DEPUTADO FÁBIO AVELAR (PSC), Presidente "ad hoc".
Discurso
Presta esclarecimentos e coordena os debates.
Reunião
4ª reunião ESPECIAL
Legislatura 16ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 29/03/2008
Página 65, Coluna 3
Evento Ciclo de Debates: "Licenciamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável".
Assunto MEIO AMBIENTE. INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇOS.
Observação Evento preparatório para o Seminário Legislativo "Minas de Minas". Participantes dos debates: Deputado Antônio Júlio, Carlos Arantes, Osmano Silva, Jussara Mega, Hélio Emiliano Moreira, José Carlos Carvalho, José Cláudio Junqueira Ribeiro, Rafael Gontijo Baêta Neves, Cynthia Cardoso, Alcione Ribeiro Matos, Clarice Fernandes, Maria Dalce Ricas, Marcos José Ferreira, Shelley de Souza Carneiro, Tilden Santiago, Frederico Binato, Marcos Pedroso, João de Almeida, Humberto Candeias Cavalcanti, Juarez Vieira, Sandro Carvalho, Sheila Samartine, José Augusto Nascimento Suavinha, Rafael Afonso Silva, José Luiz de Oliveira.
Normas citadas DEC nº 44309, de 2006
Legislatura 16ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 29/03/2008
Página 65, Coluna 3
Evento Ciclo de Debates: "Licenciamento Ambiental e Desenvolvimento Sustentável".
Assunto MEIO AMBIENTE. INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇOS.
Observação Evento preparatório para o Seminário Legislativo "Minas de Minas". Participantes dos debates: Deputado Antônio Júlio, Carlos Arantes, Osmano Silva, Jussara Mega, Hélio Emiliano Moreira, José Carlos Carvalho, José Cláudio Junqueira Ribeiro, Rafael Gontijo Baêta Neves, Cynthia Cardoso, Alcione Ribeiro Matos, Clarice Fernandes, Maria Dalce Ricas, Marcos José Ferreira, Shelley de Souza Carneiro, Tilden Santiago, Frederico Binato, Marcos Pedroso, João de Almeida, Humberto Candeias Cavalcanti, Juarez Vieira, Sandro Carvalho, Sheila Samartine, José Augusto Nascimento Suavinha, Rafael Afonso Silva, José Luiz de Oliveira.
Normas citadas DEC nº 44309, de 2006
4ª REUNIÃO ESPECIAL DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª
LEGISLATURA, EM 10/3/2008
Palavras do Deputado Fábio Avelar
O Sr. Presidente - Neste instante daremos início à fase dos
debates. A Presidência informa ao Plenário que os participantes
poderão formular perguntas aos expositores por escrito ou
oralmente, mediante inscrições prévias, para agilizarmos os
debates. Solicitamos aos participantes que fizerem uso do
microfone que se identifiquem, sejam objetivos e sucintos,
dispensadas as formalidades das saudações pessoais. Cada
participante disporá de 3 minutos para sua intervenção, garantido
o mesmo tempo para as respostas. A Presidência comunica que estará
recebendo as inscrições apenas nos próximos 5 minutos, pois já
temos um número enorme de inscrições.
Debates
O Sr. Presidente - Com a palavra, o Deputado Antônio Carlos
Arantes, primeiro inscrito nesta fase.
O Deputado Antônio Carlos Arantes - Cumprimento todos os
componentes da Mesa, todos os participantes presentes, as senhoras
e os senhores.
Sou o Deputado Estadual Antônio Carlos Arantes e falo como
Deputado e também como produtor rural do Sudoeste de Minas e do
Sul de Minas, regiões que enfrentam problemas em relação à
legislação ambiental. O problema é a solução no dia-a-dia.
Sempre tive o pensamento de que árvore não se corta, planta-se;
beira de rio e nascente têm que ser preservadas. Não tenho
dúvidas, porque sempre trabalhei para isso e sou parceiro do
Secretário José Carlos Carvalho, do IEF e de todo o governo do
Estado na busca da preservação ambiental.
O Dr. José Carlos às vezes puxa nossa orelha porque batemos forte
aqui, e isso o atinge. Mas batemos, sim, Dr. José Carlos.
Confiamos no senhor, na sua seriedade e na sua equipe. Por isso
animamo-nos a debater, a discutir e a provocar o povo para isso.
Estamos trazendo os anseios e os problemas do povo da nossa
região, que veio aqui para isso, pois quando um órgão do governo
chega até um produtor ou um produtor vai até o IEF, ao Igam, à
Polícia Florestal e ao Instituto Mineiro de Agropecuária -, há uma
divergência tão grande que cria pânico no produtor rural. Adequar-
se à forma, como é falado e mostrado, é impossível sem recursos
financeiros, coisa que o produtor não tem.
Confiamos no Governador Aécio Neves, que tem as pessoas certas no
seu governo, mas há técnicos que, na sua maioria, não estão
preparados para fazer uma junção importante entre o meio ambiente,
o produtor e o nosso governo, que quer elaborar uma legislação boa
para o meio ambiente, mas também adequada ao produtor. Mas, da
forma como está, não está certo.
Secretário José Carlos, animamo-nos com o que é dito e proposto,
mas o Estado não tem uma equipe. O Copam foi descentralizado, mas
não tem gente, só tem um telefone. Digo isso porque sou Deputado
e, quando telefono para lá, tenho grandes dificuldades. Quando
enviamos alguém lá, sentimos que há boa vontade, mas não há
equipe. São 500 mil propriedades. Na época em que fui Prefeito,
demorei um ano para conseguir fazer o licenciamento de operação de
uma usina de lixo.
Em primeiro lugar, precisamos ter técnicos capacitados em número
suficiente, em cada Município, para fazer o licenciamento
ambiental simplificado. Como sempre conversamos com o senhor, que
sempre foi adepto disso e deixou-nos muito felizes, mostrando que
é possível que uma propriedade de até 500ha, que não tenha grandes
impactos ambientais em sua atividade, tenha uma legislação
simplificada. Mas como fazer isso com os técnicos que temos hoje?
Sou um defensor ferrenho da Polícia Militar. O PCC instalou-se em
nossa região, e denunciei o fato. Espantaram-se, pegaram e
prenderam. É uma polícia que sabe lidar com bandidos, que está nas
suas funções, mas não sabe lidar com o produtor. O policial entra
na propriedade e, na dúvida, manda as multas.
Ele não conhece nada de produção e a razão de aquela atividade
ter chegado a tal ponto de degradação. Ele não conhece a origem
daquilo.
Precisamos de técnicos preparados, sim, da Emater, do IEF, seja
lá de que órgão o governo definir, mas o importante é que saibam
sentar-se com o produtor, conversar, mostrar-lhe como devem ser as
coisas e ouvi-lo também.
Dr. José Carlos, tenho muita confiança de que poderemos avançar.
O Sudoeste está presente neste Plenário de forma maciça, porque
está extremamente incomodado. Não somos bandidos. Somos
produtores, que queremos manter nossa atividade e, ao mesmo tempo,
conservar nossas áreas de preservação permanente.
