DEPUTADO ANDRÉ QUINTÃO (PT)
Discurso
Comenta os esclarecimentos pretados pelo Deputado João Leite sobre a
atuação de parlamentares do Partido dos Trabalhadores - PT na Comissão de
Participação Popular da Assembléia Legislativa.
Reunião
90ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 15ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 26/11/2005
Página 47, Coluna 4
Assunto (ALMG). DEPUTADO ESTADUAL. REPRESENTAÇÃO POPULAR.
Aparteante JOÃO LEITE, PADRE JOÃO, ROGÉRIO CORREIA.
Legislatura 15ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 26/11/2005
Página 47, Coluna 4
Assunto (ALMG). DEPUTADO ESTADUAL. REPRESENTAÇÃO POPULAR.
Aparteante JOÃO LEITE, PADRE JOÃO, ROGÉRIO CORREIA.
90ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 15ª
LEGISLATURA, EM 22/11/2005
Palavras do Deputado André Quintão
O Deputado André Quintão* - Sr. Presidente, para continuarmos
este debate e até mesmo para não impedir o raciocínio do Deputado
João Leite, se ele quiser continuar o seu raciocínio, terei o
maior prazer em conceder-lhe aparte para expressar
democraticamente a sua posição. Deputado, fique à vontade e
utilize o tempo que lhe for necessário.
O Deputado João Leite (em aparte) - Agradeço-lhe, pois hoje
tivemos uma mobilização diferente. A Presidência, que não ocupada
pelo Deputado Rêmolo Aloise, mas sim pelo Deputado Rogério
Correia, iniciou os trabalhos, o que impossibilitou utilizarmos o
tempo no qual estávamos inscritos. Parece que houve entendimento.
Então, Deputado André Quintão, queremos saber se se trata de
debate e participação. Se assim o for, todos temos de estar
presentes.
Essa mobilização de hoje, para que apenas os Deputados do seu
partido pudessem ter a fala, é prejudicial. Se fosse o meu
trabalho anterior, diria que houve todo um treinamento para que
não houvesse espaço. Agradeço a V. Exa. por conceder-me
oportunidade para eu completar a minha defesa sobre a participação
popular.
Falarei sobre o que entendo por participação popular e
democracia. Posso até mesmo nesta tarde ser convencido do
contrário, de que é assim mesmo e de que, em uma revisão de plano
plurianual, a Assembléia Legislativa convoca a participação
popular e que a coordenação se dê por Deputados e por assessores
dos gabinetes dos Deputados; entretanto, entendo de outra maneira.
Se temos a participação popular, é para que as pessoas que não
têm mandato e não estão na Assembléia Legislativa tenham
oportunidade de apresentar seus pleitos. Essa é uma marca da
Assembléia. No meu primeiro mandato, acompanhava as audiências
públicas regionais em que discutíamos, em todo o Estado, as
propostas para o orçamento. No governo passado, ainda veio a idéia
do orçamento participativo, que não vingou no Estado, mas era para
as pessoas participarem. Isso é importante. Defendo a participação
popular e a quero.
Hoje, no jornal “Estado de Minas”, a Presidente Maria Tereza
Lara, por quem tenho muito respeito, questiona a minha presença na
Comissão de Participação Popular. No entanto, hoje à tarde, elogia
a presença do meu titular, o Deputado Miguel Martini. O Deputado
Miguel Martini está na Comissão de Participação Popular porque
tenho responsabilidades nas comissões de que sou titular -
Comissões de Meio Ambiente e Recursos Naturais e de Defesa do
Consumidor e do Contribuinte. Tenho de realizar audiências
públicas e viagens. Portanto creio que a crítica não procede.
Quero deixar à disposição do Estado de Minas Gerais, que
represento, a minha presença neste Plenário e nas comissões de que
sou titular, para ser julgado pelo povo. Também desejo a
participação dos Deputados.
Deputado André Quintão, estou sempre pronto para colaborar com os
trabalhos desta Casa. Estou a par do trabalho que a Comissão de
Participação Popular prestou à assessoria do Plenário. São
montanhas de papéis e de pastas, montadas pelos assessores, aqui
ao lado. Em cada uma dessas pastas, são necessárias assinaturas,
primeiro para enviá-las à Mesa, depois quando a Presidente da
Comissão designa os relatores.
Ontem, 43 emendas chegaram ao meu gabinete para que eu as
assinasse. Em 33 delas, estão designados como relatores V. Exa. e
a Deputada Maria Tereza Lara. Reconheço não só o trabalho de V.
Exa. nessa área, como também o da Deputada Maria Tereza Lara, e
respeito a história de V. Exas.
É preciso participação. Se é uma comissão de participação, onde
estão os demais Deputados desta Comissão? Nas 43 emendas, não vi
nenhuma designação do Deputado Miguel Martini como relator. O
Deputado Adalclever Lopes será relator de três emendas e o
Deputado Dalmo Ribeiro Silva será relator de sete. Nas demais, os
relatores são V. Exa. e a Deputada Maria Tereza Lara, e creio que
V. Exa. as relatará muito bem, assim como a Deputada Maria Tereza
Lara, após três mandatos nesta Casa.
Como Presidente de comissão, sempre tive o cuidado de não avocar
para mim... Não há nada no Regimento da Assembléia Legislativa que
diz isso, mas já presido a reunião, tomo várias decisões e ainda
serei relator de matérias importantes? Avoco para mim a relatoria
dessas matérias? Isso é participação? É essa a defesa que faço.
Não abro mão de algo bastante importante. A participação popular é
importante? Fundamental, mas o trabalho de fiscalização da
Assembléia Legislativa também.
Estamos inaugurando um momento importante, com a participação de
várias entidades, na revisão do plano plurianual, no
acompanhamento da execução orçamentária. Discutiremos a
Conferência Estadual de Segurança Alimentar, que possui recursos,
mas é papel desta Casa acompanhar a utilização e o uso desses
recursos públicos. É isso o que pretendemos.
