Decreto nº 10.896, de 14/06/1933
Texto Original
Aprova programas do ensino normal
O PRESIDENTE DO ESTADO DE MINAS GERAIS, usando da atribuição que lhe confere o decreto n. 19.398, de 11 de novembro de 1930 do Governo Provisório da República, resolve aprovar os programas de ensino de desenho, trabalhos manuais, e modelagem e história da civilização principalmente dos métodos e processos de educação nas escolas normais do Estado.
Palácio da Presidência, em Belo Horizonte, 14 de junho de 1933.
OLEGARIO MACIEL
Guerino Casasanta
PROGRAMA DE HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO, PARTICULARMENTE HISTÓRIA DOS MÉTODOS E PROCESSOS DE EDUCAÇÃO
Instruções
A disciplina que, sob a denominação de "história da civilização, particularmente histórica dos métodos e processos de educação", o dec. 9.450 manda ensinar no Curso de Aplicação é (aliás como as demais do Curso) um dos ramos da ciência geral da educação. É a ela que os alemães denominam social pedagógica.
Definamo-la. A disciplina histórico metodológica do dec. 9.450, tem por objeto o estudo da sociedade na sua função educacional. A sociedade é um ser gregário, quase um organismo vivo. Atuando sobre suas próprias células — os indivíduos – educando-as e melhorando-as, ela, por sua vez, evolui, e se transforma.
Assim entendida — e o regulamento não se presta a outra interpretação — a disciplina não pode ser dividida por matérias. Ela não é história da civilização e nem história dos métodos e processos de educação, mas, uma resultante da combinação das duas.
Não existindo no Curso Preparatório uma cadeira de história, o presente programa foi organizado com uma certa abundância de fatos históricos. Fica, porém, estabelecido que a ideia central, em todos e cada um dos pontos, será sempre a educação e que, dos fatos históricos, os docentes só tratarão quando eles determinarem o movimento educacional ou forem resultantes deles.
O ensino da social pedagogia, para ser útil, deve ser integral, isto é, abranger toda a vida da humanidade. Um ensino desconexo, por individualidade ou épocas salteadas, não poderá nunca ser útil. Valerá sempre mais, para o aluno-mestre do Curso de Aplicação , uma visão de toda a humanidade, desde o seu aparecimento na terra até os nossos dias, do que o estudo particularizado de determinadas épocas.
O presente programa segue — e não podia deixar de seguir — as correntes dinâmicas da humanidade. Prelecionando a disciplina, os docentes deverão, entretanto, indicar, também, no mapa as regiões estáticas. A coexistência destas duas humanidades é um fato que obrumba com seu peso todas as idades. As grandes crises que abalaram nos seus fundamentos a civilização, promanaram, sempre, das regiões estáticas.
Todas as leis da história são aplicáveis à disciplina. Destas leis, é principal a chamada da evolução. Todo fato histórico deve ser encarado como um processo contínuo de desenvolvimento, intimamente ligado a outros fatos, da mesma ou de diversas naturezas, que sobrevieram antes ou vieram depois.
Este princípio é altamente fecundo e confere aos docentes uma grande liberdade na explanação do programa. Colocado o fato de que trata o ponto na sua época e no seu quadro geográfico, pode o docente, de mapa aberto, caminhar pela terra inteira, ou ascender no tempo até o homem primitivo ou descer do homem primitivo até o homem de nossos dias.
O mesmo princípio reforça, igualmente, o que já se disse atrás, isto é, que a história não pode ser ensinada por partes. As épocas de esplendor da civilização são épocas de colheita. É, entretanto, nas anteriores que se fizeram as sementeiras, sobretudo, metodológicas, e são estas que interessam aos alunos do Curso. Acresce que, no ensino da disciplina, a constatação dos erros, com o consequente declínio das civilizações, deve ser feita, talvez, com função pedagógica mais efetiva do que a dos acertos. Há métodos e processos de ensino que esterilizaram gerações e gerações, e os há que mataram povos inteiros.
