DEPUTADO BIEL ROCHA (PT)
Discurso
Informa o resultado da Audiência Pública Regional, realizada no Município
de Leopoldina para discutir alternativas para o desenvolvimento
econômico, turístico e industrial da região. Comenta a crise da
Defensoria Pública no Estado, em especial, no Município de Leopoldina.
Comenta a cobrança da taxa de incêndio. Comenta o desastre ecológico
ocorrido no Município de Cataguases. Comenta projeto de lei de redução de
resíduos químicos no Estado.
Reunião
29ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 15ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 11/05/2004
Página 43, Coluna 2
Assunto AUDIÊNCIA PÚBLICA. EXECUTIVO. TRIBUTOS. MEIO AMBIENTE.
Proposições citadas PL 651 de 2003
Legislatura 15ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 11/05/2004
Página 43, Coluna 2
Assunto AUDIÊNCIA PÚBLICA. EXECUTIVO. TRIBUTOS. MEIO AMBIENTE.
Proposições citadas PL 651 de 2003
29ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 15ª
LEGISLATURA, EM 5/5/2004
Palavras do Deputado Biel Rocha
O Deputado Biel Rocha - Sr. Presidente, Srs. Deputados, público
que nos assiste e telespectadores da TV Assembléia, vários são os
assuntos que me trazem a esta tribuna. Tentarei tratá-los da
maneira mais objetiva possível.
Inicialmente, informo a esta Casa que, no dia 30/4/2004, este
Deputado, juntamente à Comissão de Turismo, Indústria e Comércio
desta Casa, esteve, em audiência pública realizada a requerimento
do Deputado Fábio Avelar, na cidade de Leopoldina, localizada na
Zona da Mata. Estiveram presentes este Deputado, o autor do
requerimento, Deputado Fábio Avelar, e o Presidente da Comissão de
Turismo, Indústria e Comércio, Deputado Paulo Cesar.
O objetivo da audiência era discutir, com os convidados, com os
empresários, com os comerciantes e com as lideranças regionais,
opções para o desenvolvimento econômico, turístico e industrial da
região.
Uma unanimidade ficou patente nessa reunião. Deputado Padre João,
é difícil chegarmos a uma conclusão em que a unanimidade impera.
Isso ocorreu quando chegamos à conclusão de que, sem estradas, ou
seja, sem condições de as pessoas irem e virem, não há como falar
em desenvolvimento regional, industrial, econômico e turístico.
Esse foi o assunto abordado.
O Presidente da Agência de Desenvolvimento de Leopoldina e Região
- ADEL -, Dr. Carlos Heleno, ao usar a palavra, reclamou da falta
de infra-estrutura e alarmou os presentes, dizendo que a Zona da
Mata poderia se transformar, em breve, na região mais pobre do
Estado. Ele afirmou que, atualmente, não há nenhum projeto de
vulto em curso nessa região.
A Zona da Mata não se restringe à minha cidade, Juiz de Fora,
pois há mais de 100 outros municípios em situação bastante
precária em virtude das dificuldades de acesso a eles. O
empresário Carlos Heleno defendeu a necessidade de uma política
contínua de desenvolvimento para a região.
Tivemos a honra de contar com a presença do ex-Deputado Bené
Guedes naquela audiência, atual Vice-Diretor do DETEL, que lembrou
que o incentivo aos pequenos produtores e às empresas de fundo de
quintal pode ser uma solução para a geração de empregos na cidade
de Leopoldina, onde é um cidadão bastante presente, e em toda a
região.
Ainda de acordo com o ex-Deputado Bené Guedes, a região tem uma
vocação natural para o ecoturismo, que precisa ser melhor
explorada. Chegou a anunciar a doação, por parte de um grupo, de
um terreno com localização privilegiada na região, que poderá ser
utilizado para a prática de vôo livre, um dos instrumentos de
desenvolvimento e de atração de turistas para a região.
A Comissão teve a oportunidade de informar aos presentes que na
quinta-feira, dia 29, esteve em Belo Horizonte o Ministro dos
Transportes, Alfredo do Nascimento, quando anunciou que, nos
próximos dias, Minas Gerais estará recebendo cerca de
R$140.000.000,00 para a recuperação de parte das estradas do
Estado.