Deputado André Quintão, permanece a crítica que fizemos e
permanece também, com muito respeito, o estranhamento. Tenho aqui
o estatuto, que me chamou a atenção porque, como coordenadora,
estava alguém que parecia pertencer ao Instituto e que também faz
parte da “home page” do Deputado Padre João. O inciso II do art.
3º do Regimento Interno do Instituto de Promoção Humana determina:
“Apoiar, anualmente, no mínimo, 20 projetos de associações de base
comunitária de áreas rurais e urbanas, provindos das 9 regionais
do mandato coletivo e participativo”.
Concordo com o que V. Exa. diz quando apresentamos uma emenda
para determinada Prefeitura, associação ou entidade. Concordo que
isso é política e que a execução desses recursos deve ser
acompanhada. Não há nada em relação a essa questão. Alguém desse
instituto... Coordenar um grupo que está fazendo essa revisão e
cuidando da questão da destinação de recursos... É essa a crítica
que fizemos ao Deputado Padre João, por quem tenho respeito pelo
trabalho que realiza.
Não há nada pessoal; não há, da minha parte, nenhuma acusação
contra o parlamentar. Se assim pareceu, não foi a minha intenção.
Permaneço com uma defesa que fiz, não como Secretário de
Assistência Social do Estado de Minas Gerais, mas como Presidente
do Fórum dos Secretários de Assistência Social do País. A partir
de agora, especialmente, queremos acompanhar, com os outros
Secretários com quem mantenho relação, algo que defendemos sempre.
Defendemos primeiramente os chamados Centros de Referência de
Assistência Social - Crass -, antigos Núcleos de Atendimento
Integral à Família - Naifs -, que depois foram transformados em
Paifs, na época em que a Benedita estava no Ministério. Agora, com
a discussão do Sistema Único da Assistência Social - Suas -, nós,
Secretários, percebemos algo muito importante: a sistematização da
assistência social - que é muito bem-vinda - nos moldes do SUS.
Mas todos os Secretários de Estado faziam a mesma defesa: o modelo
padece do mesmo problema do SUS, que é o financiamento. Qual
dinheiro novo virá para o Suas? Cerca de 90% do Fundo Nacional de
Assistência Social estão comprometidos com o Bolsa-Família. Essa é
uma preocupação. Com a Federação de hoje, os Estados,
principalmente Minas Gerais, que possui 853 Municípios,
conseguirão bancar a implantação de todos esses Crass e financiar
isso sem dinheiro do governo federal?
Agradeço a liberalidade do Deputado André Quintão, que,
regimentalmente, não precisava nos conceder este tempo. Não há da
minha parte nenhuma crítica, repito, à participação popular.
Defendo a participação popular, assim como defendo a participação
dos Deputados na Assembléia Legislativa. Mas que ela seja pura,
que conte com a presença da população de Minas Gerais neste
Plenário. Muito obrigado, Deputado André Quintão.
O Deputado André Quintão* - Obrigado. O Deputado Miguel Martini
também está inscrito, e terei a mesma liberalidade. Aproveito este
diálogo, Deputado João Leite, porque acredito muito na democracia
e acho que este debate pode trazer avanços. Digo e repito a V.
Exa. que talvez o seu pronunciamento tenha sido um dos que mais me
incomodou, porque significou uma discordância profunda e veemente
de um Deputado que respeito há muito tempo - até porque sei de
suas convicções e de seu trabalho. V. Exa., assim como eu e outros
parlamentares, tem ônus eleitoral em conseqüência de bandeiras que
assumiu por diversas vezes. Mas isso não nos permite sair do rumo
das nossas convicções, que são permanentes. Portanto, tenho esse
respeito. Faço questão de frisar esse assunto, porque envolve um
Deputado da nossa bancada que respeito muito.
A Comissão de Participação Popular até hoje não aprovou emenda
específica para nenhuma entidade vinculada a nenhum Deputado.
Sendo assim, essa vinculação do Presidente da Comissão com alguma
entidade ou assessoria foi inconveniente, porque gerou dúvidas que
não podem ser geradas, principalmente por se tratar de um
parlamentar que desenvolve um trabalho muito sério, o Deputado
Padre João.
Mais uma vez, externo essa solidariedade. Foi muito boa a ajuda
do Deputado Padre João e da sua assessoria. Qualquer Deputado pode
também prestá-la. Aí entra uma discordância. Os seminários
legislativos de Comissões desta Casa são coordenados por
parlamentares. Hoje o Deputado Fábio Avelar coordenou a Mesa do
seminário “Lixo e Cidadania”. Ontem, quem a coordenou fui eu;
amanhã, será o Deputado Doutor Ronaldo. É assim. A definição dos
coordenadores nesta Casa... Por isso externei à minha
solidariedade à Gerência de Projetos Institucionais, à
Consultoria. Quero dar testemunho de que os órgãos internos desta
Casa guardam uma defesa institucional da Assembléia. Tenho a
liberdade de dizer que, ontem, numa situação política polêmica,
quando coordenava a Mesa, um determinado servidor me disse:
“Deputado, é melhor tal procedimento para não gerar grande
polêmica política, o que pode comprometer a ordem do trabalhos”.
Ele estava zelando pelo bom andamento dos trabalhos. A assessoria
tem esse cuidado. Muitas vezes somos orientados a não coordenar
quando há dois Deputados do mesmo partido. Eu e o Deputado
Laudelino Augusto fomos os autores do requerimento do seminário
“Lixo e Cidadania”. Pediram-nos: “Um fale em nome do outro”.
Aliás, é difícil para um Deputado proceder assim, pois todos
queremos mostrar o nosso trabalho. Mas poderia parecer uma
partidarização do evento. Portanto, tivemos esse e tantos outros
cuidados.