Segundo a legislação federal, as áreas de preservação permanente
têm de ser mantidas com recursos públicos. Mas não é isso o que os
órgãos do governo têm feito. Chegam e exigem que haja
georreferenciamento e que se cerque toda a área. Isso, aliás, é
muito bom para quem vende arame, porque haja arame para cercar
tanta nascente.
Aqui estou como defensor ferrenho do governo Aécio Neves, em quem
confio inteiramente. Está levando rodovias, postos de saúde,
melhor educação e desenvolvimento para Minas Gerais.
“Não destrua o campo” diz aquela faixa de Paraíso. Mas, se as
coisas evoluírem um pouco mais, ninguém destruirá o campo. O campo
continuará a produzir, sim, só que na mão das multinacionais, que
têm muito dinheiro e comprarão nossas terras por baixíssimo preço.
Essa é a realidade.
Não estou aqui para fazer demagogia. Aqui estou para defender o
produtor da zona rural, que sabe das suas dificuldades, e também
para defender o pessoal das pedreiras. Tem gente desse meio que
faz muita besteira, mas tem também gente séria que precisa gerar
emprego e renda. É, aliás, o caso de São Tomé das Letras e de
Alpinópolis, terra da nossa querida Margarida, que está ajudando a
movimentar o pessoal de lá; do Jorge Penha e de toda a associação.
É preciso, sim, captar pedras. É preciso, sim, gerar emprego. A
arrecadação do que se explora é devolvida em preservação
ambiental, em recuperação de outras áreas. O que não dá é isolar o
trabalhador e apertar cada vez mais seu cinto. O que não dá é
expulsar os pequenos e abrir espaço para as grandes empresas,
principalmente as multinacionais. Se falo isso é porque já é
assim.
Aguardamos o novo decreto, que, se Deus quiser, será muito melhor
para nós. Conversamos hoje com o Dr. José Carlos e ficamos muito
animados. Esperamos, Dr. José Carlos, que o decreto realmente
venha a dar paz ao produtor e condição para que ele continue
produzindo. Para isso, apresentarei um requerimento às Comissões
de Agropecuária e de Meio Ambiente, com o pessoal ligado ao
Deputado Sávio Souza Cruz.
O Dr. José Carlos já enviou pedido à Advocacia-Geral do Estado.
Nosso requerimento é para que se agilize essa resposta.
Precisamos também ir ao Ministério Público exigir do governo
federal que, como quer que se façam reservas legais - e é
importante que se façam -, que as banque, porque o produtor não
pode dar 20% de suas áreas produtivas para isso.
Que se busque espaço na Amazônia e em áreas impróprias ao plantio
e à tecnologia. Os produtores não podem arcar com todo esse ônus -
nem posso falar em ônus, porque todo o mundo ganhará com isso -,
mas o recurso não pode continuar saindo de um bolso já
enfraquecido, como o nosso. O produtor rural está endividado, além
do que a legislação trabalhista e a violência no campo têm
concorrido para empobrecê-lo.
Então, Dr. José Carlos e companheiros da Assembléia Legislativa,
quero continuar a ser esse batalhador, questionador de leis e de
decretos, que, na prática, têm prejudicado muitas pessoas que
querem trabalhar. Quero também continuar a defender este governo,
que é sensível, sério e honesto.
Se as ações por ele empreendidas nos afetam, prejudicam, sabemos
que não é essa a sua intenção. Erros podem ser corrigidos. Temos
um governo hábil e sensível a isso. Se Deus quiser, lutaremos
juntos. Precisamos estar muito próximos porque são problemas
demais para o Estado. Muitos ambientalistas - tenho grande
admiração e respeito pela Dalce Ricas - julgam que somos obrigados
a bancar o processo, mesmo que não tenhamos condições para isso.
Finalizando, é hora de continuarmos mobilizados, principalmente
com nossos sindicatos rurais, que exercem papel fundamental. Com
sindicatos rurais e associações de produtores poderemos buscar
projetos e adequações que preservem a água da melhor forma
possível, as nossas matas e o futuro de nossos filhos, mas não
podemos ser extintos pela falta de condições financeiras. Muito
obrigado.
O Sr. Presidente - Agradecemos as palavras do Deputado Antônio
Carlos Arantes e informamos que estão encerradas as inscrições.
Passarei à fase de perguntas. Diante do volume de questionamentos,
indago dos membros da Mesa se concordam em que eu os leia em
grupos. Creio que não haverá problema.
As perguntas a seguir foram dirigidas ao Secretário José Carlos
Carvalho. A primeira foi formulada pelo Sr. Osmano Silva: “Não
seria melhor investir no ser humano, no melhor conhecimento do
meio ambiente até mesmo nas escolas, considerando-se a multa como
última opção?”.
A segunda pergunta foi formulada por alguém do Sisema: “Como
falar em melhoria da qualidade ambiental, quando os servidores do
sistema ambiental, responsáveis pela aplicação dos instrumentos de
política ambiental no Estado, não são respeitados, tendo um dos
salários mais baixos do Brasil, na carreira de Analista Ambiental?
A gratificação que foi acordada entre o Secretário e os servidores
em outubro de 2007 até hoje não saiu”.
A terceira pergunta foi formulada pela Sra. Jussara Mega, da
Cooperativa dos Produtores Rurais de Itapagipe: “Sugestão: não
atuar multando o produtor rural, mas, sim, dar-lhe um prazo para
adequar-se, além de oferecer-lhe as orientações necessárias para
isso”.
O Sr. Hélio Emiliano Moreira encaminhou duas perguntas ao
Secretário José Carlos Carvalho. A primeira é a seguinte: “O
aquecimento global, isto é uma unanimidade, tem como vítimas
negros, indígenas, ciganos, pobres e pequenos produtores. O que
fazer para que todos paguem um preço?”. A segunda pergunta é a
seguinte: “A pobreza no mundo não tem nenhuma perspectiva de
diminuir. O capitalismo é selvagem e voraz. Como fazer um pacto
pela vida dentro das oito metas do milênio não só em discursos,
mas também com ações?”.
O Secretário José Carlos Carvalho - Creio que essa é uma fase
muito rica porque permite detalhar temas importantes das
exposições feitas. Gostaria de dizer claramente ao nosso caríssimo
Deputado Antônio Carlos Arantes, até pela relação de amizade que
temos - ele conhece a minha conduta -, que as críticas não nos
incomodam, porque esta Casa, as Deputadas e os Deputados estão
plenamente legitimados pela soberania do voto popular para fazerem
os questionamentos que julgarem necessários a qualquer autoridade
pública, em qualquer nível. Da nossa parte, estaremos sempre
abertos ao diálogo e à crítica, por entendermos que esse é um
procedimento fundamental para que possamos melhor compreender a
leitura que a sociedade faz das ações do governo. O próprio
Deputado Antônio Carlos Arantes mencionou as questões que
precisamos considerar. Percebemos que o maior contencioso hoje -
isso ficou evidente nos outros pronunciamentos - está relacionado
à exigência da reserva legal e à área de preservação permanente.
Para quem está habituado, essas são as duas questões fundamentais.
