DEPUTADO EDSON REZENDE (PSB)
Discurso
Coordena os debates do Fórum Técnico: "Seguridade Social do Servidor
Público Estadual", com o tema: "Saúde e Assistência Social do Servidor
Público".
Reunião
112ª reunião ESPECIAL
Legislatura 14ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 08/12/2000
Página 33, Coluna 1
Evento Fórum Técnico: "Seguridade Social do Servidor Público Estadual".
Assunto PREVIDÊNCIA SOCIAL.
Legislatura 14ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 08/12/2000
Página 33, Coluna 1
Evento Fórum Técnico: "Seguridade Social do Servidor Público Estadual".
Assunto PREVIDÊNCIA SOCIAL.
112ª REUNIÃO ESPECIAL DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 14ª
LEGISLATURA, EM 10/11/2000
Palavras do Deputado Edson Rezende
O Sr. Presidente (Deputado Edson Rezende) - Pergunta da Dra.
Valda para o Luiz Eduardo: “O senhor se considera parte de uma
elite, como servidor do Tribunal de Justiça e usuário do IPSEMG-
Família? O senhor acha que atenção primária combina com fila em
hospital?”.
O Sr. Luiz Eduardo Miranda Gonzaga - Em primeiro lugar, o
Tribunal de Justiça procurou o IPSEMG-Família e quis se aproximar
do IPSEMG para melhorar o serviço e também porque temos uma massa
de servidores - porteiros, motoristas, Oficiais de Justiça,
Escreventes - que não têm um salário tão privilegiado como se
pensa. Não acho que o IPSEMG-Família seja um plano de elite. Se
fosse, jamais se teria iniciado com a educação, que não é um dos
setores mais bem remunerados do Estado. E um dos motes de
implantação do IPSEMG-Família foi justamente o grande sofrimento
por que passa a categoria do ensino, que merece todo o nosso
respeito. Parabenizo o IPSEMG por ter pensado inicialmente no
sistema de educação.
Resgatando a pergunta do Dr. Sandro, há três anos estive em um
hospital de Belo Horizonte, quando a mãe de uma servidora nossa
estava com uma cólica renal terrível, que não se abrandava. O
colega que estava de plantão, que era ginecologista, autorizou-me,
como clínico, a conduzir o caso. Receitei um analgésico por via
venosa, e ele me informou que o hospital, os médicos e as
enfermeiras não estavam autorizados a ministrar medicação
parenteral injetável, mas apenas comprimidos aos pacientes
internados pelo SUS. Acredito que isso jamais acontecerá em uma
unidade do IPSEMG. Por outro lado, acho que nenhum tipo de atenção
combina com fila. A atenção primária, sendo bem feita,
principalmente por uma equipe que tem afinidade com o usuário... E
quero dizer que a equipe do IPSEMG-Família é avaliada pela
produção dos serviços e também pelo usuário. Na medida em que se
presta uma atenção à saúde objetiva... Pelos dados de um dos
melhores sistemas de saúde da família do mundo, que é o cubano -
que conheço bem porque foi em Cuba que me qualifiquei -, a taxa de
procura pelo hospital diminuiu mais de 5.000% após a implantação
do programa de saúde da família em Cuba. E não deve ser diferente
aqui.
Acredito que, no momento em que o sistema do IPSEMG-Família
estiver consolidado, a tendência é o conseqüente esvaziamento da
procura pelo hospital, porque a saúde do servidor e de seus
familiares será abordada antes do adoecimento, logicamente
evitando-se que a doença se agrave a ponto de ser necessária uma
hospitalização. E, aí, certamente, as filas serão reduzidas.
O Sr. Luiz Fernando Silva - A primeira pergunta se refere à
questão da inconstitucionalidade da Lei nº 9.717, sobre a qual
foram feitos alguns comentários. Diria que, de dez anos para cá,
ou mais especificamente nos últimos cinco anos, não é preciso ser
especialista em direito para ver a profusão de
inconstitucionalidade que o Governo Federal vem praticando. A Lei
nº 9.717 é só um pequeno exemplo. A tentativa de instituir
contribuição previdenciária sobre proventos de servidores
aposentados e pensionistas é outra questão importante, que virá
novamente à tona no próximo ano. O projeto de emenda à
Constituição está tramitando no Congresso, na Comissão de
Constituição e Justiça, e uma vez mais é inconstitucional, e mesmo
a emenda, do meu ponto de vista. O que precisamos é mudar o
Governo. Enquanto o Governo Federal permanecer com essa visão de
que pode, por meio de medida provisória, fazer tudo o que quer,
sobra muito pouco, no direito, para contestarmos.
A segunda pergunta é se, na minha visão, o plano de saúde poderia
incorporar outros dependentes. Entendo que sim, mas é claro que a
incorporação de beneficiário num plano de saúde é uma decisão que
tem custo. Ao se incluirem pessoas, estão-se aumentando os custos,
e há que se fazer a projeção disso para ver se o sistema suporta a
inclusão de dependentes.
Portanto, a princípio, tratar de saúde não é só tratar do
servidor, porque, se ele estiver com pessoas em casa em condições
precárias de saúde, certamente a condição de vida desse servidor
será precária. Aliás, isso é interesse do Governo, do Estado
enquanto empregador. Na época do Governo Cristóvam, em Brasília,
procuramos fazer com que o Governo do Estado desse aporte
adicional de recursos ao instituto de previdência, para tratar de
recuperação, para vincular a saúde à política de recursos humanos,
porque há íntima relação. Ter a família do servidor bem significa
ter o servidor produzindo bem, portanto o empregador desse
servidor tem direta relação com a de melhoria das condições de
vida dessa pessoa. Assim, em princípio, acho que se deve integrar
determinada relação de dependente sim, pai, mãe, filhos. Vamos ver
até onde mais deveria haver dependentes dessa natureza. E sempre,
claro, levando-se em consideração que não é um saco sem fundo.
Todo instituto dessa natureza tem recursos findáveis. Agora, é
preciso discutir essa questão da saúde, como falei, com o Governo
do Estado, para que haja uma forma de aporte de recursos em
determinadas políticas que tenham íntima relação com a política de
recursos humanos.
O Sr. Moisés Melo - A minha pergunta ao Dr. Oswaldo era mais um
questionamento. Estamos falando sobre a contribuição solidária, e
há uma grande preocupação, Dr. Oswaldo, porque há alguns meses a
direção do IPSEMG convocou os membros da Frente, no seu auditório
de recursos humanos, para fazer a apresentação de um programa que
qualificamos de grande importância, o IPSEMG Família no Interior,
onde o grupo de médicos se une e não quer fazer convênios com o
IPSEMG. Então, a dificuldade de atendimento do IPSEMG aos
assegurados no interior existe de fato. O Programa IPSEMG Família
realmente é a grande solução. Sabíamos disso. De repente,
deparamos com o programa vindo para Belo Horizonte, onde temos
toda uma estrutura de saúde. Acho necessário que se convoque a
Frente para fazer uma avaliação desse processo, porque, se estamos
discutindo solidariedade, não se pode fazer atendimento
privilegiado. Se o pessoal da Justiça, se o pessoal do
Legislativo, tem direito a um atendimento primário especial, acho
que as viúvas têm direito, que as pensionistas têm direito, que os
servidores de qualquer órgão têm direito também, não é necessário
ficar na fila. Eles devem ter uma sala para serem recebidos.
Então, é necessário que façamos uma discussão para avaliar a
relação entre o custo e o benefício do Programa na Capital. Não
estou questionando o Programa no interior. Terminando, Sr.
