Pronunciamentos

CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA, Ministra do Supremo Tribunal Federal - STF

Discurso

Transcurso do 35º aniversário de fundação da Associação Cultural Sempre um Papo.
Reunião 24ª reunião ESPECIAL
Legislatura 19ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 16/12/2021
Página 5, Coluna 1
Assunto CULTURA. HOMENAGEM.
Observação Pronunciamento em vídeo.

24ª REUNIÃO ESPECIAL DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 19ª LEGISLATURA, EM 13/12/2021

Palavras da Sra. Cármen Lúcia Antunes Rocha

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A Sra. Cármen Lúcia Antunes Rocha – Sr. Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, deputado Agostinho Patrus, na pessoa de quem cumprimento cada um e todos os deputados mineiros, especialmente os cidadãos mineiros. Meu cumprimento especial e um abraço muito afetuoso ao Afonso Borges, que representa a Fundação Sempre um Papo, homenageada hoje de maneira tão necessária, principalmente no momento em que a palavra "liberdade", que é um dos nomes de Minas, se faz também tão necessária de ser posta, de ser ouvida para que nós tenhamos uma democracia verdadeiramente nas artes, na literatura. Também gostaria de dizer que parece até um pleonasmo esta homenagem, porque esta é uma Casa parlamentar, uma Casa de fala, uma Casa de palavras, de comunicação. A palavra é tão necessária para que a gente tenha a formação de consensos e o fortalecimento verdadeiramente democrático de um povo que se quer livre e cada vez mais liberto de tantos problemas como nós temos nessa humanidade ou nessas muitas humanidades, a conviver com tantas desumanidades. O Afonso Borges, com seus projetos de pessoas e de livros, faz com que a gente tenha a experiência da democracia na sociedade. E esta Casa parlamentar, que se dedica a ouvir, a falar e a se comunicar para chegar às políticas públicas necessárias para sanar e prover as necessidades e as carências dos brasileiros, especialmente nesse caso, dos mineiros, encontra no Sempre um Papo o espaço mais apropriado, o modelo mais adequado para que a gente possa praticar isso no dia a dia.

Minas de Drummond, Minas de Pedro Nava, Minas de Otto Lara Resende, Minas de tantos e quantos Emílios Mouras e Paulos Mendes Campos; Minas que é exatamente o que diria Riobaldo, de um povo que não tira a sombra de buraco, que é dos Guimarães, que guarda os gerais, que são plurais, que se multiplica como é a multiplicidade e a pluralidade das pessoas nos seus livros, nas suas artes. Minas que encontra no Sempre um Papo um espaço para aprender, um espaço para falar, especialmente um espaço no qual se pode ouvir. Numa sociedade dramaticamente conturbada, fraturada muitas vezes, antidemocrática tantas outras, o Sempre um Papo é um espaço mais que necessário que o Afonso Borges vem propiciando nesses 35 anos de trabalhos, de livros, de artes. Por isso mesmo esta solenidade é mais que um merecimento, é um testemunho e uma reafirmação de compromisso com a comunicação entre os seres humanos, que se faz tão necessária. É sempre bom lembrar que com um papo a gente pode resolver muita coisa. Sempre um papo pode contornar dificuldades, formar uma outra visão de mundo, criar novas humanidades. Se é verdade, como dizia Monteiro Lobato, que uma nação é feita de homens e de livros, o Afonso Borges é um fazedor de povos, fazedor de gentes, fazedor de histórias que têm no protagonismo das artes uma via muito especial, muito apropriada para a construção pelos livros, pelas artes, pela palavra como manifestação da liberdade, um caminho muito apropriado para que a gente possa reconstruir e ser protagonista de uma história muito mais livre, principalmente decente, séria, democraticamente responsável uns com os outros. Nesta Minas, num momento de tantas dificuldades, mas que mantém os Afonsos e o Sempre um Papo como um espaço tão apropriado, é bom lembrar que essa reafirmação da palavra, essa reafirmação da arte como espaço próprio para a reinvenção daquilo que cada vez mais nos adoece, e especialmente para que a gente mantenha o sonho de liberdade, em que Estado tem sido exemplo historicamente, esta é sempre mais que uma solenidade de homenagem, é uma solenidade em que se reconhece o valor do trabalho de uma pessoa como Afonso Borges, mas também uma reafirmação do nosso compromisso permanente com a justiça, com a dignidade humana, com a democracia como único caminho próprio, única luz que pode nos levar a espaços muito melhores de convivência.

Minas tem dado o exemplo, que é isto: Sempre um Papo, um lugar quase no coração das pessoas que o Afonso Borges oferece, física e materialmente, através desse trabalho que tem feito com livros, com o Mondolivro, com o espaço, portanto, de discussão que ele propicia hoje também nas plataformas tecnológicas disponíveis, nas redes sociais, nos festivais literários, que reúne pessoas e, com isso, faz a união de ideias e a formação de novas realidades.

Eu me sinto muito honrada, como mineira e como brasileira, de saber que todas as dificuldades, que não têm sido poucas, nessas tantas iniquidades e desumanidades a que nós temos assistido e principalmente de que muitas vezes somos, como diria Clarice Lispector, "os sonsos essenciais", que haja aqueles que fazem tremer o chão para que a justiça prevaleça, para que a justiça aconteça, para que sejamos todos nós autores de uma história muito mais democrática e libertária.

Neste final de ano, eu deixo os meus cumprimentos a todos os cidadãos mineiros na pessoa dos seus representantes, pelo final de ano. Que tenhamos um ótimo Natal e que seja um próximo ano em que a luz da democracia, em que a luz da palavra possa iluminar cada vez mais os caminhos do Brasil e de Minas Gerais. E deixo o cumprimento especialmente por terem se manifestado de forma tão afetuosa em relação a algo que faz parte agora já da história cultural mineira, brasileira e mundial, que é Sempre um Papo, um espaço apropriado para exercer a democracia pelas artes e pelas humanidades. Parabéns a todos!