Pronunciamentos

DEPUTADO CORONEL SANDRO (PSL)

Discurso

Ressalta que o Parlamento é um espaço para se discutir, apresentar e contrapor ideias e críticas sobre assuntos de interesse e que as críticas que apresenta não se dirigem especificamente a um deputado ou a uma deputada. Comenta que irá se contrapor a qualquer ideia com a qual não concorde, seja esta ideia de parlamentar do sexo masculino ou do sexo feminino.
Reunião 96ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 19ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 16/12/2021
Página 128, Coluna 1
Assunto ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MINAS GERAIS (ALMG).
Aparteante BARTÔ

96ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 19ª LEGISLATURA, EM 14/12/2021

Palavras do deputado Coronel Sandro

O deputado Coronel Sandro – Obrigado, Sr. Presidente. Obrigado ao líder do bloco, Cássio Soares.

Sr. Presidente, gostaria de lembrar que uma das deputadas da bancada vermelha que até usou a palavra aqui agora, recentemente, na minha primeira entrevista, em 2018, quando eu disse que iria exterminar a esquerda em Minas Gerais, representou contra mim no tribunal e perdeu de 26 a 0, porque tenho o direito de ter a minha opinião.

Bom, sabem o que está acontecendo no Brasil, neste Parlamento inclusive? Daqui a um tempo vamos estar impedidos de criticar, de contrapor ou de debater qualquer ideia ou qualquer ação que venha de um parlamentar que seja do sexo feminino. Se agora estamos sendo acusados de ser misóginos, racistas que não respeitam o espaço da mulher, que acham que este Parlamento aqui só deve ser ocupado por homens, a pretexto da defesa de um espaço que a mulher conquistou... Ora, parabéns! Este espaço aqui é para qualquer brasileiro, seja ele do sexo masculino, seja do sexo feminino. Ocupa-se por mérito, não pelo fato de ser homem ou de ser mulher.

O que ouvi aqui hoje é a mesma ladainha de sempre. Qualquer um que venha aqui até esses microfones para criticar ou se posicionar contrário a qualquer ideia que um deputado do sexo feminino apresente aqui, junta-se toda a esquadrilha vermelha e vai para cima deste deputado. E eu tenho sido a mais frequente vítima dessa ação. Hoje ocupei aqui os microfones para me insurgir contra a realização de uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos – fato – a requerimento daquela presidente, para debater, a pretexto de controle externo da atividade policial, os procedimentos adotados na ação policial realizada em Varginha em 31/10/2021, ação que culminou na morte de 26 bandidos fortemente armados que iriam tocar o terror na cidade de Varginha, como já fizeram em outras cidades do Brasil; ação essa da Polícia Militar, com policiais rodoviários federais, elogiada no Brasil inteiro. Vim aqui e citei, fato. Agora, se é um parlamentar do sexo feminino que estava ou está propondo essa audiência pública, estou me contrapondo aqui à ideia do parlamentar, independentemente se ele é homem ou mulher, nesse caso é mulher.

Outra coisa: esse mesmo deputado do sexo feminino que quer aqui passar um pente fino na ação da polícia lá em Varginha, da qual participou a Polícia Militar, está hoje sob a proteção e escolta de três policiais militares integrantes do Bope, que integram naturalmente, no todo, a segurança pública; e ela, em 9 de junho, disse que na segurança pública do Estado de Minas Gerais a política é genocida. E até hoje ela não teve a educação ou a decência de vir aqui e se retratar com todas as forças de segurança pública, com todos os profissionais de segurança pública. Então, ao me manifestar contrário a essa ideia da audiência pública que sempre integrantes do Psol fazem... Parece que integrantes do Psol têm um fetiche por bandido. É uma coisa inexplicável! Essa turma do Psol tem que ser estudada, é caso de psiquiatria, porque não pode... Enquanto nós buscamos solução para as pessoas de bem, e a polícia faz parte dessa solução, nós temos pessoas aqui que ficam a defender bandidos.

