Pronunciamentos

ANTÔNIO JOSÉ DOS SANTOS, Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais.

Discurso

Transcurso do Dia do maçom. Homenagem à maçonaria.
Reunião 31ª reunião ESPECIAL
Legislatura 15ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 25/08/2006
Página 48, Coluna 3
Assunto CALENDÁRIO. HOMENAGEM.
Proposições citadas RQS 2116 de 2006

31ª REUNIÃO ESPECIAL DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 15ª LEGISLATURA, EM 21/8/2006

Palavras do Sr. Antônio José dos Santos

Exmos. Srs. Deputado Paulo Piau, nosso irmão, amigo e companheiro, Presidente desta Casa no dia de hoje; Deputado Domingos Sávio, autor do requerimento que deu origem a esta reunião; Deputado Sargento Rodrigues, nosso irmão; meu companheiro de jornada, meu amigo Janir Adir Moreira, grande 1º-Vigilante da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais; eminente Grão-Mestre do Grande Oriente do Estado de Minas Gerais, João Lemos Salgado; nosso querido irmão Hédison Damasceno, Grão-Mestre adjunto do Grande Oriente de Minas Gerais; meu querido irmão Eduardo, Presidente da AMI; meu querido irmão, Márcio, Presidente da Pael; meus irmãos; meus veneráveis; minhas cunhadas; meus sobrinhos e sobrinhas; meus irmãos do interior, que aceitaram nosso convite para estarem aqui presentes. Podemos citar irmãos de Santa Rita do Sapucaí, Conselheiro Lafaiete, Ouro Branco, Carangola, Divinópolis, Nova Lima, Contagem, Itaúna, nosso muito-obrigado pela presença. Vinte de agosto, uma data marcante para nós, maçons brasileiros.

Relembramos um feito indelével, uma conspiração memorável, tendo como palco a Loja Maçônica Comércio e Artes, no Rio de Janeiro, então sede do Grande Oriente do Brasil, onde o irmão Gonçalves Ledo, seu 1º-Grande Vigilante, ocupando interinamente o cargo de Grão-Mestre, em virtude da viagem do Sereníssimo Grão-Mestre irmão José Bonifácio de Andrade e Silva, em um discurso inflamado, decorrente da conclusão do movimento maçônico que se alastrava pelo País, acabou por praticamente declarar a Independência do Brasil. A quebra dos grilhões que libertaram a nossa Pátria do julgo português teve seu ápice com o Grito da Independência, proferido pelo Imperador D. Pedro I, em 7/9/1822, já na condição de Grão-Mestre da maçonaria brasileira.

A Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais, neste ano, por indicação dos Exmos. Deputados Paulo Piau e Domingos Sávio, nossos irmãos, prestam-nos mais uma homenagem pelo transcurso de tão auspiciosa data e nos cabe agradecer-lhes.

Este ato significativo, onde a Casa do Povo mineiro faz justiça, mais uma vez, relembrando feitos históricos importantíssimos não apenas para os maçons, mas também para toda a nossa sociedade, com certeza haverá de ecoar por todos os rincões de nosso Estado, seja pelos meios de comunicação, seja pela TV Assembléia.

Tal fato é altamente relevante, pois valoriza a maçonaria, que, como instituição que sempre se preocupou com o bem-estar da pátria e da humanidade, teve papel primordial nos episódios que resultaram na Independência do Brasil. É certo que estamos rememorando as glórias de um passado que já se faz distante e que jamais devem ser esquecidas, pois esses feitos são a fonte inspiradora às nossas investidas e aos propósitos nos dias atuais.

Ao perlustrarmos as páginas já esmaecidas da história da maçonaria no Brasil, averiguamos a participação da nossa ordem nos principais movimentos sociais, por meio dos homens que a compunham, que, calcados nos princípios basilares da instituição, buscavam o bem-estar da sociedade.