Então, é feita a distribuição de coordenação de eventos. A GPI
tem essa dinâmica. Há as reuniões preparatórias, para as quais
todos os Deputados são convidados. Há uma escolha dos
coordenadores. Neste ano, foram solicitados coordenadores com
experiência de processos anteriores. Sabemos que há militantes,
pessoas que participam e desenvolvem mais essas habilidades. Para
que não haja dúvida, principalmente para quem assiste à TV
Assembléia, o papel do coordenador é o de coordenar. Todas as
sugestões dos grupos são publicadas no “Minas Gerais” e
transformadas em propostas de ação legislativa - que, neste ano,
foram 214. A defesa da consultoria é um trabalho fenomenal. Cada
sugestão, ainda que não tenha nada a ver com o plano plurianual e
o orçamento, é objeto de parecer, publicada, transformada em
requerimento e encaminhada a um órgão público. A rigor, o
coordenador do grupo faz a inscrição e divide o tempo. Como um
coordenador de grupo pode interferir numa proposta que é acatada
de plano - independentemente do coordenador? Essa proposta recebe
um parecer técnico, que é submetido... É bom quando podemos dizer
e realizar tudo às claras. Esse processo já vem se afirmando.
Todas as proposições são apresentadas no grupo, acolhidas,
publicadas no “Minas Gerais”, numeradas, transformadas em proposta
de ação legislativa e recebem um parecer técnico da consultoria.
Realizamos uma reunião com a presença de Deputados da Comissão.
Todos os Deputados da base foram convidados e justificaram, pois
desejam dar o seu testemunho. O Deputado Miguel Martini também se
preocupa e tem ajudado a Comissão. Conhecemos a nossa rotina.
Quantas vezes desejamos participar de dois eventos importantes,
mas precisamos escolher um. Não podemos estar em dois lugares ao
mesmo tempo. Isso foi dito na reunião. Estavam presentes o
Secretário Tadeu Barreto; o Sr. Bernardo, Diretor de Planejamento;
o Zé Geraldo, representando a maioria; a consultoria e a
assessoria da Assembléia; eu e a Deputada Maria Tereza Lara. Foram
lidos proposta por proposta e o parecer técnico. O governo
ponderava, dizendo que isso atrapalhará o projeto estruturador e
não é possível remanejar. Algumas propostas foram solicitadas a
este Deputado. “Se você negociar recursos com o governo federal e
acelerar convênio, talvez essa proposta seja acatada no caso
específico do Prosam, do Minas Sem Fome”. Quanto à outra proposta,
ficamos felizes porque disseram que o Secretário Anastasia entende
que é preciso mais recursos para o Sistema Único de Assistência
Social - Suas. Isso foi dito no evento.
Foi pedido porque o nosso gabinete tem uma especialização em
assistência social. Eu mesmo sou assistente social e fui
Secretário nessa área. Pediram-nos que ajudássemos na construção
técnica, no PPAG, para adequar o Projeto Estruturador nº 31 às
novas deliberações do Suas. Não me furtei a fazer isso porque sou
um militante da área, defendo isso na minha vida profissional e
política. Portanto, há todo um processo.
Deputado João Leite, as emendas com impacto financeiro foram
resultado desse debate. Eu e a Deputada Maria Tereza Lara
acompanhamos e fizemos os pareceres observando o critério técnico
e a negociação política. Podem perguntar o porquê da negociação
política. Não queremos transformar emenda popular em palanque.
Seria muito bom pegar todas as emendas, dar-lhes parecer
favorável, atacar o governo fazendo um jogo na Casa, como se
alguns Deputados tivessem maior ou menor grau de comprometimento.
Isso não engrandece a democracia.
Não adianta ter uma emenda que vai parar na Comissão de
Fiscalização. Da mesma forma, não adianta ter uma emenda que a
Comissão de Fiscalização empurrará para ser derrotada em Plenário;
ou ainda outra que, ao ser empurrada para o Governador, será
vetada ou sancionada sem a conseqüente execução. Isso empobreceria
o processo de participação, desacreditando-o. Prefiro uma emenda
de R$3.000.000,00 executada, como a que aprovamos para o Suas, a
uma de R$10.000.000,00 para se falar no palanque contra o governo
Aécio Neves. Quem precisa daqueles R$3.000.000,00 opta pela
primeira fórmula. Não quer R$10.000.000,00 aqui na tribuna, seja
na fala de um Deputado da Situação ou da Oposição.
Em seguida, as emendas vão para a Comissão de Fiscalização. É
normal, pois a maioria, nessa comissão, é do governo. O que sai da
Comissão de Participação Popular tende a ser acatado. Digo “tende”
porque, na Comissão de Fiscalização, os Deputados são conscientes
de suas responsabilidades e podem aperfeiçoá-las. Isso faz parte
do jogo. Zelamos para haver uma seqüência. A Comissão de
Fiscalização Financeira - elogiei-a aqui -, desta vez participou
conosco do processo, até mesmo para que tivéssemos uma co-
responsabilização nessas emendas. O processo é muito aberto e
bonito.
Depois se comunicará às entidades o que foi aprovado ou
rejeitado. Desenvolvemos, aqui na Assembléia, um sistema de
acompanhamento da execução orçamentária. Os movimentos começam a
acompanhar a aplicação daqueles recursos, se estão sendo aplicados
ou não.
Então, Deputado, não sei como um coordenador de um grupo - ainda
mais da estatura moral, profissional e política como a do Deputado
Padre João - pode “interferir”, entre aspas, para usar o termo que
V. Exa. usou, “aparelhar uma comissão ou um processo”.
A minha veemente indignação, diria, é porque é muito difícil
construir a democracia participativa. É muito difícil convencer as
pessoas de que participar vale a pena. V. Exa. sabe disso. Então,
quando uma comissão é colocada em xeque-mate, temo, não por nós do
PT, porque isso pode virar bandeira política.
Deputado João Leite, lembro-me de que, na Câmara Municipal,
quando eu era Vereador, um determinado colega apresentou uma
proposta de extinção dos Conselhos Municipais de Belo Horizonte.
