DEPUTADO GETÚLIO NEIVA (PMDB)
Discurso
Comenta a aprovação do projeto de lei complementar que dispõe sobre
gratificações por cumulação de atribuições e sobre indenização por
plantões exercidos em finais de semana ou feriados destinadas aos membros
do Ministério Público Estadual. Comenta a atuação do Ministério Público
Estadual em Municípios do interior do Estado. Comenta artigo de autoria
da Promotora de Justiça, Mônica Rolla Toledo, publicado pelo jornal "Hoje
em Dia".
Reunião
65ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 1ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 25/07/2007
Página 29, Coluna 2
Assunto MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. COMUNICAÇÃO.
Proposições citadas PLC 17 de 2007
Legislatura 16ª legislatura, 1ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 25/07/2007
Página 29, Coluna 2
Assunto MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. COMUNICAÇÃO.
Proposições citadas PLC 17 de 2007
65ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª
LEGISLATURA, EM 17/7/2007
Palavras do Deputado Getúlio Neiva
O Deputado Getúlio Neiva - Caro Presidente dos trabalhos,
Deputado Fahim Sawan, é uma alegria tê-lo comandando o processo na
Assembléia. Estamos chegando ao final do semestre e, na próxima
semana, deveremos entrar em recesso. Cabe a mim, nesta hora,
agradecer especialmente ao Deputado Adalclever Lopes, Líder do meu
partido, os espaços que me abriu nesta Casa e pela segurança que
me deu para as ações que propus e para as defesas que fiz;
agradecer ao Deputado Alberto Pinto Coelho, Presidente da
Assembléia, a coragem de enfrentar as dificuldades e determinar a
força e o tamanho exatos do Poder Legislativo de Minas Gerais;
agradecer também a grandeza de trato, sobretudo a lucidez, do
nosso Líder, Deputado Mauri Torres; agradecer aos companheiros
Deputados, que se transformaram em amigos, ao longo deste primeiro
semestre. E tentar colocar, de forma mais clara, para a sociedade
mineira, as transformações que foram processadas, na Assembléia,
em relação ao Ministério Público do nosso Estado.
Os Deputados sofreram, nos últimos tempos, uma campanha
sistemática de imprensa, monitorada e instrumentalizada pelo
Ministério Público não apenas no sentido de deter a nossa ação,
que pretendia melhorar, sobretudo dar melhores condições de
trabalho à Justiça do nosso Estado, impedindo que o Ministério
Público continue a praticar os seus exageros e desmandos - por uma
parcela pequena, é claro. Temos de analisar esse aspecto, porque
dúvidas permanecem em função da má informação.
Não temos hoje, no Estado, Deputado Fahim Sawan, uma opinião
pública bem formada; temos uma opinião publicada, aquela que a
imprensa quer fazer, que diz que é verdade, mas é apenas meia
verdade, e que é dezenas de vezes pior que a mentira.
Lamentavelmente, como jornalista que sou, profissional formado
pela UFMG, tenho de lamentar a postura de alguns companheiros de
jornalismo, que recebem a matéria pronta, talvez até em disquete,
fornecida pelo Ministério Público, e a divulgam na íntegra, nos
jornais do nosso Estado, na defesa de interesses que não são os do
povo mineiro.
O que os Deputados pretenderam com as modificações aprovadas?
Pretenderam dar ao Ministério Público, mas sobretudo à Justiça,
condições para melhor ministrar os aspectos judiciais e impedir
que reputações, honras e, acima de tudo, mandatos sejam feridos e
enlameados pela falta de escrúpulos, pela saga da tentativa de
buscar holofote dos juvenis Promotores de Justiça, ainda imberbes
alguns deles, despreparados para o cargo.
Porque o digo dessa maneira? Conforme me confessava um
companheiro, médico, Deputado, está cientificamente comprovado que
a sabedoria só se alcança depois de uma determinada idade.
Infelizmente, temos de pensar sobre algumas verdades nas quais
muitas pessoas não querem pensar. Lembro-me de Fidelcino Viana,
Presidente da Codevale, quando falava: "Ah, se os jovens soubessem
e se os velhos pudessem!". O que queria dizer Fidelcino Viana?