É ainda consequência do princípio de evolução a necessidade de, no ensino de história, fazer-se reviver realmente o passado. Em toda a vasta extensão dos tempos, vamos encontrar sempre o homem vivendo em sociedade, e as sociedades por ele formadas. Mas quer o homem físico, quer o social ou psíquico não é o mesmo em cada época. Variam nelas as suas crenças e as suas ideias diretrizes. Os próprios agregados sociais de nossos dias não são os de ontem e menos ainda os dos tempos primitivos. Não atender a tudo isto, limitando-se, o docente, a vestir e colorir o passado com as vestes e cores do presente, será sofisticar a história. Um ensino desta espécie não será nunca útil.
Outra grande lei da história é a que diz respeito ao tempo e ao espaço. Todos os fatos históricos ocorreram em determinado tempo e em determinado lugar. Do tempo, há muita gente que não tem noção exata. É por isto aconselhável, no ensino da disciplina, o emprego da linha do tempo e de outros gráficos, mostrando a distância ou os intervalos que medeiam entre determinados fatos históricos. Quanto ao lugar, a localização dos fatos deve fazer-se em mapas especiais ou mesmo nos comuns de geografia. A operação compreende o estudo do meio físico (fatores geográficos), não sendo descabido que o professor repise que a natureza é onipotente e que só se consegue vencê-la, obedecendo às suas leis.
Uma observação que colhe neste instante é a que diz respeito às datas históricas. Não se preocupem muito, os professores, com elas . . . A marcha da humanidade tem sido tão lenta que, contando-se por séculos os seus dias, não se ficará muito longe da verdade. O mesmo critério foi observado na organização do programa.
Uma outra observação, idêntica à anterior, é a referente aos fatos históricos. A menção deles nos pontos constitui mero roteiro, e não obriga a detalhes. Tratando-se, por exemplo, dos hindus, egípcios, etc., basta que o professor acentue as características comuns dessas velhas civilizações e as peculiaridades de uma ou outra e sobretudo a incapacidade de todas para evoluir ou ascender aos estágios superiores. Esta observação aproveita em todos os casos semelhantes.
É primacial nesta, como em qualquer outra disciplina, a questão de método. Infelizmente a história não a química que só pode ser ensinada por um determinado método. Nela, o que se pode afirmar de mais certo é que cada professor é um método vivo e deve ensinar do modo mais compatível com a sua organização psíquica. Para isto, recomenda-se que cada um faça, de si com lealdade! — um exame introspectivo. Tal método que seria magnífico e até sem par, aplicado por um professor fleugmático, não dará resultado nenhum, aplicado por um nervoso, etc. Colhe a mesma observação, tratando-se dos discentes; e por isto será sempre muito conveniente que, antes de iniciar o ensino, por determinado método, proceda o professor ao exame da capacidade psíquica de seus alunos.
Para o ensino de história o melhor método e talvez o que se devesse aconselhar em regra é o método de problema. Este método pressupõe, porém, a existência de uma biblioteca funcionando e de material didático abundante. Sempre que os professores se acharem em condições favoráveis, não tenham dúvidas em adotá-lo, preferencialmente. O método chamado de esquemas (outhine) não é desaconselhável, não o é igualmente o denominado de conversa com os alunos; idem, o de estudo, dirigido pelo professor; e ainda o de um livro como texto, contanto que seja completado por leituras complementares.
Infere-se do que fica, que se deixa ao professor a maior liberdade no ensino da disciplina. Tal liberdade, entretanto, não poderá ir até a permissão de ditar pontos que é a própria negação do ensino e nem a de confinar os alunos em um compêndio único, a decorar equipolente da prática anterior.
Terão os professores, no interesse que despertarem no corpo de alunos, a medida da bondade do método adotado. Este interesse será a sua vitória. São ótimos os professores que tornam amadas as disciplinas que ensinam, ou que despertam nos alunos o desejo de estudá-las pela vida afora.
A história exige, para seu ensino, o emprego de copioso material didático. Aí vai a lista, aliás, longa: objetos antigos; modelos; estereográficos; gravuras; documentos históricos; tratados extensos da disciplina e sobretudo as obras dos grandes historiadores e educadores: biografias; literatura da época; romances históricos, comprovadamente inverídicos; mapas; gráficos; "charges", etc. Do emprego deste material, vai depender, em grande parte, o êxito do ensino.
