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Comunidade escolar de Três Corações apoia adoção do modelo cívico-militar

Escola estadual do município já adotou projeto e vem obtendo bons resultados, segundo depoimentos.

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Membros da comunidade escolar de Três Corações (Sul) elogiaram, na sexta-feira (24/10/25), as escolas cívico-militares, especialmente, a Escola Estadual Olímpia de Brito, primeira do município a adotar esse modelo. Em reunião da Comissão de Esportes, Lazer e Juventude da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na câmara de vereadores local, convidados afirmaram que houve melhoria no desempenho dos alunos, o que se refletiu positivamente nos indicadores do estabelecimento.

O presidente da comissão, deputado Coronel Henrique (PL) foi quem solicitou a audiência pública. Na opinião dele, Três Corações é uma referência no tema escola cívico-militar, por já contar com uma delas e também com a Escola dos Sargentos das Armas (ESA), do Exército Brasileiro.

Ele lembrou que a Secretaria de Estado de Educação fez recentemente uma consulta a 723 escolas estaduais sobre o interesse em adotar o modelo cívico-militar, se juntando às nove que já o adotam. Além de Três Corações, utilizam o sistema estabelecimentos dos Municípios de Itajubá (Sul); São João Del Rei e Santos Dumont, na região Central; Ibirité e Contagem (duas escolas), na Região Metropolitana de Belo Horizonte; além de duas na Capital.

Coronel Henrique destacou que o modelo foi criado em 2020, quando Jair Bolsonaro era o presidente da República. Quando mudou a gestão, em 2023, o presidente Lula encerrou o projeto em nível federal e cada estado ficou com a opção de seguir ou não com ele. No caso de Minas Gerais, o governo determinou que as escolas substituiriam os militares do Exército por bombeiros militares, com número máximo de 5 por escola.

“É importante lembrar que, na educação brasileira, pode haver legislação concorrente de União, estados e municípios, com estes últimos podendo adotar programas próprios educacionais, desde que não firam a Lei de Diretrizes e Bases da Educação”, destacou. Ainda assim, registrou, PT e PSOL questionaram no Supremo Tribunal Federal a constitucionalidade do modelo cívico-militar.

“Em outubro de 2024, fui ao STF para defender esse modelo, junto com outros 18 representantes favoráveis e 19 contrários”, relatou. Acrescentou que em nível estadual, a presidente da Comissão de Educação da ALMG, deputada Beatriz Cerqueira (PT) pediu a extinção do modelo no estado. O presidente do Tribunal de Contas do Estado, na visão do parlamentar, “com viés ideológico”, deu uma liminar paralisando a consulta das escolas estaduais e sugerindo a extinção do modelo em Minas. “Mas o próprio STF já determinou que a palavra final será do Supremo Tribunal”, rebateu.

Dirigentes lembram tempos sombrios antes da adoção do novo modelo

Episódios de violência, tráfico e indisciplina foram relatados por membros da direção da Escola Olímpia de Brito, antes da adoção do novo modelo, e registraram as melhorias significativas após a mudança. O vice-diretor da Escola Estadual Olímpia de Brito, João Marcelo de Souza, declarou que na unidade houve graves problemas com conflitos, inclusive com a lei: “Tinha facções criminosas invadindo a escola para resolver problemas do tráfico; chegaram a fechar a escola à noite uma vez”.

Após o novo modelo, segundo ele, “a escola saiu do inferno direto pro céu”. Ele lembrou que de 70% a 80% dos alunos da escola estão em situação de vulnerabilidade social e os militares que atuam lá deram acolhimento aos adolescentes. “Os bombeiros são nossos anjos da guarda, resgatando muitos estudantes de uma vida ruim”, enalteceu ele, valorizando também o trabalho dos professores.

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A superintendente regional de ensino de Varginha, Eliane dos Reis Dias, procurou desmistificar a ideia de que quando a escola adota o novo modelo passa a imperar o autoritarismo. Hoje, há mais disciplina e os alunos estão satisfeitos de estudarem lá”. Também ressaltou que a escola continua sendo gerido da mesma forma, com os mesmos funcionários e os militares são contratados para atuar apenas em áreas como disciplina, acolhimento e outras.