Ambos os temas são tratados na legislação federal. Não há nada na
legislação do Estado que aumente as exigências já consagradas na
legislação federal. A Lei Federal nº 7.803, de 1989, estabelece
claramente os procedimentos. Recentemente, uma medida provisória
atualizou o Código Florestal. Refiro-me às regras federais que
estabelecem as exigências atuais. Depois, introduzimos na
legislação brasileira uma exigência muito discutida da
obrigatoriedade da recuperação da reserva legal. Talvez esse seja
o contencioso mais importante nessa relação, pois pressupõe que as
propriedades com ocupação consolidada teriam de recuperar o
percentual previsto na lei. Essa é também uma norma federal. Essa
compreensão é necessária para trabalharmos de maneira satisfatória
para a solução desses problemas. Este foi um ponto tratado no meu
pronunciamento introdutório: se é estabelecida essa
obrigatoriedade, seria fundamental que ou a política agrícola ou
outra política pública de crédito rural criasse condições
objetivas e incentivos econômicos para que o produtor pudesse
cumprir as exigências estabelecidas em lei. Essa é uma questão
crucial. No que concerne ao Estado, como já mencionamos,
submeteremos ao Copam uma nova proposta de licenciamento ambiental
do setor agropecuário. Temos discutido internamente essa questão,
que será submetida ao Copam para a sua deliberação, levando-se em
consideração esses parâmetros já estabelecidos. Temos adotado
medidas para o aperfeiçoamento do sistema. O Deputado Antônio
Carlos Arantes mencionou a dificuldade de se obter uma LO para uma
usina de tratamento de lixo. Já contamos com a regra nova da LO
automática. A operação pode ser iniciada imediatamente. Não há
mais a necessidade de aguardar a licença de operação por um ano.
Fica claro que, se a LI foi cumprida, não há a necessidade de
aguardar o licenciamento para a operação. Gostaria de responder
rapidamente às demais perguntas, que trazem em seu próprio
enunciado a solução para o que se questiona. É óbvio que temos de
investir mais no ser humano. Tudo o que temos falado dependerá das
mudanças comportamentais do cidadão. Se não investirmos cada vez
mais em uma educação que proporcione uma mudança no comportamento
da sociedade, essas questões tendem a se tornar mais conflituosas.
Em relação ao salário dos nossos servidores, reconhecemos que são
baixos. Lutamos bravamente, com o apoio desta Casa, que aprovou no
final do ano passado uma gratificação de desempenho para os
servidores ambientais. Essa lei está na fase final de
regulamentação. Essa demora deve-se aos esforços que continuamos a
realizar para obtermos maiores benefícios para os servidores. Não
devemos atuar com multas, esta tem sido a orientação cumprida
pelos nossos órgãos e pela polícia ambiental desde novembro do ano
passado, para que haja uma fiscalização mais educativa. Por fim,
foi levantando pelo Hélio o grande tema do aquecimento global.
Essa questão tende a agravar as condições de pobreza, pois
prejudica principalmente os mais pobres, refletindo-se uma ordem
econômica internacional muito concentradora de riqueza e de renda.
Quem sabe a crise do aquecimento global, cria o cenário, como está
acontecendo, de uma nova solução para os velhos problemas do
passado.
O Sr. Presidente - A Presidência fará a leitura de uma seqüência
de perguntas dirigidas ao Dr. José Cláudio Junqueira, da Feam. A
primeira é do Sr. Rafael Gontijo Baêta Neves: “Na sua concepção,
qual a resposta, pessoal, para de maneira geral pensar-se primeiro
na burocracia (licenciamento) e depois na finalidade
(preservação), de acordo com a pergunta exposta pelo senhor na
apresentação? Há viabilidade, por meio de uma mudança na lei, de a
multa ser aplicada no alvo degradador?” A segunda pergunta é de
Cynthia Cardoso, da Associação Nacional de Órgãos Municipais de
Meio Ambiente e também da Prefeitura de Belo Horizonte: “Como
implementar instrumentos econômicos em um País cujo modelo
federativo ainda não foi capaz de alcançar a cooperação? Tendo em
vista que o Projeto de Lei Complementar nº 12/2003 se encontra na
CCJ da Câmara dos Deputados e pretende disciplinar a cooperação
entre os entes federados prevista no art. 23 da Constituição
Federal, não seria agora o momento de aprofundar este debate para
garantir a efetividade da norma? Os Municípios têm recebido
atribuições que não vêm acompanhadas do orçamento necessário à sua
implementação. Considerando esse fato, a quem caberia efetivar os
instrumentos de incentivo fiscal? Além dos incentivos econômicos,
não deveríamos também discutir um pacto federativo cooperativo?”.
Alcione Ribeiro de Matos, da Feam, gostaria de fazer uma sugestão
oral sobre o licenciamento ambiental de empreendimentos
significativos. Outra pergunta: “A Resolução nº 237 dispõe que
qualquer empreendimento potencialmente poluidor deve ser
licenciado ambientalmente. Qual instrumento substituirá o
licenciamento e com que base legal? Se a lei federal exige o
licenciamento, o Estado pode dispensar?”. A última pergunta é do
Sr. Hélio Emiliano Moreira: “A mineração, ao chegar ao cerrado,
assusta as populações tradicionais. O que está sendo feito para a
sua defesa?”
A Sra. Alcione Ribeiro de Matos - Eu gostaria de sugerir, José
Cláudio, que fosse observada, no licenciamento ambiental dos
empreendimentos significativos, a saturação das bacias
hidrográficas, principalmente a do Paraopeba e a do Rio das
Velhas, que são as mais comprometidas. Há 11 anos já contamos com
o projeto Águas de Minas, que possui dados suficientes para
observar se a bacia está ou não saturada. No Triângulo, por
exemplo, onde existe um número significativo de curtumes, a bacia
já deve estar saturada em relação ao parâmetro cromo. Então, é
deixar o licenciamento mais para empreendimentos que vão
comprometer esse parâmetro, e assim em relação aos outros
parâmetros também. Além disso, um modo de atingir os objetivos do
enquadramento da bacia seria observarmos essa parte de saturação
da bacia hidrográfica. Em relação à saturação das bacias
atmosféricas, já temos o monitoramento da qualidade do ar em
diversos Municípios da região metropolitana.
O Sr. José Cláudio Junqueira Ribeiro - Vou iniciar pela
observação da Alcione. E não é apenas a saturação das bacias
hidrográficas ou das bacias atmosféricas, mas também a questão da
biodiversidade, do solo, a chamada capacidade de suporte. O
licenciamento deve pautar-se pela capacidade de suporte. Por isso
falei do esforço que está sendo feito pela declaração de carga e
também do zoneamento ecológico econômico, que será apresentado
hoje à tarde. Ele levou em consideração todas essas questões e
mapeou o Estado no seu ativo ambiental, exatamente para orientar o
licenciamento. Como disse o Secretário José Carlos, agora, na nova
revisão da DN nº 74, esse parâmetro da localização será incluído,
exatamente em função da ocupação dos ativos e dos passivos
ambientais. Em relação à pergunta do Rafael, a proposta é que
consigamos avançar mais. Acho que isso acontecerá hoje à tarde,
quando apresentarmos não só o zoneamento, mas a avaliação
ambiental estratégica e os indicadores ambientais. Todo esse
esforço feito com os instrumentos precisa dar resultados. O que
adianta aplicar todos esses instrumentos se não temos resultados
significativos em termos de qualidade da água, do ar, do solo e da
proteção à biodiversidade? A idéia é focar mais nos resultados e
redirecionar os instrumentos em função dos resultados. Como disse
o Dr. Shelley, principalmente na administração pública não há como
fazer isso sem burocracia. Mas que seja uma burocracia voltada
para os resultados. Ele ainda pergunta se o alvo das multas não
deve ser degradador. Deve e é. É importante lembrar que o
licenciamento ambiental e a aplicação de penalidades, o comando e
o controle são para a fonte de poluição que é “georreferenciada”.