Retrata-nos a responsabilidade ferrenha no compromisso assumido por cada obreiro de tornar exeqüível uma agenda preestabelecida e um planejamento traçado em busca de objetivos concretos. Preocupa-nos a atual situação vivida pelo nosso povo. Logo, cremos ser o momento de indagar se efetivamente o Brasil continua independente. Constatamos com tristeza a nossa dependência econômica diante das nações mais adiantadas do mundo e, até mesmo, de países em desenvolvimento. A nossa dependência tecnológica também é marcante. Esse conjunto de situações nos faz refletir séria e profundamente sobre esse tema, despertando-nos para uma realidade que retrata um quadro onde a efetiva participação da maçonaria se faz necessária.

Sabemos da nossa força e temos a plena consciência de que os nossos valorosos e influentes irmãos espalhados por todos os rincões do nosso Estado, onde somente a Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, que temos o prazer de dirigir, mantém mais de 300 lojas, são capazes de se organizarem e participarem do grande movimento de restauração dos valores morais e éticos da nação brasileira.

Momentos importantes como este devem ser aproveitados para a expressão da nossa mensagem de encorajamento aos irmãos, para que efetivamente tomem posição nas várias áreas onde exercem influência, e a maçonaria brasileira, especialmente a mineira, possa desempenhar o seu verdadeiro papel no contexto social e político da Nação.

É necessário mudarmos o curso das nossas atividades. A sociedade espera por uma participação mais contundente de nossa excelsa ordem. Para que isso se torne possível, é necessário que unamos as nossas forças e marchemos resolutos numa só direção. É tempo de traçarmos diretrizes e estabelecermos metas, a fim de que a nossa representatividade seja notada, ouvida e acatada tanto no setor governamental quanto no privado.

Martin Luther King disse, certa vez: “Não é o barulho dos maus que me preocupa, mas o silêncio dos bons”.

Srs. Deputados, meus irmãos, minhas senhoras, o mundo está vivenciando uma enorme mudança histórica. Não obstante a sua evolução material está em crise e em declínio moral, intelectual e social. As origens dessa crise estão caracterizadas na perda progressiva das raízes transcendentes da humanidade. Estamos todos apreensivos com essas transformações, que, independentemente de nossa aceitação ou não, já fazem parte do nosso dia-a-dia.

É preocupante a decadência de valores morais e éticos tanto na política quanto no dia-a-dia da nação brasileira. Isso é percebido quando o senso crítico de seus cidadãos é substituído pela vulgaridade do detalhe ou pela inexpressividade dos “slogans” desprovidos de qualquer essência.

Isso já está contribuindo para a desestruturação dos nossos lares, descaracterizando o conceito de família - bem de maior expressão do cidadão e notadamente do maçom.

Evidentemente que não podemos generalizar, porque ainda temos homens de valor e tenacidade na direção de nossos destinos. Como exemplos, o nosso Governador Aécio Neves, o nosso Presidente desta Casa, Deputado Mauri Torres, os nossos irmãos Deputados Paulo Piau, Domingos Sávio e Sargento Rodrigues e tantos outros executivos e parlamentares daqui e de outros Estados brasileiros. Mas também é inegável que estamos vivendo num País onde alguns governantes e parlamentares sem o mínimo de escrúpulos trazem agonia às nossas vidas, ao nosso cotidiano, com situações alarmantes que causam perplexidade e estupor, como a corrupção, os assassinatos de políticos, a violência urbana, a violência rural e a violência ideológica dos politicamente corretos que dominaram a nação brasileira e dela fazem escárnio na tentativa de implantar regimes políticos fossilizados e, fundamentalmente, diante da falta de perspectivas e consciência quanto ao futuro.

É preocupante o estado de perplexidade e confusão da sociedade brasileira diante de uma seqüência interminável de escândalos que envolvem a dilapidação do patrimônio público, onde “sanguessugas”, “mensaleiros” e os mais diversos tipos de assaltantes dos cofres públicos, muitos ainda livres e soltos, continuam a escarnecer daqueles que são honestos.

Preocupa-nos a falta de recursos para educação, saúde e segurança pública, recuperação e construção de estradas, proteção do meio ambiente e dos recursos naturais e tantos outros bens que a Nação reclama e almeja.