Presidente, estamos fazendo uma proposta à Frente de realizar um
congresso mineiro de seguridade social e de saúde, para que, em
cada cidade, seja feita uma discussão sobre a previdência
estadual, sobre o próprio IPSEMG, de uma maneira tal que o
servidor público passe a ter uma visão real da previdência,
dizendo qual a previdência que ele quer e qual sistema de saúde
queremos ter para o nosso atendimento. Não podemos admitir, em
hipótese alguma, privilégio no sistema de previdência, que deve
ser solidário. Muito obrigado.
O Sr. Oswaldo Fortini Levindo Coelho - Em primeiro lugar,
gostaria de dizer que a inversão ou a presença do IPSEMG no
interior, inicialmente, estava difícil em razão do credenciamento,
mas com a expansão, com a investida, com o trabalho intenso que a
Superintendência de Interiorização tem desenvolvido, para mostrar
e levar uma outra realidade ao interior, isso está sendo mudado. O
Presidente deu o exemplo aqui, hoje, pela manhã, quando falou
sobre o credenciamento em Governador Valadares, onde não tínhamos
nenhum hospital e agora temos cinco. Mostramos os dados numéricos
de credenciamento no interior, e hoje temos aproximadamente 2 mil
médicos credenciados. Então, estamos vencendo essa dificuldade
através de uma atuação mais efetiva. Sobre o IPSEMG na Capital, é
bom que se diga que também não gostamos de privilégio e não
trabalhamos assim, mas temos que abranger toda a categoria dos
servidores públicos. O Legislativo e o Judiciário são também
nossos contribuintes e, na verdade, lá há desde motoristas até
Desembargadores.
O Sr. Roberto Bittencourt - Boa-tarde a todos. Queria parabenizar
o Deputado Edson Rezende, que realmente teve muita sensibilidade,
junto evidentemente com a Assembléia Legislativa, ao convocar esse
fórum técnico. Esse é o terceiro fórum técnico sobre a
previdência. Eu, como servidor do IPSEMG, posso dizer que ele foi
um fórum à altura dos 88 anos do IPSEMG. Estamos saindo daqui,
realmente, consagrando o IPSEMG enquanto instituto de seguridade
social do servidor público. Esse, realmente, é um momento
histórico para a instituição, porque foram três fóruns técnicos, e
hoje acho que conseguimos chegar a um momento de consagrarmos o
nosso Instituto. O que aconteceu ontem e hoje pela manhã deixou
muito claro que o IPSEMG é um Instituto que tem a vocação para
administrar tudo o que diz respeito à aposentadoria. Infelizmente,
isso não estava claro para alguns setores, e hoje isso ficou
claro. Infelizmente também, houve alguma incompreensão, ao se
tentar colocar o IPSEMG como subordinado à Secretaria de
Administração. Isso não durou 24 horas, a situação acabou. Então,
nós, do IPSEMG, estamos saindo daqui orgulhosos por pertencermos à
instituição, satisfeitos com a consagração do IPSEMG como grande
órgão de seguridade social. Então, muito obrigado pela
participação no fórum.
A pergunta é para o Dr. Oswaldo, nosso querido Diretor de Saúde,
brilhante clínico do Hospital do IPSEMG. A pergunta é para vermos
se conseguimos arrematar essa situação. Já resolvemos o problema
da aposentadoria, já resolvemos o problema de como fica vinculada
ao IPSEMG. Vamos resolver o problema da saúde. Para mim, pelo
depoimento que foi feito pelo Alexandre, pela Maria das Dores,
pelo Renato, pelo Luís Eduardo, a coisa ficou muito clara, quer
dizer, não há mais a discussão sobre se o IPSEMG é ou não
responsável pela saúde do servidor público. Ele é responsável pela
saúde de todos os servidores públicos. Trata-se realmente de
discutir a questão de como aperfeiçoar o sistema. Estamos diante
de uma situação muito clara. Para mim o Moisés está colocando
coisas que não existem, que são falsas, que são mentiras. Não sei
onde o companheiro está com a cabeça para falar o que está
falando. Lançamos o IPSEMG Família na Capital. Quero perguntar ao
Renato se os servidores da saúde são privilegiados, são elite.
Quero saber se os motoristas do Tribunal de Justiça, por exemplo,
são privilegiados. O sistema é muito bom e vamos lançá-lo para
toda Minas Gerais, para todos os servidores públicos do Estado.
Gostaria de ler um agradecimento que foi feito aqui por um marido
de uma professora, que diz o seguinte: “O infortúnio da doença é,
na maioria das vezes, o caminho mais curto entre a dor e o
desespero. Estive na cama por vários dias, por causa de uma
cirurgia grave, e o IPSEMG-Família vem provar que as terapias
preventivas e de emergência não carecem de produções milionárias,
com UTIs cinematográficas, helicóptero e outros recursos que
apenas oneram o processo, onde a competência e o afeto por si sós
sustentam a vitória sobre quaisquer doenças, que não morais, que a
comentem o ser humano. A equipe multidisciplinar do IPSEMG Família
corresponde ao que de mais avançado pode produzir o plano mais
evoluído de saúde de que se tem conhecimento no Brasil. Presteza
de atendimento e encaminhamento, acompanhamento contínuo, suporte
técnico, psicológico ao usuário nos permitem afirmar, com toda
segurança, que todos os que estão ali militam, gastam sem
economizar o genérico mais caro e fundamental do espécime: o
carinho. Eu usufrui desse sistema. Muito obrigado, Presidente do
IPSEMG, muito obrigado, Diretor de Saúde, pela existência do
IPSEMG Família”. Dr. Oswaldo, estamos realmente habilitados a
atender a todos os servidores do Estado? Posso dizer para a nossa
colega Maria das Dores, para o Alexandre, que parem, de alguma
forma evidentemente legal, de contribuir para outras situações de
saúde. É importante que isso seja frisado: nós não somos um plano
de saúde. Você mais que ninguém, defendeu isso desde o início.
Somos um sistema solidário, que é diferente do plano de saúde,
visa o lucro. O sistema de solidariedade é amizade, é amor, é
carinho. Dr. Oswaldo, para concluir esse debate, podemos sugerir
isso para a Maria das Dores, para o Alexandre, para poderem ficar
realmente só no IPSEMG?
O Sr. Oswaldo Fortini Levindo Coelho - Certamente que sim. Na
verdade, temos e mostramos os números, que são incontestáveis.
Diante da realidade dos números, não há duvida. O IPSEMG, seja por
serviço próprio ou através da rede credenciada, que, em Belo
Horizonte, por exemplo, engloba os melhores hospitais, está apto a
atender. Estamos realmente de braços abertos para receber todos os
servidores públicos.
O Deputado Adelmo Carneiro Leão - Quero, em primeiro lugar, dizer
que estou encantado em ver servidores públicos - hoje, em Minas
Gerais e neste País, os servidores estão espoliados e sofridos -
com a auto-estima tão elevada. Parabéns aos servidores do IPSEMG.
Também sou servidor público, estou na Assembléia passageiramente,
mas queria trazer algumas reflexões que temos que carregar na
nossa inteligência e na nossa alma. São questões importantes.
Estamos vivendo em um País de enormes dificuldades, onde os
servidores públicos, que estão trabalhando, os servidores
públicos, de um modo geral, estão profundamente sofridos,
desencantados. É preciso compreender essa situação, que existe,
inclusive, no Estado de Minas Gerais. A situação não é boa. Se
reunirmos servidores públicos de outras áreas do Estado, talvez
encontraremos muito mais lamentações, inclusive na própria área de
saúde. Fico muito satisfeito ao ouvir e ver dados importantes em
relação à assistência e à saúde, mas tenho convicção de que, com
esses valores de contribuição - podemos fazer o levantamento, e
isso fica como desafio para todos nós -, mas com uma contribuição
que deve ser inferior a US$250,00 per capita por ano, em nenhum
lugar do mundo se pratica uma atenção plena à saúde. Assim, é
preciso irmos mais fundo para ver se realmente todos estão sendo
atendidos, podem ser atendidos com esses recursos. Existe algum
descontentamento? Onde está esse descontentamento? Existem
limitações? Parece que sim, pois colocaram aqui que existem filas
ainda, onde estão essas filas, esses problemas, esses entraves.
