DEPUTADO DURVAL ÂNGELO (PT)
Discurso
Legislatura 18ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 23/05/2018
Página 34, Coluna 1
Assunto ELEIÇÃO.
Observação Retificação do texto no Diário do Legislativo de 24/05/2018, p. 20.
38ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 18ª LEGISLATURA, EM 15/5/2018
Palavras do deputado Durval Ângelo
O deputado Durval Ângelo* – Deputados, deputadas, senhoras e senhores, telespectadores da TV Assembleia. Eu não gostaria, nesta tribuna, de trazer uma notícia triste. Refiro-me – e até me reporto aos discursos que me antecederam – a uma prisão feita pela Polícia Federal hoje. Na parte da manhã de hoje, foi preso o Ceará. Eu acho que estamos um pouco estonteados pelo efeito Ceará. E um dia depois ocorre o empate para o nosso América, que estava ganhando de 2 a 0, lá também no Ceará. Então, nosso time de Minas, que poderia ter chegado ao 4º lugar, se tivesse mantido os 2 a 0, empatou com o Ceará.
E hoje cedo foi preso o Ceará. Quem é o Ceará preso? Muita coisa ainda vai ser contada. Tem muita coisa para ser revelada. O doleiro do narcotráfico, Carlos Alexandre Rocha, Ceará, foi preso no início de 2014, e foi solto ainda no mesmo ano, pelo juiz Sérgio Moro. Quem ele denunciou? A primeira denúncia contra o senador Aécio Neves foi do Ceará. Ele foi o primeiro delator que citou, em 2014, antes das eleições, o senador Aécio Neves. Depois disso, tivemos delações novas. Mas só o que o Ceará denunciou foi que ele era o banqueiro da lavagem do narcotráfico. Então, ainda há muitas revelações.
E vejo tantas críticas ao governador Fernando Pimentel, que pegou o Estado quebrado, onde dois mitos ruíram: o mito do choque de gestão, que nunca existiu e que mostrou a precariedade da estrutura do Estado; e o mito do déficit zero, em que o orçamento aprovado em abril de 2015, um ano depois da prisão do Ceará, mostrou R$7.300.000.000, de déficit do orçamento. Déficit que vem sendo mantido. Mas o Ceará foi preso, e vamos ter muitas revelações. Vamos ver que o submundo do crime do narcotráfico tem muitas pontas, muitas ramificações no mundo institucional e oficial. O Ceará foi preso.
Quero deixar bem claro que a prisão do Ceará vai mudar o rumo de muita coisa na política de Minas Gerais. E não quero ser leviano e falar de algo que a Polícia Federal ainda não revelou. Não quero falar de algo que ainda está em sigilo. Mas hoje eu recebi um grupo de oito delegados no meu gabinete, que vieram trazer muitas notícias do Ceará. E mostraram muitas andanças do Ceará, de 2004 a 2014, em Minas Gerais. É uma figura muito conhecida. Tanto que na hora em que se falar Ceará, pois ele era tratado assim, muita gente em Minas Gerais ficará preocupada. Uma coisa lhes digo: para o atual ocupante do Palácio da Liberdade e seus assessores, o nome Ceará só lembra a triste derrota do Mequinha ontem lá no estádio do Ceará. Não haverá nenhuma outra lembrança. Mas o Ceará mudará o rumo da história da política de Minas Gerais. Muita coisa virá à tona. Ele andou em muitos gabinetes com carpete da Cidade Administrativa até o alto da Avenida Afonso Pena, e passou pelo Palácio da Liberdade, com toda certeza.
Ceará trará muitas novidades na política mineira. Quanto a isso, não serei leviano em fazer afirmações que tenho registradas, porque ainda estão sob sigilo. Mas o desespero é tão grande, que querem tirar o governador sem esperar a eleição de outubro. Se tivessem tanta certeza da vitória, por que esse advogado Marra entraria aqui com pedido de impeachment, sabendo de todo o ritmo do rito pré-divulgado pela Mesa? O afastamento ou não do governador cairia entre os dias 5 e 15 de agosto, após as convenções partidárias.
