Pronunciamentos

DEPUTADO GUILHERME DA CUNHA (NOVO)

Discurso

Comenta sua atuação parlamentar e agradece o apoio recebido, ao se despedir da Assembleia Legislativa.
Reunião 75ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 19ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 16/12/2022
Página 49, Coluna 1
Assunto DEPUTADO ESTADUAL.
Aparteante CELISE LAVIOLA, SÁVIO SOUZA CRUZ, ROBERTO ANDRADE, DALMO RIBEIRO SILVA, ZÉ GUILHERME, ULYSSES GOMES, BEATRIZ CERQUEIRA, ZÉ REIS, OSVALDO LOPES

75ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 19ª LEGISLATURA, EM 14/12/2022

Palavras do deputado Guilherme da Cunha

O deputado Guilherme da Cunha – Muito boa tarde, Sr. Presidente. Eu lhe agradeço a generosidade da extensão do tempo desta reunião para que todos possamos ter tempo de nos despedir deste Plenário, deste Parlamento, desses colegas com quem dividamos o trabalho nestes últimos anos.

Sr. Presidente, desde ontem, desde o início da semana, vários têm sido os discursos de despedidas aqui, neste Plenário, vários colegas apresentando longas trajetórias de atuação política, longos anos de trabalho por Minas e pelos mineiros. Tenho uma trajetória um pouco menor. É o meu primeiro mandato.

Como meu primeiro mandato, presidente, lembro o meu primeiro discurso, ansioso, nervoso, tremendo um pouco, lendo, com o papel nas mãos, no dia 14/2/2019; um discurso no qual tentava fazer uma leitura do recado que a população de Minas Gerais nos deu nas urnas em 2018. Para mim o recado é muito claro: um recado de uma população que elegeu um outsider completo como Romeu Zema, que renovou 31 cadeiras na Assembleia. Era o recado de uma população que queria renovação, queria mudança, e mudança virou o objetivo do meu trabalho desde o primeiro dia, até antes, na verdade, antes mesmo de tomar posse; mudança ao rejeitar todo e qualquer privilégio pessoal a que teria direito pelo cargo, que daria um total de R$260.000,00 direto no meu bolso, mas que ainda antes de tomar posse, junto com outros colegas também, recusei até um pouco para desespero das contas domésticas; ainda mudança e ainda antes de tomar posse, ao fazer processo seletivo com empresa de RH e critérios técnicos para montagem da equipe de gabinete, aberto para qualquer interessado.

Foram 2.630 pessoas que se inscreveram, muitas que eu nunca havia visto antes na vida, acreditando que aquele deputado que tanto prometeu mudança iria de fato fazer um gabinete sem conchavos, sem companheirada, sem camaradagem, um gabinete composto de pessoas cujo único mérito, que é o mérito que basta, era ter a capacidade técnica de ajudar Minas Gerais.

E formei assim o meu gabinete, um gabinete enxuto, com 8, de 23 assessores que a Assembleia possibilitaria, trabalho só com 8. Um gabinete acima de tudo que me permite ser cioso e econômico com o dinheiro do cidadão de Minas. Desde o início do mandato já foram mais de R$11.000.000,00, que poderiam sair do bolso dos mineiros, mas que lá puderam permanecer na mesa das famílias, nos orçamentos das casas porque no meu gabinete esse real não foi gasto, essa economia aconteceu.

Mas muito mais do que isso, talvez a mais profunda das mudanças que eu me dispus a fazer neste mandato, a mudança da maneira como o parlamentar destina o recurso público, a maneira como tantas e tantas vezes a gente observa que acaba virando uma moeda de perpetuação das mesmas pessoas de sempre na política, e, com a destinação das emendas, acabam fazendo acordos com prefeitos, nos quais o dinheiro público vai em troca da promessa com o apoio de votos. Eu decidi romper com isso, Sr. Presidente, e fazer um edital público de projetos, aberto a todo e qualquer município ou organização social interessada, em Minas Gerais, que não precisariam me prometer nada, não precisariam me mostrar quantos votos eu tive, precisariam apenas mostrar que problema iriam resolver, quanto iria custar, quantas pessoas iriam ter a vida melhorada com isso. E esses projetos, Sr. Presidente, em edital público, eram depois analisados por especialistas técnicos das áreas de atuação que a gente estabeleceu como prioritárias: saúde, segurança, educação, saneamento básico. Foi uma iniciativa que de início tive o receio de que não fosse encontrar muita repercussão ou apoio, mas que se tornou o maior edital público de projetos do Brasil, com mais de 11 mil inscrições. A gente tem muito orgulho de ter analisado um por um para poder destinar o recurso público para onde era mais urgente, onde iria melhorar a vida de mais pessoas, onde poderia fazer mais diferença, sem nunca pedir nada em troca.