Que, ao longo da nossa vida, acumulamos um cabedal de
conhecimentos. Temos fome de verdade e de informação, mas só
adquirimos equilíbrio a partir de uma determinada idade,
lamentavelmente.
Seria bom que uma criança de 10 anos já tivesse equilíbrio, tal
como seria bom um jovem de 20, 25, 30 anos, com aquele calor e com
aquele fogo, tivesse o equilíbrio da sabedoria salomônica dos mais
velhos, dos mais experimentados, dos que sabem separar o joio do
trigo, da mesma forma que sabem que a vaidade, toda ela, é vã
quando não se busca a satisfação de toda a sociedade, quando se
busca apenas revelar um talento individual ou a busca exasperada
de sucesso a qualquer preço.
Meus amigos, companheiros, Deputados, Deputadas, o que fizemos nós
ao aprovar uma nova legislação para o Ministério Público?
Primeiro, satisfazer o desejo, a vontade natural dos Promotores de
Justiça de terem aumento salarial de 15%. E por que concedemos? O
PT até foi contra a aprovação desse aumento de 15%, aliás foi a
única bancada contrária a esse aumento. Por que concedemos os 15%
de aumento de salário para os Promotores de Justiça, que já
ganhavam mais de R$20.000,00? Porque não cabe ao Poder Legislativo
obliterar campanha salarial de outro órgão pertencente a outro
Poder.
O Ministério Público tem seu orçamento próprio. Temos de permitir
que façam o que quiserem de seu dinheiro. Não cabe a nós,
Deputados, metermos o "bico" no Ministério Público para dirigir
sua casa, mas cabe a nós uma série de questionamentos. Por
exemplo, são autorizadas as escutas telefônicas feitas de nós,
Deputados, e de outras pessoas da sociedade, até de alguns
marginais, sem que se clareie, de forma definitiva, se houve ou
não autorização judicial? Cabe ao Ministério Público manter em seu
primeiro andar, aqui na Av. Álvares Cabral, aproximadamente no nº
1800, escuta telefônica?
Precisamos fazer essa pergunta, da mesma forma que precisamos
perguntar por que estamos levando tanta porretada do Ministério
Público e da imprensa, instrumentalizada pelo Ministério Público,
com as informações fornecidas por este.
Todavia, Sr. Presidente, todos nós, de forma simpática, agradável,
delicada, nunca obedecemos ao art. 100 do nosso Regimento, nem ao
que prevê a Constituição e que nos possibilita convocar para virem
aqui os Promotores pedófilos, ladrões e processados. É o caso, por
exemplo, do Promotor de Itambacuri, que tombou o carro e matou
três, mas a imprensa não noticiou o fato, e assim ninguém conhece
o processo.
Não estamos fustigando o Ministério Público! Temos o direito de
convocar seus membros que tenham cometido equívocos, enganos,
exageros para virem a esta Casa, sobretudo à Comissão de Direitos
Humanos, explicarem-se perante à opinião pública. Entretanto,
nunca o fizemos, pelo menos nesta legislatura. Estou aqui desde o
início dela, e sei que nunca fizemos isso. É assegurado à
Assembléia Legislativa convocar qualquer autoridade para prestar
esclarecimentos acerca de suas ações.
O que fizemos? Tentamos normatizar, reequilibrar, dar noções
bastante seguras de hierarquia e de disciplina, a fim de que a
briga política externa e interna do Ministério Público não
maculasse essa instituição. Todos nós, enfim, o Brasil inteiro
precisa dessa instituição, mas ela tem de ser séria, competente e,
sobretudo, sábia.
Graças a Deus, a nossa Justiça é equilibrada e tem sapiência, já
que derrota 90% das proposições feitas pelo Ministério Público:
80% em Minas, no Tribunal de Justiça, e 10% em Brasília. A Justiça
de Minas Gerais pode ficar a reboque do Ministério Publico? A
Justiça mineira pode ficar sujeita à ousadia desnecessária,
desmedida e imprudente do Ministério Público? Penso que não.