Eu, sempre, na minha vida, defendi o princípio que está na
Constituição de que saúde é direito; cidadania, é dever do Estado.
Para mim, a contribuição de vocês, servidores do Estado, extrapola
o que a Constituição estabelece para os servidores. O Estado tem
responsabilidade com todos, e acho que isso até suaviza a questão
do SUS, quando vocês escolhem essa forma solidária de buscar uma
atenção à saúde de modo tão bonito, como está sendo colocado aqui,
mas quero dizer, e acho que é para nossa reflexão, que aqui se
falou insistentemente em solidariedade. Aprendi que solidariedade
não é um ato impositivo, é um gesto que nasce do ser humano frente
ao outro, é servir ao outro de maneira voluntária.
Então, é preciso avaliarmos se isso que está sendo colocado é a
melhor forma, se é viável, se é duradouro. Todos nós ouvimos o Dr.
José Prata Araújo dizer que se não existir essa forma de
contribuição no Estado, o IPSEMG acaba, e é necessário que
reflitamos sobre isso, acho que a existência do IPSEMG hoje é
muito importante no Estado. Acho que é muito importante, quero
reafirmar isso aqui, mas é através de uma forma impositiva? Qual o
tipo de alternativa que vamos criar? Aqui se falou muito, e, para
mim, vai muito além do que se colocou aqui, mas a elite, os que
estão com salários melhores, devem contribuir. Queria fazer um
contraponto, porque estamos discutindo isso há algum tempo, e eu
estou discutindo há muito tempo na minha vida. Enquanto neste País
existir distorções salariais como existem, da ordem de 100 vezes,
este País, jamais vai atingir um nível de solidariedade, de
Justiça que desejamos. É um absurdo, não dá para aceitar essa
situação, e estou falando isso me incluindo nessa situação dessa
elite que tem uma remuneração extremamente elevada, porque a
Assembléia Legislativa também pratica isso, e não há solução
individual, é uma questão que temos de enfrentar, uma questão que
já avançou, uma questão que está no Judiciário e, lamentavelmente,
até hoje não se estabeleceu neste País o que é limite máximo de
salário. Discutem o limite mínimo de salário, um salário
absolutamente inviável, iníquo, mas não discutem a outra
iniqüidade deste País, que são os salários aviltantes. Então,
antes de se discutir sobre o que tem que contribuir, temos de
discutir o limite dos salários, porque enquanto não houver esse
limite o povo brasileiro vai ficar nessa situação de enorme
concentração de riquezas nas mãos de poucos.
Queria falar sobre uma outra questão, aliás vou repetir uma
questão que o Dr. José Prata Araújo colocou, que temos de
trabalhar e buscar fazer essa separação. Ele disse, com muita
ênfase, que é necessário fazer-se uma distinção entre o que se
aplica para saúde e o que se gasta para previdência. Se não
conseguirmos fazer isso, vamos continuar nessa situação de mingua,
de sofrimento, de falta de solução para a questão previdenciária,
e aí o Governo neoliberal está condenando o povo brasileiro a
financiar a sua própria velhice, e não tem responsabilidade sobre
ela. Temos de pensar nessa questão previdenciária de forma
profunda.
Por fim, quero fazer um apelo a vocês que estão trabalhando com
tanta garra, com entusiasmo, com uma identidade muito grande entre
os servidores e os Diretores. Este momento, em que estamos
homenageando o IPSEMG, é um momento muito bonito da vida de vocês,
mas no sentido de solidariedade, da construção da justiça em nosso
país, de um país de eqüidade, onde as leis positivas tenham de
valer. Quero dizer a todos os meus colegas do IPSEMG que vocês que
têm um plano de saúde, que trabalhem por um plano de saúde, um
texto privado no contexto geral da Nação, pois a imensa maioria da
população não tem acesso a esse tipo de atendimento. Para
concluir, gostaria de pedir a vocês que sejam solidários na luta
pela implementação e implantação do que está definido na
Constituição com relação à saúde, como sendo direito de cidadania
e dever do Estado, e implantação de um sistema único de saúde em
nosso Brasil.
O Sr. Eustáquio Mário Ribeiro Braga - Como membro da Frente,
membro do CINEPE, tenho acompanhado o trabalho da diretoria do
IPSEMG. É muito importante o trabalho com essa metodologia
participativa. Este espaço que hoje utilizamos nesta Casa deve ser
o espaço do IPEMG para apresentarmos nossas propostas. Vou
apresentar uma. Eu me senti bem utilizando o IPSEMG. Encontrei-me
aqui com um médico que atende minha esposa; acredito que ele seja
chefe de um dos departamentos do IPSEMG. Ele a atendia através de
um plano de saúde que eu pago, porque ela tem um problema
seriíssimo e talvez não tivesse como se manter e ser medicada.
Espero que um dia os profissionais do IPSEMG tenham condições de
sair, ir para o exterior, para se qualificarem cada vez mais. Acho
muito importante o plano familiar do IPSEMG e importante investir
na qualificação dos profissionais, para quando eu precisar
utilizar a parte de fisioterapia eu possa chegar lá e utilizar.
Assim, acho importante investir para que todos se atualizem,
porque hoje, em qualquer plano de saúde que você procurar, os
médicos não são preparados para prestar os serviços de que
realmente necessitamos.
A outra proposta seria com relação à seguridade, que entra na
parte de assistência. Tive a oportunidade de passá-la para o
Presidente do IPSEMG. Sei que o desafio é enorme, e as metas às
vezes não foram alcançadas pelo curto prazo que tiveram. Devem
cuidar também do cálculo da parte de seguro e de pecúlio. Gostaria
de agradecer e fazer um apelo, para que nunca mais deixem um
Governador do Estado colocar um político dentro do IPSEMG, para
representar os servidores.
O Sr. Geraldo Ticiano Filho - Boa tarde a todos, estou aqui
representando a Federação dos Aposentados e Pensionistas do Estado
de Minas Gerais, para contribuir com os debates. Primeiramente, eu
queria que o Eloy Chaves saísse de 1920, quando se fundiu os IAPs
- IAPB, IAPM e IAPETEC -, para acabar com os privilégios, pois
quem tinha empregos nos Bancos, na Marinha ou nas empresas
ferroviárias é que tinha acesso à previdência, e foi por isso que
criaram a previdência social, para acabar com as exclusões que
ocorriam, a bola de neve de mendigos que se formava. Agora estou
vendo aqui pessoas falarem sobre privilégios na previdência, mas
acho que não. A seguridade social, em 1988, veio para acabar com
aquela questão de previdência separada, e assim se fez um saco
grande chamado seguridade social. É um saco mais fácil de meter a
mão. Ali é colocado o dinheiro do trabalhador, cai dinheiro dos
jogos lotéricos, cai todo tipo de tributo, e o saco fica grande, e
esse saco não tem fundo, não. Agora veio a reforma da previdência
em 1994 e 1995, excluindo o trabalhador. Minas Gerais é
privilegiada, hoje em dia, por ter um IPSEMG de pés no chão e
firme, que pode contrariar o desejo do Governo Federal, e de estar
aderindo ao regime geral de previdência social.
Outro adendo: tive a oportunidade de estudar o regime de
previdência social em todo o mundo, e conclui que a previdência
social do Brasil é a que mais capta recursos e a que menos paga.
