PL PROJETO DE LEI 4118/2025
Projeto de Lei nº 4.118/2025
Reconhece como de relevante interesse cultural do Estado o Villa Nova Atlético Clube.
A Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais decreta:
Art. 1º – Fica reconhecido como de relevante interesse cultural do Estado, nos termos da lei nº 24.219, de 15 de julho de 2022, o Villa Nova Atlético Clube.
Art. 2º – O reconhecimento de que trata esta lei, conforme disposto na Lei nº 24.219, de 2022, tem por objetivo valorizar bens, expressões e manifestações culturais dos diferentes grupos formadores da sociedade mineira.
Art. 3º – Esta lei entra em vigor na data da sua publicação.
Sala das Reuniões, 29 de julho de 2025.
João Vítor Xavier (Cidadania), 3º-secretário.
Justificação: O futebol e seus clubes despertam paixões e moldam a história de um povo, bem como reforçam a identidade de uma comunidade, região ou até mesmo do país. O futebol no Brasil não é apenas um esporte, mas sim um fenômeno social e cultural que permeia diversas esferas da vida. Os clubes de futebol, com suas histórias, tradições e torcidas, se tornam símbolos de identidade para seus membros e para a comunidade em geral. Assim, o futebol transcende o esporte e se torna uma parte fundamental da identidade e cultura nacionais.
“Segundo clube mais antigo de Minas Gerais em atividade, o Villa Nova foi fundado em 28 de junho de 1908, em reunião no salão de honra da Câmara Municipal da então denominada Villa de Nova Lima, por operários e mineradores ingleses da Saint John Del Rey Mining Company Limited.
O Villa Nova foi o primeiro clube em atividade a entrar nos gramados mineiros, o que ocorreu na partida em que o Villa derrotou o Combinado de Lagoinha, bairro de Belo Horizonte, por 2 a 1, em Nova Lima, no mesmo dia em que o Leão foi fundado. Apesar de ser três meses e três dias mais novo do que seu rival histórico, o Atlético, o Villa carrega essa marca história de ser a primeira equipe mineira em atividade a entrar em campo, porque o Galo só foi jogar sua primeira partida em 1909.
Dois anos depois, contra o Yale, o Villa faturou a primeira taça, ao vencer este rival de então, por 2 a 1.
O Leão foi também o primeiro clube mineiro a formar jogadores que disputariam uma Copa do Mundo com a Seleção Brasileira de Futebol, no caso, Zezé Procópio e Perácio, em 1938, quando já não mais jogavam no Villa.
Embora filiado à Liga Mineira desde 1915, apenas em 1927 o Villa Nova foi aceito como participante do Campeonato Mineiro, então Campeonato da Cidade de Belo Horizonte, sob a alegação de que a distância era grande (15 km), e dificultaria o deslocamento dos outros clubes até Nova Lima.
Outro momento de grande importância para o Villa Nova foi a criação da primeira liga profissional de futebol, em 1933, como resultado da presença cada vez maior de interesses econômicos de dirigentes e atletas, decorrentes da popularização do esporte, fato que também acontecia em vários estados do Brasil, assim como outros países nessa mesma época. Entre os grandes clubes mineiros, Atlético e Palestra também aderiram ao profissionalismo, seguindo uma tendência de crescimento e modernização que se manifestava em diversos campos da vida cultural belo-horizontina, enquanto o América permaneceu amador, capitulando ao profissionalismo apenas em 1943, dando espaço para o crescimento de seus rivais citadinos, a partir daí.
Na década de 1930, marcada institucionalmente pela profissionalização, a hegemonia esportiva esteve sintomaticamente nas mãos do Villa Nova, seja pelos títulos conquistados, seja também por outras grandes campanhas nessa década, pois o Leão do Bonfim foi um dos baluartes da profissionalização do futebol em terras mineiras.
O cartunista Fernando Pieruccetti, mais conhecido como Mangabeira, elaborou ao longo das décadas de 1940 e 1950 mascotes para as equipes participantes do Campeonato Mineiro. Ao Villa Nova, Mangabeira designou o Leão, que posteriormente virou Leão do Bonfim em referência ao bairro de Nova Lima onde o Estádio Castor Cifuentes está localizado.
Conforme detalhado no livro Villa Nova: 100 anos de Glória em Vermelho e Branco, escrito pelo jornalista Wagner Augusto e publicado em 2008, “[…] Mangabeira reservou um bravo Leão, símbolo da potência do time, da raça dos seus jogadores e do destemor dos torcedores alvirrubros”.
No Villa, já despontaram craques como Arizona, os irmãos Juca, Vaduca e Osório, Anísio Clemente (Seleção Brasileira), Lito, Tião, Gato, Escurinho, Gil (Seleção Brasileira), Totonho, Luizinho (Seleção Brasileira), Perácio, Zezé Procópio, Geninho, Chico Preto, Canhoto, Alfredo Bernardino e tantos outros.
As principais conquistas do Villa Nova são: 1 Campeonato Brasileiro da Série B; 5 Campeonatos Mineiros; 2 Taças Minas Gerais; e 4 Campeonatos Mineiros do Interior.”.”
O reconhecimento do Villa Nova Atlético Clube como de relevante interesse cultural é medida justa para a valorização e preservação deste bem cultural devido à sua longa história, importância para a comunidade e impacto na identidade local e nacional, sendo símbolo cultural para os mineiros e seus torcedores cujas tradições e rituais são transmitidos de geração em geração, criando uma memória coletiva e um senso de continuidade.
– Publicado, vai o projeto às Comissões de Justiça e de Cultura para parecer, nos termos do art. 188, c/c o art. 102, do Regimento Interno.