Pronunciamentos

DEPUTADO JOÃO LEITE (PSDB)

Discurso

Comenta estar perplexo com a candidatura de Romeu Zema ao governo do Estado, destacando notícia de que o empresário teria fechado 60 lojas e demitido 2,8 mil funcionários para propiciar o crescimento de seu grupo econômico, medidas que visariam somente ao lucro e, por isso, não seriam compatíveis com as diretrizes da administração pública. Comenta que Zema considera normal domésticas receberem R$ 300 nas regiões mais pobres do Estado e que o candidato mente ao dizer que não tem ligação política, uma vez que teria sido filiado ao Partido da República - PR - por quase 20 anos. Destaca que Zema quer acabar com o direito constitucional da pessoa com deficiência de trabalhar e que suas empresas contraem empréstimos subsidiados para depois oferecerem crédito com juros altos.
Reunião 71ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 18ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 01/11/2018
Página 47, Coluna 1
Assunto ELEIÇÃO. GOVERNADOR.
Aparteante SARGENTO RODRIGUES

71ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 18ª LEGISLATURA, EM 24/10/2018

Palavras do deputado João Leite

O deputado João Leite* – Sr. Presidente, meu amigo Dalmo Ribeiro Silva; Srs. Deputados; telespectadores da TV Assembleia. Estamos, em Minas Gerais, perplexos. Temos uma candidatura – e ouvimos aqui agora – que seria a candidatura do novo e que traria para o serviço público, para a administração pública, modernidades, maneiras novas de administrar. Tenho aqui uma notícia que fala do Sr. Zema, o candidato inconstitucional. Zema fecha 60 lojas, demite 2.800 funcionários e volta a crescer. Professor e Dr. Arnaldo, isso pode? É isso que o candidato traz de novo para o serviço público? Demite!

É muito fácil, ele cresce, ele tem lucro com as empresas dele porque demite funcionários e trabalha com menos pessoas. Não queremos isso em Minas Gerais. Ele vai ao Jequitinhonha, que amamos, ao Norte de Minas, ao Mucuri, e diz que lá pagam R$300,00 a uma empregada doméstica. Olhem o perfil desse homem, que diz que é novo.

Ele não comparece em debate. Olhem, eu quero até dar razão ao Sr. Zema, porque ontem ele não deveria mesmo ter ido ao debate da Alterosa, Arnaldo. Arnaldo e Bechir, o Prof. Anastasia deu uma aula de administração pública. Não esse tipo de aula em que se ensina que, se não se está tendo lucros impressionantes, demite-se, manda-se embora. Ouvimos falar de desemprego aqui, e ele quer mandar embora as pessoas. Candidato inconstitucional Zema, isso não pode ser feito no serviço público. Não dá para ter lucro no serviço público. Tem que atender à saúde, Sr. Zema. Vão aparecer pessoas enfermas que precisam de atendimento – e aqui os deputados sabem disso, nós todos vivemos isso –, que precisam de tratamento especializado, de novo exame que custa mais caro. Na cabeça no Zema, isso não pode, porque tem que existir lucro. O Estado tem que dar lucro, então não vai gastar dinheiro com o remédio. Ora, gente, isso é impossível. Como nós aceitamos um candidato que defende as coisas que o Sr. Zema está defendendo? Ele não debate.

Ontem, sentado com minha esposa, assisti à fala do Prof. Anastasia, e quero lhe dar os parabéns, porque foi uma aula. Deveríamos pagar ingresso para ouvir a aula administrativa do Prof. Anastasia, que, com toda experiência, explicou a situação do Estado de Minas Gerais, explicou o que deve ser feito para reverter esse quadro. E nós todos que estamos aqui vimos isso acontecer em Minas Gerais.

Mas nós emburrecemos. Nós emburrecemos e agora aceitamos a fala do Sr. Zema. Essa é uma fala fascista. É fascismo achar que uma trabalhadora doméstica tem que ganhar R$300,00. É inaceitável no Estado Democrático de Direito alguém que é candidato dizer isso.