Possa provar para todos com documentos que possuo. Ela é a galinha
dos ovos de ouro, e o Governo sabe disso. O que ele quer é atrair
todo mundo para o regime geral e depois privatizar isso e entregar
assim, como entregou com seguro de acidente de trabalho. Se o
IPSEMG decidir sair sozinho, que seja formada a proposta de
encaminhamento e um conselho geral da seguridade social e que esse
conselho seja formado pelos macrorregionais, para discutir o que o
servidor quer para a sua saúde e fiscalizar o encaminhamento da
elaboração da seguridade social, porque, se é pública, o povo deve
acompanhar esse trabalho.
O Sr. Aloysio Dias Duarte - Sr. Presidente e Deputados, queremos
cumprimentar o Diretor de Saúde do IPSEMG, Dr. Oswaldo Levindo
Coelho, pela brilhante exposição sobre a reestruturação do sistema
de saúde do Instituto, com os diversos programas e planos já em
execução, que visam resgatar a qualidade da assistência social,
médico-hospitalar e odontológica, para todos os servidores
públicos civis do Estado e seus dependentes. Com a aprovação do
ilustre Governador Itamar Franco, sob a supervisão de nosso
Presidente João Diniz, com o tripé da maior excelência, que é o
Dr. Manoel Cataldo, da Superintendência Hospitalar, Dr. Artur da
Superintendência Odontológica, e Dr. Roberto Bitencourt, da
Superintendência de Interiorização.
A pergunta ao Dr. Oswaldo já foi feita algumas vezes, e vou
insistir, para que o ilustre Diretor possa deixar bem clara a
situação. Antes, eu queria responder ao ilustre Deputado Adelmo
Carneiro Leão que eu peguei o balanço deste mês aqui, que já foi
publicado no “Minas Gerais”, e o IPSEMG gastou em previdência
55,98% e deu a base de 60%, que é legal. A diferença entrou na
recomposição da reserva e já está no balanço. Na saúde nós
aplicamos 29,69%, que é abaixo dos 40% da lei, e a reserva dessa
diferença já está condicionada à implementação dos programas do
IPSEMG família na Capital. Com o pessoal da administração do
IPSEMG, a lei permite 15,09%. Agora o balanço publica 14,31%.
Estamos perfeitamente enquadrados na lei, com uma contabilidade
rigorosa, distinguindo a saúde da previdência. Isso já está
publicado no “Minas Gerais”.
Com relação à pergunta do Dr. Oswaldo, devemos definir de uma vez
por todas. Previdência é um plano de saúde ou não?
A segunda pergunta é do Dr. Luiz Eduardo. Estou lendo no jornal
que o IPSEMG Família é elitista, que é para magistrados. O senhor
é do Tribunal de Justiça. Do lado de lá do balcão, o senhor
considera o IPSEMG Família um programa elitista, que só atende a
classes privilegiadas do Poder Judiciário? Qual é a clientela que
o IPSEMG Família atende no Poder Judiciário? Muito obrigado.
O Sr. Oswaldo Fortini Levindo Coelho - Na verdade, não aceitamos
as comparações com planos de saúde, por vários motivos. Primeiro,
porque temos um sistema absolutamente solidário, que oferece
atendimento de assistência à saúde com um encaminhamento
absolutamente igualitário, quer dizer, as pessoas que pagam pouco
têm os mesmos direitos daqueles que pagam muito. Isso é uma coisa
que defendemos quanto à solidariedade do sistema.
Outra questão que defendemos são os problemas de teto e de
fatores moderadores. Até agora, não deixamos que o IPSEMG tenha um
fator moderador no que diz respeito a exames complementares e ao
nível de atendimento que precisamos oferecer aos nossos
contribuintes. Acho que o IPSEMG não pode ser um plano de saúde.
Como já falei antes, somos muito melhores do que qualquer plano de
saúde.
O Sr. Aloysio Dias Duarte - É isso aí. Muito obrigado.
O Sr. Luiz Eduardo Miranda Gonzaga - Dr. Aloysio, acho que a
discriminação não pode ocorrer em categoria ou em setor algum. Não
gostaria de ver o Judiciário excluído da proposta do programa
IPSEMG Família.
A proposta da direção do IPSEMG é, de fato, implantar o IPSEMG
Família em todo o Estado, o que me parece que tem sido
sistematicamente sinalizado. E não está implantado apenas em Belo
Horizonte. Salvo engano, até o último momento, havia cerca de 65
equipes implantadas no Estado, em cidades como Uberlândia, Juiz de
Fora, Montes Claros, Contagem e algumas outras. Na sua grande
maioria, essa implantação atinge os profissionais da educação e os
profissionais da Secretaria Judiciária, que não são do Judiciário,
e sim do Executivo, da Secretaria do Interior de Justiça.
Basta o pessoal entrar em uma cadeia pública para ver como são
sofridos os agentes penitenciários. Só uma pessoa fora da sua
consciência poderia criticar essa atenção à Secretaria Judiciária,
que, repito, não pertence aos quadros da justiça comum. O Poder
Judiciário é diferente da Secretaria Judiciária. Quem tiver
interesse em conhecer, temos estudos ergonômicos feitos em
conjunto com a UFMG e com o Ministério da Saúde de Cuba, no
Judiciário, para conhecer a triste realidade do servidor público
que trabalha nessa área. Pode ser que ganhem um pouco mais, mas a
carga de serviço e o sofrimento a que estão submetidos, assim como
a natureza do trabalho, são desgastantes e conflitivos. Não
queiram imaginar o sofrimento do Juiz, do Escrevente, do Escrivão;
ou como fica a cabeça do Oficial de Justiça, pai de família,
cidadão consciente, que precisa fazer uma ação de despejo de uma
família pobre porque a lei determina. Ninguém quer fazer isso. A
pessoa carrega consigo esse conflito, somatiza e adoece. Estamos
pedindo socorro ao IPSEMG para nos ajudar a reverter essa
situação, que já está implantada em nosso Estado. Outras
instituições do Estado de Minas Gerais já estão conectadas com
quem pode e sabe fazer e já estão trabalhando para isso.
O Sr. Presidente - Lecy Moreira Martins encaminhou uma pergunta
ao Dr. Oswaldo Fortini. Mas achamos que seria uma discussão
interessante para o Dr. Luiz Fernando, porque trata da questão do
financiamento. Se a Lecy nos permite, encaminharemos a pergunta a
ele: “Segundo os colegas do Espírito Santo e da Bahia, o desconto
de um por um das contribuições em seus Estados não deu certo. Por
que não cobrar dois por um, como o INSS?”.
O Sr. Luiz Fernando Silva - Acho que não é só isso. Se o IPSEMG
ou qualquer instituto de previdência estadual for assumir a
aposentadoria, sob meu ponto de vista, deveria estar tudo
concentrado em apenas um órgão público, no caso, o IPSEMG:
aposentadoria, pensão saúde e previdência complementar. Se for
obrigação constitucional e legal, previdência complementar dos
servidores públicos em um órgão só. Para que parte da
aposentadoria e da pensão sejam viáveis, em particular, da
aposentadoria, é necessário que haja contribuição. Se fizermos o
levantamento da contribuição de dois por um aqui no Estado, ou em
qualquer outro lugar, concluiremos ser insuficiente, porque existe
um passivo. Há pelo menos 30 ou 40 anos, contribuições foram
aportadas e desviadas. Em alguns momentos não existiu
contribuição.
