A proposta que declara São Carlo Acutis patrono da juventude mineira recebeu o apoio de religiosos e autoridades nessa segunda-feira (3/11/25), durante audiência realizada pela Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). 

Os convidados da reunião defenderam a aprovação do Projeto de Lei (PL) 4.365/25, que institui São Carlo Acutis como patrono da juventude no Estado. De acordo com o autor da proposição, deputado Lincoln Drumond (PL), o objetivo é reconhecer o seu testemunho de fé, pureza de vida e inspiração para os jovens mineiros.

Conforme o projeto, o Estado poderá promover, apoiar e divulgar eventos, atividades e iniciativas com a finalidade de difundir valores de espiritualidade, solidariedade, esperança e protagonismo juvenil, inspirados no exemplo de São Carlo Acutis, conhecido como o “influenciador de Deus”. 

A matéria aguarda parecer de 1º turno na Comissão de Constituição e Justiça e também será analisada pela Comissão de Cultura.

Carlo Acutis (1991-2006) foi beatificado pela Igreja Católica em 2020 e canonizado em setembro deste ano. Ele é reconhecido mundialmente como símbolo da juventude cristã no século XXI e considerado o primeiro santo da geração millenial, como são conhecidas as pessoas que nasceram entre 1981 e 1996. 

Ele nasceu em 3 de maio de 1991, em Londres, mas foi criado em Milão, na Itália, onde ainda criança tornou-se católico e devoto da Virgem Maria. Poucos meses antes de morrer, criou um site dedicado à catalogação de milagres eucarísticos e aparições marianas ao redor do mundo. Por isso, ficou conhecido como o "padroeiro da internet". 

O jovem faleceu aos 15 anos, vítima de leucemia. Não muito tempo depois de sua morte, recebeu o título de Servo de Deus, o primeiro estágio no caminho para o reconhecimento da santidade. Em 2018, foi declarado Venerável pelo Papa Francisco.

Em 2020, Carlo Acutis foi beatificado após a Igreja reconhecer como milagre a cura de uma criança brasileira. Um menino de Campo Grande (MS) com uma doença rara no pâncreas teria sido curado após tocar uma peça de roupa supostamente com sangue do jovem italiano, exposta na missa.

No segundo milagre atribuído ao então beato, reconhecido no ano passado, ele teria curado uma jovem da Costa Rica após um acidente de bicicleta em 2022. Com traumatismo craniano grave, ela teve uma recuperação considerada completa e inexplicável após sua mãe pedir pela intercessão de Carlo Acutis.

A canonização se deu em setembro deste ano, em cerimônia presidida pelo Papa Leão XIV na Basílica de São Francisco de Assis, na Itália. É também em Assis que seu corpo está exposto, no Santuário do Despojamento. 

Um santo conectado com a tecnologia

O deputado Lincoln Drumond ressaltou que Carlo Acutis era um jovem moderno, conectado com a tecnologia e a cultura do seu tempo, mas guiado por valores sólidos, como honestidade, responsabilidade, solidariedade e compaixão. Para ele, a vida de Carlo Acutis mostra que é possível para os jovens fazer a diferença no mundo.

O PL 4.365/25 também recebeu manifestações de apoio dos deputados Mauro Tramonte (Republicanos) e Thiago Cota (PDT). O padre Miguel Souza Lima Campos, da Paróquia de Santo Antônio, de Goianá (Zona da Mata), conclamou os jovens a se mobilizarem em defesa da proposição. Ele sugeriu que todos encaminhem e-mails aos deputados, pedindo a aprovação do projeto. 

Oração e aprendizado durante a pandemia de covid-19

O padre Fábio Vieira, diretor espiritual do Apostolado Devotos de Carlo Acutis, contou sobre sua convivência com a família do santo italiano. Ele conheceu Antonia Salzano, mãe de Carlo, em 2012, durante uma visita ao túmulo dele em Assis. Naquele dia, segundo o padre, nasceu uma grande amizade.

Convidado a auxiliar nos trabalhos da Fundação Carlo Acutis, em janeiro de 2020 o religioso se mudou para a Itália. Com a pandemia de covid-19, ele acabou confinado com a família de Carlo Acutis em Assis. 

Nos piores momentos da pandemia, o grupo de dez pessoas se reunia para rezar todos os dias, em missas celebradas pelo padre Fábio Vieira no jardim da casa da família Acutis. “Naqueles nossos momentos ali, o que nos sustentou verdadeiramente foi a eucaristia”, comentou.

Para o religioso, o período foi um verdadeiro noviciado, como é chamado o período de aprendizado das pessoas que pretendem se dedicar à vida religiosa. “Hoje eu sou um padre melhor. Aquele ano me fez centrar naquilo que é essencial: a eucaristia”, finalizou.