DEPUTADO MARCO RÉGIS (PL)
Discurso
Comenta o atentado terrorista no World Trade Center - Torres Gêmeas -, no
dia 11 de setembro de 2001, em Nova Iorque, Estados Unidos - EUA.
Reunião
391ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 14ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 17/09/2002
Página 24, Coluna 2
Assunto ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DIREITOS HUMANOS. SEGURANÇA PÚBLICA.
Legislatura 14ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 17/09/2002
Página 24, Coluna 2
Assunto ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DIREITOS HUMANOS. SEGURANÇA PÚBLICA.
391ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 14ª
LEGISLATURA, EM 11/9/2002
Palavras do Deputado Marco Régis
O Deputado Marco Régis - Sr. Presidente, Srs. Deputados, bem-
vindos os visitantes que ocupam as nossas galerias,
telespectadores da TV Assembléia, funcionários desta Casa que
trabalham no Plenário e nos gabinetes, não poderia deixar de
ocupar a tribuna numa data tão significativa para a história da
humanidade como o 11 de setembro. Não o faço no mesmo diapasão com
que o fazem os meios de comunicação e os membros do condomínio
global - é como chamo os Estados Unidos, a mãe Inglaterra e seus
aliados -, que vivem a oprimir e a massacrar os povos do Terceiro
Mundo. Usam o simbolismo da data de hoje para conquistar lágrimas
da humanidade. Não vejam aqui os meus aplausos, mas jamais me
enganarão para conquistar as minhas lágrimas, para chorar o que
aconteceu no 11 de setembro do ano passado. E os acontecimentos,
depois daquela data, Sr. Presidente, levam-nos a crer que, se os
alvos daqueles aviões tivessem sido exclusivamente o Pentágono e a
Casa Branca, talvez os povos do mundo todo estivessem hoje
aplaudindo, delirantemente, o que aconteceu.
Claro que lamento a vitimação de cerca de 3 mil pessoas, embora
nem todas as pessoas que trabalhavam nas torres que simbolizavam o
poder econômico do mundo fossem inocentes. Boa parte defendia,
ardentemente, aquela simbologia do capitalismo, o poder do
dinheiro, o individualismo dessa maldita globalização que destroça
valores humanos e cristãos.
Aquele era o verdadeiro símbolo da dominação, do poder econômico,
do massacre dos valores humanos e cristãos diante desse vil
dinheiro. Portanto, Sr. Presidente, Srs. Deputados,
telespectadores, gostaria de dizer que não é de hoje que tenho uma
posição segura e concreta nesta Assembléia Legislativa diante dos
acontecimentos mundiais.
Em 1997, passou pela Assembléia Mr. Augus King, Governador do
Maine, das vizinhanças de Washington, Estados Unidos. Tive
oportunidade de entregar a ele uma carta de protesto escrita em
inglês. Vi, muito bem, o Governador saindo e lendo a nossa carta
dentro do carro. Infelizmente, não sou bem versado em inglês.
Entendo somente um pouco que aprendi na minha escola em
Muzambinho. A carta dizia mais ou menos o seguinte: “Belo
Horizonte, 19 de novembro de 1997. Para Mr. Augus King, Governador
do Maine, Estados Unidos. Prezado senhor, sou representante de 15
milhões de pessoas do Estado de Minas Gerais. Em nome dessas
pessoas, quero dar-lhe as boas-vindas. Entretanto, gostaria de
torná-lo portador do meu protesto endereçado ao governo do seu
país, que é o protesto de milhares de brasileiros que se insurgem
contra o espírito de dominação dos Estados Unidos contra os pobres
do Terceiro Mundo. Atitudes de intromissão e dominação, como as
que têm acontecido no mundo por parte dos Estados Unidos, têm
gerado reações de ódio contra esse povo. Em nome disso, pedia, na
carta, um levantamento do bloqueio econômico ao Iraque, Cuba,
Líbia, Irã, e a todos os povos oprimidos por esse famigerado
domínio global”. Isso aconteceu em 17 de novembro de 1997. Saiu
uma pequena nota no “Estado de Minas”. Permanentemente, ao longo
de minha vida, desde adolescente, tenho combatido por meio das
minhas palavras, que são as minhas armas, e protestado duramente
contra esse império do mal chamado Estados Unidos da América do
Norte. Eles que achem outro nome para dar ao Iraque, ao Irã e seus
aliados que chamam de eixo do mal. Se esses são o eixo do mal,
eles são o império do mal, a besta do apocalipse.
Há pouco tempo, ocupei esta tribuna para ler uma carta aberta do
Bispo Bernard Law, Arcebispo Católico do Arcebispado de Boston,
Estados Unidos. Nessa carta dirigida ao Presidente Bush, ele
explicava por que os Estados Unidos são odiados em todo o mundo e
por que há o ódio. E o Bispo perguntava, num trecho da carta: “Já
ouviram dizer sobre atentados terroristas contra a Embaixada do
Canadá, Suécia, Dinamarca, e de outros países escandinavos ou
pacifistas? Não, nunca houve atentados contra esses países, porque
eles não agem como imperialistas por todo o mundo. E o Arcebispo
Bernard Law, um americano, terminava sua carta dizendo para Bush e
o povo americano: “Precisamos deixar de ser maus e ser bons. Só
assim deixaremos de ser odiados em todo o mundo”.