Esta Casa fez uma homenagem ao Ministério Público, ao conceder um
aumento de 15% nos salários, nas gratificações. Agimos assim
porque não queremos nos intrometer em assuntos que não nos dizem
respeito. No entanto, quem faz lei - perdoem-me, Srs. Promotores
de Justiça juvenis -, é o Deputado, a Assembléia. Diante disso, os
senhores não podem continuar fazendo leis.
Há pouco, estive com três Prefeitos, a quem dei o seguinte
conselho: não assinem Termo de Ajustamento de Conduta - TAC. Se o
fizerem, serão réus confessos, numa situação em que, quase sempre,
passa-se por cima da lei, já que ordens dadas por Promotores de
Justiça a Prefeitos para comprarem isso ou aquilo, fazerem esta ou
aquela obra extrapolam não só os limites do bom senso, mas também
a competência do Ministério Público.
No interior, os pobres Prefeitos estão sofrendo com a perseguição
sistemática do Ministério Público, que ordena que façam obras,
redes de esgoto e pontes, além de determinar a compra de remédios,
o que, aliás, não é da competência do Município, já que há uma
tabela, uma listagem adquirida pelo Município, outra fornecida
pelo Estado e outra, pelo governo federal. Todavia, o Promotor
determina, o pobre do Prefeito corre para comprar e acaba caindo
nos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Por que os jovens Promotores agem assim? Porque o próprio
Ministério Público de Minas Gerais - estarreçam-se todos -, há
quatro anos, extrapola, ou seja, não cumpre a Lei de
Responsabilidade Fiscal. Portanto, não estão nem aí para o fato de
o Prefeito ter de extrapolar ou não os limites de gastos previstos
na referida lei.
Por esse motivo, Prefeitos do interior de Minas Gerais, não
assinem TAC. Deixem o processo ir para a Justiça, onde há o
equilíbrio da sapiência.
Se o Sr. Prefeito está fazendo alguma besteira ou alguma coisa
errada, vai levar chumbo, mas se o senhor estiver certo e
convencido disso, o Promotor não pode exigir que a Prefeitura faça
aquilo que não está na sua competência. O Promotor não pode exigir
que o Chefe do Executivo municipal, estadual ou federal faça algo
contra a lei ou contra os limites da sua competência.
Assinar TAC é perigoso, é assinar sentença de morte e correr
riscos. Nos vários rincões das muitas Minas Gerais, não existem
advogados suficientes ou entendedores, de forma profunda, dos
direitos administrativo e constitucional para orientar os
Prefeitos sobre o que é ou não legal.
Deixem correr para a Justiça, pois a Justiça é sábia. Os Juizes e
os Desembargadores têm aquele conhecimento que a realidade lhes
deu. Mas os jovenzinhos, aqueles impúberes e juvenis Promotores
que nunca trabalharam como advogados nem enfrentaram o
contencioso, apenas fizeram um concurso, nada sabem a respeito do
funcionamento da Justiça e do direito. Esses, sim,
lamentavelmente, é que criam problemas para a Justiça de Minas e
do Brasil. Aliás, os exageros que eles cometem é que foram
combatidos por esta Casa, e lá estávamos nós, Deputados, para
defender desta tribuna a regularização do funcionamento do
Ministério Público. Fomos parar nas páginas do maior jornal dos
mineiros, em uma foto bonita e colorida.
Fica aqui o meu questionamento a respeito do que realmente quer o
Ministério Público. Os Promotores estão ganhando mais do que os
Juízes e o dobro do que ganham os Deputados. O dobro do salário
dos Deputados e mais do que recebem os Juízes. O que querem?
Parece-me que querem um poder, já que o Ministério Público não é
um poder, apenas um órgão do Poder Executivo. Órgão esse auxiliar
da Justiça.
