BERNARDO TAVARES DE ALMEIDA, Diretor da Superintendência Central de Planejamento da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão - SEPLAG.
Discurso
Comenta o tema do evento.
Reunião
36ª reunião ESPECIAL
Legislatura 15ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 18/09/2004
Página 67, Coluna 3
Evento Fórum Técnico: "Cultura: Política e Financiamento".
Assunto CULTURA.
Legislatura 15ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 18/09/2004
Página 67, Coluna 3
Evento Fórum Técnico: "Cultura: Política e Financiamento".
Assunto CULTURA.
36ª REUNIÃO ESPECIAL DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 15ª
LEGISLATURA, EM 31/8/2004
Palavras do Sr. Bernardo Tavares de Almeida
O Sr. Bernardo Tavares de Almeida - Bom-dia a todos. Sra.
Presidente, Deputada Ana Maria Resende; demais Deputados
presentes; colegas de Mesa, senhoras e senhores. Em termos de
conhecimento de cultura, restrinjo-me à condição de consumidor.
Assim, não vou agregar nada ao que nesse sentido foi dito aqui.
Minha função é muito mais a de mostrar o que está sendo feito, no
planejamento estadual, em relação à cultura, não em uma visão
“stricto sensu”, mas pensando a cultura sob duas dimensões, que
chamo de insumo para o desenvolvimento e cultura como produto.
Essas dimensões são indissociáveis, mas, em ambas, o Estado, em
seus três níveis, tem um papel fundamental, e vou tentar mostrar o
que Minas vem fazendo. Assim, escolhi alguns projetos
estruturadores do Governo de Minas, para mostrar os resultados
alcançados e o que pretendemos fazer em relação à cultura nestas
duas dimensões: insumo e produto.
( - Procede-se à apresentação das transparências.)
A visão global do planejamento de Minas compreende uma visão de
futuro: a de tornar Minas Gerais o melhor Estado para se viver.
Essa visão de futura é, obviamente, idílica, metafórica, e se
desdobra em três opções estratégicas: reorganizar e modernizar a
administração pública estadual, promover o desenvolvimento
econômico e social em bases sustentáveis e recuperar o vigor
político de Minas Gerais. As duas primeiras opções estratégicas
estão ligadas à provisão de bens e serviços culturais.
Neste segundo “slide”, intitulado “Cultura e Desenvolvimento”,
apropriei-me de um trabalho realizado pelo Prof. João Antônio de
Paula, em que ele, didática e analiticamente, divide a cultura em
insumo para o desenvolvimento e produto do desenvolvimento.
Reafirmo que essas dimensões, de insumo e produto, são
indissociáveis; portanto, essa divisão é apenas didática, mas
serve para que separemos os projetos governamentais.
Como insumo, a cultura é determinante do desenvolvimento. Assim,
os projetos de desenvolvimento devem considerar aspectos ou traços
culturais que reforcem as vantagens comparativas de Minas. Não
adianta o Estado, em qualquer dos três níveis, tentar promover em
determinada região um projeto que seja repelido culturalmente;
temos de tentar aproveitar as vantagens comparativas da cultura
local em qualquer projeto de desenvolvimento que seja apoiado,
direta ou indiretamente, pelo Estado. Essa é a dimensão da cultura
como insumo, e acho que é um papel fundamental do Estado, muitas
vezes negligenciado, considerar esse aspecto nos projetos de
desenvolvimento e no fomento ao desenvolvimento - que atualmente é
muito mais humano e com vistas à qualidade de vida do que
estritamente econômico. Assim, uma primeira face da cultura que os
projetos de Governo tentam abarcar é a cultura como insumo para o
desenvolvimento - posteriormente, vou mostrar alguns desses
projetos.
Uma segunda face da cultura de desenvolvimento é a cultura como
produto, ou seja, o papel do Estado na provisão de infra-
estrutura, como bibliotecas, museus, arquivos e escolas; na
regulação de monumentos, isto é, locais públicos que simbolizam
aspectos culturais do povo; e no acesso à informação e apoio a
manifestações culturais. O Estado precisa atuar nessa face da
cultura como produto, que é o resultado de um exercício de
criatividade. Se não houver regulação, a criatividade é apropriada
pelos demais e não remunera bem o agente, a pessoa que criou. Os
Governos Federal e Estaduais têm papel fundamental na regulação da
produção de bens e serviços culturais.
Cito como exemplo o combate à pirataria, ação do Estado que
talvez gere mais recursos e menos ônus para a atividade cultural
que a vinculação de recursos e criação de novas fontes de
financiamento, trazendo resultados mais palpáveis e imediatos à
produção cultural.
Abordarei os projetos estruturadores que estão relacionados com a
cultura como insumo e como produto. O primeiro é o Projeto Estrada
Real, que trabalha essas duas dimensões. Ao estabelecermos infra-
estrutura de saneamento e de energia em torno da Estrada Real,
dando-lhe segurança e promovendo o turismo, estamos fomentando o
desenvolvimento da região. Isso é cultura como insumo. Quando
protegemos o patrimônio, incentivando a produção cultural na
Estrada Real, estamos produzindo bens e serviços culturais. É
cultura como produto.