A distribuição da matéria, pelos dois anos do curso deverá ser feita de acordo com o programa. Toda a história antiga, compreendida a pré história, e mais a história da idade média e da moderna deverão ser prelecionadas no 1.º ano.
Reserva-se a história contemporânea — síntese da história de todas as idades para o 2.º Será sempre de rigor o esgotamento dos programas.
Muito poderá a disciplina concorrer para a formação de vocações professoras. A par desta virtude máxima, possui ela ainda a de tornar venerados, na sua dedicação e no seu desprendimento, os tempos passados; e também a de criar a chamada consciência histórica ou capacidade de julgar com imparcialidade e justiça.
É evidente que, da boa execução deste programa, muito poderá lucrar a instrução em Minas.
Primeiro ano
1. Noções preliminares: definição da disciplina; fatos e documentos históricos; divisão da história. Ciências auxiliares.
Pré-História
2. Paleolítico e neolítico: dados paleontológicos; vida dos agregados humanos nestas duas idades; educação do aprendizado prático.
3. Idade do bronze: rumas desta pré civilização (pré incaicas, de Micenas, Cnossos e outras); organização e vida dos agregados na fase; educação a do anterior e, mais, a do ensino oral poetizado.
Idade Antiga
I — Antiguidade oriental
4. Egípcios, persas, etc., e mais hindus e chineses: afinidades e diferenças dessas antigas civilizações; os deuses reis; as castas; a escravidão; as religiões. Educação: alfabetos; caráter secreto das ciências; peculiaridades das instituições escolares egípcia, hindu e chinesa; escolas judias.
II — Antiguidade clássica
5. Grécia — A terra e o homem; lendas gregas (idade do bronze). A cidade grega; administração e justiça; direito das gentes; exército e marinha; colônias; economia: religião; usos e costumes; as Olimpíadas; Letras, ciências e artes; educação. Estudo particularizado da oligarquia espartana e da democracia ateniense e da educação em Esparta e Atenas. Guerras medo-persas; hegemonia de Atenas, figura de Pendes. Guerra do Peloponeso Supremacia de Sparta, Hegemonia de Tebas.
6. O império de Alexandre — Figura do fundador e resumo da história da Macedônia; guerras e conquistas de Alexandre; tentativas de organização de seu império; Aristóteles e o Liceu de Atenas; a obra científica de Aristóteles e sua projeção no futuro. Morte de Alexandre e partilha do império. Alexandre e Pérgamo, asilos da civilização grega; diferenças e semelhanças entre o Liceu de Atenas e o Museu de Alexandria. Retrospecto sobre a civilização e o pensamento grego; epitome da pedagogia grega; Pitágoras, Sócrates, Platão e Aristóteles.
7. Roma — Da fundação ao fim do período dos reis. República romana, sua organização; às 12 tábuas; luta entre o patriciado e a plebe. Religião dos romanos. A família romana; educação doméstica romana. Organização militar; guerras e conquistas romanas; o mundo romano no fim da república. Literatura, artes, usos e costumes dos romanos: assimilação do espírito grego depois da conquista da Grécia; adoção da pedagogia grega. Os escravos pedagogos de Roma.
8. Império romano — Causas da decadência da república e lutas que precederam a formação do império. Figura de Augusto e organização do império; paz de Augusto e testamento de Augusto. Direito de cidade; províncias e economia do império. Problema da sucessão nos impérios e as crises do romano. Estudo do governo dos flavianos e antoninos. Conquistas imperiais; mudança da capital para Constantinopla; Diocleciano e a divisão do império. Decadência de Roma. Império romano no fim do século IV. Sinopsis da literatura, artes e ciências dos romanos. Educação: regime escolar; filósofos e retóricos.
9. Do cristianismo: Jesus e os evangelistas; perseguições; as catacumbas. Ação moral do cristianismo e organização primitiva da Igreja; Constantino. Influência dos ensinamentos de Cristo — primeiros lineamentos de uma pedagogia cristã: o cristianismo e a dignidade humana; o cristianismo e o trabalho; o cristianismo e a fraternidade; o cristianismo e a desigualdade de condições; o cristianismo e o desapego aos bens terrenos. Influência da Igreja sobre os bárbaros. Educação nos primeiros tempos da era cristã.
