A parceria estratégica entre o Brasil e a Índia deu mais um passo nesta terça-feira (12/8/25), com o lançamento da Frente Parlamentar Minas-Índia na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Durante reunião da Comissão de Agropecuária e Agroindústria, lideranças empresariais e autoridades indianas defenderam o aprofundamento dos laços econômicos entre os dois países.

Conforme lembrou o embaixador da Índia no Brasil, Dinesh Bhatia, o fluxo de comércio bilateral ultrapassou os 12 bilhões de dólares em 2024, e a meta é chegar a 20 bilhões de dólares até 2030. Na avaliação do diplomata, Minas Gerais é um dos pilares desse relacionamento de sucesso. 

Os indianos têm interesse em minerais estratégicos como o nióbio, além de negócios nas áreas de agroindústria e serviços. “A Índia está ansiosa para ampliar suas relações comerciais com Minas Gerais”, afirmou.

O CEO da Câmara de Comércio Indo-Brasileira, Paulo Azevedo, acrescentou que Minas Gerais pode se beneficiar de investimentos indianos em energias renováveis e tecnologias para cidades inteligentes. O país é grande exportador de produtos farmacêuticos, vacinas e equipamentos médicos e precisa importar produtos agrícolas variados, para alimentar sua população de 1,4 bilhão de pessoas.

Para o representante da Câmara de Comércio, o estreitamento das relações econômicas com a Índia pode ampliar os investimentos indianos no Brasil. Ele citou o exemplo da missão econômica organizada por São Paulo, que atraiu inversões da ordem de 5 bilhões de dólares para o estado vizinho. 

De olho nessa parceria, Minas Gerais prepara mais uma missão empresarial à Índia, em novembro. Segundo o superintendente de Atração de Investimentos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Gustavo Costa de Souza, o fluxo comercial entre Minas e o país asiático atingiu quase um bilhão de dólares em 2024.

O principal produto mineiro exportado para a Índia é o açúcar, que responde por 72% das vendas. Os indianos também compram café e ferroligas e têm interesse em minerais como ferro, manganês e lítio.

Conforme o superintendente, a Índia também vem se consolidando como origem importante de investimento externo direto em Minas Gerais. Um exemplo é a ACG, indústria farmacêutica que investiu R$ 60 milhões para expandir sua fábrica em Pouso Alegre (Sul de Minas). 

Com a venda da Iveco para a Tata Motors, o capital indiano também estará presente em Sete Lagoas (Região Central do Estado), onde fica a fábrica de caminhões e veículos utilitários que pertencia ao grupo Stellantis. 

Deputados querem mais investimentos indianos

O deputado Dr. Maurício (Novo), que vai presidir a Frente Parlamentar Minas-Índia, destacou a importância da parceria econômica com o país asiático. “Nós temos que fortalecer essa parceria e trazer para cá recursos da Índia, indústrias da Índia, para trazer para nós emprego e renda”, defendeu.

O deputado Raul Belém (Cidadania) lembrou que essa parceria remonta ao início da criação de gado zebu em Uberaba (Triângulo Mineiro). Para ele, a decisão foi crucial para tornar o Brasil um grande produtor e exportador de carne bovina. 

Veterinário de formação, o deputado Coronel Henrique (PL) acrescentou que, depois de importar a genética do gado zebu, o Brasil se tornou exportador de sêmen e embriões das raças zebuínas nelore e gir. “Vamos trabalhar para que Minas continue na vanguarda dessa parceria com o povo indiano”, finalizou.