Não é o caso de V. Exa., já que criticou um processo. Veja bem,
fazemos reuniões com centenas de pessoas. Não levamos o processo
muito à frente, pois o próprio Vereador retirou o projeto,
portanto, não foi colocado em votação. Aquilo serviria até de
palanque para quem quisesse defender os Conselhos. Não é o nosso
caso, pois essa Comissão é da Assembléia, não dos Deputados Padre
João, André Quintão e Maria Tereza.
Há grande investimento nesse processo. Temos o Parlamento Jovem,
parceria da PUC-Minas e que está na sua 3ª edição, que tem
mobilizado centenas de jovens, envolvendo a Escola do Legislativo
e com a chancela do Reitor. Imagine se essa idéia de comissão
aparelhada, vinculada a partido, somente começar a vigorar
partindo, inclusive, de um Deputado respeitado, que tem audiência
na sociedade mineira e que acredita na área social?
A área social tem recebido poucos recursos. No entanto, alguns
jornalistas questionam o fato de haver muitos recursos populares
para a área social, o que me alegra. Então respondo que a área
popular é a que mais participa. As áreas que mais participam são
as de segurança alimentar, da criança e do adolescente, da
assistência social e, agora, a área dos direitos humanos. Isso
porque são áreas que, historicamente, possuem menos recursos.
Os projetos estruturadores do plano plurianual este ano - os 31 -
tiveram, em média, 52% de aumento. O projeto 31 teve redução de
RS25.000.000,00 para R$22.000.000,00.
Então, na discussão das emendas, estabelecemos um critério. Na
análise das propostas, resolvemos acolher a que recompunha o
orçamento em relação às áreas que já tinham muitos recursos e às
áreas com recursos diminuídos, como a área da assistência social e
a área da criança. Não é por causa do PT, e sim porque são áreas
mais organizadas e que fizeram conferência.
O pessoal da área da assistência, após a conferência, tomou em
mãos o plano plurianual, com auxílio da Escola do Legislativo e da
nossa Consultoria e assessoria, e comparou as deliberações da
conferência com o plano plurianual, para que a feitura das emendas
fosse feita de forma técnica. Fizemos uma capacitação aberta na
Assembléia. Fico muito indignado, porque tudo foi feito de maneira
transparente.
O setor de Capacitação - GPI - enviou convite para todo mundo.
Não estou falando só de Deputados, mas também das entidades que
participam de todos esses fóruns. Houve áreas que se organizaram
para apresentação de emendas, como o pessoal do Sul de Minas. A
segurança alimentar - vamos agora aprovar a Lei Orgânica de
Segurança Alimentar - solicitou mais recursos para o Prosan.
Quando um processo como esse é colocado em dúvida, isso é muito
ruim para o seu prosseguimento e para a Comissão.
O Deputado Padre João (em aparte) - Obrigado. V. Exa., como
Líder, já explicou muito bem o processo.
Gostaria de destacar o trabalho do grupo que coordenei, baseado
nos programas estruturadores do governo. O meu grupo está ligado
às Secretarias de Agricultura e Meio Ambiente.
Como V. Exa. muito bem já destacou, o coordenador do grupo foi
quem menos falou, quem teve menos espaço para falar. Contamos com
a participação do Secretário de Agricultura, Deputado Federal
Silas Brasileiro, que foi quem ocupou grande parte do espaço. O
mesmo aconteceu com o IEF, o IMA e a Emater. Ou seja, quem teve um
espaço maior foram as Secretarias de Estado, como a Secretaria de
Agricultura e a Secretaria de Meio Ambiente, e os órgãos ligados
às respectivas Secretarias.
Todas as propostas que saíram dali vieram para o Plenário e foram
acolhidas de plano. A discussão foi feita apenas em relação ao
critério de execução.
Os avanços em relação ao “Minas sem Fome” só foram possíveis com
recursos do governo federal, por meio de emendas de Deputados
Federais. A única contrapartida do governo do Estado foi com
relação à força de trabalho dos servidores da Emater.
Infelizmente, este ano, nenhuma das entidades foi contemplada pelo
Prosan. Todo recurso chegou aos Municípios por via da Emater.
Aí, sim, temos de fazer uma discussão política muito mais séria
sobre o aparelhamento de determinadas Secretarias de Estado, como
as Secretarias de Saúde, de Obras, entre outras. Mas os Deputados
nem sequer conseguem uma agenda com os Secretários.
Essa é de fato uma agressão à democracia, aos Deputados e a
outros setores da sociedade. Quanto à vinculação do Instituto de
Promoção Humana, faço um apelo à Casa - e quero que isso conste em
ata - para que analise tudo e tome as medidas cabíveis. Muito
obrigado.
O Deputado André Quintão* - O Deputado questionou a Cibe. Já
disse anteriormente que a composição é a seguinte: três do governo
e seis de Municípios. Podem ser de quaisquer partidos e serão
escolhidos pelo conjunto dos gestores. A coordenação é de uma
servidora da Sedese, ou seja, a Sedese coordena a Cibe. O conselho
é paritário.
Tivemos R$1.000.000,00 a mais para a assistência no orçamento de
2003 a 2004. De 2004 para 2005, tivemos R$2.110.000,00. Somados à
área da criança, teremos R$3.450.000,00. Estão projetados para
este ano R$4.672.000,00, principalmente para o Projeto nº 31.
Podem perguntar o porquê desse projeto, e respondo que isso se
deve ao fato de ele ser de iniciativa popular. Assim os movimentos
tomam mais conta dele. O governo está diminuindo recursos, e a
tendência é buscar ampliá-los.
Colocados os recursos no projeto, quais são os critérios? Não
pode haver dúvidas a esse respeito. Fiquei muito indignado, ao ler
a reportagem, porque parecia que priorizávamos aqui a emenda, que
ia para o fundo, fazíamos qualquer tipo de acordo com o conselho,
e depois isso ia para a Prefeitura do PT. Isso foi dito.