Outra reclamação muito ouvida, feita por empresários,
comerciantes e pequenos produtores, foi com relação às alíquotas
de ICMS praticadas no Estado, que vêm deixando as empresas
instaladas em Minas Gerais em grande desvantagem em relação aos
Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, Estados limítrofes
aos municípios da região de Leopoldina. O Sr. Fernando Junqueira,
Presidente da Rede de Agências de Desenvolvimento da Zona da Mata
e Vertentes, citou, por exemplo, o caso da empresa de sucos Mais,
uma gigante no setor da fruticultura, que saiu de Pouso Alegre, no
Sul de Minas, para se instalar no Estado do Espírito Santo.
Informou também que temos, na região, um dos maiores pólos
atacadistas do Estado, na cidade de Além Paraíba; porém, se
continuar como está, todos vão se mudar para o Rio de Janeiro.
Basta atravessar uma ponte. Apresentou uma proposta, que a
Comissão vai debater nos próximos dias, sobre o tratamento
diferenciado que poderiam ter os municípios limítrofes aos Estados
do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, em relação ao ICMS,
exatamente para poderem competir com os municípios do Rio de
Janeiro, onde o imposto cobrado é bem menor.
O Sr. Fernando Junqueira acredita que o incentivo à fruticultura
é a saída, não só para Leopoldina, mas também para a região -
Cataguases, Além Paraíba, Muriaé. Uma das quatro maiores empresas
de suco do País compra frutas do Nordeste. Havendo incentivo e
apoio por parte dos órgãos públicos, a fruticultura poderá se
desenvolver naquela região.
Outra questão levantada, que será tratada na semana que vem, diz
respeito à Defensoria Pública. Quando voltamos ao interior, sempre
somos procurados pelos Defensores Públicos, que questionam a falta
de estrutura para trabalhar. Muitos Deputados receberam, na semana
passada, a visita de representantes da Associação de Defensores
Públicos; aliás, há um encaminhamento na Comissão de Direitos
Humanos para que, na reunião do dia 19, se não me engano, o Dia
Nacional do Defensor Público fique registrado como um momento de
luta em defesa da Defensoria Pública, que atende as pessoas
carentes com dificuldade de acesso à justiça; e para que se
analise o porquê de a Lei Orgânica da Defensoria Pública, aprovada
por esta Casa depois de um amplo debate com a sociedade e os
Defensores Públicos, não vem sendo implementada, aplicada e
respeitada pelos órgãos públicos do Estado.
Naquela oportunidade, o Sr. Gessy Almeida, Presidente da OAB,
afirmou que a justiça está lenta porque mais de 60% dos processos
são de assistência judiciária gratuita e que não há profissionais
para atuarem em Leopoldina. Portanto, solicitou empenho a esta
Casa não somente na cobrança de concurso público, mas também na
colocação de profissionais da Defensoria Pública naquela região.
Assim, a Comissão de Turismo, Indústria e Comércio aprovou
requerimento em que se solicitam ao Tribunal de Justiça
iniciativas de apoio para que aquela região seja favorecida com a
presença desses profissionais.
Tenho outro assunto a tratar. Apesar de o Deputado Weliton Prado
ter abordado essa questão no seu último pronunciamento, entendo
ser importante informar que, no dia 30 de abril, o Centro
Industrial de Juiz de Fora obteve liminar favorável ao mandado de
segurança por ele impetrado contra o pagamento da Taxa de
Incêndio, proposta pelo Governador Aécio Neves e aprovada conforme
a Lei nº 14.938, de dezembro de 2003. Os beneficiados são os
associados do Centro Industrial e dos 13 sindicatos da indústria
de Juiz de Fora. Segundo o advogado Delmar Monteiro, a
argumentação baseou-se nos subsídios apresentados na ação direta
de inconstitucionalidade ajuizada pelo Bloco PT-PCdoB no Tribunal
de Justiça. A Taxa de Incêndio, como dissemos várias vezes nesta
tribuna, não apresenta característica de taxa, mas de imposto, já
que foi instituída para suprir a necessidade financeira de compra
de materiais e de equipamentos para o glorioso Corpo de Bombeiros.
