens, que algumas
delas estão há muitos anos paralisadas exclusivamente por causa de
órgãos ambientais insensíveis, excessivamente preocupados com a
fiscalização do meio ambiente. Esquecem-se de que daqui a poucos
anos poderemos não ter água e nem gente para usufruir dessa linda
natureza que Deus colocou aqui na Terra.
Parabenizo, portanto, V. Exa. com essa advertência, para que os
órgãos ambientais tenham um pouco mais de atenção para facilitar e
viabilizar essas obras de barragens da nossa região. Muito
obrigado.
O Deputado Paulo Guedes - Obrigado, Deputado Luiz Tadeu Leite, a
quem informo que isso já está acontecendo. Nossa região, hoje, é a
maior exportadora de mão-de-obra barata. Como as autoridades do
meio ambiente não foram rigorosas no Sul de Minas e no Triângulo,
milhares e milhares de pessoas, todos os anos, deixam suas
famílias, as viúvas vivas, e vão cortar cana no Triângulo Mineiro
ou colher café no Sul de Minas. Assim, nossa região não cresce por
falta de oportunidades. Nessa época do ano os rios estão secos,
não há água, não se pode plantar ou colher o que quer que seja.
Precisamos advertir os órgãos do meio ambiente para que procurem o
desenvolvimento sustentável. Nossa região precisa de
sustentabilidade, e uma das formas de se obter isso no Norte de
Minas é, sem dúvida, com a construção de barragens, que
garantiriam a oferta de água não só para o consumo humano e
animal, mas também para a produção.
Nossa região também precisa produzir. É preciso gerar renda e
oportunidade para o Norte de Minas e para o Vale do Jequitinhonha.
Essas barragens são de fundamental importância. Para isso,
precisamos da colaboração do pessoal do meio ambiente, desses
órgãos, quanto a uma visão diferenciada para com o Norte de Minas
e o Vale do Jequitinhonha. Muito obrigado.
* - Sem revisão do orador.