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População de Tiradentes denuncia abandono de fontes de água mineral

Moradores da cidade histórica reivindicam a revitalização do Balneário das Águas Santas.

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A situação de abandono de um importante patrimônio de águas minerais preocupa a população de Tiradentes (Região Central). Em reunião da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada nesta quinta-feira (2/10/25), moradores da cidade histórica cobraram a revitalização do Balneário das Águas Santas.

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O balneário ocupa uma área de mais de 11 hectares, dentro da Área de Proteção Ambiental da Serra de São José. O espaço reúne reserva de mata nativa, quiosques, quadra esportiva, restaurante, chafarizes e piscinas, além de fontes termais e de águas minerais reconhecidas pelo valor terapêutico. 

Em 2018, as fontes foram interditadas por recomendação da Agência Nacional de Mineração (ANM). Somente em 2024 a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge) conseguiu contratar uma empresa para elaborar o projeto executivo das obras de recaptação, readequação e estabilização geotécnica do fontanário.

Diante da demora na resolução dos problemas, o balneário foi ficando degradado. Segundo Ugo Cassano, representante da Cantina do Ítalo, concessionária que administra o espaço, o movimento de frequentadores caiu 80%. 

A população de Tiradentes se organizou para cobrar providências da Codemge. “Viemos assistindo a uma depredação do patrimônio físico, ambiental e cultural. O balneário está tristemente adormecido, e a população sente muita falta dele”, afirmou a integrante do Coletivo Santas Águas, Suely Aparecida Campos Franco.

Sem acesso a informações da Codemge, os movimentos organizados reclamam da falta de transparência sobre o cronograma de obras e reivindicam mais participação popular nas decisões sobre o futuro do Balneário das Águas Santas.

Anderson Dias Lima, diretor da Minergeo, empresa responsável pelo projeto executivo das obras, não pôde entrar em detalhes sobre as decisões da Codemge. Mas informou que uma proposta já foi aceita e, no momento, a empresa trabalha na elaboração de um relatório de avaliação técnica. Segundo ele, as obras nas fontes radioativa e magnesiana devem durar entre quatro e seis meses.

A Codemge foi convidada para o debate, mas não enviou representante. O deputado Cristiano Silveira (PT), que solicitou a realização da audiência, criticou essa ausência e disse que vai convocar a diretora-presidente da empresa, Luísa Barreto, para prestar esclarecimentos.

Citação

Uma história que remonta ao século XIX

O Balneário das Águas Santas já teve vários nomes em sua história, cujo início remonta a meados do século XIX, quando foram identificadas as propriedades terapêuticas das águas que brotavam no sopé da Serra de São José. O viajante inglês Richard Burton mencionou a existência das termas em um relato feito em 1868.

No início do século XX, turistas começaram a frequentar o balneário, em busca de suas águas medicinais. Em 1911, já era possível sair de Tiradentes e chegar a Águas Santas de trem, fazendo uma conexão na estação Chagas Dória, em São João del-Rei. 

A estação ferroviária foi desativada e demolida em 1966. Na década de 1960, o parque passou a ser administrado pela Hidrominas, que promoveu uma remodelação do espaço, com a construção de piscina e novos banheiros e vestiários. Desde 2005, o balneário opera sob contrato de arrendamento com a empresa Cantina do Ítalo.

Vídeo
Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização - debate sobre o Balneário das Águas Santas em Tiradentes
“Há anos a Codemge foi notificada por problemas nas fontes, mas nenhuma providência foi tomada até hoje. O grande serviço prestado pela empresa é enrolar a população. Precisamos que o Estado dê resolutividade a essa situação.”
Cristiano Silveira
Dep. Cristiano Silveira
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O balneário, que já foi um cenário com fontes de águas termais, funciona precariamente e aguarda obras de recuperação TV Assembleia

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