Inicialmente, os servidores estatutários contribuíam
exclusivamente para financiar pensão e saúde por via do IPSEMG,
por exemplo. Não que fossem privilegiados, como o Governo Federal,
em particular, muitas vezes quer fazer crer. Mas sim porque o
Estado brasileiro, nas décadas de 40 e 50, ou seja, no início do
desenvolvimento nacional, precisava de profissionais de qualidade
e não tinha condições de financiá-los. O Estado é que fez o
desenvolvimento nacional, não é mesmo? O desenvolvimento privado
foi a partir do Estado. E, para ter esses profissionais, o Estado
teve que oferecer uma vantagem, que, naquela época, era exatamente
a garantia da aposentadoria. Se isso era verdade, essas
“contribuições inexistentes” têm que ser fazer parte do orçamento
fiscal do Estado. Portanto, além de estabelecer a contribuição
daqui para a frente, que, do meu ponto de vista, tem que ser igual
à contribuição da iniciativa privada, há que se levantar o passivo
previdenciário. A partir do levantamento de quanto representa, o
passivo tem que ser negociado com o instituto que vai gerenciar,
de modo que o Governo do Estado possa, paulatinamente, aportar os
recursos adicionais ao caixa do IPSEMG, ao mecanismo que vai gerir
a previdência social. Desse modo, esse mecanismo fará o pagamento
das aposentadorias e das pensões.
Parece-me que esse debate vem sendo travado em todos os Estados.
É necessário que o Governo do Estado seja o garantidor. Se
simplesmente cria-se uma autarquia ou passam-se os recursos para o
IPSEMG e o Governo do Estado deixa de ser o garantidor do
pagamento das aposentadorias e pensões, corremos o sério risco de,
no futuro, por um problema de má administração, não termos a
garantia do pagamento.
Parece-me que é salutar centralizar todos os pagamentos e toda a
gestão previdenciária. Não consigo conceber como o IPSEMG vai
gerir a pensão, a saúde do servidor, e não gerir a política de
previdência enquanto aposentadoria, porque as coisas estão
casadas. A idéia de seguridade social pressupõe um casamento das
três áreas, de modo que não dá para aceitar que ninguém administre
alguma coisa em separado. Para trazer para um só organismo e a fim
de que seja viável, precisamos discutir o passivo. Aí está o x da
questão. Os Governos de Estado e os Governos municipais não
aceitam essa discussão. Vão pelo mais cômodo, que é jogar para o
INSS. E não vêem o equívoco que estão cometendo porque, no final
das contas, pode sair mais caro. Passar servidores para o INSS ou
contratar pela CLT, daqui para a frente, significa recolher FGTS,
recolher 22%, recolher mais 3% ou 4% de acidente de trabalho, e,
no fim, o custo pode ser muito mais elevado do que contribuir para
o IPSEMG, servidores estatutários, oxigenar o regime e pagar 22%
numa relação de dois por um. Realmente, a discussão é muito mais
complicada e vai muito mais a fundo do que simplesmente dizer que
é dois por um ou um por um. Um por um é absolutamente inviável.
Quem propõe isso está louco. Os servidores que eventualmente
aceitaram essa proposta do Governo não sabem onde vai dar.
Cito o exemplo de Florianópolis, onde resido. Há dois anos, a
Prefeita daquela cidade, infelizmente reeleita, propôs aos
servidores um instituto de previdência que cobraria 6% para dar
tudo: aposentadoria, pensão e saúde. Quando o sindicato tentou
falar a verdade, foi trucidado. Os servidores achavam que 6% era
uma maravilha. Se terei tudo com 6%, que Prefeita maravilhosa é
essa? Como o sindicato vem dizer que é inviável se a Prefeita diz
que é viável? A Prefeita sabia que, no final de 2001, estaria
submetida à Lei nº 9.717. Teria que fazer o equilíbrio financeiro
e atuarial do regime, teria que dizer para os servidores: “Quis
fazer uma coisa boa para os servidores. Infelizmente, a lei
federal me impõe algumas restrições. Então, fui obrigada a fazer a
adequação das alíquotas”. A alíquota dos servidores do Município
de Florianópolis será 33%, ou seja, teremos que ter muito cuidado
na discussão de relação contributiva, porque pode não gerar
resultado hoje. Gera resultado ano que vem, daqui a 5 anos, daqui
a 10 anos ou daqui a 30 ou 40. E, no que diz respeito à
previdência, temos que pensar em termos de 30, 40 ou 50 anos.
A Sra. Ana Maria Corrêia - Faço essas perguntas externando mais
ainda meu sentimento de funcionária pública, de colaboradora do
IPSEMG no interior, especificamente na cidade de Ituiutaba, no
Triângulo mineiro, e acredito ser igual o sentimento de todos os
colegas meus aqui presentes.
Gostaria que o senhor me dissesse quem é que gostaria de ver sua
casa administrada por pessoas estranhas. Por que retirar do
servidor público estadual o direito de cuidar de si mesmo se já
deu provas de competência em fazê-lo? Por que entregar a saúde ao
regime geral ou ao privatista excludente? Há razão para modificar
algo que está dando certo, com resultados positivos?
O Sr. Osvaldo Reis de Andrade - Dr. Oswaldo Fortini, em vista de
uma causa maior, transformo a questão que gostaria de fazer em um
depoimento e um protesto. Sou médico cirurgião do IPSEMG, há 30
anos, em Juiz de Fora. Atualmente, ocupo o cargo de agente
regional e de coordenação do IPSEMG-Família nessa cidade, onde vem
sendo implantado, em caráter pioneiro. A primeira equipe do IPSEMG-
Família foi implantada em Juiz de Fora, em novembro do ano
passado, com minha colaboração.
Fiquei indignado ao chegar aqui e ouvir um crítico de plantão
falar sobre esse programa de uma forma leviana e irresponsável.
Isso para mim significa ignorância, má-fé, ou as duas coisas. Não
poderia deixar de dar este depoimento, pois voltaria para minha
cidade revoltado. Perdi o bonde de retorno, mas não perdi o bonde
da história de estar aqui dando este depoimento. O IPSEMG-Família
não representa apenas um modelo, mas uma mudança de estrutura, de
paradigma em relação à atenção à saúde no País, e é um caminho sem
volta. Não admitimos que quem quer que seja venha falar sobre esse
programa da forma como alguém que me precedeu, que já não está
aqui, não conheço, mas não deixaria de dar este testemunho. Muito
obrigado.
O Sr. Fernando Elóy Almeida Filho - Boa-tarde. Gostaria de
complementar a fala do Dr. Oswaldo. O sistema do IPSEMG é de
prestação de serviço de saúde. Ele não tem carência, o indivíduo
sai com a carteirinha e com todos os direitos garantidos, como por
exemplo, cirurgias cardíaca e neurológica, próteses, ao contrário
de planos de saúde complementar em outras instituições que, quando
precisam disso, recorrem ao IPSEMG para ele pagar. Sei disso, pois
é a divisão em que trabalho. O plano é inigualável. Não existe
outro igual ao do IPSEMG. Para completar a exposição do Sr.
Moisés, gostaria de dizer que o filho dele é nosso funcionário e
faz parte da administração que está realizando isso. Ele teria de
seguir o exemplo do filho dele.
A Sra. Patrícia Corrêa Cavalcanti - Sr. Oswaldo, o valor
destinado à saúde do IPSEMG atende a todo um grupo familiar com
3,5% independentemente de quantos membros de que esse grupo
familiar é composto. O que ocorreria se essa mesma família fosse
atendida no sistema privado?
O Sr. Luiz Fernando Silva - Queria me desculpar da necessidade de
me ausentar, mas é que tenho vôo marcado e já não posso prolongar
minha permanência. Queria agradecer o convite da Assembléia
Legislativa e elogiar essa iniciativa. Tenho participado dos
debates sobre regime de Previdência em vários Estados do Brasil,
e, raramente, as Assembléias Legislativas se dispõem a fornecer os
espaços físicos para que os servidores tenham oportunidade de
realizar debates. Portanto, não é qualquer coisa estarmos aqui
realizando um debate desta natureza. É algo que precisa ser
elogiado e reproduzido em outros Estados.