10. O mundo bárbaro — Retrospecto sobre o primeiro contacto dos romanos com os germanos. Estudo étnico, social e político dos bárbaros: os teutões, os slavos-sormatas e os finlandeses. Infiltração e invasão dos bárbaros. Os hunos. Dissolução do império do ocidente e fins da idade antiga.
Idade média
11. O Oriente bisantino — Justiniano; codificação do direito romano; arte bizantina. O grande cisma do oriente e as suas consequências.
12. Os árabes — Mahomet e o Alcorão; Império árabe, expansão árabe do VI ao X século; o califado; organização social dos árabes; USOS C costumes. Ciências, letras e artes árabes; educação árabe; as universidades.
13. O Ocidente germânico — Do império franco ao carolíngio; figura de Carlos Magno; Espanha e Inglaterra medievais. Igreja medieval, sua organização e influência — o papado; economia medieval. O feudalismo: regime feudal; usos e costumes da época. Educação no período: os mosteiros — as escolas claustrais e monacais; educação feudal: a cavalaria.
14. A Igreja no século XI e o Sacro Império Romano. Cruzadas; o oriente bisantino e árabe da época; importância das cruzadas e seus resultados; influência que então exerce a civilização oriental sobre o mundo ocidental.
15. Organização política no fim da idade média — Monarquias medievais (Espanha, Portugal, França e Inglaterra); a Europa Oriental e a Escandinávia; progresso generalizado do poder real; advento das classes populares e libertação das comunas; sociedades comerciais, a Hansea; cidades da Itália. Ciências, letras e artes da idade média. Educação: escolas latinas e paroquiais; a escolástica; as universidades; São Thomaz de Aquino e as suas doutrinas econômicas e pedagógicas; Roger Bacon e sua influência sobre a formação das ciências modernas.
16. Os mongóis — Nomadismo; Gengis Khan e seu império; política e administração dos mongóis; estabilidade do império mongol na sua parte oriental e resumo da história chinesa. Tamerlão. Império mongol das Índias, Akbar. Turcos otomanos; tomada de Constantinopla.
Idade Moderna
I — Renascença e Reforma
17. As grandes invenções que precedem e abrem a idade moderna; renascimento do espírito e das letras gregas; cisma do Ocidente; descobertas geográficas; progresso e consolidação do poder real e tendência dos estados para a centralização; desenvolvimento econômico e enriquecimento da Europa.
18. Renascença — Significação e espírito da época; movimento artístico, literário e educacional da renascença. Renascença na Itália; na França; na Inglaterra; nos países Baixos; na Espanha e em Portugal. Humanistas, filósofos e pedagogos: Victorino de Feltre, Vives, Aschan Erasmo, Rabelais, Montaigne, Milton. Influência do papel e da imprensa sobre a educação.
19. Reforma, suas origens e diferentes seitas protestantes; Lutero. Contra-reforma; os jesuítas; Concílio de Trento. Significação política, religiosa e educacional deste duplo movimento.
II — Absolutismo Monárquico 20. Monarquias absolutas (na França, Inglaterra, Espanha, Portugal, Áustria). Povo, nobreza e clero na época; as côrtes; usos e costumes. Economia mercantilista — análise e crítica dos mercantilismos espanhol, francês e holandês. Tratado de Westphalia, direito das gentes; o equilíbrio europeu; exércitos permanentes, Retrospecto sobre o povo e a nação suíça e independência da Holanda.
21. A Inglaterra e a monarquia constitucional: revoluções inglesas de Cromwell, e de 1688. Modificações no equilíbrio europeu: advento da Rússia e da Prússia; decadência da Suécia, da Polônia e da Turquia.
22. Literatura, ciências e artes no século XVII. Educação; filósofos e pedagogos: Francisco Bacon, Descartes, Ratke, Comenius — seu lugar na história da educação, Locke, Fenelon. Escolas populares (La Salie. Port Royal, Francke e os pietistas, Saxe-Gotha).