É triste ter que viver essa realidade, a verdadeira dissociação dos propósitos daqueles que lutaram pela liberdade deste país.

O Brasil de hoje é o País da descrença. Estamo-nos tornando, social e moralmente, supérfluos. A nossa sociedade, fundada sobre um caos, precisa de valores éticos, morais e culturais para sobreviver. E cultura não é um simples artefato de revestimento que retoca as aparências do universo humano. Ao contrário, ela é a própria condição de sobrevivência do homem no planeta.

Freud mostrou que, sem um olhar que transcenda a realidade, sem um vôo sobre o real, o homem cai na agonia, na atomização, no pânico e perde a própria humanidade.

Portanto, temos muito que discutir sobre isso, não só neste evento, mas todos os dias, com toda a sociedade, com nossas famílias e no seio da maçonaria.

Temos que retomar o nosso papel nesse novo contexto político e social, buscar uma forma, um caminho e mecanismos para as devidas soluções. Não podemos ficar alheios a todos esses problemas gravíssimos que afligem a nação brasileira e colocam em risco a unicidade do País.

Evolução é a palavra-chave para que a maçonaria seja mais atuante e possa abrir-se para o mundo, sem se esquecer, contudo, de suas tradições.

Cada cidadão, cada maçom, por sua vez, precisa inteirar-se dos problemas existentes. Precisa preparar-se para poder ajudar com seu discernimento, inteligência e estudo na solução dos agravantes problemas políticos, econômicos e sociais com os quais a sociedade brasileira se defronta. Somente dessa forma estaremos aptos a desempenhar na sociedade a missão que nos compete, seja à frente de empresas públicas ou particulares, seja na representação de nossas câmaras políticas ou nas representações de classes e órgãos de assistência social.

Precisamos reconhecer que, mais do que em qualquer outra época, é preciso participar, debater, discutir, propor e compreender que podemos fazê-lo, reformulando nossos paradigmas relativos à instituição, a fim de que ela atinja os albores neste terceiro milênio, digna como sempre foi e à altura de suas tradições. Não podemos, pura e simplesmente, colocar esse pesado fardo sobre os ombros de nossos dirigentes e omitir-nos.

Permita o grande arquiteto do universo que nossa passagem possa honrar e dignificar a ordem, lembrando sempre que o bom nome da maçonaria representa o reflexo das boas coisas que foram feitas nas práticas do dia-a-dia de cada um, dentro e fora de nossas lojas.

Diante desses fatos, em nome da GLMMG, e invocando o Pacto Maçônico de Minas Gerais, que deve representar a união e o trabalho conjunto com o Grande Oriente de Minas Gerais, Comab e Grande Oriente do Brasil, conclamamos a todos para uma jornada cívica de saneamento da vida pública e a retomada do verdadeiro sentido de cidadania, com absoluto respeito à coisa pública, às leis e aos mais altos interesses do Brasil.

Há sempre o que combater, sempre o que reformar, sempre o que erradicar, sempre o que implantar, para que se restabeleça o bem-estar do povo brasileiro. Nisso estará a ação política do maçom na sua mais elevada concepção.

As eleições gerais se avizinham. Nós, que somos apologistas da primazia dos regimes democráticos, estamos diante da grande oportunidade de fazermos o julgamento dos candidatos aos vários cargos eletivos - individualmente e por meio do exercício da influência daqueles que nos cercam - escolhendo aqueles que apresentam os valores morais e éticos para o desempenho de seu mister, além da “perfomance” adequada aos propósitos de verdadeira mudança dos destinos do País e, finalmente, abrindo caminhos para o seu desenvolvimento sustentável e para o crescimento de toda a nossa sociedade.

Repetindo as palavras de nosso grande 1º-Vigilante, irmão Janir Adir Moreira, na sessão comemorativa do Dia do Maçom, realizada pela Ordem dos Cavaleiros da Inconfidência Mineira, gostaríamos de terminar com a máxima de que “uma nação não representa a herança que recebemos de nossos pais, mas, acima de tudo, é uma dívida que assumimos com nossos filhos”. Muito obrigado.