O Ministério Público está querendo tornar-se o quarto poder, mas,
de que forma, se o quarto poder já é da imprensa? A imprensa está
trabalhando muito juntinho ao Ministério Público e repetindo tudo
o que ele diz, ao invés de criar matéria, fazer investigação e
buscar notícia. A imprensa está repetindo aquilo que o Promotor de
Justiça colocou no disquete e mandou para o jornal. O quarto poder
foi dividido, já que, hoje, ele é ocupado pela imprensa e dividido
com o Ministério Público.
O Ministério Público se transformou num redutor de despesa para as
empresas jornalísticas. Não há necessidade de haver jornalista.
Jornalista para quê?
A notícia a respeito de Getúlio Neiva, no domingo, por exemplo, é
cópia "ipsis litteris" do que está escrito no processo iniciado
contra este Deputado pelo Promotor de Justiça. O rapaz que
escreveu o referido artigo nem precisou trabalhar, apenas copiou
as palavras do Ministério Público. Fato é que o referido
jornalista não leu, lá na frente, a defesa que foi feita e não deu
o direito de resposta. Se ingressarmos na Justiça, também não vai
ser possível a exceção da verdade, proclamada na Lei nº 5.250, que
é a Lei de Imprensa.
Lamentavelmente, Sr. Presidente, estamos vivendo uma situação
muito complicada, mas, graças a Deus, esta Casa, por 52 votos, uma
maioria mais do que absoluta, fez a institucionalização do
Ministério Público. Temos aqui um amplo e bem justificado
relatório sobre as emendas que apresentamos.
Irei publicá-lo no meu jornalzinho. Na minha cidade e em Araxá
circulam apenas 100 exemplares do "Estado de Minas", mas em Poté,
Ladainha e Sucanga, zero. Como lá ninguém lê, farei meu
jornalzinho, que tem boa circulação e 10 mil exemplares - na
próxima tiragem terá 20 mil exemplares. Está aqui o meu
informativo. Daremos as informações do que a Assembléia fez. Temos
um relatório completo, Sr. Presidente, mostrando em detalhes o que
é o Projeto de Lei Complementar nº 17, as regras de transparência
e de publicidade, os inquéritos civis, as ações na internet, as
inspeções, a eficiência e eficácia da lei que aprovamos, a questão
das CPIs, os atrasos e as perdas de prazo, enfim, o controle
social, o objetivo de concedermos aumento para que cada comarca do
interior de Minas tenha um Promotor de Justiça. Estamos criando
condição para que todas as comarcas tenham Promotor de Justiça, e
a imprensa vem dizer que estamos querendo acabar com o Ministério
Público. Estamos criando condições para que todas as cidades de
Minas Gerais tenham um Promotor de Justiça; estamos ampliando o
mercado de trabalho para esses profissionais.
Sr. Presidente, peço vênia para continuar meu pronunciamento,
porque esse assunto é de soberba importância.
Vamos listar. Vejam: é mentira quando falam que estamos querendo
criar foro privilegiado para os Deputados. É mentira do
jornalista, mentira do jornal, mentira do Promotor de Justiça que
falou isso, mentira de todos aqueles que tentaram denegrir a
reputação dos Deputados desta Casa. São mentirosos. Na verdade, o
que esta Casa fez, Sr. Presidente, foi apenas mudar a iniciativa
do processo, e não o foro privilegiado. Os Promotores têm foro
privilegiado. Os Deputados já têm foro privilegiado. Mas a farsa
que se montou da instrumentação feita pelo Ministério Público é de
que criamos um foro privilegiado.
Pelo amor de Deus, estudem os livros de direito! Estudem,
Promotores; vão estudar, meus meninos, vão aprender, para depois
conversar fiado. Estudem. O que nós fizemos foi pura e
simplesmente mudar a iniciativa do processo, trocar de mãos, ou
seja, tirar das mãos de alguns poucos irresponsáveis e
incompetentes para passar para as mãos daquele que deve julgar e
tem sabedoria, que é o Procurador-Geral - é entregar nas mãos de
pessoas mais equilibradas.
Vejam, senhores, como a farsa se completa e podemos desmascará-la.