Aqui podemos ver a situação inicial do Projeto Estrada Real:
inexistência de um produto turístico em Minas Gerais, que, apesar
de seu grande potencial, não possuía marca turística forte;
iniciativas isoladas de desenvolvimento do turismo; desarticulação
das ações para promoção do produto Estrada Real, abrangendo desde
a infra-estrutura física até o reforço das potencialidades, das
vantagens corporativas culturais de cada circuito; e, como
mencionei, infra-estrutura e serviços inadequados para atender ao
turista. Atualmente estão em andamento a pavimentação de 14
trechos, totalizando 194km; a demarcação de 800km, que é
fundamental, porque mostramos aos turistas as atividades culturais
promovidas por aquele circuito; melhorias de saneamento em 78
municípios; a criação de três Centros Vocacionais Tecnológicos e
25 em negociação, que possuem grande simbiose com a cultura,
possibilitando que as pessoas percebam sua vocação relacionada com
a cultura daquele local. Outra ação em andamento é a capacitação
de 1.616 profissionais e 718 certificações.
Esses profissionais estão sendo treinados com o objetivo imediato
de atender o turista, mas eles estarão disseminando a cultura dos
diversos circuitos da Estrada Real. Temos uma linha de
financiamento do FUNDESE, com R$3.600.000,00 para hotelaria e
pousadas. Temos uma parceria do Governo com a FIEMG, que está cada
vez mais integrada com o sistema Estrada Real, e está montando um
plano estratégico visando resultados para, ainda este ano,
conseguir realizar o produto Estrada Real. Como fazer com que o
turista saiba que o produto existe, de fato? O resultado esperado
desse projeto, que é um dos 31 projetos estruturadores do Governo,
é ter a Estrada Real como um dos maiores destinos turísticos do
Brasil. Isso reforça os traços culturais de Minas. As pessoas vão
reconhecer os diversos circuitos onde existem traços culturais
distintos e ricos e que geram, do ponto de vista econômico, renda
e emprego. Haverá a criação de 178 mil empregos. Por fim, uma
movimentação de 3.500.000 turistas por ano. Esse seria o primeiro
projeto estruturador do Governo.
Quero lembrar que estou pontuando, dos 31 projetos estruturadores
do Governo, apenas aqueles ligados à cultura. O segundo projeto
que menciono são os arranjos produtivos locais. Se formos dividir,
didaticamente, a cultura como insumo e produto, esse será um
projeto de insumo. É a cultura gerando desenvolvimento, gerando
crescimento econômico. Qual era a situação inicial? Existia no
Estado seis áreas de produção moveleira e três de eletroeletrônico
em decadência. Não havia forma gerencial, e a mão-de-obra era de
qualidade inadequada, conseqüentemente, a produtividade era baixa.
A cadeia produtiva era incompleta, sempre precisando agregar
valor a esses produtos na Capital ou fora do Estado. Atualmente,
temos a consolidação de dois arranjos produtivos locais moveleiros
e dois eletroeletrônicos. Quando falamos em consolidar o pólo
moveleiro de Ubá, os traços históricos culturais de Ubá
determinaram uma vocação para a produção moveleira. Qual é o papel
do Estado? É reforçar essa vocação, aumentar a competitividade
daquela região. Com isso, estamos pegando a cultura como insumo e
reforçando-a para gerar emprego e renda nessas regiões. Isso,
obviamente, é um ciclo. A cultura será reforçada, gerando mais
produtos e serviços culturais na região. Já temos 96 novos
empreendimentos eletroeletrônicos e moveleiros. Do ano passado
até hoje foram investidos R$680.000,00 nas duas regiões. A região
moveleira é Ubá e Triângulo e a região eletroeletrônica é a RMBH e
Santa Rita. Já foram gerados aproximadamente 12 mil empregos, e,
novamente, temos uma parceria com a FIEMG, o SEBRAE e os
Ministério do Desenvolvimento e da Ciência e Tecnologia.
Não podemos negligenciar a associação entre cultura e
desenvolvimento tecnológico. Eles estão interligados. Todos os
projetos têm de ter essa visão integrada. Projetos que tentam
focar uma única dimensão, o produto cultural, o serviço cultural
ou o insumo, obtêm menos resultados do que aqueles que integram
todas as dimensões que envolvem a cultura.
Vamos ter dois APLs eletroeletrônicos consolidados, na região
metropolitana e sul de Minas. Não errei. Além desses, vamos ter
dois moveleiros também consolidados, na Zona da Mata e no
Triângulo Mineiro.