23. Regime colonial no século XVIII – Retrospecto da expansão colonial da Europa nos séculos anteriores impérios coloniais português, espanhol e holandês; colonização francesa e inglesa; lutas pelo predomínio colonial; regimes coloniais; o império dos mares.
24. Colônias inglesas da América do Norte, sua emancipação política e organização democrática; constituição americana. Influência da organização democrática dos Estados Unidos sobre a educação popular; ideias pedagógicas de Jefferson.
III — Despotismo esclarecido
25. Síntese da evolução da humanidade no século XVIII — Alargamento do ecúmeno e consequências; renascença filosófica; ideias políticas de Voltaire e Montesquieu; Rousseau e o Contrato Social; a Enciclopédia: ciências formadas ou em formação neste século; novas doutrinas econômicas: a fisiocracia e o liberalismo; letras e artes. Tentativas de reforma em diversos estados europeus — despotismo esclarecido. Usos e costumes da época; os salões. Projeção das ideias do tempo sobre a educação; ideias pedagógicas de Rousseau; influência de Rousseau: Kant, Basedow e os filantropos. Estado da escola popular no fim do século XVIII.
2. ano:
Idade Contemporânea
I — Século XIX
26. Revolução francesa e suas causas próximas e remotas; idéias e obras da revolução; legislação pedagógica da revolução, Condorcet; lutas da revolução com a. Europa. Napoleão, o consulado e o império; guerras napoleônicas. Congresso de Viena e a Europa de 1815. A Santa-Aliança; tentativas de restauração absolutistas e lutas consequentes.
27. Revolução mecânica — o vapor e os mecanismos; a eletricidade; evolução dos meios de comunicação e de transporte. Revoluções industriais. Consequências destas duas revoluções; capitalismo e operariado; formação de grandes cidades; expansão comercial.
28. Independência das colônias espanholas da América; estados hispano-americanos. Independência do Brasil; organização política do nosso país; a constituição do Império.
29. Parlamentarismo inglês e a política liberal da Inglaterra; o nosso parlamentarismo e adoção do mesmo regime noutros países. Independência da Grécia; revolução francesa de 1830; separação da Bélgica.
30. Revolução francesa de 1848; o segundo Império. Movimentos nacionalistas na Itália e na Alemanha. Guerra franco-prussiana; fundação do império alemão; unificação da Itália; terceira república na França. Estados Unidos; guerra da secessão, figura de Lincoln; expansão e progresso dos Estados Unidos, O Japão, sua organização primitiva e rápida evolução. A Rússia, sua expansão na Ásia.
31. As grandes potências e sua política — paz armada. Segunda fase de expansão colonial, partilha da África, da Ásia e da Oceania; o império Britânico; a China e a luta comercial das potências no Oriente; potências imperialistas.
32. Evolução científica no século XIX — Ciências novas ou renovadas neste século; caráter prático do movimento e consequente repercussão na agricultura, nas indústrias e no comércio. As novas doutrinas econômicas do século: socialismo e escolas realistas. Literatura do século, romantismo e realismo. Evolução artística; a música.
33. Educação no século XIX — Característicos gerais da repercussão do progresso das ciências e das revoluções mecânica e industrial sobre a educação; influência dos interesses nacionais: oficialização, obrigatoriedade e gratuidade do ensino; proteção à infância. Principais pedagogos e filósofos: Pestalozzi, vida e obra de Pestalozzi; movimento pestalozziano. Herbart, princípios essenciais de sua doutrina; movimento herbartiano. Froebel e os jardins da infância; movimento froebeliano. A escola popular alemã no século XIX. Educação na Inglaterra — 11. Spencer, princípios essenciais de sua doutrina; movimento spenceriano. Horace Mann e a educação nos Estados Unidos.
II — Século XX
34. Crise da humanidade no século XX A Grande Guerra, o tratado de Versailles e as consequências da Grande Guerra. A Liga das Nações. A Europa e o mundo depois da Grande Guerra. Problemas e crises do momento. Letras, ciências e artes. Aperfeiçoamento crescente dos meios de comunicação, de transporte, e de produção; descoberta cio rádio; aviação. Alargamento de direitos, emancipação da mulher.
