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Comunidades criam parque ciliar no Córrego do Onça

Áreas que ficavam inundadas dão lugar a espaços de lazer e convivência, por iniciativa dos próprios moradores. Mas despoluição do córrego ainda é demandada.

26/04/2024 - 20:40
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“Viver com o rio vivendo”. Com este lema, os moradores dos bairros Ribeiro de Abreu e Novo Aarão Reis, na região Nordeste de Belo Horizonte, deram início a uma transformação dessas duas comunidades, com a criação de um parque ciliar nas margens do Córrego do Onça. Nesta sexta-feira (26/4/24), a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) foi conhecer de perto essa iniciativa.

As comunidades às margens do Onça sempre conviveram com as enchentes. “Não podia armar uma chuva, que inundava tudo”, rememorou o líder comunitário Itamar de Paula. “Era um caos. As pessoas ficavam com dois metros de água dentro de casa”, completou Roneide Aparecida Dutra, que também é líder comunitária. 

As inundações, além de serem um transtorno para as pessoas que construíram suas casas nas margens do Onça, também destruíam os interceptores de esgoto, o que contribuía para piorar o problema da poluição da água. 

Com a duplicação da rodovia MG-020, que liga Belo Horizonte a Santa Luzia, os moradores das áreas de risco foram removidos e suas casas foram demolidas. Sobraram escombros e entulho de construção nas margens do Onça. Os moradores então se organizaram para reivindicar a limpeza da área e implantar um parque ciliar comunitário.

No Ribeiro de Abreu, a área onde viviam 120 famílias em situação de risco agora conta com gramado, pista de caminhada, horta comunitária, quadra de esportes, parquinho para crianças e muitas árvores frutíferas, que são remanescentes dos quintais das casas que existiam ali. 

No Novo Aarão Reis, a comunidade recebeu o apoio da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para a implantação de horta comunitária, agrofloresta com árvores frutíferas, equipamentos de ginástica e parquinho para crianças. Tudo isso ao lado de uma cachoeira do Onça, que tem suas águas poluídas. 

A líder comunitária Elenilza Brito contou que tudo começou quando os próprios moradores se organizaram para limpar o espaço e iniciaram o plantio de uma horta. Segundo ela, a comunidade espera por novas melhorias, como a ampliação dos espaços de lazer e a instalação de aparelhos de ginástica para idosos. 

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Não muito longe dali, no chamado encontro das águas dos córregos do Onça e Isidoro, a situação é completamente diferente. As margens dos cursos d´água estão tomadas por lixo e entulho das casas que foram demolidas. A área também virou um bota-fora clandestino de entulho de construção. As lideranças comunitárias esperam que o espaço também seja transformado em área de lazer.

Moradores esperam por novas melhorias

A inauguração do Parque Ciliar Comunitário do Ribeirão do Onça será feita pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) neste sábado (27). A comunidade comemora a conquista, capitaneada pelo Conselho Comunitário Unidos pelo Ribeiro de Abreu (Comupra) e pelo Movimento Deixem o Onça Beber Água Limpa. 

Mas os moradores também reivindicam mais melhorias, como a despoluição do Córrego do Onça. Para isso, é necessário garantir que o esgoto de todas as casas seja devidamente coletado e tratado. 

O gerente regional BH-Norte da Copasa, Gilberto Gomes Ferreira, esclareceu que a construção da infraestrutura de coleta de esgoto depende da atuação conjunta com a PBH. Segundo ele, o poder público municipal precisa providenciar remoções de famílias para que a empresa possa construir suas redes de interceptação do esgoto.

A deputada Bella Gonçalves (Psol), que solicitou a realização da visita, destacou a importância do trabalho comunitário e defendeu a necessidade de novas melhorias para os moradores da região, como a despoluição dos córregos do Onça e Isidoro. 

Citação

A parlamentar defendeu a necessidade de estreitamento das relações entre a Copasa e a comunidade, para discutir a despoluição dos córregos do Onça e Isidoro e a possibilidade de aportes financeiros da empresa para a conclusão do parque ciliar.

Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - visita ao Ribeirão Onça no Bairro Ribeiro de Abreu, em BH
Esse modelo (de parque ciliar) mostra que a construção de bacias de contenção de água da chuva e a canalização de rios não são a única solução (para o problema das enchentes). Existem alternativas ambientalmente corretas, construídas pela comunidade e que precisam de apoio do poder público.
Bella Gonçalves
Dep. Bella Gonçalves

Comunidade ainda reivindica despoluição do Ribeirão do Onça TV Assembleia

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