E óbvio, Sr. Presidente, que analisar tantos projetos, fazer o trabalho tão intenso com tão pouca gente faz com que eu não tenha feito toda essa mudança sozinho. E aqui é hora de reconhecer pessoas que me ajudaram muitíssimo a construir essa mudança. Antes de mais nada, reconhecer os meus pais, Ricardo e Anete, o meu irmão Leonardo, que estiveram comigo a todo momento desde antes deste mandato e durante ele, pelos princípios e valores com que me educaram, com que me formaram e que nortearam todo o meu mandato. Queria agradecer também a minha equipe, heróis, que trabalharam tanto, que produziram tanto, dos quais destaco três. Destaco a Bárbara, a Gisa e o Rafaello, que estiveram comigo desde o primeiro momento do mandato, que seguem comigo até esse apagar das luzes e que me encheram de orgulho a cada dia que a gente trabalhou junto. Obviamente o orgulho se estende a todos vocês, não apenas aos três que cito aqui.

Também faço questão de agradecer aos voluntários, que se engajaram em toda Minas Gerais para ajudar que este mandado, de um cidadão de Belo Horizonte que pouco havia viajado e não tinha grande histórico de atuação pública ou política, tenha chegado em cada canto do Estado e permitido que cada canto do Estado principalmente chegasse até este mandato. E aqui faço questão de agradecer aos embaixadores Liberta Minas, mais de 200 pessoas que voluntariamente se dedicaram a ajudar suas regiões a estarem no mapa dessa mudança que a gente quis construir na política. Acima de tudo agradeço aqui a dois parceiros fundamentais que tive nessa caminhada e nessa trajetória: o deputado federal Tiago Mitraud, meu parceiro de campanha, meu parceiro de Liberta Minas, de processo seletivo, de edital de emendas, a voz da minha consciência quando havia uma votação mais cinzenta, em que era difícil firmar um posicionamento.

Agradeço também à vereadora Marcela Trópia, que foi coordenadora política no meu gabinete e seguiu como minha conselheira política depois de se eleger vereadora em Belo Horizonte. Eu tenho certeza de que ela poderá dar sequência a esse trabalho de mudança que a gente tem construído em Minas Gerais e cuja semente foi lançada nestes últimos quatro anos. Mais do que a todos eles, Sr. Presidente, mais do que a todos, eu faço questão de agradecer à minha família, à minha esposa, à minha Liginha, que está aqui pela primeira vez desde o dia da posse. Quero agradecer-lhe a generosidade com que dividiu o meu tempo – seria legítimo cobrar que eu ficasse junto da família – para que eu pudesse me dedicar mais a essa missão de ajudar Minas Gerais. E não só a generosidade em relação ao tempo, mas também todo o suporte emocional nessa trajetória. Não foi uma trajetória fácil, Sr. Presidente. Eu precisei de suporte emocional muitas vezes, porque este foi um mandato marcado por lutas e que exigiu de mim coragem. Foi marcado pela luta e pela coragem de combater o monopólio das grandes empresas de ônibus para permitir que os aplicativos rodassem, gerando economia para a população, e ter sido processado e seguido em frente; pela coragem de combater privilégios dos Poderes, notadamente do Ministério Público e do Judiciário, nos quais a população não presta atenção porque seus membros não são eleitos, mas onde esses privilégios acabam se multiplicando e custando caro para o povo; pela coragem de muitas vezes ficar sozinho nesta tribuna, ficar sozinho no Plenário, lutando contra projetos populistas que claramente não resolveriam os problemas da população e não serviriam para nada além de uma postagem de um parlamentar ou uma propaganda de campanha – a gente não está aqui para fazer o povo de bobo, e eu fiz questão de falar isso a todo tempo; coragem, Sr. Presidente, colegas, para ser não só voto, mas também o rosto, a cara a tapa de muitas das medidas difíceis que o governo precisou encaminhar a esta Assembleia para por Minas de volta nos trilhos; coragem de ter sido o rosto da reforma da previdência e recebido onda de ódio de muitos servidores; coragem de ter sido o rosto da luta pelo RRF, para que Minas possa, finalmente, sair do buraco, e ter recebido a antipatia de muitos colegas; coragem para lutar contra reajustes extras para determinadas categorias de funcionalismo acima da inflação e que a gente não tinha condição de pagar e receber de volta; coragem para receber vaias do pessoal das galerias, vaias em comissão. Saí mais de uma vez escoltado deste Plenário.

