Pronunciamentos

DEPUTADO ALBERTO PINTO COELHO (PPB)

Discurso

Transcurso do 40º aniversário de fundação da UNA - Centro Universitário de Ciências Gerenciais.
Reunião 309ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 14ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 27/11/2001
Página 21, Coluna 3
Assunto CALENDÁRIO. EDUCAÇÃO.

309ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 14ª LEGISLATURA, EM 22/11/2001 Palavras do Deputado Alberto Pinto Coelho Exmo. Sr. Deputado Wanderley Ávila, Exmo. Sr. Secretário Antônio David de Souza Júnior, meu caríssimo Prof. Honório Tomelin; Exmo. Sr. Presidente do BDMG e da AML, ex-Senador Murilo Badaró, cuja presença honra muito as fileiras e a Executiva do PPB; Exmo. Sr. Aloísio Garcia, ex-parlamentar que muito dignificou esta Casa Legislativa; Exmo. Sr. Prof. Álvaro José Cunha, Exmo. Sr. Prof. José Gama Dias, Exmo. Sr. Francisco Andrade do Carmo, meus nobres Deputados, caras Deputadas, imprensa, demais autoridades, minhas senhoras e meus senhores, alunos e ex-alunos da UNA, no ano de 1974, quando a nascente União de Negócios e Administração vivia ainda a sua adolescência institucional, mas já antecipando seu grande futuro, alguém escreveu as seguintes palavras: “As instituições erguidas pelos homens estendem sua vida além dos homens que as criaram ou a elas se dedicaram”. Esta declaração de princípios trazia a assinatura do Prof. Honório Tomelin, em discurso de saudação à congregação da faculdade, que comemorava naquele ano seu 13º aniversário. Também firmava essa declaração o então Vice-Diretor da faculdade, ninguém menos que o Prof. Carlos Mário da Silva Velloso, este notável e ilustre filho de Entre-Rios de Minas, ex-Presidente e Ministro do STF, uma das mais preclaras inteligências jurídicas do Brasil contemporâneo. Buscamos recuperar essa declaração de princípios da UNA porque contém valores permanentes não apenas para a vida das instituições: valem para a existência de todas as grandes criações humanas. A consciência de que somos servidores transitórios de obras permanentes - como ensinou o Presidente João Pinheiro, na lição ali também presente - constitui, sem dúvida, um dos segredos das obras que vencem e superam o calendário das horas, dos meses e dos anos. Quarenta anos é uma marca de excelência no tempo. E a vida, generosa, permite aos autores daquela declaração presenciarem hoje a consolidação e permanente expansão daquele marco fundador de 1961. Sob a perspectiva do ano de 2001, aquele marco inaugural da UNA parece ter realizado verdadeira alquimia: antes mesmo que seus criadores pudessem imaginar, a instituição que fundaram alcançou a dimensão da permanência, com a viva presença dos autores e de sua obra. Vamos também buscar, no pensamento precursor de Honório Tomelin, as raízes dessa notável realização humana, educativa e empresarial. Vamos reverenciar, em seu berço natal, as figuras tutelares do casal Augusto Tomelin e Lina Prestini Tomelin, na antiga Vila Chartres, de Santa Catarina. Vamos retomar a formação do menino Honório - terceiro filho da família de 13 irmãos -, aprendendo com seus pais, nas glebas do condomínio Dona Francisca, em Santa Catarina, que, plantando e cuidando da terra, os frutos brotavam da mãe natureza. Como nos relata o escritor e jornalista Henrique Leal, na rica história de vida contida em seu livro “Uma Casa em La Mancha”, o menino Honório, que teve que aprender português já nas salas de aula do grupo escolar e que só calçava sapatos nos dias de festa, logo se distinguiria como se uma centelha luminosa guiasse seus passos. Essa mesma centelha transportaria o menino de 10 anos da sua terra natal para o internato do Colégio Champagnat em Curitiba, sob os cuidados dos irmãos maristas. Pôde ali, ainda na clausura do internato, abrir seus olhos para a primeira grande janela do mundo. A inata vocação do saber deu-lhe acesso à biblioteca dos irmãos superiores, onde livros que ainda permaneciam no “Index”, como as obras de Voltaire, podiam ser lidos no original francês. E o adolescente, seguindo a luz da centelha que continuava a guiar-lhe os passos, prosseguindo a carreira religiosa, chegaria à cidade de Mendes, no Rio de Janeiro. Experimentou, então, os rigores da disciplina e o uso da gravata o dia inteiro. Chega o ano decisivo de 1954: entre a batina e a vida civil. Aquela centelha apontou-lhe, ainda que não compreendesse o porquê, o caminho de volta à casa paterna. Ei-lo, então, em Jaraguá do Sul, ajudando no trabalho da família, no plantio e cultivo do arroz. Era o tempo de semear, que durou, na verdade, pouco mais de um mês, pois aquela centelha, pela voz premonitória do mineiro Adalberto Maia Barbosa, que já conhecera em Curitiba, e por convite do Diretor do Ginásio São Luiz, de Florianópolis, o irmão Evaristo, de novo o transportava da roça para a cidade grande. Em Florianópolis, o jovem professor continuava a sonhar com novas jornadas e descobertas. E foi o