Por quê? Quem são os beneficiados com essa mudança que fizemos?
Quem são os maiores beneficiados? Vamos ler: o Presidente do
Tribunal de Justiça, o Presidente do Tribunal de Justiça Militar,
o Presidente do Tribunal de Contas do Estado, o Presidente da
Assembléia Legislativa, o Governador do Estado, o Vice-Governador,
o Advogado-Geral do Estado, os Secretários de Estado, os Deputados
e os Conselheiros do Tribunal de Contas. Somando, totalizam 106
pessoas. Dessas 106, 32 já tinham esse direito.
Agora, quem foram os mais beneficiados? Os 1.823 Juízes e
Promotores de Justiça foram beneficiados pelo que a imprensa diz
que é foro privilegiado. Na realidade, não é, mas sim, iniciativa
de processo. Saímos com os nossos retratos estampados em todos os
jornais, enxovalhados pela imprensa mal-formada e mal-informada.
Como dizia Francelino Pereira - aliás, não quero repetir, mas só
citar -: que País é este? Que País é este onde a mentira deslavada
e sem-vergonha prevalece sobre a verdade, e a mídia é instrumento
do Ministério Público para economizar pagamento de salário de
jornalista investigativo? Ninguém investiga nada. O Ministério
manda pronto o disquete, com as informações do que deseja mostrar.
Pergunto-me, Sr. Presidente, se tem importância ou não informar
isso à população.
Hoje alguns Deputados e companheiros nos pediam para deixar passar
o recesso para discutirmos esse assunto. Além disso, esperar o
Governador chegar para verificar se cederá à pressão do Ministério
Público e vetará uma parte ou todo o projeto.
Digo a V. Exa. que confio nos meus companheiros de Assembléia, na
coragem dos Deputados e em mais ninguém. Não sei o que acontecerá.
A minha impressão, Sr. Presidente, é diferente. Numa reunião da
qual participamos hoje, Deputados diziam que estamos ganhando a
briga. Não estamos ganhando briga alguma. Pelo contrário, a
imprensa e o Ministério Público aproveitarão o recesso para
arrebentar conosco. Este é o espaço que temos: a TV Assembléia.
Quer dizer, único espaço democrático que podemos usar à vontade
para explicar o que está acontecendo nesta Casa. Há jornalistas
sérios em Minas Gerais. Conheço alguns. Um dia direi quem são.
Todavia, há impúberes e juvenis jornalistas que se põem ao lado
dos também impúberes e juvenis Promotores de Justiça, que, com
preguiça de trabalhar, copiam o que o Promotor manda por disquete
para imprimir, como se fosse matéria feita, trabalhada.
Diga-se de passagem, meu caro Deputado Rêmolo Aloise, com os
salários que os jornais pagam fica difícil trabalhar. Os
jornalistas são massacrados. Que salariozinho vagabundo, o dos
jornalistas de Minas Gerais! Uma atividade tão nobre precisaria
ser mais bem recompensada. Há jornalista que é obrigado a ter dois
ou três empregos para sobreviver. Isso é um absurdo. Se juntarmos
o salário de todos os jornalistas que trabalham nesta Casa, não
chegará ao de um Promotor. Quer dizer, com o salário de um
Promotor de Justiça dá para pagar todos os jornalistas que aqui
estão. Isso é brincadeira. É um absurdo o que acontece.
Lamentavelmente, Sr. Presidente, até pela bitola do Regimento, que
nos manda parar às 16h30min, dizendo que não pode, e que o art. 70
pode ir até às 18 horas. Puxa vida! A democracia é uma planta
tênue, que precisa ser irrigada todos os dias e toda hora. Este é
o espaço do regador. Devemos regar dia a dia a nossa plantinha da
democracia tênue, que pode morrer se permitirmos que ações como
essa do Ministério Público continuem a acontecer - ministério que
é o quarto poder.