Não são para uma pessoa ou para uma empresa, mas para a fonte que
ela opera.
A Cynthia pergunta sobre a regulamentação do art. 23 da
Constituição Federal. Realmente, é uma grande lacuna que temos. O
Secretário José Carlos tem trabalhado para que isso seja
efetivado. De acordo com esse artigo, as competências devem ser
repartidas entre os entes federados. Sabemos que há um problema
aí: o que é competência da União, o que é competência dos Estados
e o que é competência dos Municípios. Como existem algumas zonas
cinzentas, isso causa um certo atropelo. O Affonso Damásio, do
Ministério Público, comentou sobre isso. Acho que a maioria das
ações do Ministério Público decorrem da falta de entendimento
entre os entes federativos. A regulamentação do art. 23 deverá
melhorar isso. É fundamental que, além de termos consciência de
que vamos trabalhar de forma cooperada, também tenhamos incentivos
fiscais compatíveis com os vários entes federativos.
A Clarise Fernandes, da ONG Clarosofia Núcleo Mundial, pergunta o
seguinte: “Se a Resolução nº 237 estabelece que qualquer
empreendimento potencialmente poluidor tem de ser passível de
licenciamento ambiental, como você vai usar outros instrumentos?”.
A DN nº 74 criou o outro instrumento, que é a Autorização
Ambiental de Funcionamento, para os empreendimentos que o Estado
de Minas, através do Copam, avaliou que não teriam impacto
significativo. Com o novo avanço da regulamentação, poderemos
colocar outros instrumentos, a exemplo de outros países, como o
cadastro, o registro, a autorização ambiental de funcionamento e a
licença para diversos níveis, dispensando a licença,
evidentemente, apenas para os que não forem considerados de
significativo impacto.
Por fim, quando o Hélio diz que a questão da mineração no cerrado
assusta, na verdade, a mineração assusta em qualquer bioma, no
cerrado, na mata atlântica, na caatinga, porque é uma atividade
cujo impacto visual é muito forte. A legislação prevê que esse
impacto se dê dentro de regras preestabelecidas e que depois a
área seja reconstituída. Devemos pensar que todas as atividades,
não só a mineração, trazem impactos ambientais muito
significativos, seja na biodiversidade, seja no solo, seja nas
águas, etc. Por isso existem regras que devem ser cumpridas, sendo
toda a área, depois, recuperada. Mas o tomador de decisão
legítimo, que decidirá o quanto suportar dos impactos temporários
e depois exigirá a sua reconstituição, é o conselho ambiental, que
agora, na minha opinião, ficou mais legitimado por incorporar
atores locais e regionais.
O Sr. Presidente - Perguntas feitas a Maria Dalce. José, da
Associação Comercial e Industrial Agropecuária de São Sebastião do
Paraíso: “Doutora, a senhora, como defensora do meio ambiente,
acha justa a generalização e equiparação das medidas ambientais
dirigidas a uma mineração de grande porte e a uma pequena
propriedade rural produtora de alimentos e geradora de recursos
familiares?”.
Hélio Emiliano Moreira: “Na construção da Hidrelétrica de Irapé,
destruiu-se um quilombo. Por que se faz isso com os remanescentes
de quilombos em Minas?”.
Marcos José Ferreira: “Por que todos só falam em agropecuária e
os órgãos só procuram ferrar os pequenos, e não, os latifúndios,
as usinas de álcool e açúcar? A senhora fala que é filha de
agricultores e neta de agricultores. Por que a tradição foi
quebrada? Com certeza, porque não tem retorno financeiro ou sua
família quebrou”.
A Sra. Maria Dalce Ricas - Quanto à primeira pergunta, sobre
tratamento idêntico para as minerações de grande porte e as
pequenas propriedades, é óbvio que não, porque a legislação não
permite. O que não quer dizer que as de pequeno porte não estejam
sujeitas à lei. Tanto a legislação não permite quanto verificamos,
na prática, que isso não acontece. As grandes minerações,
geralmente caracterizadas como sociedades anônimas, são muito mais
sujeitas a outros fatores que não o licenciamento ambiental.
Muitas vezes, são projetos predefinidos nos âmbitos governamentais
estadual e federal, e, quando chegam ao licenciamento, é quase uma
providência burocrática.
Sobre a questão dos quilombos, a Amda não trabalha com essa área.
E, sobre o setor agropecuário, ele sempre se julgou capaz de
continuar as atividades à revelia das leis ambientais. Quando o
Shelley Carneiro era responsável pelo Conama, ele pessoalmente me
disse que a grande resistência do setor agropecuário era que ele
queria ser colocado fora da lista da Resolução Normativa nº 237,
não sendo atingido pela necessidade legal de se licenciar
ambientalmente. Então, o setor agropecuário tem-se mantido ao
largo do controle ambiental. Sem querer dizer que o setor mineral
não cause impacto, ele está muito mais enquadrado do que a
agropecuária.
Quanto à sua observação em relação à minha família, não entendi
muito bem, mas hoje, felizmente, não dependo, como o senhor deve
depender, de atividade agropecuária. Reconheço que a sua
dificuldade deve ser muito grande, mas pelo fato de conhecer o
assunto é que digo que a questão não é simplesmente querer
transformar Minas Gerais em floresta. Pelo contrário, deve-se
recuperar o que deve ser recuperado, de forma que a agropecuária
continue exercendo as suas atividades. Se derrubar florestas,
degradar cursos de água, extinguir a diversidade resolvesse os
problemas sociais, este país não teria miséria.
O Sr. Presidente - Pergunta feita ao Dr. Shelley, de Cynthia
Cardoso, da Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio
Ambiente: “Qual a perspectiva do Estado em relação à
municipalização da gestão ambiental, tendo em vista o modelo
adotado pelo Sisema? Maior capilaridade também não implicaria
desburocratização e ganho de eficiência?”.
O Secretário Adjunto Shelley de Souza Carneiro - Cynthia, temos
fases da municipalização. Já começamos com a 102, que é uma
legislação discutida em todo o Brasil e talvez seja uma das mais
modernas - muitos dizem isso no Rio Grande do Sul e no Pará. Há
duas semanas, discuti com o Secretário de Meio Ambiente do Rio
Grande do Sul sobre o modo como é feita a municipalização nesse
Estado. Não devemos fazer comparação, pois temos 853 Municípios em
Minas Gerais. Alguns já têm a capacidade de enfrentar, entender e
até aperfeiçoar o licenciamento, e já estamos tentando com os
cinco que já têm convênio com a Secretaria de Meio Ambiente:
Betim, Contagem, Belo Horizonte, Juiz de Fora e agora, já aprovada
pela Supram, Uberaba, que entrará para esse rol. Há 15 ou 20 anos,
que tentamos fazer isso, mas conseguimos apenas cinco cidades.
