Referência mundial de Minas Gerais no heavy metal é celebrada na ALMG
Audiência da Comissão de Cultura nesta terça (8) debateu criação de data no calendário do Estado dedicada ao gênero musical.
Expoentes e fundadores da cena mineira do heavy metal compareceram à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (8/7/25) para defender a instituição do Dia do Heavy Metal no Estado, prevista no Projeto de Lei (PL) 3.388/25.
A audiência pública da Comissão de Cultura celebrou a importância do gênero musical para a formação cultural de Minas Gerais, com a presença de integrantes das bandas Sepultura, Sarcófago, Overdose e NADA.
O presidente da comissão, deputado Professor Cleiton (PV), é o autor do projeto de lei e do pedido de audiência, realizada em atendimento ao disposto na Lei 22.858, de 2018, que fixa critérios para a instituição de data comemorativa estadual.
“A cultura mineira tem a marca da resistência, da rebeldia, da revolução, e o heavy metal tem uma página importantíssima nessa história”, destacou o parlamentar. Segundo ele, um dos trabalhos da Comissão de Cultura é lutar pela preservação da memória cultural do Estado, o que estaria sendo materializado pelo projeto de lei em discussão.
O PL 3.388/25 visa estabelecer a data de 1º de novembro como Dia Estadual do Heavy Metal de Minas Gerais. A proposição prevê ainda que atividades culturais e educativas de promoção e valorização desse gênero musical serão realizadas em todo mês de novembro, que passará a ter o reconhecimento oficial como o Mês do Heavy Metal no Estado.
A proposta aguarda análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e da Comissão de Cultura, antes de ir para votação em 1º turno no Plenário da ALMG.
BH foi cenário dos primórdios do metal pesado
A data de 1º de novembro foi escolhida como Dia do Heavy Metal em Minas Gerais pela ocasião do lançamento, em 1986, do primeiro álbum do Sepultura, o Morbid Visions. O disco foi um dos primeiros do mundo no estilo death metal e black metal e teve lançamento na loja e gravadora Cogumelo Discos e Fitas, em Belo Horizonte.
O fundador do Sepultura, Jairo Guedz, presente na audiência pública, lembrou que os anos 80 e 90 trouxeram uma geração de bandas responsáveis por colocar Minas Gerais e Belo Horizonte no cenário mundial do heavy metal.
O guitarrista comparou a Capital mineira a outras cidades emblemáticas por raízes musicais, como Liverpool, na Inglaterra, terra natal dos Beatles, e Seattle, nos Estados Unidos, berço do grunge. “Belo Horizonte tem o metal extremo, esse legado precisa ser cuidado e transformado em política pública”, argumentou.
Jairo Guedz defendeu ainda mais políticas de valorização do movimento, como editais de financiamento específicos, a criação de um museu dedicado ao tema e de um circuito turístico de visitação a pontos importantes para a história do heavy metal em Belo Horizonte.
O baixista e fundador da banda Sarcófago, Gerald “Incubus” Minelli, recorda que toda uma cadeia produtiva foi formada para atender às necessidades das bandas em crescimento naquela época, com o surgimento de luthiers, especialistas em sonorização, profissionais de estúdios e de questões técnicas ligadas à cena musical.
O nascimento do heavy metal foi recordado pelo fundador da banda NADA, Luiz Henrique de Vasconcelos. “No final da década de 80, a gente corria da polícia só por usar roupa preta e o cabelo grande. Hoje estamos aqui discutindo o Dia do Heavy Metal. A ALMG está fazendo justiça para um movimento esquecido na sua própria cidade”, celebrou.
Para Cláudio David, guitarrista e líder banda Overdose, o heavy metal seria o estilo de música mais rico já criado, pois possui vertentes que abrangem todos os outros gêneros musicais. Ele salientou que a banda mineira Sepultura é provavelmente a expressão musical brasileira mais famosa no mundo.
Também presente na audiência, a superintendente de Fomento, Capacitação e Municipalização da Cultura da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), Maria Luiza Reis Jardim, afirmou que a “contracultura também é uma cultura”, destacando a influência do heavy metal na vida dos jovens mineiros.
A representante da Secult sinalizou que considera a criação do Dia do Heavy Metal fundamental para fomentar a inserção do gênero em políticas públicas culturais, como leis de incentivo à cultura.