Pois vejam. Todos os critérios foram estabelecidos em resoluções.
Programa de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual -
conseguimos aumentar seus recursos, incluindo-se a participação do
governo federal. Critérios: Resolução nºs 10, de 24/8/2005, e 14,
de 15/9/2005. Esses são os critérios para a implantação dos
centros de atendimento do Programa Sentinela: distância máxima de
70km do centro de referência; pactuação entre os Municípios
envolvidos; existência de diagnóstico de abuso e exploração
sexual; concordância do Município em ser sede do consórcio;
existência de conselho, fundo, plano de assistência social,
conselho tutelar, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e
diretrizes estabelecidas pelo Ministério.
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil - PET. São 48
Municípios beneficiados. Critérios: Municípios que ainda não
possuem o PET, têm muito lixão, exploração sexual, comércio de
drogas, garimpo e carvoaria. Número de crianças ocupadas.
Indicadores do Observatório de Políticas Públicas da PUC. Metas
demandadas pelos Municípios à Sedese. Foi a Sedese que apresentou
esses critérios na Cibe, e todos foram aprovados.
Centro de Referência de Assistência Social. Critérios: Resolução
nº 94, de 10/11/2005: porte dos Municípios, nível de habilitação à
gestão municipal, números absolutos e relativos de famílias
pobres, renda “per capita” igual ou inferior a meio salário
mínimo, Municípios não beneficiados pelo governo federal com o
Programa de Atendimento Integral à Família. Relação de Municípios
beneficiados pelo MDS para a expansão do programa.
O Cras receberia do governo estadual R$20.000,00 para despesas
com material permanente e equipamentos. Essa foi uma resolução
aprovada pelo Conselho Estadual, cuja metade dos membros, como já
disse, é do governo. Isso é bom para divulgarmos o trabalho da
Assembléia. Os Municípios foram beneficiados graças ao esforço de
todos os Deputados e Deputadas da Assembléia Legislativa e da
Comissão de Participação Popular.
Caso aprovemos mais R$3.000.000,00, para o ano que vem, como
desejam a emenda popular e a Comissão, já contando com o aval do
Secretário de Planejamento, talvez possamos beneficiar mais 142
Municípios. Já foram beneficiados os seguintes: Águas Formosas,
Padre Paraíso, Malacacheta, Varzelândia, Conceição do Mato Dentro,
Arinos, Itacarambi, Itinga, Peçanha, Ladainha, Água Boa, Ervália,
Montalvânia, Sabinópolis, São João Evangelista, Poté, Mato Verde,
Jacinto, São Domingos do Prata, Tarumirim, Santo Antônio do
Jacinto, Virgem da Lapa, Santana do Paraíso, Rio Vermelho, Santa
Maria do Suacuí, Capitão Enéias, Barroso, Ponto dos Volantes,
Águas Vermelhas, Grão Mogol, Mirabela, Comercinho, Turmalina,
Chapada do Norte, Resplendor, Açucena, Rubim, Lajinha, Rio
Piracicaba, Itanhomi, Ipanema, Simonésia, Riacho dos Machados,
Rubelita, Guaraciaba, Campina Verde, Nova Era, Felixlândia,
Berilo, Novo Oriente de Minas, Jordânia, Bom Sucesso, São João das
Missões, Itaipé, Ubaporanga, Icaraí de Minas, Palmópolis,
Ninheira, Machacalis, Verdelândia, Santana do Pirapama, Cônego
Marinho, Santa Helena de Minas, Fronteira dos Vales, Vargem
Alegre, Amparo do Serra, Materlândia, Prados, Naque, Dores do
Turvo, Capela Nova, Dom Cavati, Piedade do Gerais, Pingo-d´Água,
Sem-Peixe, Almenara, Bocaiúva, Novo Cruzeiro, Esmeraldas, Rio
Pardo de Minas, Brasília de Minas, João Pinheiro, Diamantina,
Santos Dumont, Várzea da Palma, Coração de Jesus, Taiobeiras,
Mariana, Buritizeiro, Capelinha, Pedra Azul, Jequitinhonha,
Mantena, Jaíba, Medina, Itaobim, Francisco Sá, Caraí, Manga, São
João do Paraíso, Itambacuri, Serro, Campo Belo, Carlos Chagas,
Guanhães, Congonhas, Aimorés, Raul Soares, Frutal, Mutum, Caeté,
Carandaí, Espinosa, Itamarandiba, Monte Azul, Januária, São
Francisco, Janaúba, Itabira, Coronel Fabriciano, Muriaé,
Caratinga, Paracatu, Vespasiano, Curvelo, Ituiutaba, Ubá,
Pirapora, São João del-Rei, Uberlândia, Juiz de Fora, Santa Luzia,
Barbacena, Sabará, Divinópolis, Conselheiro Lafaiete, Patos de
Minas, Araguari, Teófilo Otôni, Montes Claros, Ribeirão das Neves
e Belo Horizonte.
Desses 142 Municípios, 24 são governados pelo PT. Ou seja,
critérios universais foram aplicados. Eles disporão de recursos
para equipamento. Depois, foi liberado recurso estadual para a
implantação de dois novos Cras em 26 Municípios; desses, 3 são
governados pelo PT.
Há Municípios, com 40 mil a 50 mil habitantes, que dispõem de
dois centros. Belo Horizonte, governada pelo PT, possui 2.200.000
habitantes e 3 centros. Ela deveria ter 40, seguindo-se o critério
da proporcionalidade, mas dispõe de apenas um a mais do que as
cidades com 40 mil habitantes. Isso é priorizar uma cidade
governada pelo PT? E a Capital poderia serpriorizada, porque o seu
número de pobres, infelizmente, ainda é muito grande.
