DEPUTADA MARIA TEREZA LARA (PT)
Discurso
Comenta o tema da Campanha da Fraternidade da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil - CNBB - para o ano de 2009: "Fraternidade e Segurança
Pública". Comenta sua participação na I Conferência Estadual de Segurança
Pública, Etapa Minas Gerais, e a definição dos princípios e diretrizes
para serem apresentados na I Conferência Nacional de Segurança Pública -
CONSEG - que será realizada em Brasília - DF.
Reunião
67ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 16ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 19/08/2009
Página 43, Coluna 3
Assunto SEGURANÇA PÚBLICA. RELIGIÃO.
Legislatura 16ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 19/08/2009
Página 43, Coluna 3
Assunto SEGURANÇA PÚBLICA. RELIGIÃO.
67ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª
LEGISLATURA, EM 12/8/2009
Palavras da Deputada Maria Tereza Lara
A Deputada Maria Tereza Lara* - Nossos cumprimentos ao Presidente
desta reunião, Deputado Hely Tarqüínio, a todos os Deputados e
Deputadas desta Casa e aos telespectadores da TV Assembleia. Sou
Vice-Presidente da Comissão de Segurança Pública desta Casa e,
nesta oportunidade, gostaria de refletir sobre a segurança
pública. Esse é um tema extremamente atual. Aliás, o tema da
Campanha da Fraternidade deste ano é “Fraternidade e Segurança
Pública”. Sabemos que o índice de violência é muito alto em nosso
Estado, no País e no mundo. A crise que está aí é muito mais que
econômica; é uma crise ética, moral e social, tanto que
presenciamos mortes, guerras, competição, violência, fome e
miséria. Porém, não podemos desanimar, até porque temos também
muitas ações concretas, positivas, que podem nos ajudar no
processo de reversão dessa crise.
Quero lembrar que, pela primeira vez no Brasil, de 27 a 30 de
agosto deste ano, teremos a I Conferência Nacional de Segurança
Pública, convocada pelo governo federal. Para terem ideia, até
pouco tempo segurança pública era apenas uma questão de soberania
nacional, de defesa do nosso território, mas hoje sabemos que
também é defesa da vida da população, construção da cultura da
paz. Em Minas Gerais, de 21 a 23 de julho, foi realizada a etapa
estadual da conferência, da qual tive oportunidade de participar
representando a Comissão, no Ouro Minas. Lá estavam presentes
segmentos representativos, a polícia, a população, os Conseps, os
órgãos públicos das três esferas do poder. Numa discussão
democrática, pudemos estabelecer alguns princípios prioritários. O
mais votado, com 207 votos, de acordo com os delegados, foi o
financiamento e a gestão de segurança pública, que devem ser
pautados pela previsão constitucional de recursos orçamentários em
um fundo. Realmente, só será prioridade se houver recursos. Em
todo o momento, víamos essa reivindicação, essa necessidade.
Outros princípios são: a segurança pública se faz com respeito aos
direitos humanos - de fato, isso deve ocorrer, mas usando a
inteligência, respeitando o ser humano; as políticas de segurança
pública devem estar orientadas para promover a cultura da paz; a
inteligência da segurança pública deve constituir o eixo principal
da política nacional; a prevenção deve fundamentar a política
nacional de segurança pública. Se realmente não trabalharmos a
prevenção, construiremos cada vez mais cadeias. Então, são
políticas públicas das áreas social, educacional - como a educação
de tempo integral -, cultural, do lazer e do esporte, propiciando
que crianças e jovens tenham direitos garantidos e possam disputar
e ganhar a guerra com o tráfico. Para isso é preciso que tenham um
sentido na vida, possam optar pela vida, e não pela morte.
Além desses princípios, foram estabelecidas algumas diretrizes.
Uma delas é garantir o acesso à defesa técnica, com o
fortalecimento da Defensoria Pública, que tem nesta Casa uma
frente parlamentar, tão importante e necessária, e que está, no
Estado de Minas Gerais, muito aquém da necessidade. Na nossa
cidade, Betim, há 440 mil habitantes e 3 Defensores para defender
os pobres quando houver necessidade. No aspecto político, de
penitenciárias, se não houver Defensores, quem garantirá que o
direito constitucional de ampla defesa seja verdadeiramente
cumprido?
Outras diretrizes são: instituir aposentadoria especial para
homens e mulheres, assunto que está sendo discutido nesta Casa;
criar, implementar e ampliar os conselhos comunitários de
segurança pública, os Conseps, que são extremamente importantes
para envolver a sociedade organizada; implementar e estruturar a
Defensoria Pública, mais uma vez; fomentar a gestão integrada das
políticas públicas de segurança; e fomentar a cultura da paz, que
também é muito importante.
Srs. Deputados, Sras. Deputadas, ontem nossa Comissão de
Segurança Pública esteve em Uberaba, às 19 horas, fazendo um
debate com a sociedade da região. Uberaba é o centro da 5ª Região
de Integração de Segurança Pública do Triângulo Mineiro. Vimos que
praticamente tudo o que aquela sociedade organizada, os movimentos
sociais e os órgãos públicos lá presentes reivindicaram coincide
com as prioridades votadas na conferência estadual. Houve uma soma
de esforços. Gostaria de mencionar quem esteve presente à reunião
para que fique bem claro que segurança pública não se faz mais
apenas com repressão, apesar de ser necessária uma repressão
qualificada de inteligência; não apenas com polícia, o que é
importantíssimo, mas com toda a sociedade, em debate amplo, com
participação popular. Estavam lá as Polícias Civil e Militar, o
Corpo de Bombeiros, a Defensoria Pública, a Guarda Municipal, o
Ministério Público, a Polícia Rodoviária Federal, representantes
do Executivo e do Legislativo municipal, da Superintendência de
Educação, dos Conseps e de vários movimentos sociais organizados,
além dos Deputados da Comissão. Estivemos presentes com o Deputado
João Leite, Presidente da Comissão de Segurança Pública, que
possibilitou e garantiu ampla participação popular nessa
audiência. Tivemos a presença de sete Deputados e uma
representação significativa da sociedade de várias cidades. São em
torno de 32 cidades nessa Região Integrada de Segurança Pública.