O deputado Bartô (em aparte) – Sandro, aqui fica a minha solidariedade ao colega que tem todo o direito de criticar aquilo que acha que deve ser criticado, ainda mais um trabalho aqui da Casa. Visto que uma crítica a uma deputada gerou todo um clima de vitimismo pelo fato de ela ser mulher: ela está não sei o quê, a gente precisa de mais mulheres na política, que o espaço, que é isso, que é sexista, e tal etc.

Eu acho que o que a gente precisa de fato é entender que essa vitimização tem tomado cada vez mais espaço dentro das nossas discussões como sociedade, e devemos agora ter esclarecimentos de que esse tipo de conversa não leva a nada. Esse tipo de conversa, pelo contrário, até inferioriza. A mulher tem todo o direito de estar aqui no Parlamento, claro que tem, assim como o homem, assim como qualquer outro porque a gente não discuti nem sexo, nem orientação sexual, nem credo, nem cor. A gente aqui discute legitimidade, representatividade, se presta um bom trabalho frente à população, se consegue ter votos porque conseguiu na representatividade perante a população estar aqui, é merecedor de estar aqui, e ponto final. Não precisa ficar aqui levantando e se fazendo de vítimas: estamos sofrendo isso, sofrendo aquilo, chamar de vagabunda na rede.

Todo dia eu sou xingado nas minhas redes sociais. Para que vou ficar aqui passando o meu drama? Não tenho que passar drama nenhum, não. Tenho que focar em fazer, em resultado e é nisso que estou focado. E espero que essas discussões na nossa sociedade só diminuam e que todos aprendam que o foco tem que ser em trabalho e em resultado, e não ficar de vitimização com questões pequenas que, sim, tiram o foco do que realmente tem que ser discutido. Então é isso mesmo, Coronel. Acho que o senhor apresentou muito bem a crítica porque de fato aqueles policiais que estavam lá e que enfrentaram verdadeiros bandidos são colocados aqui em dúvida.

Está certo, ela tem o trabalho dela de fiscalizar, de ver, porque nenhuma vida deve ser deixada em vão. Não, tem que dar uma olhadinha, tem que ver se está tudo certinho, mas uma coisa é fazer um trabalho regular, de fiscalização, ver se está tudo funcionando corretamente; outra coisa é uma verdadeira defesa a bandidos aqui, àquelas pessoas... Me solidarizo com a mãe. Nós vamos verificar se houve alguma coisa errada, porque, se houver.... O que é isso? Que clima é esse que querem passar aqui para o nosso estado? É amenizar para bandido? É passar pano para bandido? É falar que bandido tem mais direito que policial? Esse pessoal falta entender que policial, quando vai para a rua, luta por ideais, porque ninguém coloca a própria vida em risco por conta de dinheiro, não. Quando os policiais estão lá defendendo a gente, estão lá em risco de vida, nós estamos mais seguros.

Então num primeiro momento é preciso dar parabéns e, sim, há o dever de fiscalizar normal, mas não ficar aqui enaltecendo bandido e colocando um clima de que policial é suspeito, e suspeitos são pessoas, são filhos de alguém, tadinhos. Não, espere aí. Vamos pôr as coisas nos devidos lugares. São heróis que estão lá dando a vida por nós para poder prender bandidos que estão ameaçando toda a nossa sociedade.

Parabéns pelo posicionamento. Solidarizo-me com V. Exa. em razão dessa vitimização que fizeram em cima de uma crítica legítima do senhor.

O deputado Coronel Sandro – Obrigado, deputado Bartô. O interessante, deputado Bartô, é que todos nós, que ocupamos um cargo aqui, no Parlamento, ainda mais um cargo de destaque, como este de deputado estadual, independentemente de sermos homens ou mulheres, estamos expostos, somos pessoas públicas. Somos expostos pela TV Assembleia, pela mídia, pelas redes sociais. O que eu recebo de ofensa e xingamento em rede social... Não dou conta! Agora, por isso vou ficar me vitimizando, dizendo que sou um coitadinho, que é por causa da minha condição de deputado? Claro que não! Faz parte! Quem se dispõe a ser uma pessoa pública está disposta a sofrer ataques. E esses ataques vêm em forma de críticas, de ofensas, de ameaças, que, na maioria das vezes, não são concretas, são palavras vãs, mas, sim, no guarda-chuva bem aberto, são ataques.

