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Via singela no metrô de BH preocupa moradores do Barreiro

Possibilidade de circulação de trens em uma única via em trecho da linha 2 é alvo de reclamações em reunião da Comissão de Direitos Humanos.

30/06/2025 - 23:03
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A possibilidade de implantação de uma "via singela" na linha 2 do metrô de Belo Horizonte preocupa os moradores da região do Barreiro. Em audiência da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada na noite de segunda-feira (30/6/25), moradores da região reclamaram da proposta apresentada pela concessionária Metrô BH para viabilizar a construção do novo ramal.

O formato da via foi proposto pela empresa para compatibilizar o transporte de cargas com o transporte de passageiros na região. A linha 2 do metrô vai ligar o bairro Nova Suíça ao Barreiro. O ramal terá pouco mais de 10 km de extensão e sete estações.

As obras começaram em setembro do ano passado, mas um impasse com a MRS Logística, que opera um pátio de manobras no Barreiro, levou a Metrô BH a solicitar autorização para que o trecho de 2 km entre as estações Ferrugem e Barreiro seja uma linha singela.

Assim, em vez de uma linha do tipo carrossel, em que os trens transitam em duas vias de mão única, seria operada uma única via de mão dupla. No entanto, a proposta desagradou os moradores do Barreiro. Eles temem atrasos nas viagens e transtornos para os usuários da futura linha de metrô, esperada há mais de 40 anos.

Para a deputada Bella Gonçalves (Psol), que solicitou a realização da audiência, a proposta de linha singela é preocupante porque vai atrasar o tempo de viagem. Ela também lembrou que, em caso de problemas operacionais, a circulação dos trens pode ser totalmente interrompida no trecho.

Além disso, no entendimento de Bella Gonçalves, a via singela vai comprometer futuras expansões do metrô a partir do Barreiro. Uma eventual ligação com Ibirité, por exemplo, seria inviável. A parlamentar ainda argumentou que a proposta apresentada pela Metrô BH pode prejudicar os passageiros que vão fazer a conexão com o terminal de ônibus na estação Barreiro.

A representante do grupo Barreiro em Movimento, Letícia Barbosa dos Santos, ressaltou que a região tem cerca de 300 mil habitantes e a construção do metrô é uma demanda antiga da população. “Estamos falando de um metrô que deveria entregar o que a gente precisa. O Barreiro não merece isso, não”, afirmou.

Para o diretor do Sindicato dos Metroviários, Daniel Glória, a chamada linha singela desperta preocupações quanto à segurança da operação. “Na hipótese de falha na sinalização, temos o risco real de colisão frontal entre os trens”, alertou.

Outra preocupação do sindicalista é com a qualidade do serviço. Como não será possível fazer o embarque e o desembarque simultâneos de passageiros nas estações Ferrugem e Barreiro, o intervalo entre as viagens nesse trecho é estimado em sete minutos. “Esse é um intervalo muito grande para um sistema de transporte de massa”, lamentou. Atualmente o intervalo de circulação na linha 1 é de três minutos.

Linha 2 vai atravessar pátio de manobras da MRS

A gerente de Relações Institucionais da MRS, Carla Costa, explicou que a proposta de via singela surgiu da necessidade de compatibilizar o transporte de cargas com o transporte de passageiros. A linha 2 do metrô vai atravessar uma área por onde passam seis linhas férreas. A empresa concordou em ceder uma dessas vias e um espaço onde funciona uma área administrativa.

A representante destacou a importância da manutenção da capacidade operacional da MRS e reiterou o compromisso da empresa em dar continuidade às negociações para compatibilizar o funcionamento do seu pátio de manobras com a construção da linha 2 do metrô.

Contrato autoriza intervalo de 15 minutos entre os trens

A transposição das linhas da MRS, com possibilidade de desapropriação de áreas da empresa para comportar a implantação de duas vias férreas para o transporte de passageiros, são desafios na gestão do contrato de concessão do metrô de Belo Horizonte, segundo a superintendente da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra), Larissa de Albuquerque Sgarb.

A pasta solicitou à Metrô BH a complementação de estudos de modo a garantir o cumprimento de todos os critérios contratuais, como intervalo de viagens dos trens, indicadores operacionais de desempenho e estratégias para situações de emergência.

A decisão final sobre a implantação da via singela será da Seinfra. Larissa de Albuquerque garantiu que, caso esta seja a opção adotada, serão solicitadas medidas para o reequilíbrio financeiro do contrato com a Metrô BH. Ela não detalhou quais providências seriam tomadas nessa situação.

Respondendo a questionamentos da deputada Bella Gonçalves, a representante da Seinfra esclareceu que, no contrato de concessão do metrô, o intervalo de viagens dos trens pode ser de até 15 minutos, mesmo nos horários de pico. Por outro lado, ela garantiu que, se forem comprovados prejuízos aos passageiros, a Seinfra não vai autorizar a operação da via singela.

Comissão de Direitos Humanos - debate sobre a via singela na linha 2 do metrô de BH

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