Houve realmente um acordo para que priorizássemos a fala da
sociedade civil organizada. Quero cumprimentar nosso Presidente, o
Deputado João Leite, por essa ação bastante democrática. Lá
estiveram também os outros membros da nossa Comissão, Deputados
Tenente Lúcio e Rômulo Veneroso, Deputados da região. Agradecer ao
Deputado Fahim Sawan a acolhida. Ele, seus assessores e sua
família nos acolheram de maneira realmente muito respeitosa e
carinhosa. Isso garantiu nosso trabalho árduo das 19 às 2 horas da
manhã, trabalho de grande qualidade.
Estavam presentes também o Deputado Adelmo Carneiro Leão, nosso
companheiro do PT, que contribuiu com sua reflexão profunda e sua
presença durante toda a reunião; o Deputado Weliton Prado, que é
da região e que fez sua discussão jovem e dinâmica.
Então, mencionado isso, gostaria de frisar alguns pontos
apresentados como dificuldades a serem superadas. Um deles é a
superlotação das cadeias públicas e a necessidade do aumento de
efetivos. Vemos a grande necessidade de ampliação do trabalho de
prevenção para que não tenhamos que ficar construindo mais
cadeias, mas, neste momento, com a superlotação, precisamos
resolver isso. Precisamos que haja Defensoria Pública para
agilizar e para que ninguém fique preso já tendo cumprido sua
pena. Temos de garantir isso à população, sobretudo à população
mais pobre, que mais precisa dessa assistência. Temos de
reivindicar que o governo do Estado valorize e amplie a Defensoria
Pública, garanta o número necessário em todas as comarcas. Vimos a
necessidade de políticas públicas para a educação. Estava lá a
Superintendente Estadual de Educação.
É preciso educação de qualidade e garantia de proteção nas
escolas, pois muitas são invadidas pelos traficantes. Então foi
reivindicado que o governo estadual fizesse essa proteção, a fim
de se discutir a melhor forma de proteção para os professores e
para as crianças. A rede municipal já tem a Guarda Municipal que
cuida do patrimônio. Quem sabe pode-se fazer um convênio para
garantir que as escolas estaduais tenham essa assistência!
Estava lá, também, a Promotoria do Meio Ambiente. Pode parecer
que não há nenhuma relação com a segurança, mas há sim, uma vez
que se trata da defesa da vida. Estamos vendo, pela grande
imprensa, a necessidade de um combate imediato ao aquecimento
global. Não se trata apenas de discurso, mas da realidade. Se não
contribuirmos com o meio ambiente, brevemente o nosso planeta não
terá condições de vida.
Uma outra questão discutida diz respeito ao tráfico de drogas.
Aquela região faz divisa até com outros países. É necessário um
trabalho profícuo. Já está melhorando. Foi mencionado que, em
2006, o índice era muito maior. Hoje houve essa melhora por causa
da integração das várias polícias, mas muito aquém do que
necessitamos. Estavam presentes também representantes da Polícia
Federal. A integração das polícias é importante para que haja
avanço nessa área. Já estamos caminhando para isso. Enquanto
houver um caso de violência, um caso de crime, não podemos cruzar
os braços. Temos de celebrar, realmente, o que está sendo feito
para diminuir esses índices. É preciso não só diminuir, mas zerá-
los. É uma utopia. Realmente é difícil, mas temos de trabalhar
para isso. Enquanto tivermos vida, não podemos cruzar os braços,
porque a violência e a morte são opostos ao que defendemos, que é
a vida para todos.
Vimos a necessidade do serviço 181, denúncia anônima, ser
implementado. Diante dessas reivindicações, foram apresentados
pelo nosso Presidente, pelos membros da Comissão e pelos Deputados
que lá estavam sugestões de vários requerimentos - aliás, seria
interessante que a TV Assembleia divulgasse mais esse serviço. As
pessoas têm medo de denunciar, imaginando que a denúncia não seja
anônima, vindo a serem descobertas e podendo sofrer, em
consequência, retaliações e até ameaça de morte. Então precisamos
criar condições de confiança e de incentivo. Foram aprovados
requerimentos pedindo aumento de efetivo e ainda resolução da
superlotação das cadeias.
Então, Sr. Presidente, quero dizer que, de fato, esse trabalho de
interiorização da discussão da segurança é importante. Trata-se de
uma proposta da nossa Comissão, que está tendo o apoio de vários
parlamentares que não fazem parte dela mas são das regiões.
Viajaremos pelas várias regiões, objetivando a integração, no
Estado, da segurança pública, neste e no próximo ano, tendo como
meta interiorizar esse debate. Como disse muito bem o Presidente
da nossa Comissão, Deputado João Leite, isso garantirá,
efetivamente, a participação popular. Todos que lá estavam são
pessoas e Deputados que têm esse compromisso. Queremos convidar os
Deputados para, em cada região, participarem conosco, e não só do
debate mas também da reivindicação e do acompanhamento. A próxima
reunião será em 1º de setembro, em Montes Claros. Os Deputados, a
liderança, o Executivo já estão informados.
Mais uma vez, quero dizer, de público, do compromisso que
precisamos ter - e esta Casa tem, mas é preciso cada vez mais -
para a construção da sociedade que queremos em Minas Gerais: justa
fraterna e igualitária.
* - Sem revisão da oradora.