Pronunciamentos

ADRIANO GUILHERME DE ARO FERREIRA, Presidente da Federação Mineira de Futebol - FMF

Discurso

Elogia o Projeto de Lei Federal nº 1.013/2020, que suspende o pagamento do parcelamento de dívidas no âmbito do Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro - Profut - durante período de emergência de saúde pública de importância internacional relacionada ao coronavírus (Covid-19). Comenta os impactos da pandemia no futebol e o trabalho da Federação Mineira de Futebol - FMF - no planejamento de protocolos para retorno das competições.
Reunião 18ª reunião ESPECIAL
Legislatura 19ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 16/06/2020
Página 4, Coluna 1
Assunto CALAMIDADE PÚBLICA. ESPORTE E LAZER. SAÚDE PÚBLICA.
Observação Pandemia coronavírus 2020.

18ª REUNIÃO ESPECIAL DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 19ª LEGISLATURA, EM 3/6/2020

Palavras do Sr. Adriano Guilherme de Aro Ferreira

O Sr. Adriano Guilherme de Aro Ferreira - Boa tarde, presidente. Agradeço o convite para poder participar desta audiência, na pessoa do deputado Zé Guilherme, que vem realizando um brilhante trabalho à frente da Comissão de Esporte desta Casa. Gostaria também de parabenizar o deputado federal Marcelo Aro, que capitaneou essa batalha na Câmara Federal em prol do futebol. Esse projeto de lei é de extrema importância para todo futebol brasileiro, não apenas para o futebol mineiro. Tenho a certeza de que, se essas soluções forem aprovadas, irão possibilitar, de fato, que os clubes consigam participar daquelas competições que já estavam em andamento e, assim, executar o seu calendário, o seu planejamento para este ano de 2020, em que pese essa pandemia.

Como todos sabem, presidente, fomos pegos de surpresa, envolvidos aí nessa pandemia mundial, que era algo totalmente imprevisível no início deste ano, e isso acarretou a paralisação dos nossos torneios, a paralisação da vida do futebol. Registro aqui que, no caso de Minas Gerais, a Federação Mineira de Futebol foi a primeira entidade do Brasil a determinar, no primeiro momento, a realização de jogos com portões fechados e, num segundo momento, também a primeira a suspender a execução de todos os seus campeonatos.

Temos de ter em mente, presidente, que, quando falamos de futebol, falamos num universo muito grande. A federação, enquanto entidade promotora do futebol no Estado, sabe da sua missão e deseja ver o futebol ser retomado o mais breve possível, todavia, neste momento, é extremamente importante que tenhamos a cautela e a prudência necessárias para que possamos retomar o futebol em uma situação de segurança para todos os envolvidos. Quando digo "todos os envolvidos", não me refiro apenas a atletas. Estamos falando de atletas, de árbitros, de dirigentes, dos profissionais que participam das partidas – delegados, representantes, gandulas, imprensa, repórteres – enfim, toda uma universalidade de gente que vive diretamente do nosso futebol. Então, queremos, sim, retomar o futebol o mais rápido possível, mas temos de fazer isso com muita cautela e muita prudência.

Para que todos tenham uma ideia mais precisa, a paralisação do futebol afeta toda uma cadeia produtiva. Temos aí desde fornecedores de materiais esportivos, rede hoteleira, empresas de transporte até advogados, médicos, fisioterapeutas. Além de todos esses profissionais mais diretamente envolvidos que já citei, há também os autônomos que participam de cada uma das partidas, vendedores ambulantes, enfim, é um universo muito grande de pessoas. Só para falarmos do número de atletas, sem contarmos os dirigentes, árbitros e demais envolvidos, Minas Gerais possui hoje mais de 15 mil atletas. Isso sem contar aqueles jovens que estão em processo de formação, jovens abaixo de 16 anos que já disputam competições por seus clubes, mas possuem ainda contrato de atleta de formador. Então, estamos falando aí de um impacto direto em muitas pessoas. É por isso que, diante desse cenário, a Federação Mineira, em parceria com o governo do Estado, teve a iniciativa de começar a desenvolver um protocolo. Para quê? Para que, quando houver um cenário mínimo de segurança, possamos fazer a retomada do futebol em Minas Gerais, garantindo a integridade de todos os envolvidos. A Federação Mineira vem conversando com o governo do Estado, com os clubes envolvidos em suas competições para que, tão logo seja possível, posamos retomar as partidas de futebol. É claro que o que se cogita, no primeiro momento, é que essas partidas sejam realizadas de portões fechados, sem a presença de público e executando-se esse protocolo de segurança que garanta que todos os envolvidos sejam previamente testados e, caso haja alguma pessoa apresente sintomas ou teste positivo, ela não poderá, obviamente, ingressar no universo ali, daquela partida.