Sr. Presidente, não por acaso, acabei abraçando, neste mandato, como palavras de ordem que talvez o definam, as palavras de Guimarães Rosa, que, em Grande sertão: veredas, escreveu que o que a vida quer da gente é coragem. A coragem acabou sendo a marca na forma deste mandato; no conteúdo, eu sempre preferi palavras mais inspiradas, mais de futuro, como as de Tancredo Neves, para quem o primeiro compromisso de Minas é com a liberdade. E, pela liberdade, eu lutei diariamente, dia após dia, na Comissão de Constituição e Justiça, também neste Plenário e na Comissão das Privatizações. Foram noites de sono perdidas; foram várias caras viradas para mim nos últimos quatro anos e meus projetos indo parar na geladeira da Assembleia sem avançar sequer um milímetro. Tudo isso dói. A gente tem o sonho de mudar muita coisa e, quando vê tudo imobilizado pelas posições que resolve adotar, é claro que dói, mas eu faria tudo isso de novo, e faria tudo de novo com sorriso no rosto. Eu faria tudo de novo porque vi que dá para a gente fazer a diferença; dá para fazer a diferença sem se entregar ao sistema; dá para fazer a diferença trazendo mudanças. E essa diferença aconteceu, o mandato deu resultados. Foram mais de 80 projetos que doeriam no bolso ou na liberdade do cidadão mineiro e que a gente barrou ao longo desta legislatura, incluindo-se aumento de impostos – a gente impediu que isto acontecesse em Minas Gerais: a luta pela volta da Cide e pelo protagonismo de Minas no desenvolvimento tecnológico do Brasil; o fim do monopólio do Detran nas vistorias veiculares; o fim do preconceito contra homossexuais na doação de sangue, projeto em que tenho muito orgulho de ter trabalhado junto com vários outros nesta Casa, porque é um projeto de autoria de um deputado da oposição, e eu fiz questão de abraçá-lo como se meu fosse, talvez até com mais engajamento, porque a causa era justa e merecia esse trabalho.

Tudo isso resulta da busca de colocar Minas nos trilhos, juntamente com o nosso governador, a quem agradeço muitíssimo a confiança de ter me apontado como vice-líder do governo, ainda antes do início do mandato.

Sr. Presidente, caros colegas, eu espero que, de tudo isso, de toda essa situação, fique um exemplo: um exemplo de atuação técnica, ética, corajosa e que possa devolver ao povo brasileiro a esperança de que o caminho para as mudanças que a gente quer ainda é a política, mesmo em tempos de tanta desconfiança, ódio e polarização, que faz tanta gente dizer o contrário. Eu preciso que isso tenha virado um exemplo, porque eu não vou poder dar sequência a isso, porque eu perdi, porque eu estou voltando para Casa. E, por mais que tenha certo sabor doce no amargor dessa derrota, que é poder passar mais tempo junto com a minha Liginha, que é a maior alegria da minha vida, a real é que vou sentir uma saudade brutal disso aqui. Saudades de poder estar em posição de lutar pelo que eu acho certo, de dar a cara a tapa e poder dar voz para pessoas que antes não eram lembradas, a não ser na hora de pagar a conta, e de ajudar Minas a ser um pouquinho, nem que seja um pouquinho, melhor.

Eu me encontrei nesse trabalho, eu vi vocação e propósito. Eu desejo aos colegas que ficam e àqueles que entrarão na próxima legislatura que encontrem o mesmo propósito, o mesmo amor dessa função e a mesma determinação de fazer a diferença, porque há muita gente lá fora, muita gente que não sabe onde é a Assembleia, não tem nem ideia do que a gente faz aqui, não segue a gente nas redes sociais – eu aprendi a duras penas –, que nem vota na gente, mas que merece ser representada e defendida sem ser só na hora de pagar a conta.