Existe uma solicitação do Secretário José Carlos para que haja um
estudo mais profundo, a fim de trazermos realmente os Municípios
para nos ajudarem no processo de licenciamento ambiental. Já houve
uma evolução por parte de Belo Horizonte, Contagem, Betim e Juiz
de Fora, que estão fazendo o licenciamento de classes 1 a 4, mas
não ainda o de classes 5 e 6, porque muitas vezes o processo de
uma grande indústria extrapola o âmbito do Município, pois seu
impacto não está restrito a seus muros, ultrapassa esse limite,
com seus produtos perigosos, etc. Há uma série de outros
problemas.
Na integração do licenciamento ambiental, a responsabilidade
legal da outorga e da PEF é do Estado, portanto precisamos
integrar esse processo antes de podermos realmente discutir com os
Estados o problema de grandes empreendimentos. Outra questão é a
do próprio Siam: é preciso estarmos integrados no sistema de
informação para que os Municípios entrem em nosso sistema e
possamos trabalhar conjuntamente. Não existem restrições, mas
apenas a adaptação dos Municípios a uma legislação nova e
principalmente a uma competência para fazer um licenciamento. As
cidades com que temos convênio estão adaptadas à 102 - possuem
técnicos, especialistas da região, Codemas paritários, etc.
Portanto, vejo a questão com bons olhos, desde que façamos um
treinamento, uma adaptação e que se crie uma grande rede de
preocupações ambientais também com os Municípios.
O Sr. Presidente - Há três pedidos de pronunciamento oral.
Começarei passando a palavra ao ex-Deputado, ex-Secretário, ex-
Embaixador e hoje assessor da Cemig Tilden Santiago.
O Sr. Tilden Santiago - Em primeiro lugar, queria congratular-me
com todos que organizaram este encontro e dele participam, pela
realização e pelo espírito, franqueza e objetividade na exposição.
Queria também saudar o Secretário - já estive em seu lugar e sei o
que é abrir e coordenar uma reunião como esta. Também cumprimento
nosso Deputado, Presidente da Comissão. Uma expressão que foi
usada aqui mereceria melhor explicação do Secretário, do Junqueira
ou da Dalce, para termos a visão de um ambientalista que não
esteja na área pública. Refiro-me à expressão visão sistêmica,
pois várias pessoas insistiram em dizer que querem uma nova
legislação, uma política ambiental a partir de uma visão
sistêmica. Tenho medo de que essa expressão não seja bem
compreendida, pois nos parece haver uma tentativa de continuar a
fazer do crescimento econômico um valor absoluto e principal, em
detrimento da preservação.
Acredito que o título da nossa Secretaria, José Carlos, ajude em
relação a isso. A Secretaria é de meio ambiente e desenvolvimento
sustentável. A visão sistêmica está no título da Secretaria, mas é
uma expressão que pode ser usada indevidamente para sustentar uma
posição, que hoje verificamos no Brasil inteiro e em muito
lugares, de valorizar muito o crescimento econômico e pouco a
preservação ambiental. Gostaria de uma explicação do que é a visão
sistêmica e de saber se não é um engodo, uma maneira de dar ênfase
ao crescimento econômico, como é e sempre tem sido a tentação
maior.
O Sr. Presidente - Como o Sr. Tilden não especificou quem deveria
responder a seu questionamento e as outras duas manifestações
orais foram dirigidas ao Secretário, a Presidência opta por que o
Secretário responda também ao Sr. Tilden. Na seqüência, passo para
o próximo inscrito, Sr. Frederico Binato, Diretor do Contencioso
da Verde Gaia Gestão Empresarial.
O Sr. Frederico Binato - Boa tarde a todos. Vejo que, neste
seminário, há concentração na discussão do licenciamento ambiental
e pouca ênfase no desenvolvimento sustentável. Acho que deveríamos
frisar o desenvolvimento sustentável como base disso tudo; uma
pequena inversão, pois meio ambiente tem de ser tratado como um
direito natural, direito à vida. A partir dessa concepção,
poderemos desenvolver esse assunto, senão acredito que toda
discussão será em vão. Devemos conscientizar todas as pessoas de
que o direito natural se sobrepõe a qualquer tipo de legislação
feita pelo homem. A partir dessa premissa, Secretário, é que
pergunto a V. Exa. como conciliar o desenvolvimento sustentável
com a falta de conscientização ambiental de nossa população e de
alguns empreendedores e como conciliar todo esse processo de
licenciamento com a disposição do art. 226 da Constituição
Federal, segundo a qual o direito ambiental e o desenvolvimento
sustentável significam vida. Como levar isso para os agentes
políticos de Municípios com menos de 100 mil habitantes? Essa
conscientização deverá passar pelos Prefeitos e Vereadores, sem
que a politicagem esteja por trás da base de licenciamento. Há
falta de conscientização, em nível nacional, por parte desses
agentes políticos, sobretudo dos Prefeitos e Vereadores, que são,
na maioria das vezes, os grandes responsáveis por subverter-se o
processo de licenciamento, sobretudo por desconhecerem o
desenvolvimento sustentável. Com isso complicam a assimilação da
base quanto à importância do desenvolvimento sustentável, que, em
primeiro lugar, deve considerar o direito de se preservar o meio
ambiente como direito natural. A questão passa pela
conscientização plena do direito natural no âmbito ambiental.
O Sr. Presidente - Convido o Sr. Marcos Pedroso, do Sindicato de
Passos, que também apresentará questionamento ao Secretário José
Carlos.
O Sr. Marcos Pedroso - Gostaria de falar com o Secretário e com
todos da Mesa. O PIB do agronegócio de Minas Gerais foi da ordem
de US$70.000.000.000,00.
O senhor falou que tudo é feito com pré-análise. Então, deve-se
ter feito uma pré-análise do prejuízo que isso acarretará ao
Estado. Lembro que, tirando 20% para a reserva legal, temos de
diminuir 20% das áreas que produziram esses US$70.000.000.000,00.
Seria esse prejuízo, US$14.000.000.000,00?
Segunda pergunta, no mesmo raciocínio. A reserva legal de 20%, na
minha cidade, teve o apoio do governo de Minas Gerais, e, com as
máquinas da Camig, desbravou-se o cerrado. Hoje o cerrado, na
minha região, produz 180, 190 sacos de milho por hectare, gerando
essas riquezas. Seria justo o produtor perder esse desmatamento
que foi feito nas barbas da lei, com as máquinas do governo, e
agora ter de pagar esse preço?
Terceiro, precisamos de um pacto com a lei. Uma senhora aqui nos
comparou a traficantes de drogas. Não o fez diretamente, mas
afirmou que os traficantes de drogas têm tanta consciência quanto
os produtores rurais, o que é um absurdo.