Porém, a Constituição determina que a segurança pública seja
obrigação e dever do Estado, e não, da sociedade civil. Não cabe
ao cidadão comum, ao dono de mercearia ou de botequim arcar com
essa taxa. Falo em dono de botequim, porque o dono de um botequim
de Juiz de Fora, localizado na periferia, recebeu a boleta para o
pagamento da Taxa de Incêndio. Entretanto, empresas como a
Mercedes-Benz, a Belgo-Mineira e a Paraibuna de Metais, do Grupo
Votorantim, não a receberam. Segundo a Secretaria da Fazenda, o
tratamento é diferenciado para as grandes empresas. Graças a Deus
e à sabedoria das autoridades judiciárias, o pagamento está
suspenso.
Portanto, por solicitação do Bloco PT-PCdoB, as indústrias não
pagarão a Taxa de Incêndio, já que é inconstitucional. O Sr.
Francisco Campolina, Presidente do Centro Industrial de Juiz de
Fora, afirmou que o departamento jurídico precisou usar recurso
extremo, visto que os industriais e os pequenos comerciantes estão
fartos de arcar com o aumento da carga tributária, com impostos e
contribuições de melhoria. Essa vitória pertence às forças vivas
de Juiz de Fora e de municípios como Uberlândia e Araguari.
Segundo informação, a Federação do Comércio também conseguiu a
suspensão da taxa.
Faz hoje um ano que uma grande tragédia se abateu sobre Minas
Gerais. Estamos falando do desastre ecológico de Cataguases.
Manchetes como as do jornal “O Globo”, do dia 4/4/2003,
informavam: “Mancha tóxica deságua no mar” ou “Chuva pode agravar
o maior desastre acontecido no Estado de Minas Gerais”. Um
reservatório que continha resíduos químicos de uma empresa já
desativada rompeu-se, e aquela lama tóxica escorreu para o córrego
Cágado, depois para o rio Pomba, desaguando no rio Paraíba do Sul,
por fim chegando ao oceano Atlântico, acarretando uma mortandade
de peixes nunca vista naquela região. Foi considerado um dos
maiores desastres ocorridos no Estado de Minas Gerais e no Rio de
Janeiro.
Lembro isso, Sr. Presidente, porque tramita nesta Casa um projeto
importante sobre essa questão. A Comissão de Meio Ambiente, tão
logo houve o acidente, esteve no local, sob a Presidência da
Deputada Maria José Haueisen, não só para solidarizar-se com os
pequenos produtores afetados e com a população, mas também para
cobrar dos órgãos ambientais do Estado providências objetivando
evitar situações como essa.
Hoje houve uma audiência pública da Comissão de Meio Ambiente
para debater projeto, que tramita nesta Casa, visando reduzir
esses reservatórios de resíduos químicos de grandes empresas no
nosso Estado. Esse projeto fez-se necessário, Sr. Presidente,
diante da informação, na época, de que os órgãos ambientais de
Minas Gerais não tinham um cadastro, um pleno conhecimento do
passivo ambiental do nosso Estado. Tanto é verdade que, a partir
do ocorrido e por cobrança da Comissão de Meio Ambiente desta
Casa, foi feito um mapeamento, um levantamento, ou seja, um
inventário do passivo ambiental, em particular da existência
desses reservatórios com o lixo e os resíduos das indústrias,
principalmente das de papel e celulose, que são as mais poluentes.
O projeto visa exatamente propor um programa de redução desses
resíduos. Tivemos informação - e vale destacar aqui - de que já
existe tecnologia para isso.
O jornal “Estado de Minas” do dia 28/4/2004 publicou, para honra
de Minas Gerais, que, com o apoio da Universidade de Uberaba, o
pesquisador mineiro Lázaro Sebastião Roberto desenvolveu e
inventou um catalisador para a biodegradação de resíduos orgânicos
e minerais. Trata-se de um catalisador que, em 72 horas, poderá
resolver um problema que levava quatro ou cinco meses para ser
resolvido.
Portanto, gostaria, nesta reunião, de fazer esse destaque e
parabenizar o Sr. Lázaro Sebastião Roberto, mineiro de Uberaba,
pela invenção e produção desse equipamento que resolverá problemas
graves em nosso Estado, no País e no mundo.
Agradeço sua paciência, Sr. Presidente. Espero voltar a esta
tribuna para tratar de outros assuntos.