Sr. Presidente, caros colegas, embargado aqui pela emoção, digo que, se o meu mandato foi feito sob as palavras de Guimarães Rosa de que o que a vida quer da gente é coragem, eu volto para a minha vida sob as palavras de Fernando Sabino, que, no Encontro marcado, disse: “De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava apenas começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar”. E disse ele que, diante disso, o necessário era que a gente fizesse da interrupção um caminho novo, da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro. Muito obrigado, Minas Gerais; obrigado a cada um dos eleitores que confiou em mim, me deu oportunidade de representá-lo nos últimos quatro anos, quatro intensos, malucos e igualmente cheios de ansiedade e de realização anos da minha vida. Eu vivi muitas vitórias, vivi ainda mais derrotas, mas eu amei cada segundo. Se Deus permitir, por caminhos novos, espero ter oportunidade de a gente ainda ter muitos encontros. Muito obrigado, Sr. Presidente; obrigado aos colegas. Peço perdão por não ter cedido os apartes, mas já estava difícil falar sozinho, quanto mais ouvindo cada um. Então, passo agora a palavra... Deputado Sávio, vi que o senhor estava antes, mas eu quero ouvir primeiro a Celise, que é o meu amor.

A deputada Celise Laviola (em aparte) – Que alegria aplaudi-lo, Guilherme. Que parceria, que parceiro, que amigo! Liginha, filhão, viu? Guilherme, você teve garra, determinação, lutou, defendeu o que você acredita. Conseguir defender o que a gente acredita, seguindo com essa bandeira sem se desviar dela, é um ato heroico. É o que você é. Eu amo você.

O deputado Guilherme da Cunha – Muito obrigado. Com a palavra, o Prof. Sávio.

O deputado Sávio Souza Cruz (em aparte) – Deputado Guilherme, registramos o seu pronunciamento, quando me aparteou. No meu primeiro projeto de lei desta legislatura, honrosamente, para mim, houve a sua participação. Você é um deputado ímpar, é um parlamentar completamente diferenciado para o bem e para o mal, mas acho que uma legislatura sem a presença de V. Exa. fica empobrecida. A sua firmeza, o seu compromisso com as suas convicções são exemplares. Ficará aqui, de fato, o registro de um parlamentar de coragem. Assim como Guimarães Rosa, o próprio Churchil dizia: “A principal virtude de um homem público é a coragem porque sem ela todas as outras não têm sentido”. E isso V. Exa. demonstrou à exaustão, durante os quatro anos de seu mandato: coragem para ficar sozinho nos votos da CCJ e, como registrei na CCJ, às vezes, para ficar sozinho, inclusive, no 76 a 1 do Plenário. Mas isso sempre traz às pessoas, ainda que divergissem – e, claro, divergi mais que convergi com V. Exa. – uma reflexão. E essa reflexão a que sua atuação convida vai faltar na próxima legislatura. Parabéns pela sua atuação! Você honrou este púlpito, honrou esta Casa, honrou este Plenário. Parabéns!

O deputado Guilherme da Cunha – Muito obrigado, professor. Concedo aparte ao meu líder Roberto Andrade. Agradeço à equipe da Assembleia pelo lencinho.

O deputado Roberto Andrade (em aparte) – Deputado Guilherme da Cunha, não poderia deixar de estar aqui, neste momento em que você se despede momentaneamente do Parlamento, mas não da vida pública. Minas Gerais e nós não podemos abrir mão de você na vida pública, de servir ao seu estado. Não podemos abrir mão de você, que defende bandeiras, de você, que tem o seu ponto de vista, tem a sua ideologia. Repito: o bonito desta Casa, o bonito do Parlamento é que cada um tem a sua opinião e ela deve ser respeitada, ou seja, cada um que tenha a coragem de defender aquilo em que acredita. Outro dia, na CCJ, fiz um paralelo entre a sua postura e a do deputado Sávio, que tem a coragem de defender aquilo em que acredita até as últimas consequências, independentemente de ter sucesso ou não naquilo. Isso é importante. Isso que é o bonito do Parlamento. Também é importante que haja respeito em relação àquele que defende o contraditório. Com muita coragem, você sempre defendeu isso. Às vezes, até nós, como líder do governo... Você tinha uma posição que era sua, e a gente respeitava a sua opinião.