A quarta pergunta é se os produtores rurais ficarão satisfeitos
com essa revisão que já houve no decreto. Queremos fazer o
licenciamento ambiental. Não há nenhum problema, desde que
tenhamos condições para fazê-lo. É desumano o que está sendo feito
com o produtor rural, que não tem a menor condição; não tem tempo
hábil, não tem dinheiro, está descapitalizado, tentando lutar pela
vida. Seria o mesmo que tirar 20% dos salários de vocês e doar às
entidades ambientalistas para revegetarem nossas florestas. Será
que vocês entenderiam que a lei era boa? Lembro-me também de que
ela disse que um terço de Minas Gerais é preservado. Mas lembro
que, no Brasil, são dois terços. Se o Brasil fosse um país de 3ha,
2ha seriam mato. E nós somos o único país no mundo que tem reserva
legal. Não existe outro país; eles têm partes, mas, quanto à
reserva legal, nenhum outro tem. Além de o Brasil ter todos os
parques, em cada 3ha, 2ha têm mato. Só a Floresta Amazônica ocupa
42% do nosso território. Gostaria que isso fosse pensado também
neste debate. Muito obrigado.
O Sr. Presidente - Com a palavra, para responder aos três
questionamentos orais, com a palavra, o Secretário José Carlos
Carvalho.
O Secretário José Carlos Carvalho - Estamos diante de três
questões de fundo e com um tempo extremamente limitado, para
cumprir a orientação da Mesa. Ainda que sucintamente, vou procurar
fazer minhas reflexões sobre elas. O nosso caríssimo Embaixador,
com a verve de sempre, coloca uma visão de fundo para nós: a
questão da visão sistêmica que está sendo empregada, a qual eu
mesmo utilizei em uma das minhas mensagens. Quando falamos sobre
visão sistêmica, não nos referimos a esta apenas no plano
institucional. Estamos falando sobre uma visão sistêmica herdada
da própria natureza, porque a natureza é sistêmica por definição.
Na natureza, há uma relação de total interdependência entre os
recursos naturais; tudo está ligado a tudo. Se imaginamos uma
política pública que não leve em conta a relação de
interdependência, vale dizer, o caráter sistêmico do meio
ambiente, acabamos caminhando para um modelo que a própria
reflexão do Tilden coloca de maneira muito brilhante, que é aquele
modelo tradicional, que vem desde a organização dos primeiros
Estados nacionais. Não é uma coisa de hoje a atitude de segmentar
as políticas públicas, que é clássica na organização dos Estados,
e, ao segmentá-las, “departamentalizar” a organização do Estado,
porque é assim que funciona tradicionalmente. No momento em que
segmentamos a formulação das políticas públicas e
“departamentalizamos” a organização do Estado, perdemos
completamente a visão sistêmica, que deve nortear as ações das
políticas públicas de meio ambiente.
Quando falamos em visão sistêmica, isso significa dotar o Estado
- e me refiro ao poder público - das condições sistêmicas
necessárias ao enfrentamento dos problemas ambientais, superando,
inclusive, a dicotomia, que o próprio Tilden menciona, entre o
desenvolvimento econômico e a proteção do meio ambiente. É
exatamente na ausência da visão sistêmica que você mais estimula a
preponderância do econômico sobre o ambiental. A possibilidade de
reduzir essa preponderância está, cada vez mais, na construção de
uma visão e uma estrutura sistêmica de gestão, fazendo com que as
políticas públicas setoriais sejam capazes de internalizar a
variável ambiental. O que significa a ausência de uma visão
sistêmica? Trata-se o meio ambiente como setor, cria-se uma
Secretaria de Meio Ambiente, e qual a leitura que se faz? No
momento em que você cria uma Secretaria de Meio Ambiente, é como
se estivesse desobrigando todas as demais Secretarias de proteger
o meio ambiente e desobrigando todas as políticas públicas
setoriais do compromisso com ele. Esta é minha reflexão a respeito
desse tema.
O Dr. Frederico aborda a questão do licenciamento, e já
discutimos o assunto anteriormente. Por que a ênfase no
licenciamento? Porque, dos cinco grandes instrumentos da política
ambiental brasileira, é praticamente o único aplicado, ainda que
de maneira intermitente e assistemática. Mas é o único instrumento
aplicado, porque os demais nunca foram satisfatoriamente
desenvolvidos para se fazer uma combinação ótima com o
licenciamento e permitir uma gestão focada no desenvolvimento
sustentável, até porque este, para deixar de ser um “slogan” e ser
realmente uma nova visão do processo de desenvolvimento, vai além
das fronteiras do meio ambiente, ultrapassa as demandas das
políticas de meio ambiente para incluir necessariamente a política
econômica. Não podemos achar que teremos desenvolvimento
sustentável com os instrumentos de política econômica definidos
nos anos 70, quando a questão ambiental não merecia nenhuma
preocupação da sociedade, e ainda hoje praticados em larga escala.
Esse é um ponto fundamental.
Finalmente, o Sr. Marcos Pedroso traz aqui uma visão clara dos
produtores com relação à questão da reserva legal. Temos, em
Minas, uma compreensão, que não é a prevista na lei, da ocupação
consolidada. Esse não é um tema pacífico, é preciso reconhecer.
Mas entendemos que, em casos de ocupação claramente consolidada,
poderíamos permitir outras maneiras de se fazer a reserva legal,
até mesmo como na iniciativa de Minas, muito questionada, de
permitir que a reserva legal ocorra em outra propriedade, de
maneira satisfatória. Mas, com relação à sua abordagem a respeito
do assunto, volto ao tema que mencionamos: se a reserva legal está
posta, se ela é exigida e representa um ônus para o agricultor.
Quando falo da reserva legal consolidada e permito a
flexibilização do seu conceito, é exatamente para permitir que
você, no caso de ter, por iniciativas tomadas há muito tempo, 100%
de sua propriedade ocupados com atividades em franca produção, não
tenha que reservar os 20%, podendo compensá-los de outra maneira.
Quando estamos falando de novas possibilidades, essa questão deve
ser considerada. Reconheço e volto ao meu ponto, quer dizer, temos
a reserva legal prevista na legislação brasileira desde 1934.
Não estamos falando sobre algo que começou ontem, mas sobre
reserva legal, instituída no primeiro Código do governo Getúlio,
em 1934, e confirmada no código de 1965 e mantida na legislação
brasileira. Concordo em parte com as dificuldades apresentadas
pelo Sr. Marcos Pedrosa. Merece atenção o fato de isso estar na
legislação brasileira desde 1934 e de, em nenhum momento, a
política agrícola brasileira ter criado os mecanismos necessários
para compensar, beneficiar ou estimular o agricultor em relação à
reserva legal de sua propriedade. Hoje há uma nova questão em
relação à água: quando o agricultor protege os seus mananciais, as
suas nascentes, as áreas de recarga de lençol, ele também é
produtor de água, não apenas de alimentos. Mas essas questões
ainda não foram suficientemente captadas pelas políticas públicas
setoriais. Estamos falando sobre coisas novas e lidando com uma
legislação antiga, que ainda não considerou isso de modo adequado.
Outra grande discussão a esse respeito é que há também a
exigência de se recompor a reserva legal. A legislação brasileira
foi avante: além de instituir a obrigatoriedade, primeiramente,
confirmou-a e passou a exigir a recomposição da reserva legal.
Essa exigência não consta na lei ambiental, mas na lei nacional de
política agrícola. Certamente por entender que isso tem
importância, as lideranças do setor agropecuário concordaram com a
existência de um dispositivo para a recomposição da reserva legal.
Estamos falando sobre uma questão polêmica, complexa e que traz
ônus ao proprietário rural. Esse é o cerne da questão. Precisamos
discutir a maneira de o proprietário rural ser recompensado pelo
serviço que presta ao meio ambiente. Esse é o caminho que temos de
seguir.
