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Distrito de Monte Verde quer diversificar o turismo

Destino no Sul de Minas já é considerado um dos mais hospitaleiros do País, mas empresários cobram melhorias do Poder Público.

30/11/2023 - 19:25 - Atualizado em 01/12/2023 - 10:55
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Monte Verde, charmoso distrito de Camanducaia, no Sul de Minas, acumula títulos de destino mais acolhedor, mais romântico, mais procurado no inverno. Mas moradores, empresários e gestores querem mais e buscam diversificar as atrações locais, implantando eventos de cultura e gastronomia, por exemplo.

Audiência da Comissão Extraordinária de Turismo e Gastronomia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada nesta quinta-feira (30/11/23), debateu o assunto em busca de ideias e parcerias para desenvolver essa vocação natural.

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“Queremos contribuir para o desenvolvimento de Monte Verde, para que continue sendo destaque no País”, sintetizou o presidente da comissão, deputado Mauro Tramonte (Republicanos), autor do requerimento para a reunião.

Gustavo Arrais, ex-secretário de Cultura e Turismo de Minas e proprietário de pousada em Monte Verde, destacou o grande potencial do distrito, que tem 309 hotéis e pousadas e 203 lanchonetes, bares e similares. Mas, na opinião do empresário, falta divulgação do destino, o que tem causado baixa no turismo. “Desde o início éramos a ‘terra do romance’, Deixamos de divulgar esse produto”, criticou.

Arrais ainda cobrou do Poder Público a retomada da gestão da Pedra Redonda, um dos cartões postais da cidade. Cedida à Prefeitura, a área foi objeto de um grande investimento do Estado em 2010, mas logo depois, foi devolvida à iniciativa privada. Hoje os turistas pagam para conhecer o local. O ex-secretário também criticou o “abandono” do Parque do Cadete, na mesma área.

Também Valdir Ruppel, presidente da Associação dos Convention & Visitors Bureau, denunciou o abandono de trilhas no distrito, estradas ruins, falta de banheiro público e de estacionamento para os ônibus turísticos, além de um cemitério em “situação vergonhosa”. Para ele, o ideal seria a construção de uma casa de cultura e de um centro de eventos que possam abrigar novos projetos em Monte Verde.

Empresários e agentes culturais que acompanharam a audiência relataram várias dificuldades. Eles avaliam que a identidade de Monte Verde está se perdendo, denunciam falta de água, de um bom hospital, e esgoto ainda jogado no rio. Segundo eles, não há sequer uma linha urbana que ligue o distrito à sede, o que eleva o custo de passagens dos funcionários. “Camanducaia optou pela indústria e não pelo turismo”, afirmou Roberto Lucas, pedindo a emancipação do distrito.

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Prefeitura anuncia investimentos

Bruno Alves, secretário de Turismo de Monte Verde, contestou algumas imagens do Parque do Cadete, mostradas durante a audiência. Segundo ele, o local estava sendo usado como depósito para uma obra pública. Ele ainda anunciou diversos investimentos no distrito, entre os quais a reforma do cemitério, a contratação de uma consultoria para o direcionamento do turismo e a criação de um festival gastronômico, com apoio do Sebrae.

Também estão em fase de licitação ou já licitados, segundo o secretário, a sinalização turística, a contratação de assessoria de imprensa para divulgação do destino, calçamento, paisagismo, revitalização do parque e instalação de banheiros públicos. “Hoje lançamos a marca oficial de Monte Verde e também teremos a disciplina de turismo na grade escolar”, acrescentou Bruno Alves. 

O subsecretário de Turismo da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, Sérgio de Paula, também mencionou as ações do Estado em prol do turismo, como a majoração da alíquota de ICMS nessa área. Em relação a Monte Verde, ele destacou o potencial para o turismo sustentável e de aventura. “Turismo hoje é de experiência. As pessoas querem vivenciar a cultura local. E essa é nossa essência. Nós recebemos na cozinha, e Monte Verde tem isso”, afirmou.

Realizadores de eventos compartilham experiências

Produtores e gestores de eventos de sucesso em Minas participaram da audiência e compartilharam experiências. Raquel Hallak D´Angelo Vargas, diretora-geral da Universo Produção e coordenadora geral da Mostra de Cinema de Tiradentes, se ofereceu, inclusive, para receber representantes da associação comercial que está sendo criada em Monte Verde com o objetivo de formatar um evento de audiovisual no distrito.

Raquel salientou que a Mostra de Cinema foi um evento precursor da descoberta turística de Tiradentes, há quase 27 anos, enquanto Monte Verde já é uma potência turística. “O turismo precisa da cultura e vice-versa. Tiradentes não tinha agência bancária, posto de saúde ou banheiro”, relatou. A empresária estimulou os empresários a se unirem para não dependerem totalmente do Poder Público.

O chef Edson Puiati, coordenador da Frente da Gastronomia Mineira e diretor de Hospitalidade e Gastronomia do Senac-MG, também pregou a união dos empresários para ganhos coletivos. Ele está à frente do Festival de Gastronomia de Tiradentes também há quase 27 anos deu dicas como a “releitura” de pratos clássicos da cozinha tradicional.

Puiati também sugeriu o investimento em turismo rural e de negócios, a personalização de serviços e o investimento na mão de obra. “A experiência no turismo se dá com pessoas. Invistam no que vocês têm, no chazinho colhido no quintal", citou.

Já Renato Lobato, curador e organizador de festivais gastronômicos, citou o Igarapé Sabor, festival no qual as protagonistas são as senhorinhas locais e seus pratos saborosos da culinária mineira.

Comissão Extraordinária de Turismo e Gastronomia - debate sobre o potencial de Monte Verde para o turismo em Minas Gerais
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