Você sempre foi um grande parceiro e vai fazer muita falta aqui, na Assembleia. O Congresso perdeu um grande deputado federal, mas a vida pública não perdeu um grande homem público. Você não pode perder essa sua vocação de homem público, essa sua vocação de servir. E você disse hoje que as pessoas, às vezes, não sabem onde está a Assembleia, porque, às vezes, não são eleitores nossos, não são eleitores de ninguém. O Brasil, cada vez mais, precisa de homens públicos que realmente tenham essa coragem não de olhar para trás, mas pelo menos de poder olhar para o lado. Quando estamos num sinal de trânsito, vamos olhar para o lado, pelo menos, olhar para a frente. Fala-se muito da política: “Não vamos olhar para trás, vamos olhar para a frente. Não se olha no retrovisor. Olha-se pelo para-brisa”. Vamos olhar para a frente, mas vamos olhar para o lado também. Quando estamos no sinal do trânsito... Quantas pessoas estão, hoje, no sinal de trânsito, fazendo mágica, vendendo pipoca, vendendo bala? Precisamos olhar para essas pessoas. Aí é aquilo que você fala que paga uma conta.

Então mantenha-se firme na vida pública, não desanime, não desista dos seus sonhos. Você é um homem público de qualidade, de coragem para defender o seu ponto de vista, mesmo sendo contrário ao de outras pessoas, que também têm o seu ponto de vista. O que acho importante também é que, muitas vezes, você tem um ponto de vista, uma opinião contrária à minha, mas em algum ponto, em alguma opinião sua, em uma frase, eu falo: “Aí, nesse determinado ponto, o Guilherme tem razão”. Esse é o bonito da democracia, esse é o bonito do Parlamento.

Obrigado, Guilherme, por estar junto com a gente, na defesa do governador Romeu Zema, como vice-líder de um governo em que acreditamos e que defendemos por acreditar.

Obrigado, deputado, pela sua dedicação, e nós queremos continuar contando... Eu, particularmente, quero continuar contando com você como homem público, mas também quero continuar contando com a sua amizade. Sucesso. E que Deus acompanhe você na sua jornada.

O deputado Guilherme da Cunha – Muito obrigado, meu líder, parceiro, por quem tenho tanto carinho. Com a palavra, o nosso presidente Dalmo Ribeiro Silva, eterno presidente meu na CCJ.

O deputado Dalmo Ribeiro Silva (em aparte) – Muito obrigado, caríssimo deputado Guilherme da Cunha. Saudando V. Exa., eu cumprimento todos os seus assessores valorosos, o seu gabinete, a sua família neste momento em que V. Exa. produz a derradeira fala neste Plenário. V. Exa. citou agora há pouco: “um mandato curto”. De fato um mandato curto, mas um mandato honroso, digno, ético, correto, de muito trabalho. Quando V. Exa. veio para esta Casa, nos reunimos, e nos reunimos muitas vezes, juntamente com a Celise, o Zé Reis e tantos outros, para lutar em favor do nosso estado à frente da nossa Comissão de Constituição e Justiça. V. Exa. nunca recusou uma relatoria de qualquer projeto que era apresentado; as questões difíceis, que mereciam um estudo maior, V. Exa. sempre recebia e prontamente preparava sua relatoria bem fundamentada, juridicamente correta. A sua passagem, com certeza, nos deixa esse legado de homem sério, correto, determinado e, acima de tudo, disciplinado regimentalmente.

Então, quero parabenizar V. Exa., sua família, seus assessores e dizer que V. Exa. terá um futuro brilhante pela sua trajetória, pela sua honradez e, principalmente, por tudo que deixou para que o seu trabalho pudesse ser reconhecido, como diz neste momento o deputado Roberto, como diz a Celise e todos nós. Siga em frente. Parabéns pelo trabalho.

O deputado Guilherme da Cunha – Obrigado, Dalmo.

O deputado Zé Guilherme (em aparte) – Obrigado, deputado Guilherme da Cunha. Deputado, esta Casa aqui representa a sociedade mineira, o Parlamento, e aqui há representantes de todos os segmentos; é assim mesmo – não é? –, toda a sociedade aqui representada. V. Exa., quando chegou a este Parlamento, representava – e representa ainda – o pensamento de uma parte da nossa sociedade, e isso é que é o bonito do Parlamento. Você trouxe as suas ideias, as suas convicções e as defendeu com muita honradez, com muita firmeza, naquilo que você acreditava e acredita: a transformação da vida dos mineiros, a transformação da política e uma transformação da sociedade. Você fez, com muita empatia, com muita visão do que você enxerga para a sociedade, a transformação que tem que ocorrer. Parabéns, deputado Guilherme da Cunha. Parabéns.