Li artigo de uma Promotora de Justiça que foi publicado no jornal
"Hoje em Dia" - aliás, esse jornal abriu espaço para ela -, que se
chama "Segurem o Promotor". A impressão que nos dá é esta: segurem
o Promotor para não fazer besteira. Ela escreve aqui que a
instituição ministerial funciona ao lado dos três Poderes. Ao meu
lado não foi, pois até hoje só me ferrou, como Executivo; só me
ferrou, como Deputado.
Quer dizer, quando eu estava no Executivo, não estava ao meu lado;
quando estou no Legislativo, também não está ao meu lado. Mas está
ao lado dos três Poderes da União - Executivo, Legislativo e
Judiciário -, garantindo o equilíbrio
Ah! É o Ministério Público que garante o equilíbrio entre os três
Poderes, ilustre Deputado Rêmolo Aloise! É ele! O maior poder
deste País, o quarto poder! É ele é que garante, como diz a
Promotora. Citarei o nome dela aqui para não dizerem que tenho
medo de Promotor. O nome é Mônica Rolla Toledo.
No jornal "Hoje em Dia", de 16/7/2007, ela diz que praça pública
segura o Promotor. Que coisa estranha, não é? O Ministério Público
ao lado dos três Poderes! Vejam que é ele, o Ministério Público,
que estabelece o equilíbrio. Eu pensei que fosse a Justiça.
Estudei direito na década de 70 e até hoje imaginava que entendia
um pouco de direito. Advoguei alguns anos, fui assessor jurídico
de várias Prefeituras, ocupei alguns cargos importantes, como o de
Secretário Adjunto no Estado. Achei que entendia de direito. Mas a
Dra. Mônica Rolla, com dois "eles", fala que quem faz o equilíbrio
entre os três Poderes é o Ministério Público. Dra. Mônica, a
senhora falou o contrário da verdade. Quem está fazendo o
descontrole, o desarranjo e o desequilíbrio entre os Poderes é o
Ministério Público. É o contrário, Dra. Mônica! É o contrário!
Muitos colegas me sugeriram que eu hoje não falasse, meu caro
Presidente. Quero, neste final de semestre, dizer que, se for
necessário, passarei todo o próximo semestre falando sobre esse
assunto. Não posso aceitar que os Prefeitos do meu Estado - e fui
Prefeito duas vezes - continuem a servir como massa de manobra do
Ministério Público. Não posso aceitar que os pobres Prefeitos
sejam espezinhados pelo governo federal; que sejam pisoteados,
garroteados, arrebentados pela estrutura, em função da falta de
uma reforma tributária neste Estado. Não posso aceitar que os
Prefeitos continuem, além dos grandes problemas que têm, a receber
o empuxo negativo permanente, a perseguição permanente de uma
determinação de um Promotor de Justiça, como se ele fosse o dono
da verdade, como se pudesse administrar o Município. Vá disputar a
eleição para ser Prefeito! Os nossos Prefeitos precisam da
proteção desta Casa.
Concluirei, dizendo-lhe que esta Casa me recebeu muito bem. Fiz
aqui muitos amigos. Entre eles, o João Leite, grande defensor da
Grande BH; essa figura extraordinária, que foi lá em Teófilo Otôni
e comeu na cozinha comunitária comigo. Tínhamos lá 23 cozinhas
comunitárias que matavam a fome do povo, mas que o PT fechou no
dia 1º de janeiro, quando assumiu a Prefeitura. Trata-se de um
brilhante companheiro.
Agradeço, Sr. Presidente, este espaço. Quero dizer aos nobres
companheiros que não me faltará disposição de luta, coragem,
porque o que me move, muito mais do que um capricho, muito mais do
que um lamento, muito mais do que uma raiva, é o desejo de fazer
esta pátria melhor, a começar por Minas Gerais. O que me move é
fazer esta pátria mais equilibrada, onde a justiça prevaleça como
poder maior sobre nós todos, e não onde o Ministério Público seja
o poder ao lado, que controla a Justiça, o Executivo e o
Legislativo. Não me conformo com essa situação e não a aceito.
Repito a fala do Fidelzinho Viana: "Ah se os jovens soubessem, e
se os velhos pudessem!" Muito obrigado, Sr. Presidente.