Isso foi publicado no “Minas Gerais”. Trata-se de resoluções
públicas. As emendas são aprovadas pelos Deputados, e todas as
propostas são acolhidas. Como agir indevidamente para beneficiar
as Prefeituras do PT? Esse foi o centro da crítica, porque,
sinceramente, todos nós coordenamos grupos e vários eventos
legislativos da Assembléia. O centro da crítica foi exatamente o
aparelhamento dos conselhos e a forma de aprovação de emendas para
beneficiar as Prefeituras do PT.
Então, isso não procede. Gostaria que o Deputado refletisse sobre
isso. Antes de conceder aparte ao Deputado Miguel Martini, reitero
que continuo com o mesmo juízo do ponto de vista de compromissos e
de trajetória. Disponho-me a conversar pessoalmente sobre o
aperfeiçoamento do funcionamento da Comissão e os seus
procedimentos. É muito ruim quando um trabalho construído por
muita gente é colocado em cheque indevidamente. A crítica faz
parte, e temos de estar abertos para recebê-la. Faço uma
autocrítica não a mim, mas ao conjunto da Assembléia. Outras áreas
desta Casa, do ponto de vista da atuação dos Deputados, necessitam
de um investimento maior para participar do PPAG. Sinto que as
áreas vinculadas à logística, ao transporte e ao desenvolvimento
econômico ainda têm uma participação restrita, porque têm um
acesso direto aos mecanismos decisórios do governo.
Quem não tem vem aqui; vêm os pobres, as creches, os asilos, o
pessoal da segurança alimentar, da área da criança. Mas seria bom
que os outros segmentos empresariais, econômicos e financeiros do
Estado também participassem. Seria bom descentralizar esse
processo para as regionais. Quando era Presidente, já sugeri a
descentralização, mas os técnicos da Assembléia, ciosos da questão
política, disseram que, se eu fizesse isso, quem estivesse se
empenhando mais na Comissão rodaria o Estado coordenando
audiências públicas, o que criaria um fuzuê político. Tinha razão.
Precisamos construir a pluralidade da Comissão com todos os
Deputados, para que haja comprometimento de todos.
Já propus ao Presidente que fizéssemos esse debate
descentralizado, mas para isso precisamos de todos os Deputados.
Não seria justo que cinco Deputados coordenassem todo um trabalho
de orçamento do Estado nas regiões, sendo que em muitas não temos
um trabalho mais aprofundado. Penso que precisamos regionalizar,
pois o debate ainda fica muito centralizado em Belo Horizonte.
Outras áreas precisam ser mais mobilizadas.
A capacitação deve continuar, pois está dando muito resultado.
Algumas emendas populares chegaram até com o número da ação,
finalidade, tudo. O pessoal estudou, fez reunião, freqüentou a
Escola do Legislativo, capacitou-se. Esse trabalho deve ser
ampliado.
Críticas dessa natureza são sempre positivas. Mas o processo foi
colocado em suspeita, como se houvesse manipulação partidária.
Isso não é verdade, como os dados provam. Por isso não quis fazer
discurso retórico. Quis mostrar resoluções publicadas no “Minas
Gerais”, que evidenciam que 80% das cidades beneficiadas são da
base de apoio do governo Aécio Neves, do ponto de vista do comando
da gestão municipal. Os Conselheiros estaduais são pessoas sérias.
Há aqueles que nem têm partido político e que se dedicaram a vida
toda a isso. Mas, se um processo ampliará recursos para a área da
assistência social, lógico que serão adeptos e fortalecerão a
Comissão, independentemente de serem filiados ou não a partido
político. Falar que os conselhos são manipulados é um ataque aos
Conselheiros. É incorreto, é fazer pouco da consciência dos
Conselheiros. Talvez a intenção tenha sido atacar o PT, mas,
quando esse tipo de crítica é feita, atinge o Conselheiro
indiretamente, como se o Conselheiro fosse manipulado. A área da
assistência social cresceu muito; as pessoas não estão mais
pedindo favores a políticos, mas sim exigindo direitos. A
Assembléia está fazendo sua parte. Depois do PPAG, a requerimento
da Deputada Elisa Costa, com nossa participação, foi realizado
neste Plenário, com a presença do Ministro Patrus Ananias, um
debate com mais de mil representantes, exigindo mais recursos em
todos os níveis - federal, estadual e municipal - para a área da
assistência social. Essa área está mobilizada.
Deputado, usando um jargão comum a nós dois que somos amantes do
futebol, e com a liberdade que tenho com V. Exa., penso que V.
Exa. fez um gol contra. Foi um gol contra a Assembléia, porque é
ela que cresce com esse processo. Foi um gol contra a política de
assistência, contra a democracia participativa. Foi um gol contra
nosso convívio, ao levantar suspeição sobre a participação de um
Deputado coordenando um grupo. Gol contra faz parte da vida. Muito
zagueiro fez gol contra, mas depois salvou nosso glorioso time
muitas outras vezes. Um gol contra não invalidará nossa construção
política na Assembléia.
Para isso, precisamos desse debate, dessa conversa. Faço isso com
veemência, mas com muita tranqüilidade, porque não quero que a
assistência social perca recurso este ano. Não quero que as
emendas sejam prejudicadas; que, no ano que vem, outras pessoas
não participem porque leram essa reportagem; que essa Comissão
seja estigmatizada. Por isso disse de uma área em que nós dois
temos afinidade: a área em que V. Exa. milita e que todos nós
defendemos. Aliás, o nosso Deputado Durval Ângelo preside a
Comissão que ficou estigmatizada pela manifestação indevida de
muitos setores. Muitos dizem, por exemplo, que quando defendo o
Estatuto da Criança e do Adolescente defendo o adolescente
infrator. Tenho a coragem de dizer que não, que o estatuto precisa
ser colocado em prática. Já fiz esse debate aqui, com Deputados
que possuem outra visão. Mas o estatuto ficou com o estigma de ser
a lei que protege o adolescente que comete ato infracional.