Foi você que resolveu nos deixar, você resolveu tomar um outro rumo na sua vida. Fará muita falta com certeza neste Parlamento, mas tenho certeza de que terá a oportunidade de aqui retornar e trazer também todo esse seu dinamismo, essa sua coragem e essa visão de um segmento da nossa sociedade. Parabéns, Guilherme! Que você trilhe o caminho que você pensa ser o melhor. Você foi muito importante e será muito importante para este Parlamento de Minas Gerais. Fique com Deus, amigo.

O deputado Guilherme da Cunha – Muito obrigado, deputado.

O deputado Ulysses Gomes (em aparte) – Meu caro amigo Guilherme, faltou você falar isso. (– Risos.) Mas eu quero rapidamente registrar aqui, Guilherme, a amizade que construímos, a oportunidade de trabalho aqui em que confrontamos, enfrentamos, mas também construímos a alegria de conhecê-lo, de a gente construir um belo debate democrático. Nos nossos cafés, oportunidade em que a gente, várias vezes, no gabinete, conversava, você sempre demonstrou seriedade, comprometimento, mesmo na divergência. Aliás, nós divergimos em muitas coisas, não só eu, como muitos deputados da nossa bancada. Eram momentos de muitos confrontos de ideias, mas a democracia é isso.

Num momento tão difícil da conjuntura política do País no contexto da democracia, onde a gente vê desrespeito, a ilegitimidade de confrontos foge à compreensão de quem conhece, como V. Exa., a Constituição e defende o processo democrático. Eu não tenho dúvida em afirmar, Guilherme, que o seu papel fortalece esse conceito e é fundamental para a gente construir um país e uma Minas reais, das diferenças e das divergências, da boa diferença e do bom debate. Você sempre trouxe isso. É claro que em alguns momentos os extremos ou a exaltação nos leva a fugir de uma racionalidade aqui ou lá, mas na média, no contexto geral, não tenho dúvida de que o bom debate e o respeito sempre fizeram parte, além da qualidade, do que você sempre procurou levar no seu debate, sempre como pano de fundo a constitucionalidade, como você sempre defendeu, a legalidade, a legitimidade e o respeito. Isso é do que nós precisamos, Guilherme; isso fará falta na sua ausência. Aqui, com certeza, a gente continuará tendo lados opostos, mas eu espero que a gente possa ter o mesmo respeito, a mesma profundidade que você trouxe. Eu tenho a certeza de que você implementou isso aqui, na Casa.

Então eu quero agradecer-lhe a amizade, esse respeito, em nome de toda a nossa bancada, que muito bem divergiu e construiu com você caminhos. Que a gente possa ter, através desse exemplo, a oportunidade de fazer com que o próximo mandato tenha nessas disputas a busca do bom caminho que a gente sabe que pode ter. Então, parabéns, meu caro, pelo mandato que você exerceu aqui na Casa. Infelizmente o seu sonho de ir a Brasília não deu certo, mas eu sei que você não vai desistir. Muitas vezes, nas nossas conversas, eu ouvi você falando isso, e no seu discurso aqui, hoje, você também falou muito claramente. Você se encontrou aqui, no Parlamento. Eu tenho a certeza de que a política ainda traçará bons rumos na sua trajetória. Eu espero poder, nesses rumos aí, sempre estar debatendo o bom debate que a gente sempre teve. Obrigado pela amizade. Sucesso na sua vida. Parabéns!

O deputado Guilherme da Cunha – Eu que agradeço, Ulisses. Eu não falei com você na época, mas foi o seu bonequinho do Pinóquio que inspirou a minha arvorezinha de dinheiro, viu? Construímos isso juntos.

