Volta da geral no Mineirão motiva audiência na Assembleia
Debate nesta quinta (29) atende pedido do Movimento Amarelo Sem Cadeiras, que lembra precedentes na Arena MRV, Independência e outros estádios modernos pelo Brasil e no mundo.
A volta da geral no Estádio Mineirão é o tema da audiência pública que a Comissão de Participação Popular realiza nesta quinta-feira (29/5/25), a partir das 14 horas, no Auditório José Alencar da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O debate atende a requerimento do deputado Professor Cleiton (PV), após pedido do Movimento Amarelo Sem Cadeiras.
A geral era o setor popular, geralmente localizado em um dos lados dos estádios de futebol, na qual os torcedores podiam assistir aos jogos em pé, sem cadeiras, e por um preço bem mais acessível.
Esse espaço histórico ficou famoso em estádios como o Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ), onde se tornou símbolo de inclusão e festa, no qual torcedores de todas as classes sociais, inclusive adversários, se reuniam para apoiar seus times. O fechamento dos principais estádios brasileiros para obras de modernização visando a Copa do Mundo de 2014 decretou o fim da geral, que já perdia espaço em prol de maior rentabilidade.
Contudo, nos últimos anos, tornou-se tendência a implementação de setores festivos sem cadeiras para torcidas organizadas. Isso já foi adotado com sucesso por oito arenas modernas no Brasil, incluindo a Fonte Nova, em Salvador (BA), onde o Bahia manda seus jogos na Série A do Campeonato Brasileiro.
Manifesto elenca vantagens da retirada de cadeiras
Manifesto divulgado pelo Movimento Amarelo Sem Cadeiras cita esse precedente e o fato de que a Arena Fonte Nova, assim como o Mineirão, é um estádio público sob concessão. Em Belo Horizonte, conforme lembra o documento, o Estádio Independência (América) e a Arena MRV (Atlético) também já seguiram essa tendência.
O espaço sem cadeiras também é amplamente utilizado nos maiores estádios alemães e em diversas arenas da liga de futebol dos Estados Unidos (MLS).
Em seu requerimento, Professor Cleiton reproduz o manifesto. “A retirada das cadeiras do setor amarelo (inferior e superior) do Estadio Mineirão é uma pauta com grande apelo na torcida cruzeirense desde o fim da Copa do Mundo de 2014”, aponta o documento. O Cruzeiro, vale lembrar, manda seus jogos no Mineirão em todas as competições de que participa.
Ainda de acordo com o manifesto, as principais vantagens da retirada das cadeiras para o retorno da geral no Mineirão são as seguintes:
- aumento da capacidade de público em um terço
- redução dos custos de manutenção
- melhoria na segurança, com o fim de pequenos acidentes causados por quedas e quebras de cadeiras
- maior liberdade para torcer, o que resultaria em uma atmosfera mais vibrante e fortalecimento do fator local dos clubes mandantes
- possibilidade de redução nos preços dos ingressos
“Desde 2024, o Movimento Amarelo Sem Cadeiras tem realizado diversas ações para que a pauta ganhe mais visibilidade, como manifestações no entorno do Mineirão, colocação de uma faixa alusiva à reivindicação nos jogos do Cruzeiro e divulgação de materiais nas redes sociais”, lembra o manifesto.
A mobilização em torno da causa também resultou na produção de um dossiê com informações referenciadas sobre experiências em outros estádios e as vantagens associadas à implementação de um setor sem cadeiras.
Esse levantamento já foi entregue a diversos parlamentares e lideranças de torcidas organizadas para agregar apoiadores à causa. Os resultados disso começam a aparecer, inclusive com manifestação pública de apoio da direção do Cruzeiro.
Representante da Minas Arena confirmou presença
A Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra) foi convidada a participar da audiência desta quinta (29). Também foram chamados e já confirmaram presença a diretora da Minas Arena (consórcio gestor do Mineirão), Jacqueline Alves, o diretor de Marketing e Comercial do Cruzeiro, Marcone Barbosa de Andrade, e o diretor regional em Minas Gerais da Associação Nacional das Torcidas Organizadas (Anatorgd), Bruno Patrício Pereira.
Também confirmaram presença o presidente da Associação Mineira de Engenharia de Incêndio (Amei), o engenheiro eletricista, civil e de segurança do trabalho, Gustavo Antonio da Silva, e ainda dois dos autores do manifesto do Movimento Amarelo Sem Cadeiras: Éric Andrade Rezende, geógrafo da Prefeitura de Contagem (RMBH), e, por fim, o analista social Diogo Henrique Silva.