Essas deputadas, que hoje têm até uma frente parlamentar, a Frente Parlamentar em Defesa das Mulheres, elas não estão aqui porque são mulheres, não. Elas não foram eleitas porque são mulheres; foram eleitas porque desempenham um papel relevante para um grupo de pessoas da sociedade que acreditaram nelas. E é meritório, é louvável. O que não vale é, chegando ao Parlamento, qualquer senão, qualquer debate mais renhido – e não é exceção deste Parlamento, isso acontece com muita frequência – alegar-se que está associado a uma minoria de mulheres, que mulheres são assassinadas... Olhe aonde chegaram: falaram aqui em assassinato de mulheres, em gatilho de violência. Eu fico pensando: esse pessoal está vivendo em Nárnia, no mundo de Nárnia, porque não tem lógica!

Nós estamos aqui numa realidade, debatendo fatos e ideias. Fatos são materializados nas ações dos parlamentares; as ideias vêm por trás desses fatos. E a nossa função aqui, dentre várias outras, é, sim, debater e enfrentar ideias com as quais nós não concordamos. Se um deputado for calado... E é isto que essa minoria esquerdista quer fazer: calar aqueles que discordam das suas pautas e das suas ideias.

Contra mim já houve essa ação dessa deputada da bancada vermelha, que queria me processar. Tomou de 26 a 0 lá no tribunal. Não é crime, é o meu direito de expressar minha opinião. Outra deputada da bancada vermelha entrou com uma ação contra mim no Conselho de Ética. Essa ainda não andou, não sei o que aconteceu, mas vai dar a mesma coisa. É a minha liberdade de expressão, e, no que eu disse, não há ofensa. É uma contraposição às ideias com as quais não concordo, porque são absurdas.

Querem instituir no Brasil – e aqui também – uma ditadura de minoria, sem entender que uma maioria existe para governar, respeitando, naturalmente, os critérios democráticos que protegem as minorias. Só que eles não concordam. Qualquer coisa... Eu disse e repito: “Sou a principal vítima da bancada vermelha aqui”. Qualquer coisa que eu faça ou se me posiciono contra a ideia de esquerda vem uma esquadrilha de urubus atrás de mim para dizer aqui... E aí se esquecem do debate principal, que deve se dar em torno da ideia. Ela poderia justificar por que convocou audiência pública; ela poderia expor a sua motivação, mas não! Ela se atém ao Regimento: “É meu direito fazer...”. Ora, é direito, e eu posso convocar reunião aqui para tudo também. Mas cadê a ideia de defesa? Ela não apresenta. E aí se escuda em argumentos simplórios – para não dizer de má-fé –, como o fato de ser mulher, ser negra; diz que é misoginia, que a gente quer calar as mulheres aqui, no Parlamento. É o contrário. Quem faz isso quer calar aqueles que se contrapõem às ideias com as quais não concordam, e é isso que vai acontecer. Daqui a um tempo, vamos ter que ficar caladinhos aqui, escutando qualquer coisa que um deputado do sexo feminino falar ou propuser, sem poder rebater, sem poder criticar, senão vamos ser tachados de homofóbicos – homofóbicos não, porque não é o caso –, de misóginos e, se ela for negra, de racista, e por aí afora. Então olhe para onde estamos caminhando com esse politicamente correto, que infelizmente é uma lástima para todos nós.

Sr. Presidente, para encerrar – sei que o tempo já se esgotou –, quero agradecer o tempo a mim destinado e dizer que essa bancada vermelha jamais vai me calar aqui dentro. Eu vou me contrapor a qualquer ideia com a qual eu não concorde, seja do parlamentar do sexo masculino ou do sexo feminino, porque isso para mim não importa; eu discuto aqui ideias. Muito obrigado. Obrigado ao nosso líder Cássio Soares por ter me disponibilizado o tempo de fala de acordo com o art. 70 do Regimento.