E as mentiras? Diz o Sr. Zema que ele é novo. Durante 19 anos, Dr. Arantes, ele foi filiado ao PR de Valdemar Costa Neto, enrolado no mensalão, no petrolão, em todos os “ãos”; e o pai do Zema e o irmão também são do PR. E o nosso Zema diz que nunca teve contato com a política, Tim Maia, Tim Maia! Isso é algo impressionante! O homem não passa no detector de mentiras, deputado Rodrigues. É um escândalo esse homem se candidatar a governador do Estado de Minas Gerais, que vergonha para Minas Gerais! Ainda bem que temos o Prof. Anastasia para salvar esse segundo turno e nos dar aulas de administração pública, porque tudo que aquele homem fala é inconstitucional.

Imaginem, sou filho de policial. Sargento Rodrigues, a primeira lembrança que tenho de Waldemar Leite é a de ele colocando a farda da Guarda Civil, pegando o revólver dele para servir à população nas ruas de Belo Horizonte, defendendo a população. E a sua volta para a casa era um trauma, com cinco filhos, em um tempo em que não havia iluminação pública em Belo Horizonte. Morávamos na Vila Oeste. Vai chegar ou não vai chegar? Alguns dos amigos que muitas vezes iam lá em casa desapareciam, e eu perguntava ao meu pai o que havia acontecido, e ele respondia: “Suicidou-se. Não aguentou a pressão das ruas, meu filho, da violência”. Estou falando de quando eu era menino em Belo Horizonte. E o Sr. Zema acha que o policial tem de trabalhar até 60 anos de idade, com revólver, nas ruas de Belo Horizonte, de Araxá, de Uberlândia.

É um escândalo esse candidato! É lamentável que Minas Gerais tenha de passar por isso.

Ouço, com muito prazer, o líder deputado Sargento Rodrigues. Sei que trará brilho a essa nossa fala na Assembleia Legislativa. Por favor, deputado.

O deputado Sargento Rodrigues (em aparte)* – Deputado João Leite, inicialmente, gostaria de cumprimentar V. Exa. pela lucidez e pela importância do alerta que traz neste momento à tribuna da Assembleia. Segundo o próprio jornal, ele diz que vai arranjar a Casa melhor, ajustar a Assembleia. É uma demonstração, deputado João Leite, de total despreparo e desconhecimento.

É bom que o cidadão que está nos acompanhando neste momento pela TV Assembleia tenha muita lucidez e responsabilidade, pois a responsabilidade, no processo eleitoral não é só da classe política; é também do eleitor, do cidadão, do trabalhador. Um dos alertas que tenho feito, e aqui o repito, deputado Dalmo, é com relação a um cidadão da estirpe de Romeu Zema, que fala em privatizar, entregar os equipamentos de saúde para o setor privado. Isso está escrito no plano de governo dele, deputado Bosco. V. Exa. é de Araxá. Ele vai entregar os equipamentos de saúde.

Então, você, que é um cidadão de poucas posses, que mora na periferia, num município mais pobre do nosso Estado, sem condições, é bom que preste bem atenção. Quando Romeu Zema escreve no seu plano de governo que vai entregar os equipamentos de saúde para os seus amigos e empresários, o maior prejudicado é o cidadão de baixa renda. É esse cidadão mais humilde que é o maior prejudicado. Quando Romeu Zema fala que vai privatizar setores da educação e vai entregar um cartão para as pessoas escolherem uma escola, está dizendo que não vai haver merenda escolar, pois vai privatizar. Não vai haver material didático, que é entregue pelo Estado às escolas estaduais que estão na periferia.