Não podemos rotular nenhuma Comissão, porque eu passo, o Padre
João passa, assim como V. Exa. Todos nós somos passageiros. Temos
de fortalecer a Comissão de Participação Popular. Quem a acompanha
sabe que não há manipulação, que tudo que ali chega é discutido. É
lógico que cheguem mais propostas de uma área que de outra. É
lógico que os Deputados sejam atores políticos.
Sou militante da área social. Defendo a ampliação do orçamento
para as áreas social, da criança e do adolescente, de segurança
alimentar e de direitos humanos e de assistência. Na discussão do
orçamento, farei de tudo para ampliá-lo. Defendo ainda a educação
infantil. E, quando há processos públicos, ajudo na mobilização,
porque é importante, assim como quando há orçamento participativo.
Infelizmente, no Brasil, há a cultura de que o que é valorizado
politicamente é a obra, que também é importante. Muitas vezes, na
visão conservadora dos políticos, atender a criança e a educação
infantil, matar a fome, cuidar das famílias, não gera voto.
Deputado Gilberto Abramo, V. Exa. tem o mesmo compromisso e sabe
que, muitas vezes, uma rede de ações preventivas pode salvar uma
família do alcoolismo, da desagregação, do tráfico. Mas são
políticas públicas, cuja autoria política não será identificada.
Se é pintado o meio-fio de uma rua, seus moradores logo
identificam o político autor do benefício. Por essa razão, às
vezes o político prefere jogar dinheiro nisso. Não julgarei o
mérito da questão, se os recursos devem ser destinados a isso ou
àquilo. Mas acho que se deve investir na área social. Sou um ator
político e defenderei recursos para essa área, não tenham dúvida.
Se houver um processo público, o defenderei. É lógico que, na
Comissão de Fiscalização Financeira, defenderei as emendas
populares da área social, como as do turismo, do café, do “Minas
sem Fome”, porque são emendas aprovadas na Comissão. E, quando
chegarem ao Plenário, também defenderei as emendas da área social.
Mas isso não significa, em nenhum momento, nenhum tipo de
aparelhamento.
Os Deputados que conhecem a Deputada Maria Tereza Lara e a mim
sabem como me conduzi nestes dois anos, valorizando sempre a
Assembléia, reconhecendo o trabalho da Mesa diretora, valorizando
o trabalho coletivo e o principal ator: a população organizada. Se
não houvesse as 583 entidades e as pessoas inscritas este ano, não
teriam sido apresentadas 214 sugestões. Esses são os principais
partícipes do processo.
Considero as ponderações injustas e indevidas, mas “fazem parte”.
Quantas vezes erramos também? Porém, merecem ser avaliadas. No que
diz respeito ao Deputado Padre João, passaram um pouco da conta,
do limite do respeito ao parlamentar. Ficou sugerido que houve
algum tipo de beneficiamento vinculado à subvenção social.
Entendo que houve a pretensão de relembrar questões do passado da
Assembléia, que felizmente não constituem mais realidade. Esse
tipo de crítica não é pertinente. Como disse, gol contra faz parte
do jogo. Todavia, o time da democracia participativa, o time de
mais recursos para a área social não pode perder com um gol
contra. Não deixaremos que a Comissão de Participação Popular, por
causa de uma visão distorcida, seja posta em xeque nesses termos,
nessa situação.
O Deputado Rogério Correia (em aparte) - Deputado André Quintão,
em primeiro lugar, solidarizo-me com V. Exa. e com o Deputado
Padre João, visto que os fatos foram mal apresentados. Torna-se
necessário abordar esse assunto, para que a população mineira
fique bem informada. V. Exa. e o Deputado Padre João esclareceram
muito bem a questão. Espero que, na imprensa escrita, os equívocos
cometidos quanto aos fatos veiculados - já que eles não condizem
com a verdade - também sejam corrigidos, tanto no que se refere ao
Padre João quanto à Comissão de Participação Popular.
Essa Comissão, que representa uma das grandes conquistas do
Parlamento, é realmente importante. Foi criada, primeiro, na
Câmara dos Deputados; depois, na Assembléia Legislativa de Minas
Gerais, que foi a primeira a fazê-lo, por sugestão da Bancada do
PT. Entendendo a importância da criação, em Brasília, de uma
Comissão de Participação Popular, propusemos que fosse criada
aqui. Essa Comissão tem sido um sucesso, visto que visa organizar
os trabalhadores, enfim, o povo em geral, para que, a partir da
inserção no parlamento - forma de representação popular mais
adequada, já que viabiliza a discussão de diversas questões
referentes a ganhos sociais - consigam realizar conquistas.
É claro que tal Comissão teria mesmo de estar ligada à área de
ação social, ao orçamento, ao plano plurianual e à Lei de
Diretrizes Orçamentárias. Possui, inclusive, caráter educativo,
porque ajuda o povo mineiro e brasileiro a entender questões
orçamentárias, a participar do dia-a-dia, a compreender o que o
Estado pode ou não fazer e quais são suas prioridades. Sem sombra
de dúvida, essa Comissão tem prestado um grande serviço não só à
Assembléia Legislativa, mas também a todo o Estado.
Isso também acontece com a Comissão de Segurança Pública, criada
recentemente, a partir do relatório da CPI do Narcotráfico. Como
relator, sugeri a instalação de uma comissão que funcionasse
constantemente para averiguar questões relativas à segurança
pública no Estado. Essa Comissão fazia muita falta. Havia a
Comissão de Direitos Humanos, cujo trabalho é importante. Todavia,
fazia-se necessário contarmos com o trabalho da Comissão de
Segurança Pública, que tem prestado importantes serviços à
Assembléia Legislativa. Então, saudamos essas duas comissões de
iniciativa do PT - de parlamentares ou da própria bancada. Nesse
espírito de participação popular, funciona o governo do Presidente
Lula, as Prefeituras do PT e o movimento social.