35. Educação no século XX — Sinopse e resumo das tendências educacionais; a partir da Renascença; tendências atuais. Estudo das organizações escolares: a) da Alemanha; b) dos Estados Unidos; e) da Inglaterra; d) da Suíça; e) da Suecia; f) da França; g) da Argentina; h) do Uruguai; i) do Brasil. O normalismo e sua evolução, a partir do século XIX — Pestalozzi; o moderno ensino normal e seu caráter técnico. Necessidade de adaptar a educação às novas condições de vida no mundo atual; líderes desse movimento: Dewy, Kilpatrick, Kerschensteiner, Lay, Ferriére, Cousinet, Decroly e outros. A educação e o futuro da humanidade.
Bibliografia
Seignobos — Histoire de Ia civilisation.
Wells. H. G. — Esquisse de L'histoire universelle.
Grozals — Histoire de Ia civilisation. Gonnard, R. – Histoire des doutrines economiques.
Monroe, P. — Histoire de Ia pedagogie.
Guex, François — Histoire de l'instrution et de I’education.
Cubberley — The history education.
Daives — How to read history.
PROGRAMA DE DESENHO, TRABALHOS MANUAIS E MODELAGEM
Introdução
Os trabalhos manuais (unidos ao desenho que sempre os precede e é como o abc da linguagem das mãos) formam o eixo, em torno do qual gira a escola nova, ou escola ativa, ou escola do trabalho, como quiserem cotejá-la. É claro que não se trata aqui dos trabalhos manuais ensinados com o objeto de dar ao aluno o preparo prévio para uma futura profissão, mas do trabalho manual destinado a servir ao menino como um dos meios de expressão do pensamento.
A criança, antes mesmo da idade escolar, desdenha os brinquedos caros, que lhe compra o pai, para se divertir horas inteiras, trabalhando um pedaço de páu com uma velha faca, procurando guiar para boca do formigueiro o filete de água que corre pelo quintal enchendo de garatujas a lápis, giz ou carvão, os muros e os passeios que lhe passam diante dos olhos irrequietos e das mãos ávidas de movimento.
A escola moderna deliberou, pois, aproveitar essa tendência, canalizando-a em benefício da educação e do ensino. Quer dizer que a professora de hoje tem que ensinar aos seus alunos, não só o uso do lápis e do papel, mas o do serrote e da madeira, da argila e dos instrumentos com que é trabalhada, como ainda e sempre, da agulha e do fio para coser e tecer (quando, para isto, se apresentar oportunidade).
Não há hoje disciplina ou matéria de programa escolar que dispense uma atividade de realização manual : no ensino da leitura temos a ilustração dos textos, em que entra o desenho; a encadernação de coleções de historietas, de poesias, em que entra a cartonagem as estantes e os porta-livros, em que entra a carpintaria. No ensino da aritmética e geometria vem a cartonagem para a construção dos sólidos, a carpintaria e modelagem ainda para a construção dos mesmos sólidos, o desenho para a representação das linhas e das figuras planas. No ensino da geografia, vêm o desenho e a modelagem para os mapas, para a representação das raças humanas, das habitações, dos vestuários conforme os climas.
No ensino da higiene, vem ainda o desenho para os quadros demonstrativos do valor dos alimentos, para os gráficos de diversas espécies. No ensino da história, despacho, modelagem, carpintaria, costura e trabalhos de agulhas vêm em auxílio da palavra representando as coisas, as pessoas e as épocas, de modo mais claro e eloquente do que os textos, que procuram ilustrar. No ensino das ciências naturais, o desenho para a representação de plantas, animais, peças anatômicas..., a cartonagem, para o arranjo das coleções ; a carpintaria, para caixas e pranchetas, destinadas às mesmas coleções; a modelagem, para representação de coisas que podem mais do que o desenho.
Enfim, em todas as peças de que se compõe o edifício do ensino e da educação, estão sempre presentes o desenho e os trabalhos manuais como auxiliares indispensáveis à completa expressão do pensamento, e, talvez mais do que isto, como meio de tornar interessante para a criança um ensino, que acabaria por enfadá-la, se se conservasse como outrora, sob o domínio exclusivo da palavra falada ou escrita.
