Depois de cobranças da população, DNIT anuncia revitalização da BR-367
Em audiência em Jequitinhonha, superintendente do órgão federal diz que novo contrato para obras será assinado na próxima semana.
- Atualizado em 03/10/2025 - 09:09Após anos de cobranças às autoridades e manifestações - incluindo o fechamento da BR-367 -, os moradores de Jequitinhonha (Vale do Jequitinhonha), finalmente, podem comemorar o resultado de tanta luta. Nesta quinta-feira (2/10/25), o superintendente regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Antônio Oliveira Santos, anunciou que o novo contrato para obras na rodovia será assinado na próxima semana.
O comunicado foi feito na cidade de 24 mil habitantes, distante mais de 700 km da Capital, em audiência da Comissão de Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), solicitada pelo deputado Doutor Jean Freire (PT). A reunião teve como objetivo debater o andamento do projeto de pavimentação, recapeamento e manutenção da BR-367, que se encontra em condições precárias, dificultando o tráfego de veículos.
O gestor informou que o valor a ser investido na obra é de quase R$ 200 milhões para 2 anos de contrato, e que a verba inicial já está garantida. Mas ressalvou que, para as próximas etapas do projeto, que contempla os 762 km da BR (dos quais apenas 20 km estão em boas condições), é fundamental que sejam colocados recursos no orçamento federal. Ou seja, a obra tem o recurso para iniciar, mas é preciso que seja garantido o orçamento para as outras fases.
“O DNIT recebe os repasses e faz o pagamento dos serviços conforme eles vão sendo executados pela empresa responsável”, enfatizou. Santos detalhou ainda que 80 km da BR, entre Araçuaí e Itaobim, no Jequitinhonha, já foram recuperados; e que um novo contrato será assinado ainda em outubro para a reforma de 150 km entre Itaobim e Jacinto (Jequitinhonha).
Audiência e visita para garantir verba do orçamento federal
O deputado Doutor Jean Freire complementou que, para garantir os recursos no orçamento federal, aprovará requerimentos na comissão. Um deles propõe audiência pública na ALMG, para debater o orçamento do governo federal com os deputados federais mineiros, principalmente os votados nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.
O parlamentar também vai requerer uma visita da Participação Popular à comissão que trata do orçamento no Congresso Nacional. “São requerimentos muito importantes, pois precisamos do aporte no orçamento da União para que as obras não só se iniciem, mas continuem; e que seja revitalizada e pavimentada toda a BR, de Diamantina a Porto Seguro”, destacou.
Na avaliação dele, a rodovia já obteve alguma melhoria, mas ainda está precária, com partes de estrada de terra, falta de acostamento e sinalização, pontes de madeira e trechos esburacados. “Não se pode fazer desenvolvimento sem estradas e a BR-367 é a esquina dorsal que liga dois patrimônios históricos da humanidade - Diamantina e Porto Seguro - e duas grandes represas - Irapé e outra na Bahia”, avaliou.
Protesto antes da reunião
Comprovando essa afirmação, movimentos sociais do município aproveitaram o ensejo da audiência pública para protestar contra as terríveis condições da estrada que corta Jequitinhonha: bem perto da cidade há um dos pontos críticos da via. Em agosto de 2024, os manifestantes paralisaram o trânsito na rodovia, reivindicando melhorias.
Uma das participantes do Movimento dos Vigilantes da BR-367, Robélia Maria recordou que nesse ano, o bloqueio foi feito porque a empresa responsável pela manutenção entre Itaobim e Almenara (Jequitinhonha) deixou 20 km sem obras. “Eram os piores trechos. A gente reivindicou e fizeram a promessa de que seria feito um aditivo para voltar com a obra, mas isso não aconteceu”.
Segundo ela, a organização se deu por um grupo no WhatsApp, com várias pessoas da região, dos assentamentos, que se juntaram. “A gente só abriu (a estrada) depois da presença do superintendente do DNIT, que saiu de Belo Horizonte e veio até aqui negociar”, rememorou. “Agora o contrato está sendo celebrado, um ano depois, mas imagina se a gente tivesse cruzado os braços e não tivesse lutado lá atrás... Poderia nem ter essa luz no fim do túnel”, refletiu.
Ela exigiu que seja dada prioridade para a região, e não para outras do Estado, como geralmente acontece. “Queremos um serviço bem feito e que não demorem a começar essas obras”, concluiu.
Escoamento da produção regional preocupa autoridades
O prefeito de Jequitinhonha, Nilo Souto (PDT), avalia que a melhoria da BR-367 pode ampliar o desenvolvimento econômico. Mas, por enquanto, a precariedade da via ainda dificulta o escoamento da produção e, consequentemente, cria barreiras para o crescimento do município e de toda a região.
“A BR-307 é de extrema importância para nós, também porque Jequitinhonha hoje é um polo de produção de bananas e precisa exportá-las para Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro”, disse.
Além disso, na avaliação de Nilo Souto, Jequitinhonha é uma cidade que ainda está engatinhando no turismo, mas que tem bom potencial em atrações culturais e turísticas. Ele citou a reserva biológica, quilombos, assim como outras cidades vizinhas.
Completou que a rodovia é essencial para o transporte de pessoas, principalmente as que estão em tratamento de saúde, que vão fazer exames em outras cidades maiores da região e também em Belo Horizonte.
Turismo e comércio
Na mesma linha, o vereador de Turmalina (Jequitinhonha), Valdecir Praia, disse ser fundamental criar melhores condições para o escoamento da produção regional, que inclui artesanato, madeira, minérios e outros. A melhoria da BR-367 poderia fomentar também o turismo: “Diamantina e Porto Seguro são duas cidades turísticas e se a estrada for revitalizada, vamos ter a população de Belo Horizonte tendo a oportunidade de ir à Bahia passando por esse trecho”.
Esse tráfego maior de veículos e pessoas, na avaliação de Praia, criaria melhores oportunidades para o comércio das cidades por onde passa a rodovia. “Para nós, a revitalização da BR-367 é a espinha dorsal para o desenvolvimento econômico do Vale do Jequitinhonha”, concluiu.