O Sr. Presidente - Agradecemos ao Secretário. Pergunta do Sr.
João de Almeida, do Sindicato Rural de Guaxupé, dirigida ao Dr.
Humberto, do IEF: “Como fica a situação do produtor rural que
possui área igual ou inferior a 30ha, em relação à reserva legal,
cuja regularização compete, por lei, ao IEF?”.
O Sr. Humberto Candeias Cavalcanti - Queria esclarecer que, há
algum tempo, estamos tratando disso. Aliás, existe uma portaria da
instituição, isentando o produtor rural com área inferior a 30ha
de nenhum tipo de emolumento para averbação de reserva legal, em
relação às questões ligadas à instituição. Estamos trabalhando
também com as questões relativas ao custo dos cartórios.
Entendemos que a legislação não permite que haja nenhum tipo de
cobrança. Neste ano, lançaremos uma campanha pró-delimitação das
reservas legais. Os técnicos do IEF darão toda a assistência
necessária para a localização e averbação dessas reservas. Nossos
técnicos terão oportunidade de trabalhar com esse tipo de produto,
principalmente no que diz respeito à sua desoneração, porque as
atividades ligadas ao licenciamento e aos atos autorizativos são
cada vez mais vinculadas às superintendências regionais e ao
Copam. Estamos muito atentos a isso.
Daremos total apoio para que os proprietários de áreas rurais
inferiores a 30ha recebam assistência dos técnicos do IEF.
O Sr. Presidente - A Presidência foi brindada com um
questionamento do Sr. Juarez Vieira. Agradeço a oportunidade de
responder, usando a palavra além da mediação do debate. A pergunta
é: “A Presidência não acha que está perdendo tempo discutindo
legislação ambiental, uma vez que tudo vai abaixo com medidas
decretadas pelo Executivo, mesmo antes do licenciamento?”. E ele
cita o caso da MMX. Isso me remete a algumas considerações. Em
primeiro lugar, o nome do nosso ciclo de debates “Licenciamento
ambiental e desenvolvimento sustentável”, por si só, esclarece que
o licenciamento não é um fim em si mesmo. Ele deve ser um dos
instrumentos que garantem à sociedade que seu desenvolvimento
econômico se enquadrará no que se convencionou chamar de
sustentável. Para isso é necessário que a sociedade, além de
aferir os indicadores econômicos, como o PIB, a evolução da
economia, verifique a qualidade do ambiente e sua evolução. Como
anda a qualidade do ar, da água, a biodiversidade, o solo? Aí,
sim, podemos fazer um casamento para entender se o licenciamento
ambiental, não sendo um fim em si mesmo, está ou não garantindo a
qualidade ambiental. Essa discussão precisa ser retomada com mais
vigor neste encontro. Com quase 30 anos de experiência de
licenciamento ambiental em nosso Estado, qual é o diagnóstico do
licenciamento como instrumento assegurador da qualidade ambiental?
Estamos de fato fazendo com que seja efetivo para alcançar o
objetivo a que nos propusemos? Esse é um questionamento fulcral,
não podemos perdê-lo de vista. É necessário ainda que a sociedade
compreenda que o licenciamento, como concebido, não é uma mera
etapa na implantação de um empreendimento qualquer. Ele foi
concebido para ser um elemento de decisão da sociedade para dizer
se deseja determinado empreendimento. Se o quer, quais as
condições? Não é cabível a cobrança do tipo: “Precisamos implantar
o empreendimento `x´ e temos pouco tempo, logo o licenciamento tem
de sair em tal prazo”. Como se a conclusão favorável ao
empreendimento fosse previamente tomada por alguém. A Dalce falou
muito bem do constrangimento quando se anuncia algum grande
investimento no Estado e se delega ao Secretário “x” meses para
licenciá-lo. Não é assim que as coisas devem funcionar. A
sociedade precisa acordar para isso. É preciso que tomemos nas
mãos as rédeas dessa decisão, notadamente no que se refere a
empreendimentos de iniciativa pública. Quando o empreendimento é
de natureza pública, a dificuldade de fazer com que o instrumento
de licenciamento ambiental seja de fato de decisão, e não
cartorial, é ainda mais difícil, em razão da lógica de que, no que
se refere ao meio ambiente, o poder público controla o setor
privado, mas ninguém controla o poder público. É preciso
reoxigenar os conselhos deliberativos com a presença da sociedade
civil. Que os representantes da iniciativa pública não sejam tão
inflexíveis. Os órgãos públicos estão claramente suscetíveis a
pressões. Precisamos fazer essas reflexões neste ciclo. Há uma
grande presença de pessoas do meio rural, mas estamos tratando do
licenciamento como um todo, infra-estrutura, indústrias,
siderurgias, mineração, hidrelétricas, estamos tratando de tudo
isso. Não podemos fazer com que o nosso foco, por mais importante
que seja, esteja voltado para o Decreto nº 44.309, até porque
queria lembrar que, às vezes, esta Casa e nós mesmos, membros da
Casa, esquecemo-nos de que isso aqui é poder. Atrofiado, é
verdade; de joelhos, é verdade; apequenado, é verdade; mas ainda é
um poder e, se, de fato, considerarmos que o Decreto nº 44.309 não
deve existir, é preciso que digamos que não existe instrumento de
suspender decreto, mas sim revogar decreto, o que pode ser feito
pelo Governador e também por esta Casa. Então, Deputados Antônio
Carlos Arantes, Domingos Sávio, Antônio Júlio, e demais Deputados
presentes, se achamos que esse decreto não deve existir, podemos
apresentar um projeto de resolução anulando o decreto. Esta Casa é
um Poder Legislativo e, entre suas atribuições, existem os
projetos de resolução que sustam atos do Executivo. Então, se, de
fato, todos os Deputados têm essa compreensão, eu me disponho a
assinar junto, Deputado Antônio Carlos Arantes, para que não
fiquemos brincando e dizendo que nos vamos reunir e ir lá pedir
pelo amor de Deus ao Secretário A, B e C para que sensibilize o
fulano A ou B, ou para que mude isso. Isso aqui é o Poder e
precisa agir como tal. Então, se consideramos a necessidade de
mudança na legislação, não devemos cruzar os braços e esperar que
ela caia do céu, porque existe esta Casa para legislar. Ela não
existe para mais outra coisa, além de fiscalizar o Legislativo.
Espero que possamos fazer o nosso trabalho sem nos preocupar com o
fato de que alguém ficará amolado comigo. Será que o Governador
ficará amolado ou o Secretário não gostará? Será que não liberarão
a minha emenda? Vamos tomar nas nossas mãos a missão para a qual
apresentamos o nosso nome ao povo de Minas Gerais. Então, com
essas reflexões e novamente agradecendo a oportunidade de
apresentá-las, reitero que, de fato, o Poder Executivo tem
avançado, e muito, nas atribuições legislativas, seja em leis
delegadas, decretos e instrumentos de pressão, às vezes indevidos
sobre esta Casa, os quais é preciso que sustemos o mais rápido
possível, para estarmos à altura da história, tradição e
expectativa do povo de Minas. São essas as considerações que a
Presidência gostaria de fazer, antes de convidar o Secretário para
mais uma - e tranqüilizo que será a derradeira - seqüência de
perguntas.