PROGRAMA DE DESENHO
Curso de Adaptação
1.º Ano:
Desenho do natural: cópia de folhas e de frutas, separadamente, depois reunidas em conjunto gracioso e disposições variadas. Croquis de casa, animais, pessoas.
Desenho de imaginação — Composições feitas pela aluna, mediante um assunto fornecido pela professora.
Desenho de memória — Representação de objetos conhecidos, sem que estejam presentes; representação de objetos apresentados pelo professor, que os colocará em frente ao aluno, durante um espaço de tempo limitado, retirando-o em seguida, para que seja desenhado, sem estar presente à vista.
Desenho espontâneo — Desenho de composição livre, feita pelo aluno, em tempo marcado e de acordo com as instruções da professora, que determinará um limite para a escolha e arranjo da composição.
Desenho decorativo — Composição de gregas ornamentais, para diversos fins, aproveitando as linhas retas e curvas isoladas ou em combinação.
2.º ano:
Desenho do natural — Cópia do natural de folhas, frutas, móveis, utensílios. Croquis, como no ano anterior.
Desenho de imaginação e de memória — Continuação dos trabalhos do ano anterior, procurando o professor ir aumentando a dificuldade, de acordo com o desenvolvimento da classe.
Desenho decorativo — Composição de gregas ou barras decorativas, aproveitando elementos da nossa flora, copiados do natural e empregados como motivos decorativos.
CURSO PREPARATÓRIO
Primeiro ano
Desenho do natural — Cópia, do natural de flores, insetos, e outros animais que possam ser apresentados aos alunos, ao vivo.
Croquis tomados de animais em movimento, soltos, em posições variadas e em grupos.
Desenho de memória, como nos anos anteriores.
Desenho decorativo — Composição de barras e gregas decorativas, formadas de combinações de figuras geométricas. Noções de estilização de flores, frutas, folhas e animais, tomados do natural.
Desenho espontâneo — Para os exercícios de desenho espontâneo, aproveitar impressões trazidas das excursões, de visitas a estabelecimentos diversos e de aulas das diferentes disciplinas de que consta o curso normal.
Segundo ano
Desenhos do natural — Estudo de sombras próprias e projetadas. Noções de perspectiva, por meio de cópias de objetos de formas simples. Croquis abundantes e variados. O estudo de animais, do natural.
Para o desenho de memória e espontâneo, continuar o trabalho do ano anterior. Desenho decorativo — Composições de barras e gregas decorativas, empregando as noções de estilização iniciadas no ano anterior.
Terceiro ano
Desenho de perspectiva — Continuação dos trabalhos de perspectiva iniciados no ano anterior, por meio de cópias do natural.
Desenho do natural — Cópia de peças anatômicas, tomadas do natural. Estudo de atitudes e expressões da figura humana, tornadas do natural. Proporções do corpo humano.
Desenho decorativo — Composição de formas e decorações para vasos e outros objetos de uso doméstico. Continuar os trabalhos de estilização de modelos do natural.
Desenho em ponto grande, a giz, quadro negro ou a lápis em grandes folhas de papel. Desenho feito, rapidamente em ponto grande e poucos traços, para ilustrar uma lição.
Noções de caricatura, ainda para ilustrar lições.
TRABALHOS MANUAIS E MODELAGEM CURSO DE ADAPTAÇÃO
Primeiro ano Cartonagem — Construção de sólidos geométricos, feitos com papel cartão; caixas para diversos fins, aproveitando as formas desses sólidos.
Costura — Pregar botões, fazer casas, serzir, remendar, consertar roupas rasgadas; pontas de alinhao, posponto, bainha, remate, franzidos, debruns, etc.
Trabalhos de agulha — Crochet, pontos de marca em aniagem ou talagarça.
Modelagem — Conhecimento da matéria prima, finalidade, conservação, qualidade, preparação para executar o trabalho, conhecimento dos instrumentos usados para o exercício dessa arte; preparo do fundo de argila em prancheta; modelagem, sobre-fundo de folhas e frutas, copiadas do natural; trabalho espontâneo, para desenvolver a iniciativa e o gosto.
