Plenário celebra 100 anos de Maria Lúcia Godoy
Natural de Mesquita, no Rio Doce, ela é considerada uma das maiores cantoras líricas do Brasil e foi solista em grandes orquestras do mundo.
“Lembrar as serras de Minas,
Demolidas, como dói!
Mas me consolo se escuto
Maria Lúcia Godoy.
Foi-se o ferro de Itabira?
Ouro não se destrói!
Está na voz da mineira
Maria Lúcia Godoy.”
O poema de Carlos Drummond de Andrade, de 1975, dá a dimensão da importância de Maria Lúcia Godoy para a cultura brasileira. A mineira de Mesquita (Rio Doce), considerada uma das maiores vozes do canto lírico do País e a mais importante intérprete de Villa-Lobos, completa 100 anos nesta segunda-feira (2/9/24), quando será homenageada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
A Reunião Especial de Plenário será às 19 horas, a requerimento de vários parlamentares, sendo primeira signatária a deputada Leninha (PT), 1ª-vice-presidente da ALMG. No documento, ela destaca a relevante contribuição de Maria Lúcia para a cultura musical do Brasil e seu papel como divulgadora dessa arte em todas as suas manifestações.
Maria Lúcia iniciou seus estudos musicais formais em Belo Horizonte, com Honorina Prates, e depois no Rio de Janeiro, com Pasquale Gambardella. Ao contar sua trajetória no Programa Memória e Poder, da TV Assembleia, em 2001, ela lembrou sua família numerosa e muito musical, que se reunia à noite para cantar e tocar. Assim, o gosto pela música – e também pela poesia – vinha desde a infância.
Ao longo de sua trajetória, aperfeiçoou-se em outros países, venceu vários concursos e foi solista na Orquestra Sinfônica Brasileira e no coro Madrigal Renascentista, com cujo regente, o maestro Isaac Karabtchevsky, foi casada.
Também ganhou projeção internacional como solista de orquestras como a da Filadélfia e de Detroit, a American Symphony (Nova Iorque) a Houston Symphony, a Tulsa Philarmonic (Oklahoma), a English Orchestra (Inglaterra) e a Orquestra Nacional de Montecarlo (Mônaco). Além dos Estados Unidos e quase toda a Europa, Maria Lúcia se apresentou também no Oriente Médio e na Ásia.
Os elogios às suas apresentações quase sempre ressaltavam, além da voz, a interpretação peculiar e intensa da cantora, de muita sensibilidade, o que foi atribuído ao seu gosto pela poesia. Alguns de seus poemas, inclusive, foram musicados em seu álbum Acalanto, de 2017.
Maria Lúcia gravou 16 discos, escreveu livros infantis e foi cronista no jornal Estado de Minas por 11 anos. Teve ainda participação especial nos filmes Os Senhores da Terra, Navalha na Carne e Poeta de Sete Faces.
