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Desenvolvimento com sustentabilidade é o caminho para Circuito Veredas do Paraopeba

Construção de ferrovia preocupa participantes de audiência, que defendem investimentos com cuidado social e ambiental.

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O equilíbrio entre progresso econômico e sustentabilidade socioambiental foi a tônica da audiência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada nesta quinta-feira (3/7/25), cuja finalidade foi ressaltar a importância do Circuito Veredas do Paraopeba para o turismo, gastronomia e economia criativa do Estado.

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O circuito é composto por 17 Municípios: Belo Vale, Bonfim, Brumadinho, Desterro de Entre Rios, Florestal, Ibirité, Igarapé, Itaguara,Itaúna, Jeceaba, Juatuba, Mário Campos, Moeda, Piedade dos Gerais, São Brás do Suaçuí, São Joaquim de Bicas e Sarzedo.

A reunião foi solicitada pelo presidente da Comissão Extraordinária de Turismo e Gastronomia, deputado Mauro Tramonte (Republicanos). O parlamentar iniciou a audiência lembrando que o circuito compreende uma “região rica em talentos e habilidades criativas que podem ajudar a criar produtos e soluções inovadoras”.

A preocupação com a instalação de uma ferrovia de 32 km na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) dominou o debate. O tema foi trazido pela advogada e assessora do Movimento Unidos Contra a Ferrovia, Isabella Oliveira Lopes Rezende.

Segundo a advogada, o empreendimento da Cedro Participações servirá para escoar o minério de ferro da Serra Azul. Para isso, a futura ferrovia atravessará cerca de 78 nascentes e córregos e também a Área de Preservação Ambiental (APA) Igarapé, onde está localizada a Pedra do Igarapé, importante ponto turístico do Circuito Veredas do Paraopeba.

Ainda de acordo com Isabella, embora as prefeituras envolvidas e a população não tenham nenhuma informação oficial sobre o traçado da ferrovia, o projeto já foi autorizado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e recebeu uma declaração de utilidade pública, o que já possibilitaria a desapropriação de terrenos.

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Para a diretora da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Luciana Rodrigues Atheniense, é preciso uma análise criteriosa em relação à ferrovia, para que ela não represente um retrocesso na economia dos municípios que integram o circuito. 

A deputada Beatriz Cerqueira (PT), presente na audiência, informou que esteve no Município de Mateus Leme na última sexta (27), junto da deputada Bella Gonçalves (Psol), para conhecer uma das áreas por onde possivelmente passará o traçado da ferrovia. “Por onde eu andava, eu via produção. A gente já tem na região todo o necessário para um ótimo desenvolvimento econômico, para geração de emprego, de renda”, destacou.

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A parlamentar questionou o modelo de desenvolvimento representado pelo empreendimento. “Qual é o desenvolvimento que a gente quer pra nossa cidade e pra nossa região? Um desenvolvimento que traga empregos ruins, com alta rotatividade?”, perguntou aos presentes na reunião, ressaltando que, nesse tipo de projeto, a mão-de-obra mais qualificada vem sempre de fora.

O deputado Mauro Tramonte anunciou que fará uma nova audiência na Comissão de Turismo e Gastronomia para debater de maneira mais aprofundada a questão da ferrovia. Ele apresentou requerimento para que seja encaminhado ao diretor-geral da ANTT pedido de informações a respeito do ramal ferroviário, em especial sobre o cumprimento, por parte da Cedro Participações, do artigo 25 da Lei Federal 14.273, de 2021, a Lei das Ferrovias. O dispositivo determina quais documentos e informações a empresa é obrigada a fornecer no pedido de autorização para o empreendimento. 

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Mineração contribui com a economia, mas transição é necessária

A forte presença de mineradoras nos municípios do Circuito Veredas do Paraopeba, injetando recursos na economia, foi destacada pelos participantes da reunião. Muitos ressaltaram que, para a maioria das cidades da região, a mineração seria a principal fonte de investimentos em projetos de cultura e turismo, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.

Nesse sentido, foi vista com preocupação a tramitação na ALMG do Projeto de Lei (PL) 3.402/25 que, na sua forma original, dificulta o licenciamento ambiental de projetos dutoviários na RMBH. 

Segundo o vice-prefeito de Igarapé e presidente da Associação do Circuito Turístico Veredas do Paraopeba, Daute Henriques Alvim, caso seja aprovada, a proposição pode impactar investimentos de mineradoras da ordem de até R$ 6 bilhões. “A falta desse investimento vai gerar desemprego e afetar a circulação de dinheiro na região", afirmou.

O deputado Mauro Tramonte comunicou que tem acompanhado de perto a tramitação do PL 3.402/25 e que apresentou duas emendas à proposição na sessão do Plenário do dia 25 de junho, buscando mitigar os impactos do projeto para os municípios. “Sou defensor do meio ambiente, mas também sou defensor dos trabalhadores. Cerca de 30 mil empregos podem ser impactados por esse projeto”, disse o parlamentar.

A necessidade de uma transição econômica, de forma que os municípios do Circuito Veredas do Paraopeba não sejam tão dependentes da atividade minerária, foi apontada pelo secretário de Cultura e Turismo de Itaúna, Marcinho Hakuna.

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Como alternativa aos empreendimentos minerários e forma de valorizar a economia gerada pelo turismo, o anúncio do investimento de R$ 130 milhões do grupo Vila Galé, para construção de um resort em Brumadinho, foi comemorado pelo deputado Mauro Tramonte e pelo secretário de Cultura e Turismo de Brumadinho, Fernando Geraldo Silva. 

Governo reafirma parceria com Circuito Veredas do Paraopeba

Presentes na audiência, representantes do Governo do Estado se colocaram à disposição do Circuito Veredas do Paraopeba para pensar ações para aquecer a economia e o turismo local.

Emanuelle Aparecida de Oliveira, diretora de Produtos Turísticos da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), afirmou que o circuito faz parte da política de interiorização do turismo da pasta. “Existe uma parceria muito forte com o território. É frequente a participação da região nos eventos e feiras internacionais”, disse.

Já o superintendente de Micro e Pequena Empresa da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), Marco Antônio Mendonça Gaspar, se dispôs a ajudar os municípios a criar e regulamentar legislações que fomentem a entrada de empresas e recursos na região. “É muito importante que o ambiente de negócios esteja desburocratizado, para que os grandes investimentos tenham o suporte das microempresas”, concluiu.

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Comissão Extraordinária de Turismo e Gastronomia - debate sobre o Circuito Veredas do Paraopeba

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Circuito Turístico Veredas teme chegada de ferrovia TV Assembleia
“O empreendimento está correndo às cegas e não possui sequer um estudo de impacto ambiental, social e econômico.”
Isabella Oliveira Lopes Rezende
Advogada a assessora do Movimento Unidos Contra a Ferrovia
Comissão Extraordinária de Turismo e Gastronomia - debate sobre o Circuito Veredas do Paraopeba
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