Então, você que é trabalhador, que pega ônibus lotado todos os dias para trabalhar, que é taxista, que é motorista de ônibus, que é dona de casa, você que trabalha cedo, você que é empregada doméstica, abra o olho! Você que é pedreiro, marceneiro, garçom, vocês que estão nessa luta diária, abram os olhos! Se o Zema for eleito, vai privatizar hospitais, clínicas e laboratórios. Ele não sabe o que é Funed. Numa entrevista, chegou a dizer que não sabia o que era essa instituição. Então, além do despreparo sob a ótica da administração pública, sob a visão do que seja administrar, ele não tem sensibilidade humana. Falar em privatizar a saúde, a educação é um absurdo! Ele disse que vai privatizar a segurança pública da área rural. Sabe quem vai ter segurança na área rural? Somente os ricos, que vão poder contratar as empresas de vigilância armada. E os demais? E os outros, deputado Bosco? Como vai ser a segurança pública das outras pessoas? Sabemos o que isso representa, deputado João Leite.

Eu já estava presidindo a Comissão de Segurança Pública quando ocorreram os fatos em Unaí, os assassinatos dos quatro fiscais do Ministério do Trabalho, quando foram fiscalizar o maior produtor de feijão da América Latina, da família dos Mânica. Sabemos o que aconteceu. Descobri mais tarde, aqui na Comissão de Segurança Pública, que o Sr. Norberto Mânica fazia parte do Consep rural de Unaí.

Sei o que é pegar ônibus lotado, o que é levar marmita para o trabalho, com arroz, feijão, ovo e um pouquinho de chuchu. Sei o que é isso, pois morei na Cabana do Pai Tomás por mais de 20 anos e na periferia até os 34 anos de idade.

Então você, que é cidadão mais humilde, depende de uma escola pública para seus filhos, não tem como pagar plano de saúde, abra o olho. Isso é o que o espera se esse moço for eleito governador de Minas Gerais. Então, se os nossos alertas não forem suficientes, deputado João Leite, pelo menos uma coisa fizemos: viemos a tribuna da Assembleia e alertamos o cidadão.

É bom que os servidores da Assembleia saibam, que os servidores do Judiciário saibam, que os servidores do Ministério Público saibam, que os servidores da Defensoria Pública e os demais servidores do Poder Executivo saibam disso. As pessoas que não têm formação podem até falar: “Vamos no Novo.” Mas o deputado João Leite já provou que não há nada de novo. Ele estava filiado há quase 19 anos no PR, mas disse que não tinha filiação e agora está desmascarado. A todo momento ele é desmascarado, desmentido e volta atrás. Ele disse que não havia direito adquirido para o servidor público; disse que o que existe são privilégios adquiridos. Imaginem agora a situação dos servidores da Assembleia, que passaram em um concurso dificílimo, os servidores do Tribunal de Justiça, os do Ministério Público, os do Tribunal de Contas. Você, que é servidor do Poder Executivo, seja da educação, da saúde, da segurança, do DEER, da Fazenda, que se dedicou, passou no concurso, saiba que o Romeu Zema disse que não há direito adquirido. Isso está escrito no seu plano de governo. Ele disse que o que há são privilégios adquiridos. Essa é uma demonstração clara, deputado João Leite, de que, além de não ter sensibilidade humana, também não tem nenhum conhecimento do que é administração pública. É isso que os espera.

Portanto, deputado João Leite, se cada servidor público, se cada cidadão consciente não fizer sua parte, o desastre em Minas Gerais poderá acontecer. Aí o cidadão que se vendeu, do ponto de vista do marketing político, que vestiu uma aura de novo, mas que de novo não tem nada… O que há de novo nele são os tropeços, a incompetência, pois não sabe o que é administração pública. O que há de novo nele é que é mais uma figura que vem com um bordão, com um discurso preparado pelos marqueteiros, mas que na verdade, deputado João Leite, esconde algo extremamente grave para administração pública estadual.

Então quero, deputado João Leite, cumprimentar V. Exa. É bom que V. Exa. repita, insista na fala de que os maiores prejudicados serão exatamente os mais humildes. A privatização da saúde, da educação e da segurança não afeta o mais rico, afeta o mais desfavorecido, a família de baixa renda. E é esse cidadão que tem de abrir o olho. Muito obrigado e desculpe-me se acabei extrapolando.