O terceiro projeto é muito interessante porque, a princípio,
parece não ter nenhuma relação com a cultura. Estamos falando de
um projeto relacionado à cultura do Norte, do vale do
Jequitinhonha e do Mucuri, reconhecidamente rica, mas pouco
aproveitada. A recuperação do Projeto Jaíba, iniciada pelo
Governador Aécio Neves no ano passado, com muito sucesso, o que
trouxe? Trouxe, independentemente dos resultados econômicos e
sociais, essa visão integrada. A Secretaria de Desenvolvimento do
Norte, do Vale do Jequitinhonha e do Mucuri trabalha, por exemplo,
com um projeto de cozinhas sertanejas no Jaíba, tentando reforçar
a cultura local. Muitos imigrantes que estão indo para o Jaíba vêm
do Sul do País. Como é possível não se descaracterizar a cultura
do Jaíba? Acoplando-se ao Projeto Jaíba projetos que reforcem
traços culturais da região Norte, do vale do Jequitinhonha e do
Mucuri. A propósito, essa região, além de ser privilegiada, conta
com muitas ações do Governo de reforço das atividades de cultura.
Isso está sendo feito por meio da Secretaria de Cultura, em
parceira com a Secretaria Extraordinária do Norte, Jequitinhonha e
do Mucuri.
Outro projeto relacionado à cultura é o centro administrativo do
Estado, que está em fase inicial. A situação atual retrata uma
dispersão das unidades administrativas, gerando baixo trabalho,
pouca eficiência e desperdício. Uma das motivações é a baixa
funcionalidade dos prédios da Praça da Liberdade. Há uma
degradação desses bens tombados. Quem visitar esses prédios hoje
nota uma clara degradação. As pessoas tentam resolver os problemas
de funcionalidade, colocando divisórias em vários pontos. Temos
hoje o centro administrativo já concebido pelo Instituto
Horizontes, que conhece e trabalha com a questão urbana e tem
muito a agregar. Além de ter participado da concepção física, o
instituto participa também da concepção do espaço, o que vai ser o
entorno do Centro administrativo, o que vai acontecer quando não
estiver ocorrendo atividades e serviços públicos.
Uma segunda coisa concluída é a obra do BEMGE. Estamos
transferindo os servidores alocados na Praça da Liberdade para o
prédio do BEMGE na Praça Sete. Isso representa a possibilidade de
criar o centro cultural da Praça da Liberdade e a revitalização do
centro da cidade, que hoje está extremamente degradado, com
problemas de segurança, logística, etc. Sendo transferidas essas
pessoas, um efeito imediato seria a melhoria da segurança e de
outros problemas.
Existem negociações em curso com a INFRAERO, relacionadas ao novo
local do centro administrativo, no Aeroporto Carlos Prates. Os
resultados são os listados no “slide”: melhoria dos serviços
públicos, aproximação física das unidades, redução de custos e
revitalização do entorno do Centro. Aí, novamente o Estado
trabalha com a parceria do Instituto Horizontes, com a integração
cultural, artística em torno do centro administrativo.
O penúltimo projeto é o Centro Cultural Praça da Liberdade-Casa
do Conde, que vocês já devem conhecer. Havia uma situação inicial
de atividade administrativa sem a funcionalidade dos prédios e
ausência de equipamentos culturais integrados na Capital. Estão em
andamento a reforma e a redefinição do uso dos prédios históricos
da Praça da Liberdade e adjacências. O prédio do BEMGE, que
possibilitará a instalação do centro cultural, já foi reformado e
aguarda a realocação. O resultado desse projeto será a implantação
de um complexo de atividades culturais, educacionais e turísticas,
conforme demonstrado no mapa.
O último projeto está muito ligado ao acesso à cultura e refere-
se à inclusão digital. A situação inicial era de exclusão, mas,
hoje, encontra-se em andamento um projeto de inclusão em 23
municípios, com a implantação de 23 centros vocacionais
tecnológicos, quatro bancos de dados sociais e nove unidades
móveis. Minas foi escolhida como projeto-piloto de inclusão
digital do Fundo de Universalização do Serviço de
Telecomunicações, que deverá ser descontingenciado no próximo ano.
Até o final de 2004, serão concluídos 100 telecentros que
garantirão o acesso dos cidadãos às informações. O resultado desse
projeto será a inclusão digital em 108 municípios, com a
implantação de 108 centros vocacionais, 108 bancos de dados
sociais e 117 unidades móveis, conforme demonstrado nos pontos do
mapa. Trezentos e cinqüenta telecentros já foram garantidos por
meio da parceria entre o IDENE e o Banco do Brasil. Além disso,
será implantado pelo menos um núcleo de inclusão digital com
recursos do FUST em todos os municípios mineiros, caso o projeto-
piloto esteja em andamento e os recursos sejam descontingenciados,
conforme anunciado.
Quanto à relação planejamento-cultura, são essas as nossas
informações. Lembramos que nem todos esses projetos são do
Governo, que continua mantendo os equipamentos culturais de sua
responsabilidade e as demais atividades de apoio à cultura.
Obrigado.