A diretora da escola, Adenir de Carvalho, destacou que após a adoção do novo sistema, houve aprovação de 96% da comunidade escolar. “Vimos que o modelo fez a diferença - sempre que temos algum conflito, buscamos apoio dos bombeiros, da Polícia Militar e geralmente, com uma conversa, conseguimos resolver”.

A vice-prefeita de Três Corações, Flávia Machado Pereira, divulgou que foi colocado no plano de governo a criação de uma escola cívico militar municipal e que até, no máximo, o fim do mandato, pretende cumprir a medida.

Parceria com Exército nas escolas de tempo integral

O secretário de educação de Três Corações, Daniel Ribeiro, destacou uma experiência inovadora no município que foi a parceria com o Exército, no programa Forças no Esporte. A Escola de Sargentos das Armas (ESB), estabelecida no município, oferece atividades de esportes, cultura e reforço escolar, para os alunos do ensino integral, no contraturno.

Também professores da Escola Olímpia de Brito valorizaram o modelo. Na escola há dez anos, Cristiane Pereira disse que antes havia muita briga e muita droga. Hoje, os militares da Olímpia são nosso braço direito, dando todo suporte, sem entrar na questão pedagógica”, afirmou.

Bráulio Aguiar, professor de física que foi militar na ESA, enfatizou que o projeto dá a ele e aos colegas segurança para cumprirem a missão de professores.

O tenente bombeiro militar José Edson Alves da Costa, gestor militar da E.E. Olímpia de Brito, lembrou que os alunos são de famílias pobres e sofridas. “Tentamos fazer com que eles tenham motivação para aprender e respeitar seus colegas; então, sentamos e ouvimos o que eles têm a dizer”, receitou. Ainda segundo Costa, os militares tentam conseguir despertar nos adolescentes sua importância na escola e na sociedade, ensinando a cantar o Hino Nacional e hastear a bandeira.

Também o aluno Cauê Ribeiro de Assis, do colegiado da escola, disse que a taxa de aprovação dos estudantes das ECMs é de 80%. “O programa contribui para o desenvolvimento de habilidades, liderança, disciplina e responsabilidade; as formações acadêmica e militar ajudam a forma os alunos para a vida”, entusiasmou-se.

Também os vereadores locais Du Cara Gorda, Cristian Timbó e Weber de Souza apoiaram o modelo e se colocaram à disposição para lutar por mais escolas cívico-militares na cidade.

Acordeão

 

Comissão de Esporte, Lazer e Juventude - debate sobre o impacto das escolas cívico-militares em Três Corações
Comissão de Esporte, Lazer e Juventude - debate sobre o impacto das escolas cívico-militares em Três Corações

Por fim, foi apresentado um vídeo com o coronel do Exército Gilson Passos, que coordenava o projeto nacional das ECM e atualmente é consultor da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo para implantação desse modelo naquele estado. De acordo com ele, ao contrário do que é divulgado, há dados consistentes sobre os resultados do programa, implantado em 13 estados e no Distrito Federal. 

Segundo o coronel, recente pesquisa mostrou que 69% dos estudantes e 75% dos pais consideram alto o nível de violência nas escolas e que, após a adoção do modelo, essa percepção foi reduzida. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP) apontou melhorias após a adoção do programa: aumento no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) da ordem de 5%; redução das taxas de abandono em média de 80%; melhoria da relação entre alunos e professores da ordem de 80%. 

Conforme sinalizou o gestor, na parte pedagógica não há mudanças, mas duas diferenças trazem impactos positivos, na visão dele. O primeiro é a melhor organização da rotina escolar (com canto do hino, hasteamento da bandeira e o controle do tempo de cada atividade)

O segundo ponto seria a introdução da nota comportamental do aluno, com reforço positivo quando este tem boas atitudes. “Essas diferenças trazem maior comprometimento do aluno com a vida escolar, impactando positivamente em seu rendimento e no da escola”, concluiu.

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