Nesta sexta-feira (30/5/25), prefeitos e moradores dos Municípios de Rio Pardo de Minas, Riacho dos Machados e Serranópolis de Minas, todos do Norte de Minas, se mobilizaram contra a proposta de criação de uma reserva de desenvolvimento sustentável (RDS) na região. As críticas à criação da RDS aconteceram durante audiência pública organizada em Rio Pardo de Minas pela Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

A unidade a ser criada, denominada RDS Córregos Tamanduá-Poções-Peixe Bravo, está em processo de implantação desde 2023 pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ligado ao Ministério do Meio Ambiente. A RDS é um tipo de unidade de conservação caracterizada por abrigar povos tradicionais.

O ICMBio abriu prazo para consulta pública no último mês de abril. Segundo o Instituto, a região é rica em comunidades tradicionais, entre elas a remanescente de quilombo de Peixe Bravo. Se for criada, a unidade de conservação vai abranger mais de 57,4 mil hectares de Riacho dos Machados; 4,5 mil hectares de Serranópolis; e aproximadamente 7,7 mil hectares de Rio Pardo de Minas, somando quase 70 mil novos hectares de área protegida na região.

Mas prefeitos, autoridades, lideranças e até a população se mostram contrários à criação da reserva pois, segundo eles, vai impedir o desenvolvimento na região e engessar as atividades econômicas. O presidente da Comissão de Minas e Energia, o deputado Gil Pereira (PSD), foi o autor do requerimento para a realização da reunião, atendendo pedido de diversos prefeitos da microrregião da Serra Geral.

Também presente na reunião, o deputado Arlen Santiago (Avante) defendeu que o governo deveria incentivar atividades produtivas em vez de propor uma nova área de preservação em uma região que já conta com várias delas. “Nós precisamos de um projeto de desenvolvimento, nós precisamos de um projeto de barragens, nós precisamos de uma duplicação integral da BR-251, que está matando muita gente”, declarou. 

O prefeito de Serranópolis de Minas, Max Vinicius Aguiar Martins, afirmou que 30% do território do município já é parque estadual. A região de Serra Nova, que será atingida pela RDS, de acordo com o prefeito, é uma das principais áreas agrícolas. “Nos últimos dez anos, essa região começou a produzir café, abóbora, milho, feijão, inúmeras atividades econômicas”, relatou.

De acordo com Max Martins, a área se desenvolveu após a construção de estradas e a implantação do programa Luz Para Todos. Antes disso, a população dessa área era obrigada a migrar para outros municípios ou estados, e agora pode voltar a migrar se perder a autonomia para cultivar a terra. 

O prefeito de Rio Pardo de Minas, Astor José de Sá, o Tuquinha, disse que a criação da RDS elevaria de 33% para 46% a área do município que está comprometida por unidades de conservação. Ele defende a exploração mineral na região. “Já estão fazendo estudos. Se Deus quiser, em 2030 vão começar a extrair o minério. Está tudo encaminhado, mas se criarem essa RDS, vai acabar o sonho de Rio Pardo”, afirmou.

Diretora de Unidades e Conservação do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Letícia Horta Vilas Boas representou a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e disse que o órgão defende a criação da RDS. “Nós somos a favor da criação das unidades de conservação, elas são importantes para a proteção da biodiversidade, assim como para a nossa proteção em relação a esse cenário de mudanças climáticas que vem acontecendo”, declarou ela.

Apesar de defender a nova área de preservação, Letícia Horta disse ter dúvidas se as etapas necessárias de consulta à população afetada foram realizadas da forma adequada.