Carpintaria — Pequenos trabalhos de madeira, em que só se utilizem o serrote, o canivete e a lixa; fabricação de pequenos objetos de uso, como canetas, réguas, utensílios para modelagem, etc.
N. B. — Todo trabalho de costura, a partir do primeiro ano do Curso de Adaptação até ao terceiro Preparatório, deve ser executado, de acordo com o desenho prévio, feito pela aluna e nunca copiado ou imitado de outros trabalhos ou desenhos tirados de revistas, jornais, etc.
Segundo ano
Cartonagem — Fabricação de Pastas e de álbuns para coleções diversas.
Costura — Pós-pontos no claro, pontos fechados e abertos, franzidos duplos, pregas, emendas de duas peças pelos diversos processos usados, de acordo com a natureza do trabalho.
Trabalhos de agulha, tecido a mão, ponto simples; aplicação do tricot em peças de vestuário; tapeçaria em aniagem ou talagarça.
Modelagem – Modelar, sobre fundo, em pranchetas, folhas, frutas e flores, copiados do natural; modelar vasos, pratos, plantas, ornamentados com linhas e figuras: geométricas em baixo-relevo; composição de gregas e barras decorativas, sôbre fundo; mapas em relevo.
Carpintaria —- Pequenos trabalhos de madeira, simples e ligeiras, feitos unicamente com auxílio do serrote, do canivete e da lixa, como no ano anterior.
CURSO PREPARATÓRIO
Primeiro ano
Cartonagem — Elementos de encadernação.
Costura — Corte e preparo de peças de vestuário para os trabalhos de dramatização, trajes próprios para caracterizar animais, por exemplo: corte de acordo com um molde preparado pela aluna.
Trabalho de agulha: tricot: pontos variados, à mão, para aplicação imediata em peças de roupa, e de acordo com desenho prévio e original da aluna.
Modelagem — Modelar, sobre fundo, copiando do natural, folhas, flores, frutas, insetos, répteis; composição de gregas e barras decorativas, usando a estilização de modelos, tirados do natural. Mapas em relevo. Trabalho espontâneo.
Carpintaria — Utilização da plaina e do banco de carpinteiro, medição com o esquadro, utilização da prensa, saber pregar e colar.
Todos esses elementos de carpintaria serão ensinados, fabricando-se objetos simples e de uso, como pequenas caixas para diversos fins; porta vasos, pequenas estantes ou prateleiras para livros, pequenos e simples utensílios domésticos.
Segundo ano
Costura — Corte e preparo de peças de vestuário para dramatização de cenas da história do Brasil.
Modelagem — Modelar figuras de animais, em baixo-relevo, sobre fundo liso. O mesmo trabalho, feito com a figura e a cabeça humanas. Mapas em relevo. Trabalho espontâneo.
Carpintaria — Trabalhar com o formão para encaixe, raspar, lixar, para polir, tingir a madeira, envernizar, polir. Serão aprendidos esses elementos de carpintaria através da construção de pequenos objetos e móveis ligeiros, como banquetas, suportes para vasos, molduras, estantes, pequenos teares de mão, bastidores, etc.
Terceiro ano
Costura — Saber fazer o molde e aplicar em peças de roupa, para dramatização de cenas da história da civilização. Utilização de motivos decorativos, de acordo, com as diversas fases da história da arte. Transposição de composições de desenho, tomadas do natural e estilizadas, para pequenos bordados de recortes, com combinações de cores e tonalidades, aplicadas em roupas ou tapeçaria.
Modelagem — Modelagem, reprodução de vasos, para noção da execução na cerâmica. Modelagem de vasos, decorados de acordo com os diversos estilos, como o egípcio, o grego, o marajoara, etc.
Carpintaria — Conhecimento das diversas qualidades de madeira, a técnica e os nomes das ferramentas, saber cortar, guardar e desempenar a madeira, saber construir as ferramentas. Trabalho de escultura em madeira, utilizando figuras geométricas e motivo estilizado do natural. Aplicação destes trabalhos na decoração de objetos delicados, como utensílios de escritório, porta-lâmpadas, etc.
História da arte — Arte egípcia, arte brasileira, arte marajoara, arte grega, arte do século 14 e do século 15, arte moderna.