DEPUTADO CÉLIO MOREIRA (PSDB)
Discurso
Comenta plebiscito realizado em Portugal que decidiu pela legalização do
aborto. Comenta entrevista do Presidente da Companhia Brasileira de Trens
Urbanos - CBTU -, João Luiz da Silva Dias, sobre a construção do metrô no
Município de Belo Horizonte.
Reunião
4ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 1ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 23/02/2007
Página 39, Coluna 2
Assunto RELIGIÃO. SAÚDE PÚBLICA. TRANSPORTE.
Aparteante EROS BIONDINI, ADEMIR LUCAS.
Legislatura 16ª legislatura, 1ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 23/02/2007
Página 39, Coluna 2
Assunto RELIGIÃO. SAÚDE PÚBLICA. TRANSPORTE.
Aparteante EROS BIONDINI, ADEMIR LUCAS.
4ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª
LEGISLATURA, EM 13/2/2007
Palavras do Deputado Célio Moreira
O Deputado Célio Moreira - Sras. Deputadas, Srs. Deputados,
telespectadores que nos acompanham pela TV Assembléia,
funcionários desta Casa, dois assuntos que julgo da maior
importância trazem-me à tribuna nesta tarde de terça-feira. Um
deles é a preocupante tendência mundial favorável ao aborto, que
tem agora a adesão de Portugal, que deverá ser o próximo país a
adotar essa prática condenável.
Em plebiscito realizado recentemente naquele país, saiu vencedor
o “sim” à liberação do aborto. Dos eleitores que participaram da
consulta popular, entre 57% e 61% disseram-se favoráveis ao
assassinato de fetos até a décima semana de gravidez, contra 39% e
43% dos portugueses contrários, segundo pesquisa divulgada esta
semana pela Radiotelevisão Portuguesa.
Embora o comparecimento às urnas tenha sido aquém do exigido, o
Primeiro-Ministro português, o socialista José Sócrates, já
anunciou sua decisão de modificar a atual lei, que trata da
questão. O aborto em Portugal já é permitido em caso de estupro,
malformação do feto e risco físico para a mãe. O aborto é
permitido em 23 países da União Européia, com ressalvas, mas o que
me preocupa é que, num país de origem católica como Portugal,
responsável pela cristianização deste país, sua sociedade faça uma
opção tão repugnante como o aborto.
Mais triste de se constatar é que talvez essa decisão tenha como
conteúdo apenas a vaidade dos portugueses de mostrarem-se
liberais, como vários irmãos europeus, em sua determinação de se
desvencilhar do estigma de filho bastardo da Europa. Temo que a
adesão daquele país a essa prática tão condenável venha fortalecer
ainda mais os argumentos já apresentados aqui, em ocasiões
diversas, por grupos políticos e da sociedade civil, que tentam
impor essa prática também em nosso país.
Nós, que somos cristãos e católicos e que procuramos zelar pelos
valores éticos e morais da vida neste país, não vamos esmorecer
diante de qualquer tentativa de se descriminalizar o que é, na
verdade, um crime hediondo. Matar fora ou dentro do ventre, no meu
entender, é igualmente criminoso e detestável. Nenhum argumento me
convence da necessidade de se adotar como natural o assassinato de
fetos. Mesmo em casos de malformação fetal ou gestação conseqüente
de estupro, não nos cabe condenar à morte principalmente quem não
pode defender-se. Não podemos ser juízes na avaliação sobre quem
deve ou não nascer. É assim que penso, e esta é uma de minhas
lutas.
Sr. Presidente, Deputados André Quintão, Ademir Lucas e Eros
Biondini, outra questão a cujo comentário não posso me furtar é a
recente entrevista do Sr. João Luiz da Silva Dias, Presidente da
CBTU.
O Deputado Eros Biondini (em aparte) - Deputado Célio Moreira,
comungo com seu veemente posicionamento contra esse atentado à
vida: a legalização do aborto em qualquer situação.
Estamos lançando a Frente Parlamentar em Defesa da Vida. Temos
que levantar essa bandeira, enquanto alguns defendem a morte, o
aborto. Quanto a essa questão, temos de nos posicionar. Somos
conscientes de que a vida do ser humano precisa ser preservada,
sobretudo quando ele se encontra em uma fase mais frágil. A pessoa
nasce e, depois de algum tempo, consegue se defender, mas isso não
ocorre com os seres mais desprotegidos. Não queremos, contudo,
culpar nem condenar as mulheres, que também sofrem agressão e
violência.
Parabenizo-o pelo seu pronunciamento. Essa indignação precisa
chegar a todos os lugares, de modo a tocar os corações de todas as
pessoas. Parabéns!
O Deputado Célio Moreira - Obrigado, Deputado Eros Biondini, que
também é um defensor da vida. Juntos lutaremos, nesta Casa e em
Brasília, na Frente Parlamentar em Defesa da Vida, contra o
aborto.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, como disse, comentarei a
entrevista do Sr. João Luiz da Silva Dias, que mais uma vez veio a
Belo Horizonte contar mentiras, lorotas. Refiro-me à novela da
carochinha que já dura 24 anos, ou seja, à novela do metrô de Belo
Horizonte. Para justificar mais uma demonstração de descaso do
governo federal com nosso metrô, particularmente com a Linha 2,
Calafate-Barreiro, volta com a conhecida e manjada cantilena de
que a referida obra foi iniciada sem projeto e por isso não anda,
não conta com a injeção de recursos.
Tive a oportunidade de falar com o Sr. João Luiz, que
naturalmente chamou de incompetentes e irresponsáveis os
engenheiros da CBTU que fizeram a estação da Amazonas. Agora,
milhões são jogados não no ralo, mas no bueiro. O Deputado Ademir
Lucas, cuja esposa, Deputada Vanessa Lucas, na legislatura
passada, defendeu a questão do metrô, e o Deputado Carlin com
certeza querem que o metrô chegue a Contagem, a Betim, a Neves e a
Sete Lagoas.