Em relação ao IPSEMG, quero dizer da minha quase incredulidade,
porque o que conhecemos da estrutura dos institutos de Previdência
dos servidores públicos nos outros Estados é algo absolutamente
arcaico, bastante incipiente.
Pelo pouco que vi ontem das homenagens que o IPSEMG recebeu pelo
aniversário e pelo que participei no dia de hoje, deu para
perceber que vocês têm um instituto vivo, com muita força e
possibilidade de êxito. É algo que vocês deveriam ter a
responsabilidade e a obrigação de passar adiante. Não dá para
ficar só em Minas Gerais. Talvez vocês possam propor que a partir
deste fórum criemos um fórum nacional de regimes previdenciários
dos servidores públicos em que não esteja vinculada só a
administração dos institutos, mas também os sindicatos e os
usuários, a exemplo do SUS. Que essa estrutura debata e procure
melhorar com a troca de experiências com outros Estados. Acho que
não se deve apenas fazer e produzir a política em Minas, mas
também fazer com que um pouco dessa experiência possa ser
reproduzida em outros Estados.
Quero agradecer o convite e parabenizar o IPSEMG pelos 88 anos.
Estava lembrando que ele é mais velho que a previdência social
brasileira, que tem 76 anos. É curioso o instituto de Previdência
de vocês ter mais tempo que o regime geral de Previdência do
Brasil. Isso não significa qualquer coisa, é um dado interessante
e importante. Eu me coloco à disposição para participar de outros
eventos em que possa estar presente.
Em particular, este debate me parece fundamental para discutir o
Projeto de Lei nº 9 e a Lei nº 9.717. Acho que essa idéia de criar
um fórum, deveria ser levada adiante com maior rapidez, deveria
partir do princípio do que podemos fazer para derrubar essa lei
inconstitucional e o que podemos fazer para derrubar a segunda lei
inconstitucional que vem por aí: o Projeto de Lei nº 9, quando for
convertido em lei complementar. Obrigado e êxito a todos! Parabéns
pelo evento!
O Sr. Presidente - Obrigado, Luiz Fernando. Antes de sua saída,
queria dizer que comentava com o Renato e com o Oswaldo Fortini
que, de determinados fóruns, devido ao seu grau de importância, é
solicitado ao Presidente da Assembléia que consiga a publicação,
em cadernos, os seus resultados, ou, pelo menos, dos debates que
aqui houve. Vamos solicitar a divulgação deste fórum ao Presidente
da Assembléia, Anderson Adauto, que se tem desdobrado na
divulgação do que ocorre aqui.
Quero testemunhar que nesta Casa ocorre um intenso debate o ano
inteiro. Esta semana já houve um debate sobre dependência química,
uma questão que é matéria nas escolas. No final deste mês haverá
um seminário sobre os dez anos do Estatuto da Criança e do
Adolescente. Esta Casa tem propiciado um debate permanente ao povo
mineiro. Isso graças ao Presidente Anderson Adauto, que deu nova
dimensão e uma ampliação desse espaço nesta Casa.
Vamos levar para o Presidente as propostas feitas daqui. Tenho a
certeza de que ele vai anuir em que tenhamos um caderno com a
publicação do que foi discutido aqui.
Discutimos também que esses fóruns não fiquem somente aqui. Após
o Fórum de Educação de Jovens e Adultos, no princípio deste ano,
constituímos uma comissão de representação para dar continuçação a
tudo que foi discutido aqui.
Sugiro aos proponentes deste fórum, aos diretores, aos
representantes dos trabalhadores e aos usuários que possam se
juntar e organizar uma comissão, que pode ser de representação.
Terminado este fórum, devem se debruçar sobre o documento final.
As propostas podem ser transformadas em lei ou em registros
importantes para o Executivo trabalhar e operar modificações e
encaminhamentos. São duas coisas importantes. Aí, sim, atendendo à
sua sugestão, podemos mandar o resultado deste debate para o resto
do País.
Após o ciclo de debates dos transgênicos, no princípio do ano,
constituímos cadernos que estamos mandando para todo o País, os
quais têm sido de muita utilidade para todos. Então, o senhor,
possivelmente, receberá o caderno sobre este importante fórum.
Muito obrigado por sua presença aqui.
O Sr. Oswaldo Fortini Levindo Coelho - A respeito da pergunta
feita por nossa colega de Ituiutaba, quero dizer que, desde que
assumimos o IPSEMG, há um ano e dez meses, seguindo o exemplo de
nosso Presidente, temos tentado reconstruir o IPSEMG. Na verdade,
temos trabalhado uma média de 12 a 14 horas por dia para chegar
aonde estamos. Achamos que os servidores públicos são capazes de
gerenciar essa instituição que é nossa.
A respeito do problema de irmos para um sistema privado, há
outras considerações que não tínhamos tocado e sobre as quais
seria interessante falar neste momento. Os sistemas de saúde
privados têm uma série de restrições e de exclusões que diferem de
nosso sistema. A faixa etária, por exemplo: quanto mais idosa a
pessoa, maior é o valor com que ela tem de contribuir para ter
assistência à saúde. Se a pessoa tem uma doença preexistente, pode
não ter cobertura para essa doença. Não perguntamos à pessoa se
ela está ou não doente. Ela entra no sistema independentemente de
qualquer problema. Não temos carência para a inclusão em nosso
sistema. Nos sistemas privados, a carência é de seis meses a um
ano. O limite de procedimentos, já tocamos nisso, é a respeito do
teto ou do fator moderador. Somos frontalmente contra isso.
A respeito do valor que nos foi perguntado, de 3,2%, que é a
contribuição do servidor para a saúde, mais 1,6% do Estado, na
verdade, uma família numerosa seguramente teria de ter uma
contribuição muito maior para um plano privado do que para o nosso
sistema.
O Sr. Reginaldo Wemerson Alves - Como estatístico do Hospital
Governador Israel Pinheiro, gostaria de fazer um comentário sobre
a exposição da Sra. Maria das Dores, não é político, é um parecer
técnico. Sobre as filas e algumas especialidades que se esgotam, a
atual administração está aberta e buscando o que de mais novo
existe em metodologia de pesquisa e estatística para a solução
desses problemas.
Como disse, o Hospital da Previdência, através do seu setor de
estatística, desenvolve pesquisas sobre a demanda reprimida,
demandas do interior, pesquisas sobre pessoas que saem do interior
em busca de consultas na Capital e sobre as internações de
associados que vêm do interior em busca das internações na
Capital.
Estamos utilizando estudos, e todas as decisões dessa
administração baseiam-se em metodologia científica para solucionar
esses problemas de demanda reprimida e deslocamento de pacientes
do interior para a Capital, buscando a satisfação do associado e
dos que procuram o hospital. Há várias pesquisas em andamento com
metodologia científica. Obrigado.
O Sr. Presidente - Pergunta da Sra. Célia Peixoto, dirigida ao
Dr. Oswaldo Fortini: “É mera coincidência ou o IPSEMG começou a se
preocupar com a qualidade dos serviços, quando passou a ser
discutida a hipótese da facultatividade?”.
O Sr. Oswaldo Fortini Levindo Coelho - Sem comentar o mérito da
questão, sem comentar a forma como a pergunta foi dirigida,
queremos dizer que a facultatividade na saúde nunca foi cogitada
por nós.
Quando iniciamos o nosso trabalho, ficamos preocupados em
reconstruir o IPSEMG. Como já dissemos, várias vezes, essa
reconstrução estava também voltada para a qualidade. Queremos dar
confiabilidade e credibilidade ao sistema, principalmente na
assistência à saúde dos nossos usuários.