vínculo de amizade com outro irmão marista, seu ex-professor em Mendes e então Diretor do Colégio Dom Silvério em Belo Horizonte, que se tornou a senha para abrir-lhe as portas da Capital mineira, ainda nos anos dourados. E, no dia 8/1/58, vindo do Rio de Janeiro no clássico avião DC-3, desembarcava no aeroporto da Pampulha o jovem Prof. Honório Tomelin. Aquele jovem brilhante logo despertaria a atenção do pai de um dos seus alunos, nada menos que o Dr. Gilberto Faria, um dos donos do então todo-poderoso Banco da Lavoura, o Banco Real de hoje. Assim lhe foram abertas as portas para trabalhar naquele que era então considerado o maior Banco privado da América Latina, sendo logo designado para atuar no Departamento de Estatística e Relações Públicas. Já no ano seguinte, era fundada, em Belo Horizonte, a Associação Brasileira de Relações Públicas, na qual o prestígio do Banco assegurava ao jovem Honório um posto de destaque, entidade essa da qual seria eleito Presidente em 1965. Passaria a liderar, então, a luta pela regulamentação da profissão de relações públicas, conquista alcançada, afinal, em 1969. Ao ser aberta, em 1971, a numeração do Conselho Regional, aquele lutador da causa comum receberia das mãos de Santos Andrade um justo prêmio, onde estava escrito: “Honório Tomelin, carteira nº 1 de relações públicas da região de Minas, Goiás e Espírito Santo”. Mas já preparara, antes, seu plano de vôo - o vôo de longo curso que hoje comemora os vitoriosos 40 anos de tão bem sucedida navegação. Na verdade, antes de receber a carteira nº 1 de relações públicas, ainda funcionário do Banco da Lavoura e acadêmico de direito na UFMG, onde diplomou-se como advogado, Honório Tomelin havia criado, em 20/10/61, o Instituto de Relações Públicas, embrião da UNA do futuro, associado a Olto Mariano dos Reis e a Huáscar Terra do Vale. Em 1962, optou por deixar o serviço bancário para dedicar-se, em tempo integral, à educação. A nave e seu comandante estavam prontos para enfrentar quaisquer turbulências, a fim de galgar novos céus de brigadeiro. Sr. Presidente, nobres colegas Deputados, senhoras e senhores, assim teve início, com essa breve síntese que fizemos, a história que hoje comemoramos e que todos respeitamos e admiramos. Quis recordar o passado de um homem não para seu enaltecimento próprio, pois a obra criada por ele fala mais alto que todo e qualquer elogio. Essa breve história, que possui densidade mil vezes maior do que aquela que impõe a brevidade de um discurso, permite-nos melhor compreender porque a UNA constitui-se hoje numa verdadeira potência do ensino superior em Minas Gerais e no Brasil, mantendo permanente intercâmbio, convênios e acordos de cooperação internacional com universidades dos Estados Unidos, do Canadá, da Argentina, do Paraguai, da Itália, de Portugal, da Espanha, da Inglaterra, da Suíça, da França, da Alemanha e da Nova Zelândia. As cinco faculdades que integram o Centro Universitário de Ciências Econômicas da UNA, vinculado ao Sistema Federal de Ensino, são reconhecidas como modelo e referência, investidas que estão do diploma de qualidade que lhes outorgou a Organização Internacional para Normas e Padrões. Homenageando a UNA nas pessoas do seu Diretor Executivo, Honório Tomelin, e do Presidente do seu Conselho Diretor, Aloísio Teixeira Garcia, esta Casa quer enaltecer a trajetória de uma grande idéia, animada por essa centelha criadora que brilha e brilhará para sempre na história da educação brasileira. Devemos estender essa homenagem aos professores, que, nesses 40 anos, ajudaram a forjar grande ideal e realidade pujante; aos alunos e ex-alunos - entre os quais me incluo, pois na UNA tive a honra e o orgulho de formar-me em Administração, há 30 anos -, que são a razão de ser do processo de ensino; aos funcionários, desde aqueles que ocupam a linha de frente aos mais humildes servidores da UNA, que prestam seus serviços a uma instituição de verdadeira utilidade pública. Senhoras e senhores, aqui e agora, as palavras não bastam. É preciso penetrar na dimensão do sentimento, nas lutas e nos sacrifícios dos pioneiros da UNA e do Prof. Honório Tomelin, que são desafios às vezes cruciais que bem conhecemos e tantas vezes acompanhamos, para extrair dessa história de sucesso sua mais preciosa lição: “Grandes homens são aqueles que sabem fazer de suas lutas e vitórias uma conquista de todos”. Essa verdade, como aquela que buscamos na declaração de princípios da UNA, honram a vida e dignificam a existência dos homens. São verdades que devem vibrar, com mais intensidade ainda, nesta hora de encruzilhada que toda a humanidade vive. Até para lembrar e reconhecer que essa centelha, que tanto ilumina a trajetória da UNA, terá sua fonte de luz numa energia que vem do mais alto ainda... irmã, quem sabe, da mesma energia que habita o sol e as estrelas, que anima e sustenta a terra inteira, irradiada por essa essência eterna a que chamamos Deus. Muito obrigado.