Aproveito o aparte para informar que, no dia 30, haverá uma
grande mobilização em Brasília de todos os setores sindicais e
populares, bem como dos que lutam pela terra e pela reforma
agrária. Esse movimento surgiu da iniciativa da Central Única dos
Trabalhadores - CUT - e dos sindicatos, mas se expandiu para toda
a área popular. Essa manifestação representará a luta por
bandeiras sociais importantes, entre elas o salário mínimo, para o
qual o governo, felizmente, vem dando condições de melhoria.
Desde que o Presidente Lula assumiu a Presidência da República, o
salário mínimo tem tido aumento real, reajustes acima da inflação,
ao contrário do que ocorria no governo FHC, que sempre concedia
reajuste abaixo da inflação. Seria bom que concedesse reajustes
maiores; todavia, dentro do possível, tem reequilibrado o valor do
salário mínimo.
Provavelmente, após o reajuste do salário mínimo, infelizmente,
as professoras de 1ª a 4ª séries novamente ganharão menos que o
salário mínimo, considerando-se o piso salarial de Minas Gerais. O
Governador Aécio Neves, depois de muita luta nossa pelo envio das
tabelas, que deveriam ser aprovadas, passou o salário dessas
professoras de R$212,00 para R$323,00. Ficará novamente “pari
passu” com o salário mínimo. O Governador Aécio Neves faz uma
tremenda propaganda sobre a questão educacional.
Outro ponto importante acerca dessa marcha que a CUT realizará
com sindicatos e movimentos populares refere-se à área
educacional. V. Exa. citou essa área como essencial. Será pedida
agilização para aprovação do Fundo de Desenvolvimento do Ensino
Básico - Fundeb -, que está parado no Congresso Nacional porque a
Oposição ao Presidente Lula apenas quer saber de aumentar a crise
para ver se o País pára, se dá tudo errado, para eles voltarem ao
governo. Aumentar a crise é a única coisa que a Oposição
conservadora faz no Congresso Nacional. Para eles, quanto pior
melhor. Se todos estiverem ruins, eles acreditam que voltarão ao
governo, piorando o País, como fazem. Estão trancando a pauta, e o
Fundeb está lá para ser votado. Faremos uma grande mobilização,
pois se trata de um fundo fundamental porque, além de incrementar
a educação de 1ª a 8ª séries, obrigará Municípios e Estados e a
própria União a alocarem recursos na educação infantil e no ensino
médio. Trata-se de um dos grandes projetos que o Presidente Lula
enviou ao Congresso Nacional, que infelizmente está paralisado.
Exigiremos do Congresso a votação do Fundeb.
A outra questão é a regulamentação da Emenda nº 29, da saúde, que
o governo Aécio também não respeita. Minas Gerais ficará com um
déficit orçamentário. O Deputado Rêmolo Aloise, que é médico e que
também está preocupado com essa questão, sabe disso. O rombo do
governo Aécio na saúde, não respeitando a Emenda nº 29, será, ao
final de seu governo, considerado o passo em que caminha, um
déficit de cerca de R$3.500.000.000,00. O seu governo deixará esse
déficit na área da saúde pública por não respeitar a emenda.
Portanto, é necessário regulamentá-la até mesmo para que outros
governos do Estado não façam aquilo que fez o Governador Aécio
Neves neste ano.
Parabenizo V. Exa. pelo trabalho como Presidente e membro da
Comissão, atualmente sob a Presidência da Deputada Maria Tereza
Lara. A Comissão de Participação Popular tem olhado
fundamentalmente as questões sociais, que julgo prioritárias.
Presto solidariedade também ao trabalho do Deputado Padre João,
Presidente da Comissão de Política Agropecuária, parlamentar que
deu a essa Comissão a característica de olhar os sem-terras, os
despossuídos, e não mais apenas os latifundiários e os grandes
proprietários rurais. A Comissão de Agropecuária, por intermédio
do Deputado Padre João, inverteu a prioridade, na prática, pela
primeira vez na Assembléia Legislativa. Deixo-lhe o meu apoio e
solidariedade.
O Deputado André Quintão* - Muito obrigado, Deputado Rogério
Correia. Já nesses minutos finais, queria fazer um apelo novamente
para que continuemos nesse fortalecimento institucional da
Assembléia, para que possamos aprovar as emendas populares. Digo
apelo porque acredito que a maioria dos Deputados e Deputadas já
estão muito sensibilizados.
Essa é a minha maior preocupação. As críticas ao partido
resolvemos e discutimos politicamente. Queria alertar que temos
emendas na área de lixo e cidadania; de segurança alimentar; de
educação infantil; do combate à exploração sexual e da erradicação
do trabalho infantil; para melhoria da merenda escolar, inserindo-
a no ensino médio em regiões pobres; para implantar o Sistema
Único de Assistência Social em Minas Gerais; para beneficiar o
turismo no Sul de Minas. Enfim, emendas que repercutem nas várias
regiões do Estado.
Valores muito altos? Não, são R$7.000.000,00, ou seja, aquilo que
foi possível remanejar. O governo e a assessoria da Assembléia
foram capazes de apontar fontes com anulação de despesas. Tivemos
condições de aprovar essas emendas na Comissão de Participação
Popular.
Gostaria que o esforço das 583 entidades, dos técnicos da
Assembléia Legislativa e a parceria da Comissão da Assembléia com
a Seplag, com o governo, fossem traduzidos na aprovação dessas
emendas na Comissão de Fiscalização Financeira e também aqui no
Plenário.
Encerro fazendo um apelo para que todos os partidos da Casa
valorizem a participação popular na aprovação dessas emendas. A
Assembléia hoje é modelo para o Brasil. Isso é fruto de um esforço
de todos nós. A Comissão não pode ser penalizada pelo fato de um
determinado partido a presidir. Estamos abertos a quaisquer
críticas.
Destaco, por questão de justiça, que, nesse episódio, a cobertura
da imprensa foi absolutamente correta, porque ouviu as partes
envolvidas e simplesmente noticiou as opiniões. Muito obrigado.
* - Sem revisão do orador.