Comissão de Meio Ambiente visita traçado de futura ferrovia em Mateus Leme
Atividade será nesta sexta (27) para apurar impactos de parte do trajeto de 32 quilômetros. Pedido de construção já foi aceito pela ANTT.
26/06/2025 - 13:24A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) vai a Mateus Leme (RMBH) nesta sexta-feira (27/6/25) verificar outros possíveis impactos socioambientais na área do traçado de ferrovia que será construída na região.
A visita começa às 10 horas, tendo como ponto de partida a Igreja Nossa Senhora do Rosário (Rua Maria Antônia, Alto do Boa Vista - Mateus Leme). A atividade atende a requerimento da deputada Beatriz Cerqueira (PT).
No último dia 9 de maio, o colegiado realizou a mesma apuração em outra visita na região de Igarapé e São Joaquim de Bicas, também na RMBH. Os Municípios de Mário Campos, na mesma Região Metropolitana, e Itaúna, na Região Central, também podem ser impactados.
Segundo informações divulgadas na Imprensa, a futura ferrovia será construída pela empresa Cedro Participações para apoiar a escoar a produção de minério, hoje bastante concentrada no tráfego de caminhões pela BR-381.
O traçado de aproximadamente 32 quilômetros vai acompanhar um dos lados da Serra de Igarapé, uma das extensões da Serra do Espinhaço, já bastante afetada pela atividade minerária.
A Cedro Participações apresentou à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) o pedido para construção da ferrovia em julho de 2024, e ele foi aceito em outubro. Em março deste ano, a agência declarou o empreendimento de utilidade pública, permitindo, inclusive, a realização de desapropriações.
O começo das obras está previsto para novembro de 2029 e sua conclusão para novembro de 2033, com início da operação em novembro de 2034.
Colegiado já realizou audiência e visita
A visita que acontecerá nesta sexta (27) e a realizada anteriormente são desdobramentos da audiência que a Comissão de Meio Ambiente realizou sobre o mesmo tema em 28 de março, quando o assunto ganhou força nas discussões no Parlamento mineiro.
O chamado Ramal Serra Azul foi projetado para transportar um fluxo anual estimado de 25 milhões de toneladas de minério de ferro para exportação pelo Porto de Itaguaí (RJ).
Contudo, em sua rota, conforme já apurado na visita anterior da Comissão de Meio Ambiente, pode comprometer 78 córregos e unidades de conservação, ameaçando a segurança hídrica de boa parte da capital e da RMBH, já que o Sistema Serra Azul é alimentado pelos mesmos cursos d’água ameaçados.
No caminho dos trilhos estariam ainda dezenas de pequenas propriedades rurais dedicadas à produção de hortifrutigranjeiros, diversos condomínios e bairros residenciais, o Hospital 272 Joias, um retiro religioso e até uma aldeia pataxó.
Curiosamente, o hospital foi construído em Igarapé com recursos da indenização do rompimento da barragem de rejeitos minerários da Vale em Brumadinho (RMBH), em janeiro de 2019.
Foram convidados para a visita desta sexta (27) representantes da Prefeitura e da Câmara de Mateus Leme, da Câmara Municipal de Igarapé, das Secretarias de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias, Ministério Público Federal e Estadual e, por fim, da ANTT.