O Sr. Fernando Souto - Gostaria de dizer à Sra. Maria das Dores e
às pessoas que ela representa que a qualidade que tanto almejam
será infinitamente menor do que aquela que vamos lhes oferecer em
pouquíssimo tempo. Já temos o guia de credenciados no interior, e,
em várias cidades, as consultas já não são marcadas nas agências
nem nas unidades do IPSEMG, são marcadas diretamente nos
consultórios dos médicos.
Pela primeira vez, um representante sindical se levantou e nos
fez uma proposta, não apenas questionou. Foi preciso que alguém
nos dissesse que estamos precisando de um Banco melhor para serem
atendidos lá. O IPSEMG precisa desse “feedback”, porque estamos
aqui para servi-los. Peço desculpas em nome das outras pessoas,
mas um coordenador sindical, uma pessoa que representa, só pode
ter um único modo de agir, que é como você fez, cobrando, mas
trazendo propostas e soluções.
O Sr. Manoel Cataldo - Gostaria de fazer um pequeno comentário
sobre o investimento que o Hospital da Previdência faz no seu
quadro de funcionários. Como Superintendente-Geral do Hospital
gostaria de informar que o corpo clínico do Hospital da
Previdência apresentou, no ano passado, cerca de 250 trabalhos em
congressos nacionais e internacionais; tivemos mais de 400
participações em congressos internacionais e nacionais. O corpo de
enfermagem tem um programa de educação continuada. Estamos fazendo
uma reciclagem de todo o serviço terceirizado no hospital, como os
serviços prestados por faxineiras, porteiros, ascensoristas e
outros. Há grande preocupação da nossa parte com o investimento em
recursos humanos.
O Hospital da Previdência apresenta uma qualidade de serviço que
depende exclusivamente do extremo envolvimento do corpo de
funcionários do hospital. Quero agradecer a todos aqueles que
trabalham no hospital e dar o meu depoimento do extremo entusiasmo
com que todos trabalham e do extremo otimismo com que todos vêem
nosso futuro. O grau de produtividade gerado no hospital está bem
acima de instituições correlatas. Fazendo uma comparação, o INCOR
de São Paulo e o Hospital das Clínicas da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul têm a mesma dimensão física que a nossa
instituição e dispõem de quatro vezes mais funcionários e recursos
financeiros seis vezes maiores do que o nosso, no entanto, sua
produtividade é equivalente à nossa. Isso quer dizer que o corpo
de funcionários, a instituição é extremamente mais motivada e quer
cada vez mais oferecer um serviço de qualidade ao seu beneficiado.
Se ainda temos filas, D. Maria das Dores, é porque o aumento do
número de beneficiários que nos procuram fez com que houvesse um
certo descontrole na oferta de consultas, leitos e em todo o tipo
de serviço que o hospital oferece.
É extremamente importante salientar que tivemos um aumento
substancial em todos os níveis de produtividade do hospital, desde
o SLU até o nível de cirurgias, internações, atendimentos
ambulatoriais, a parte de exames complementares de imagens,
registros gráficos, fisioterapia, etc. Em todos os níveis ocorreu
aumento de produtividade no hospital, na gestão a partir de 1999.
Quero salientar o grau extremo de sucateamento no qual assumimos
a instituição. Ela estava absolutamente abandonada, apodrecendo
nas suas entranhas em toda a parte básica do hospital, na área
física. Tivemos de reconstruir o hospital. Isso é extremamente
difícil, extremamente moroso, por causa dos processos
licitatórios.
Quero agradecer, de público, a todos aqueles que participam da
administração do hospital, do corpo clínico e do serviço de
enfermagem, porque temos uma instituição da qual nos orgulhamos,
para que possamos ter um serviço de qualidade e eficiência.
O Sr. Alexandre Assunção Lima - Gostaria de agradecer a
oportunidade de participar deste fórum, que é de extrema
importância para os próximos 40 anos.
Concordando com o Sr. Oswaldo, temos de trabalhar considerando o
IPSEMG o nosso plano solidário, que é muito mais que um plano de
saúde. Ele deve ter algumas condições de orientação para o
atendimento eficiente do cidadão servidor público do Estado e para
o controle de nós, trabalhadores públicos estaduais.
O Sr. Oswaldo Fortini Levindo Coelho - Gostaria de aproveitar
este momento para mudar a imagem que aqui ficou, depois de
concluída a CPI, quando foi trazida a esta Casa uma notícia e uma
idéia falsa e mentirosa a respeito dos servidores do IPSEMG, de
que eram servidores não comprometidos e servidores que não
trabalhavam, principalmente os médicos. Levanto a minha voz neste
momento, porque isso é um absurdo. O nosso corpo clínico e o nosso
corpo de funcionários são dos melhores do Estado. Tenho absoluta
certeza de que não há em Belo Horizonte um hospital com um corpo
clínico tão qualificado quanto o nosso. Exemplo disso é a nossa
residência médica, que é procurada como a primeira opção nas suas
22 especialidades. Este ano passamos para 24 especialidades e
contamos com 134 residentes, que passam nos primeiros lugares nos
concursos, quando terminam a residência médica.
Gostaria de dizer que não só a qualidade nos preocupa, mas também
o baixo custo. Trouxe alguns indicativos para provar que o nosso
custo é um dos menores do Brasil, em relação a atendimento
hospitalar. Comprovados estatísticamente, há indicadores do
PROASA, Programa de Estudos Avançados em Administração Hospitalar
e de sistemas de saúde filiados da Fundação Getúlio Vargas que
mostram que o custo médio de paciente por dia é da ordem de
R$456,00, enquanto o nosso é de R$197,97. O custo médio de
internação do indicador do PROASA é de R$1.584,00, enquanto o
nosso é de R$1.167,00. O custo do quilo da roupa lavada do PROASA
é de R$1,47, o nosso é de R$0,70. Além da qualidade, temos um
custo muito baixo.
No ano passado, tivemos um debate no Rio de Janeiro, juntamente
com representantes de São Paulo, Bahia e Rio Grande do Sul. Mais
uma vez, ficamos orgulhosos em ter o IPSEMG, porque somos o melhor
plano do Brasil. Não existe nenhuma instituição como a nossa.
O Sr. Renato de Almeida Barros - Eu acho que a experiência que
nos foi relatada ao longo destes dias, através de depoimentos que
demonstraram a situação da seguridade social em outros Estados
brasileiros, retrata a responsabilidade que temos de construir um
sistema de seguridade social que seja resguardado por leis, da
mesma forma que estamos fazendo, hoje, em Minas Gerais. Acho que
esta discussão, que contou com depoimentos divergentes e
convergentes, servirá de modelo para a construção de uma saúde de
qualidade para os servidores públicos estaduais. Acho que os
depoimentos dos companheiros da Justiça, do Legislativo ou do
Tribunal de Contas mostram-nos a responsabilidade que temos de
construir um IPSEMG melhor. Reconhecemos o IPSEMG como o
verdadeiro instituto de previdência do conjunto do funcionalismo
público das três esferas de Governo. Isso é importantíssimo e é
também uma grande responsabilidade para nós, servidores do IPSEMG,
e para todos os usuários.
O Júnior e toda a sua equipe têm a grande responsabilidade de dar
continuação a esse processo de resgate do IPSEMG. Entretanto, acho
que não podemos ficar restritos a isso. Temos a necessidade de
pressionar a Assembléia para que aprove o conselho deliberativo. O
Governador vetou o projeto do conselho, e nós, das entidades,
tomamos a iniciativa de reapresentá-lo em sua forma original. Ele
foi emendado e estamos pedindo que essa emenda seja destacada em
Plenário, para que o projeto volte à sua forma original. Para nós,
é importante ter o conselho deliberativo para que possamos
intervir com 50% de representação.