Todavia, o Presidente Lula, em sua fala, insinua que temos de
acabar o que foi iniciado. Os metrôs de outras cidades, de outras
capitais recebem milhões em recursos, enquanto o metrô de Belo
Horizonte fica nessa situação. Na verdade, os Deputados e
Senadores aprovam os recursos no orçamento, que depois são
contingenciados, e a obra não se realiza. Desse modo, empurra-se a
questão com a barriga.
Dos R$186.300.000,00 destinados pelo governo no Plano de
Aceleração de Crescimento - PAC - à Linha 2, apenas
R$42.300.000,00 deverão ser aplicados, conforme admitiu o próprio
Presidente da CBTU. Quanto a esse aspecto, não há novidade. Desde
que o Presidente Lula se instalou no governo, essa tem sido a
prática comum: contigenciamentos astronômicos, quando se trata do
metrô de Belo Horizonte.
Dizer mais o quê, a essa altura, depois de uma luta tão arrojada
travada pela Comissão de Transporte e pela Comissão Especial do
Metrô, sob a minha Presidência, sem ganho algum?
Participamos de reuniões na Comissão de Infra-Estrutura do Senado
para debater o assunto. O Presidente da CBTU mentiu para os
Senadores e para o Presidente em exercício, José Alencar, ao
afirmar que o recurso estava liberado, pois constatamos que não
havia nada. Nem mesmo aquele dinheiro dos sinalizadores.
Dizer mais o quê, a esta altura, depois de uma luta tão arrojada?
Uma coisa está absolutamente clara: o governo federal vem
cozinhando em banho-maria a obra das Linhas 2 e 3, esperando que
seja regionalizada, com transferência dessa responsabilidade para
o Estado e para as Prefeituras de Belo Horizonte, Contagem e
Betim.
O investimento previsto no PAC para nosso metrô é um acinte à
comunidade da região do Barreiro, já manipulada tantas vezes nesse
governo, com argumentos e promessas eleitoreiras que nos humilham
e nos ferem.
Esta não é uma luta vencida pelo governo e pela CBTU. Temos de
continuar tentando fazer com que o governo pelo menos conclua as
Linhas 1 e 2, no trecho Calafate-Barreiro.
Convenhamos, 30 meses é tempo demais para se fazer um simples
traçado de um percurso de 9km do complexo viário que vai
interligar a região do Barreiro ao Bairro Calafate. E o pior: não
temos certeza ou garantia de que esse projeto será executado ou
será apenas um ensaio de mais um capítulo dessa longa e entediante
novela chamada metrô.
O Deputado Ademir Lucas (em aparte) - Muitas vezes, as pessoas
perdem a memória com o tempo. Esse João Luiz da Silva Dias é um
filhote da ditadura. É o mesmo João Luiz da Metrobel, que fechava
e abria rua e fazia o que queria em Belo Horizonte, na época da
ditadura. Portanto, sua formação é autoritária.
Promovemos debates acirrados sobre esse assunto, pois ele
desprezava o Prefeito de Belo Horizonte, que era nomeado, e fazia
o que queria na Capital. Hoje ele sai da ditadura e transita pelo
governo do PT com espantosa facilidade, o que é muito estranho.
Como já fui Deputado e convivi com esse cidadão, não me estranha
o fato de ele prometer e não cumprir. Quem se lembra da história,
sabe o que esse cidadão fez na Presidência da famigerada Metrobel.
Fez e aconteceu nesta Capital. Obrigado.
O Deputado Célio Moreira - Nas audiências públicas realizadas
nesta Casa, na Câmara Municipal e na região do Barreiro, ele
solicitou à comunidade que se mobilizasse, tomasse um ônibus e
fosse a Brasília para pressionar o governo. Foi muita cara-de-pau,
pois os Senadores e os Deputados Federais queriam fazer o povo de
massa de manobra. Aliás, nas audiências públicas realizadas aqui,
não compareceu sequer um Deputado do PT para defendê-lo. Todos
conhecem a história, a incompetência e o enrola e empurra com a
barriga.
A Prefeita de Contagem, que é do mesmo partido do governo
federal, já se manifestou contrária a que o Município assuma
responsabilidades de investimentos na obra. A argumentação da
Marília Campos é a mesma do governo do Estado: a de que não podem
assumir uma obra com recursos próprios e que essa regionalização
só será viável mediante liberação de verba da União.
E Lula tem demonstrado que, quando se trata de transferência de
recursos, seu jogo é pesado. Temos como exemplo o caso da Cide,
que significa uma arrecadação astronômica para os cofres federais,
e esse tributo foi criado para resolver a situação de nossas
rodovias. Porém a União abocanha a maior parte dos recursos,
repassando migalhas para os Estados. Essa realidade está
materializada na situação de nossas rodovias federais, uma
lástima.
O governo do Estado luta por maior democratização de recursos
como contrapartida da desoneração de impostos previstas na Lei
Kandir, mas o governo federal também se impõe em sua determinação
de centralizar recursos.
E nosso metrô é uma das vítimas dessa política centralizadora de
recurso do governo federal, e a isso se soma uma visível má
vontade com a obra, talvez com a preocupação de esvaziar a
possibilidade do sucesso do nosso Governador no próximo pleito
para a Presidência da República.
Talvez tenhamos de esperar por esse tempo para que Minas volte a
merecer o respeito que lhe tem sido sistematicamente negado.
Obrigado, Sr. Presidente e Srs. Deputados.