A deputada Beatriz Cerqueira (em aparte) – Acho que nós dois, deputado, somos exatamente os extremos que o deputado Ulisses Guimarães acabou... Ulisses Gomes. É porque eu lembrei da democracia que nós estamos resgatando agora no Brasil. É verdade. Nós estivemos na maior parte do tempo em lados muito opostos na Casa, ocupamos este Plenário exatamente defendendo posições muito diferentes. Mas a essência da democracia, a essência do Parlamento é exatamente essa representatividade. E isso é um aprendizado para todos nós. Então eu quero cumprimentá-lo e revelar aqui a todos a competição que criou o 2° andar desta Casa, ali perto do Gabinete 244, por quatro anos. Ao final dos trabalhos, nós sempre identificávamos qual era a porta que se fechava por último. Às vezes era a minha, às vezes era a sua. São gabinetes de muito trabalho parlamentar.

Essa escolha de fazer a luta e o trabalho legislativo parlamentar são escolhas importantes. É por isso que os nossos gabinetes funcionavam em três turnos. Eu falo três turnos porque a minha vida é a vida de professora e a cabeça é de professora. A gente trabalha por turno. E eu continuo organizando a minha vida por turno, como se fosse um turno de escola. As nossas portas, via de regra, ficavam abertas em três turnos de atividades pela intensidade das lutas e dos trabalhos que eram feitos aqui, cada um de nós no seu lugar, na sua representatividade.

Mas quero cumprimentá-lo exatamente pela representatividade de V. Exa. aqui ao longo destes quatro anos e dizer que sempre era uma grata satisfação quando eu ganhava a competição do 2° andar, ali nos trabalhos. Eu me esforcei muito. Quando você tem posições – isso eu aprendi na luta sindical – diferentes e divergentes, elas nos ajudam a nos superar, nos ajudam a buscar cada vez mais aquela luta, aquele argumento, aquele debate, aquele posicionamento.

Então haver bons opositores neste debate nos ajuda a sempre buscarmos mais, porque é isto que a população mineira merece: uma representação que não se acomoda, uma representação que está sempre buscando o melhor para ela, porque eu sei que V. Exa. exerceu o mandato visando ao melhor da população mineira, assim como eu exerci este mandato também mirando aquilo que é melhor para a população mineira – e cada um de nós do seu lugar.

Então, quero cumprimentá-lo e desejar-lhe uma boa trajetória no próximo período da sua vida. Cumprimento toda a sua equipe que trabalhou e o acompanhou aqui, nesses quatro anos, dessa intensidade de lutas parlamentares. Um abraço!

O deputado Guilherme da Cunha – Muito obrigado, deputada. Essa pequena disputa, muito mais do que o horário, foi algo que me fez também trabalhar muito mais neste Parlamento. Eu confesso que me preparava dobrado, que estudava muito mais quando sabia que ia participar de uma comissão na qual V. Exa. também estaria presente. O fato de inspirar esse tipo de trabalho até no opositor é sinal de um trabalho bem-feito. Parabéns!

Deputado Zé Reis, meu querido.

O deputado Zé Reis (em aparte) – Meu Guilherme, é uma satisfação imensa. Quero aqui trazer o encerramento desse trabalho de quatro anos, trazer a minha admiração e a minha satisfação de haver, em vários momentos, ladeado a sua dedicação, a sua sabedoria e a sua mais do que dedicação ímpar, mas o seu olhar entusiasmado e apaixonado pelo que você defendia. Eu, que tantas vezes, dentro desse cenário de inspiração, achava que estava bem preparado, principalmente na nossa Comissão de Constituição e Justiça, em que passamos por quatro anos discutindo, defendendo, buscando... Quando chegava lá, via que você tinha buscado algo a mais, tinha se debruçado em algo a mais, queria saber mais. “Caramba, ainda me preparei pouco sobre a minha matéria!” Então sempre foi essa a referência. E, com todos os resultados, apesar dos pesares, você é um vencedor, você sai maior do que chegou aqui, há quatro anos, levando o nome, levando a defesa do Novo, levando a defesa desse ideal, do sonho de um mercado liberal. Muitas vezes pagou caro, mas levou acreditando na sua defesa. Então isso é uma característica ímpar para poucos homens que permitem chegar a esse púlpito de coração aberto. É como um vencedor, embora não levando as urnas, mas como vencedor. O seu trabalho inspirará tantos outros que estão por vir e, da mesma forma, o trabalho perante toda a sociedade mineira e o seu legado, aqui plantado, não só frutificará aqui, na Casa, no Parlamento mineiro, mas também junto ao governo do Estado. Sem sombra de dúvida, eu o vejo trabalhando ainda mais, aproveitando esse potencial, essa escola aqui nesses últimos quatro anos, dentro do seu conhecimento, apaixonado para servir toda a sociedade mineira.