Também ao Dr. José Carlos de Carvalho de Sandro Carvalho, do
Sindicato Rural de Pratápolis: “O Secretário diz que nós,
produtores rurais, somos os principais guardiães do meio ambiente.
O senhor acha correto colocar a Polícia Ambiental aplicando multas
ou, como o senhor disse, advertência em nós, trabalhadores rurais?
O Secretário não acha que devemos ter informação, ao invés de
penalização? Por que não colocar técnicos agropecuários ou
ambientais na Emater e no IMA para informar o produtor sobre o que
ele precisa fazer? Não somos ladrões para a Polícia ficar em cima
da gente. Somos trabalhadores e concordamos em cuidar do meio
ambiente”.
De Sheila Samartine, Secretária Adjunta de Meio Ambiente da
Prefeitura de Contagem: “Dr. José Carlos Carvalho, a
descentralização do sistema estadual foi sem dúvida um avanço para
o desmobilização e agilização do processo de licenciamento
ambiental. E quanto à municipalização? Por que ainda são tão
poucos os Municípios conveniados?”.
De José Augusto Nascimento Suavinha, do Sindicato Rural de
Ibiraci: “Por que o governo não instala um órgão em cada Município
para que faça gratuitamente a papelada para o pequeno produtor?”.
De Rafael Afonso Silva, do Movimento Muda Aterro da BR-040 BH:
“Foi dito pelo senhor, em reunião em março de 2007, que seu
partido é o meio ambiente. Então, após votação no Copam, em abril
de 2007, determinando o fechamento do aterro sanitário de BH a
partir de 25/12/2007, pergunto: o lixo pode não estar respingando
em vosso terno, não continua sobre a cabeça dos moradores do
entorno, mesmo decorridos quase 90 dias do seu fim, na forma de
transbordo de lixo a céu aberto, lixo hospitalar, aterro, dentre
outros. E por quanto tempo mais? Licenciar, sim, mas e o
cumprimento?”.
E, ainda, a derradeira pergunta do Sr. José Luiz de Oliveira, da
Associação Caea, de São Sebastião do Paraíso: “De quem depende a
desburocratização, a aplicação de leis ambientais, as atuações de
multas aplicadas de forma insensível, tornando o produtor um
criminoso por falta de tempo hábil para licenciar sua atividade
rural?”. Essas são as derradeiras perguntas.
O Secretário José Carlos Carvalho - Oferecerei as respostas que
representam meu pensamento e naturalmente a opinião dos órgãos
ambientais que dirigimos. Começo respondendo ao Sr. Sandro.
Tivemos oportunidade de mencionar, no começo, uma série de medidas
que podemos tomar na esfera da competência do poder público
estadual para simplificar, desburocratizar, mudar a abordagem em
relação aos temas aqui mencionados. Estamos fazendo isso e
continuaremos fazendo com o empenho necessário, com uma revisão do
decreto, com uma nova abordagem para o licenciamento ambiental de
maneira geral e do setor agropecuário em particular. Tenho
acompanhado a atuação da Polícia Ambiental, sob a liderança do
Cel. Reinaldo, e percebi que, desde o fim do ano passado, tem
havido mudanças de abordagem na atuação da Polícia Ambiental.
Certamente falamos de questões que não são recentíssimas. Tenho
acompanhado isso e tudo estamos fazendo. Continuaremos assim, mas
uma única coisa não faremos: não deixaremos de cumprir a lei. Essa
é uma questão para nós que, absoluta e honestamente, temos de
colocar as coisas tais como são. Faremos todo o esforço, como
estamos fazendo. Há tempos, existem demandas desta Casa para
aprimorar o sistema e reduzir o seu grau eventual de injustiça,
para fazer tudo o que possa ser feito. Mas uma coisa não podemos
fazer, ainda que eu quisesse: não podemos deixar de cumprir a lei.
Se, em algumas circunstâncias, a lei não está adequada, a lei não
nos permite fazer aquilo que está sendo reclamado, temos de mudá-
la. Se a lei é estadual, mudamos a lei estadual. Se a lei é
federal, vamos procurar os Deputados Federais para trabalhar na
mudança na lei. Mas eu, honestamente, tenho de colocar as coisas
nesse contexto porque é assim que ocorrerá. Não adianta acenar
demagogicamente com a possibilidade de que passaremos um pano em
tudo, pois não será assim. Tenho de ser absolutamente honesto
neste momento, reiterando o compromisso de que simplificaremos o
que pode ser simplificado, desburocratizaremos o que pode ser
desburocratizado, reveremos o decreto onde pode ser revisto e
estabeleceremos uma ponte. Concordando em tese com a avaliação do
Sr. Sandro, não consideraremos os produtores como infratores
contumazes; ao contrário, tanto é que foi dito que o pequeno é
multado. As maiores multas aplicadas em Minas estão praticamente
nos setores de mineração, nos grandes empresários. As coisas
ocorrem de acordo com as circunstâncias. Esse é um ponto que quero
mencionar. A Sheila apresenta uma questão pertinente. Fizemos um
grande esforço de descentralização para interiorizar a capacidade
operacional do Copam, colocar o licenciamento ambiental mais
próximo do cidadão. É uma questão crucial fazer com que o
licenciamento ambiental esteja mais próximo do cidadão. E, aí, já
aproveito para responder à pergunta do Sr. José Augusto. Estamos
imaginando um modelo descentralizado de acordo com a nova visão de
que os órgãos ambientais não precisam mais ser a única porta de
entrada do empreendedor no Sistema de Meio Ambiente. Cada um dos
sindicatos rurais pode ser uma porta de entrada do Sistema. Por
que o empreendedor não pode iniciar seu processo no sindicato? Por
que ele tem de procurar o órgão de meio ambiente? Por que o
sindicato não pode ser a porta de entrada do processo de
regularização ambiental, que, depois, será concluído na esfera do
julgamento do Conselho de Política Ambiental? Por que não pode
começar na Emater? Por que não pode começar no IMA, e assim
sucessivamente? De nossa parte, há abertura para facilitar esse
entendimento. Respondendo conclusivamente a questão da
descentralização, temos a visão clara de que a descentralização,
tal como a estamos aplicando, não exclui a municipalização. Há
possibilidade de os Municípios terem suas próprias estruturas. É
preciso, no entanto, observar que o Copam estabelece as regras de
participação para os Municípios. Qualquer Município que atender
aos requisitos pode procurar o Copam. O que ocorre é que a maioria
dos Municípios não tem ou não busca atender os requisitos, que são
capacidade técnica, servidores técnicos, órgão ambiental
municipal, conselho municipal de meio ambiente, e por aí vai.
Quanto à pergunta relativa ao aterro, tenho a dizer que, segundo a
deliberação do Copam do ano passado, a disposição final não está
mais acontecendo no aterro. Está havendo outra disposição, o que
aliás provocou enorme celeuma na imprensa de Belo Horizonte. Falta
ainda adotar as medidas de recuperação do aterro. Verificarei essa
questão especificamente com o pessoal da Feam e do Copam de Belo
Horizonte.
Acho que já respondi também a pergunta do Sr. José Luiz
relativamente à desburocratização e à aplicação da legislação.