E a federação vem, então, dialogando, trabalhando no desenvolvimento desse protocolo para que ele possa ser executado. Mas, quando falamos na elaboração desse protocolo, é preciso termos em mente também que Minas Gerais é um estado muito vasto, com 853 municípios, e apresenta realidades muito diferentes. Então, temos o nosso futebol profissional, temos também as nossas categorias de base e temos o nosso futebol amador. Hoje a federação trabalha com níveis diferentes. Então, quando ela fala da retomada do futebol, num primeiro momento seriam clubes profissionais; num segundo momento, categorias de base; e, num terceiro momento, o futebol amador. Por quê? Porque o futebol amador carece de recursos, carece de estrutura.

Então, ele precisa de um olhar mais atencioso por parte de todos os gestores envolvidos, não só da federação, não só dos diretores de liga, enfim, não só dos dirigentes de clubes, mas de todos. Então, a nossa ideia, a ideia sobre a qual a federação vem conversando com o governo do Estado é, num primeiro momento, para os clubes profissionais; e, quando falamos em clubes profissionais, estamos falando do nosso Campeonato Mineiro, Módulo I e Módulo II. E aqui é importante ainda fazer um registro: a realidade dos clubes do Módulo I é uma e a do Módulo II é outra. Os clubes do Módulo 1 ou da 1ª Divisão contam com recursos muito mais significativos, são clubes muito mais bem estruturados e que possuem condições mais adequadas para seguir um protocolo de segurança e executar também esse protocolo de isolamento. Com certeza, os clubes do Módulo II, apesar de serem profissionais, são clubes que carecem mais de recursos, são mais dependentes da iniciativa privada, de patrocínios, enfim, de recursos que sejam injetados no clube, não tanto por seus torcedores, mas pelo mercado como um todo.

Então, o que pensamos hoje é, retomando competições para esses clubes profissionais, num primeiro momento, buscar promover a competição do Módulo I e, num segundo momento, a competição do Módulo II. Uma vez encerrada essa fase, aí, sim, passaríamos para as categorias de base; caso corra tudo bem, depois, num terceiro momento, para os clubes amadores.

Então, a nossa ideia aqui hoje é estar à disposição da sociedade, de todos vocês, para que possamos debater, para que possamos, juntos, tentar encontrar medidas para a retomada do futebol, tendo em vista que estamos lidando com um vírus sobre o qual se sabe muito pouco ainda. O mundo inteiro está lutando contra ele, não somos apenas nós. Já vimos aí que, na Europa, alguns países retomaram as suas competições. A própria Bundesliga, a liga alemã, reconhece que é impossível trabalhar com um cenário em que haja 100% de segurança, mas acredita que é possível trabalhar em um cenário em que existam condições mínimas ou razoáveis de segurança e que, dentro desse cenário, seria possível, sim, estabelecer um protocolo que previsse o isolamento de eventuais contaminados. E por que, presidente, o mundo todo vem se esforçando para desenvolver um protocolo que permita a retomada das competições? Porque o futebol, além de um esporte, também é uma válvula de escape para a população como um todo, possui um caráter cultural, social e recreativo. Então, acredita-se que a retomada do futebol pode contribuir, e muito, para a rotina das pessoas que vivem em quarentena, além de contribuir para a manutenção e o desenvolvimento de toda essa cadeia produtiva que já citei e que envolve o mundo do futebol.

Com essas considerações, presidente, agradeço o espaço que me foi disponibilizado e permaneço aqui à disposição para prestar todos os esclarecimentos e fazer os debates que se fizerem necessários. Muito obrigado.

O presidente – Muito obrigado, Sr. Adriano Guilherme de Aro Ferreira. Com a palavra, o Sr. Carlos Starling, infectologista, para suas considerações.