Também não podemos perder de vista o Projeto de Lei Complementar
nº 9, que foi retratado por todos os companheiros. Existe a
possibilidade de que ele seja votado na terça-feira. Se
necessário, vamos nos mobilizar para ir a Brasília acompanhar essa
votação e discutir também nesta Casa o projeto de reforma da
estrutura do Estado. O que estamos fazendo para isso? Estivemos
discutindo o assunto e vamos reafirmar tudo isso segunda-feira, no
fórum das entidades. Queremos, também, aproveitar o espaço que nos
foi cedido pela Assembléia para solicitar uma reunião do
Governador com todas as entidades do funcionalismo. É necessário
que haja uma discussão com ele a respeito dos fatos que vêm
ocorrendo, para haver continuação nos trabalhos. Muitas vezes, os
Secretários de Estado não incorporam os compromissos assumidos
pelo Governador. Isso provoca mudanças no curso das discussões, e
estamos em um processo de mudanças que poderão, ou não, trazer
transtornos para nós. Basta dizer que, quando se falava sobre o
IPSEMG, que está diretamente ligado à Secretaria de Administração,
se não fosse a pressão deste Plenário, talvez o Governador não
tivesse mudado sua posição.
Então, quero dizer que o fórum foi muito positivo e que temos a
expectativa de que, na construção da lei, possamos ter uma
participação efetiva, com a presença expressiva que sempre
tivemos, quando necessário, dos companheiros do IPSEMG nesta Casa,
ajudando-nos na luta para a construção de um sistema de seguridade
social que represente o interesse maior, que é a saúde do servidor
público. Muito obrigado.
A Sra. Maria das Dores Abreu Amorim - Eu quero apenas dizer que
acredito que a cidadania é construída com a escolha, assumindo as
conseqüências dessas escolhas. Acho que a discussão sobre a
cidadania precisa ser ampliada com a discussão sobre a seguridade
social. Ela não pode se restringir aos segmentos mais organizados
dos servidores. Mesmo porque supõe-se que queremos que os outros
servidores também se organizem. Então, proponho que a discussão
sobre a proposta previdenciária para Minas Gerais se estenda a
todos os Poderes. Percebo que existe, até hoje, uma certa
limitação com relação ao Poder Executivo, que está mais organizado
historicamente, como servidor sindicalizado.
Por outro lado, quero também entender a fala do Dr. Oswaldo
Fortini. Quando ele disse que estamos nos preparando para suceder
a nós mesmos, para ser substitutos de nós mesmos, gostaria que
esse “nós” se referisse ao universo dos servidores públicos do
Estado. Muito obrigada.
O Sr. Luiz Eduardo Miranda Gonzaga - Alexander Soljenitsin,
aquele russo que foi Prêmio Nobel da Paz, tem uma frase muito
interessante: “Para não temer a perda, basta não deter a posse”.
Os servidores públicos de Minas têm a posse de um instituto que, a
despeito de todas as dificuldades, de todas as deficiências que
possa ter, é muito maior do que essas mesmas deficiências e
dificuldades. A balança pende favoravelmente para o IPSEMG. Não
estou dizendo que o IPSEMG seja o supra-sumo da maravilha. Mas ele
é o nosso instituto e, pelo que estamos vendo, sua tendência é a
superação, para que se realize cada vez mais. Então, ao invés de
contribuirmos para sua fragilidade, precisamos contribuir para seu
crescimento. O mineiro do interior diz que é o olho do dono que
engorda o boi. Quanto mais o cliente, o associado, o usuário
estiver presente na construção desse instituto, melhor.
Gostaria, também, de fazer uma referência a um caso recente, que
aconteceu conosco, de um paciente do interior que atendemos em
Belo Horizonte. Ele possuía um convênio e foi encaminhado de volta
ao interior, para tratamento psiquiátrico. No primeiro
atendimento, foi atendido em 5 minutos. No segundo, foi atendido
de pé, e o profissional já estava com a receita azul de
medicamento controlado pronta, que lhe foi entregue. Não temos
controle nem acesso a esse tipo de atendimento. A única coisa que
fizemos foi recomendar a esse indivíduo que não se tratasse com um
profissional tão desqualificado e desinteressado. Fizemos contato
com a Superintendência de Interiorização, que nos disponibilizou
um profissional do IPSEMG Família de Valadares. Graças a Deus,
esse nosso colega do Judiciário, que tem muita necessidade de
atendimento, está sendo acompanhado dignamente naquela cidade, por
um bom profissional. Liguei para esse profissional para expor o
caso. Ele entendeu, acompanhou nosso colega e está tratando dele
tecnicamente, conduzindo o caso de forma humana, respeitando a
dignidade do usuário, como ele merece.
Acho que o IPSEMG está de parabéns por estar procurando superar-
se, com todas as deficiências que pode ter. Também a Assembléia de
Minas, mais uma vez, demonstra que, de fato, está procurando
ampliar o debate e clarear as situações sem hipocrisia, sem fazer
nenhuma cortina de fumaça. Mais uma vez, sinto-me orgulhoso de ter
nascido em um Estado como Minas Gerais. Muito obrigado.
O Sr. Oswaldo Fortini Levindo Coelho - Quando falamos na
possibilidade de abrir o IPSEMG para nós mesmos, quis dizer nós,
funcionários públicos de uma forma geral. Espero até ter a
felicidade de ter a Maria das Dores, ou qualquer outra funcionária
do Legislativo, como membro da diretoria, no futuro.
O Sr. Presidente - Para finalizar, quero citar uma fala do Dr.
Humberto, Procurador do Ministério Público Federal, na IV
Conferência Estadual da Saúde, que aconteceu na semana passada.
Ele me disse o seguinte: “Edson, vocês têm que acompanhar a
aplicação dos 7% para a saúde no Estado de Minas Gerais, como
determinou a Emenda Constitucional nº 9, porque o que acontece em
Minas vai repercutir no resto do País.” Então, gente, o que está
acontecendo em Minas irá, com certeza, repercutir no resto do
País. Além de tudo o que discutimos sobre a formação profissional,
a produção de trabalhos científicos, como foi dito, é de máxima
importância num cenário nacional de grandes dificuldades de
capacitação e de formação, não apenas de médicos, mas de vários
profissionais de saúde que têm necessidade de se qualificar para
um melhor atendimento à saúde.
Então, o IPSEMG não somente produz serviços de qualidade,
melhorando esses serviços, mas também produziu vários outros
hospitais públicos. Minas Gerais puxa para si essa
responsabilidade de ser o espelho nacional. Considero da maior
importância este evento. O que aconteceu aqui, hoje, é a largada
de um movimento que não pode parar. É importante que os debates
continuem e que amadureçam, para melhorar todo o nosso trabalho.
Quero encerrar os trabalhos - o Miguel Martini está me
propiciando esta oportunidade, uma vez que sou servidor público do
Estado e médico preocupado com essas questões - dizendo que
precisamos ampliar nossa concepção de saúde, que não pode ficar
restrita somente ao modelo médico hegemônico. A saúde é muito mais
do que isso. Temos que nos preocupar com a promoção da saúde.
Outro pilar é a prevenção das doenças e dos acidentes; outro, a
atenção à assistência médica. Esses três pilares são os mais
modernos e exigem a participação de todos para a construção de um
projeto coletivo que se iniciou. Agora, chegamos a um patamar
extremamente importante, com a participação de todos. Tenho a
certeza de que, dentro dos próximos dois anos, teremos um IPSEMG
que será uma maravilha e que servirá de espelho para todo o País,
no que diz respeito à atenção à saúde, influenciando positivamente
outros institutos de outros Estados.
Encerro agradecendo a presença de todos. Que Deus nos acompanhe,
para que façamos bons trabalhos pela frente. Muito obrigado.