Então tenho orgulho de podermos estar, especialmente na Comissão de Constituição e Justiça, buscando esse meio termo, dialogando, muitas vezes divergindo, muitas vezes convergindo, mas sempre no ideal e na defesa do nosso governador Romeu Zema, na defesa do nosso governo do Estado, na defesa de um estado autossustentável e de um estado para poder servir a nossa gente e de referência política para todo o Brasil.

Portanto, Guilherme, parabéns! Portanto, Guilherme, leve o meu abraço e a minha admiração fora do nosso Plenário, fora das paredes da Assembleia de Minas Gerais. Com mandato ou sem mandato, terei orgulho de encontrá-lo de cabeça erguida, terei orgulho de encontrar esse deputado que fez história. Daqui a 100 anos estará escrito, na história mineira, que um deputado guerreiro, o Guilherme da Cunha, entrou e saiu de cabeça erguida desta Casa, fazendo, plantando, contribuindo com tamanha política e tamanho desenvolvimento e, especialmente, na ideia do Estado liberto, do Estado com menos impostos, do Estado efetivamente eficiente para a vida do cidadão, dos mineiros e das mineiras. Parabéns, Guilhermão!

O deputado Guilherme da Cunha – Obrigado, Zé. Vai ser um prazer a gente continuar convivendo, porque você é um cara 10 demais!

O deputado Osvaldo Lopes (em aparte) – Grande perda para Minas Gerais, grande perda para o cenário político não ter mais Guilherme da Cunha falando e legislando com tanto amor, com tanto carinho, com tanta dedicação, com tanta vontade, com tanta raça sobre aquilo em que acredita.

Quando eu vi você se emocionando, logo depois que eu me emocionei ali também na tribuna, eu fiquei imaginando: “’Putz’ eu não imaginava que o Guilherme ia chorar também”. Cara, fica aqui todo o meu carinho, meu apreço por V. Exa. Sei que nós estamos nos despedindo aqui desta Casa, mas sei que também nós podemos retornar, talvez em 2027, num novo momento político. Neste momento, neste cenário político, as eleições deste ano foram atípicas, foram prejudiciais para aqueles que contribuíram de forma efetiva para a política no Estado. O que nós vimos no resultado político deste ano é lamentável. Mas quem somos nós para tentar aqui criticar os eleitores que elegeram aqueles que eles acreditavam que seriam seus porta-vozes? Olhe a perda para a política! Olhe uma pessoa preparada, um político verdadeiro, que, desde quando pisou aqui nesta Assembleia, lutou por seus ideais. Grande Guilherme, assim como você, estou indo embora. Estamos seguindo talvez caminhos diferentes, mas, lá na frente, nós vamos nos encontrar. Vai ser um prazer estar trabalhando com você novamente. Até breve. Deus o abençoe.

O deputado Guilherme da Cunha – Até breve, Osvaldo. Muito obrigado. Presidente, muito obrigado a V. Exa. também pela generosidade de estender o tempo desta reunião, que foi muito além do Regimento. Este momento é muito importante. Para quem está de saída é certamente muito marcante. Muito obrigado.

O presidente – Muito obrigado, deputado Guilherme da Cunha. A presidência também quer cumprimentá-lo e parabenizá-lo pela atuação aqui durante esses quatro anos. O deputado Sávio colocou muito bem aqui que o Parlamento é exatamente a defesa daquilo que a gente acredita, daquilo que a gente entende como melhor para a sociedade, para a população de Minas Gerais. Ao ver o seu discurso aqui, eu me identifico com a questão da devoção, da paixão, da dedicação com o trabalho, com a coisa pública. Por isso talvez tenhamos tido alguns momentos de desentendimentos porque talvez tenhamos paixão demais naquilo que nós fazemos. Tenho certeza de que tanto do meu lado quanto do lado de V. Exa. fizemos acreditando naquilo que é melhor para Minas Gerais. Por isso tudo, respeito muito a sua atuação, o seu desempenho nesta Casa. Continuarei respeitando V. Exa., independente de onde estivermos nos próximos anos, porque admiro aqueles que se dedicam, que trabalham com vontade, que levam a vida apaixonados e dedicados. Portanto, sucesso e parabéns pela atuação nestes quatro anos nesta Casa.