O deputado João Leite* – Muito obrigado, deputado Sargento Rodrigues. V. Exa. foi perfeito em sua fala, em seu encaminhamento. Deputado Sargento Rodrigues, queria lembrar que, no meu tempo de atleta, deputado Duarte Bechir, jogando na Europa, via atrás do meu gol, em um lugar especial, as pessoas com deficiência. Elas têm no estádio um lugar especial. São países que viveram guerras, viveram grandes guerras e têm o maior carinho com a pessoa com deficiência. São pessoas que lutaram na guerra, perderam membros e têm o respeito total da população na Europa. Esse candidato novo quer acabar com o direito constitucional da pessoa com deficiência no Brasil de trabalhar. Diz que não pode. Imagino como V. Exa., que é presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência – na qual V. Exa. faz um trabalho maravilhoso –, deve ter se arrepiado com essa situação.

Sr. Presidente, peço 1 minuto para concluir. Queria dizer outra coisa. Ele quer ajustar a Assembleia. Estou até imaginando qual ajuste ele fará na Assembleia, deputado Duarte Bechir e deputado Cláudio do Mundo Novo. Ele deve acabar com o Procon Assembleia, Dr. Marcelo e Dr. Gilberto, que defende os aposentados, defende as pessoas da loja do Zema, quando ele está cobrando a mais, ou da gasolina que é cobrada a mais no posto do Sr. Zema. O ajuste que ele quer fazer na Assembleia é acabar com o Procon, que defende o consumidor dessas tramoias, dessas pessoas que estão lucrando em cima dos pobres.

Depois, deputado Dalmo, o Sr. Zema pega dinheiro emprestado a juros pequenininhos no BNDS e no BDMG e empresta a juros altos para a população de Minas Gerais. Chama-se ganha fácil! Já concluo, presidente. Aqui é difícil encontrar alguém que queira ganhar fácil.

Outro dia o deputado Cláudio foi chamado – ele é diferente –, e atendeu a Assembleia imediatamente. A gente já vê que é alguém que não está buscando lucro do empresariado. Outro dia um deputado foi chamado, mas não quis vir, porque está ganhando o dinheiro dele em outro lugar e pensou: “Não vou para lá, ou seja, para a Assembleia Legislativa, ganhar menos”. Então, ele quer ficar ganhando lá. Essa é a diferença, Sr. Zema, que o senhor não entende. O Prof. Anastasia é servidor público historicamente e, como homem preparado, podia estar ganhando dinheiro. Quem sabe, Sr. Zema, pegando esse dinheirinho a juros baratinho no BNDS e no BDMG e emprestando a juros altos para a população! Ganha fácil! Só que essas pessoas, como o Cláudio, o Dalmo Ribeiro e o Antonio Anastasia, são servidores e decidiram servir à população enquanto o senhor está se servindo da população de Minas Gerais, ganhando esse dinheiro no “ganha fácil”. Só o senhor está ganhando, Sr. Zema! Estamos acompanhando.

Espero que a população de Minas Gerais reconheça que de novo não há nada. É a mesma coisa antiga: lucrando e querendo privatizar tudo, a fim de os companheiros empresários levarem um dinheirinho fácil. Mas a população de Minas Gerais responderá à altura essa intenção sua de ganhar da população. Nós não aceitamos o ganha fácil em Minas Gerais. Em Minas Gerais, tem de trabalhar e servir a população para ganhar alguma coisa. O que é que se ganha? Satisfação, como a do Cláudio e daquele que está em todo lugar, que é o nosso querido Dalmo Ribeiro, de ver feliz a população de Minas Gerais. Não queremos gente como esse empresário que vem lucrando nas costas dos pobres em Minas Gerais e agora quer ser governador para entregar aos empresários a saúde, a educação e a segurança pública. Não, Sr. Zema!