Aí, não havendo nenhum acidente no decurso ou um recurso judicial que pudesse atrasar isso… Mas por que não esperam outubro, se têm tanta certeza? É porque há um Ceará no meio do caminho. Se o nosso poeta dizia que tinha uma pedra no meio do caminho, até início do primeiro domingo de outubro, terá um Ceará no meio do caminho, não terá uma pedra. Não terá uma pedra, e com o Ceará muita coisa vai ser revelada. Se alguns deputados não se lembrarem do nome, vejam uma foto dele. A foto vai ser reconhecida, pois de 2004 até 2014, ele estava andando muito pelo mundo oficial desse Estado de Minas Gerais. Esperem, vai ter um Ceará no meio do caminho, até as eleições. E acredito que esse processo, hoje, de discutir o impeachment é daqueles que sabiam que haveria um Ceará no meio do caminho, daqueles que sabiam que um Ceará iria se colocar no meio do caminho nesses cinco meses que faltam para as eleições. O Ceará foi o primeiro delator. Em abril de 2014 aconteceu a primeira delação. Ele foi o primeiro que trouxe dinheiro em malas em Minas Gerais, foi o primeiro, hoje preso, na parte da manhã. A primeira prisão foi em Camboriú, e hoje foi preso, de manhã, o doleiro do narcotráfico.
Então, minha gente, acho que tem de se preocupar, sim, tem de apresentar processo de impeachment por um advogado que tem como devoção predileta o Bolsonaro, com sua postura fundamentalista, o Sr. Marra, que não quer esperar até o início de outubro. E não quer, Sr. Presidente, porque tem um Ceará no meio do caminho. Olhem a foto desse cidadão. Olhem que vão reconhecer. Estou há muitos anos nesta Casa e já o reconheci imediatamente, já vi quem ele era. Ele esteve em muitos coquetéis, em muitas festas em Minas Gerais, em muitos momentos no Estado. Lamento pelo Ceará de ontem à noite no Barradão, mas não lamento pelo Ceará de hoje cedo no camburão da Polícia Federal, não lamento. O Ceará de ontem, tirou a chance de vitória do nosso América aos 46 minutos, com gol de pênalti, e o Ceará, com o impeachment, com gol de pênalti, quer tirar a reeleição ou tentar retirar a reeleição do governador Fernando Pimentel. É o Ceará. Vou repetir o nome porque o apelido pode não dizer nada: Carlos Alexandre Rocha. Quem quiser, entre na internet, em festas e em coquetéis em Minas Gerais, entre em inauguração, que verão Carlos Alexandre Rocha. Ele só era chamado de Ceará nos meios mais íntimos. Vocês verão fotos dele com muitos cidadãos, entre aspas, de bem. Há muitas fotos. O Ceará falava com muita desenvoltura e tinha uma conversa fácil.
Acho que temos dificuldades no Estado, herdamos dois mitos que ruíram: déficit zero e choque de gestão. Temos certeza de que vamos disputar as eleições com o candidato do PSDB, que vai estar na frente e foi governador desse estado. Vamos disputar o Senado com o senador Aécio, que está terminando seu mandato. Todo mundo quando termina um mandato é candidato à reeleição. O senador Aécio vai ser candidato, vai disputar com a presidenta Dilma. Vamos reeditar a eleição de 2014, ano em que o Ceará foi preso e ano que, às pressas, depois da primeira delação, o Moro o soltou.
Então, vamos reeditar este ano, em 2018, a disputa: Dilma e Aécio. Naquele ano, o Ceará estava preso. Exatamente. É interessante que a prisão também ocorreu – agora foi em maio – no mês de abril do ano passado, ou seja, há 13 meses. Nós vamos ter um mesmo contexto, e o povo poderá escolher, aliás, não através de um pedido de impeachment, mas nos votos na urna, se queremos o governador Fernando Pimentel e a Dilma – Fernando, governador; e Dilma, senadora – ou o Ceará, aliás, Ceará, não, mas o ex-governador e o atual senador como candidato à vaga do Senado. Então, minha gente, tinha uma pedra no meio do caminho! Tinha um Ceará no meio do caminho! Obrigado.
* – Sem revisão do orador.