Por quê esse canalha, esse débil mental do Presidente Bush está
preparando guerra contra o Iraque? Por que esse famigerado
Presidente norte-americano, em vez de defender o planeta na
conferência de meio ambiente, realizada em Johannesburgo, na
África do Sul, estava preparando guerra, que mata, mutila e vitima
populações civis indefesas como aquelas que tombaram nas torres
gêmeas? Porque o espírito de Bush é sanguinário como o do seu pai,
que também foi Presidente e realizou, em 1990, a primeira invasão
contra o povo iraquiano. Naquela época, eu era Prefeito de
Muzambinho e já protestava contra esse ato, embora o Iraque
tivesse dado motivos, porque havia invadido o Kuwait. Mas agora o
Iraque está quieto. Os povos árabes estão em polvorosa, porque o
ódio dos Estados Unidos contra eles é acirrado. Os Estados Unidos,
que tanto defendem Israel, dizendo que invadirão o Iraque, porque
não cumpre a resolução da ONU, deveriam cobrar do terrorista
internacional Ariel Sharon obediência às resoluções internacionais
da ONU, que Israel nunca cumpriu. Os Estados Unidos e Israel são
conluiados internacionalmente. O dinheiro dos judeus do mundo
ajuda a movimentar a economia americana, que está debilitada.
Portanto, o Presidente Bush prepara a guerra, que reativará a
economia do país. O mundo que se dane.
Por isso, o próximo Presidente que for eleito no Brasil deverá
cuidar seriamente da construção de uma bomba atômica, porque sem
ela ninguém tem soberania. Por que não querem que outro país
construa bomba atômica? Será por medo de ameaça ao planeta? Mas
têm bomba atômica e ameaçam constantemente invadir os outros
países. Se for necessário a jogarão, como já o fizeram contra os
vietnamitas, queimando-os vivos com bombas Napalm. Os Estados
Unidos são odiados no mundo por essas atitudes.
Neste 11 de setembro, estou aqui não para deplorar esta data e
nem para comemorar mortes nos Estados Unidos, mas para dizer que
aquele país, após os ataques, jamais sentirá a mesma segurança de
se considerar inviolável em seu território ou intransponível em
suas fronteiras, porque sabem do que o mundo será capaz de fazer
um dia contra ele. O que representam os homens-bombas na
Palestina? O que representaram os pilotos preparadíssimos que
atingiram as torres e o Pentágono? Tinham famílias, amigos. A
maioria era formada em curso superior. Acham verdadeiras as
explicações americanas de que eram meros terroristas e que
atacaram os Estados Unidos por fanatismo religioso? De maneira
alguma. Atacaram diante do desespero causado pela opressão, que
nos leva a tomar atitudes drásticas. Temos de reagir contra a
dominação desse império do mal chamado Estados Unidos, aliados ao
bom mocinho e também cafajeste Tony Blair, da Inglaterra.
Não posso me calar neste 11 de setembro, principalmente pela
comédia plantada pelo mundo inteiro, com medo de novos ataques.
Ninguém é imbecil, idiota, de querer jogar bomba para comemorar
um ano de ataques guerrilheiros aos Estados Unidos. Mas fazem
aquela comédia toda para dizer que a data passou incólume, que
novos ataques não aconteceram e que o povo pode ficar tranqüilo.
Na verdade, ninguém é imbecil de utilizar data como a de hoje para
atacar.
O monstro - e os Estados Unidos são um monstro - tem que ser
atacado de qualquer forma. Já disse desta tribuna, na rasteira, no
tapa, na facada, no tiro e até com terrorismo, que não há como
enfrentar um monstro, a não ser pela traição. Quem vai enfrentar
os Estados Unidos de peito aberto?
Portanto, conclamo o povo e os novos governantes brasileiros a se
conscientizar da nossa soberania, que só se mantém com o
desenvolvimento do projeto nuclear, para que possamos defender,
com verdadeira fidelidade, as nossas fronteiras. Não podemos mais
ficar submissos ao império do mal. Na hora que o Serra for
derrotado, tenho certeza, essa submissão acabará, seja com
Garotinho, Ciro Gomes ou Lula. Vamos buscar outro caminho para
este País.
O Brasil é um país continental: tem água para beber, terra para
plantar, reservas minerais importantes, potencialidades que nenhum
outro, como a China, Rússia, Inglaterra e os próprios Estados
Unidos, tem. Podemos viver isolados desse mundo global. Precisamos
viver a nossa vida e deixar de ser explorados por esse famigerado,
maldito FMI, que nos traz dinheiro a peso de ouro, mas deixa
transparecer que está dando esmola.
Nesta data, não poderia deixar de me pronunciar, até para
reiterar minhas manifestações feitas no dia 11 de setembro do ano
passado, no momento em que os ataques aconteceram. E não os chamo
de ataques terroristas, o julgamento subjetivo dos que querem
manipular os fatos. Para mim, houve um ataque guerrilheiro, ato de
guerra, e, infelizmente, em atos de guerra morrem pessoas, como
aquelas que os Estados Unidos têm matado por todo o mundo, desde a
época das bombas de Nagasaki e Hiroshima, desde a guerra ao povo
vietnamita, sem falar em todos os países invadidos ao longo de sua
história. Muito obrigado.