PL PROJETO DE LEI 747/2019
Projeto de Lei nº 747/2019
Dá denominação ao Anel rodoviário que liga a rodovia MG-164 à MG-260 no município de Itapecerica.
A Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais decreta:
Art. 1º – Fica denominada Rodovia José Gomes Filho “Zé Gominho” o Anel rodoviário que liga a rodovia MG-164 à MG-260 no município de Itapecerica.
Art. 2º – Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Sala das Reuniões, 21 de maio de 2019.
Deputado Fábio Avelar de Oliveira, Vice-Líder do Bloco Sou Minas Gerais (Avante).
Justificação: José Gomes Filho, mais conhecido como “Zé Gominho”, nasceu em Itapecerica, Minas gerais, no dia 29 de janeiro de 1897 e faleceu a 4 de abril de 1987 com 90 anos de idade. Filho de José Gomes branco (natural da cidade de Porto – Portugal) e Laudelina de Carvalho. Foi casado com Ana Gomes.
José Gomes Filho trabalhava nas lides rurais numa fazenda que herdou de seus pais. Desde jovem tinha o dom de vidência e conhecimento de ocultismo, além de conhecer através de estudos e fontes orais as várias espécies de raízes, folhas de plantas curativas, praticando também é medicina curativa natural.
Um fato digno de nota foi quando Itapecerica sofreu um surto de varíola (que chamavam de bexiga). O medo de contágio era grande, portanto coube ao “Zé Gominho” minorar seus sofrimentos, empregando os conhecimentos medicinais adquiridos como um autodidata, além de empregar seus conhecimentos do valor medicinal das plantas. Três deles foram curados e os demais tiveram seus padecimentos minorados por seus cuidados antes de morrer. Tamanho era o medo do contágio, que não permitiram que os corpos foram sepultados no cemitério geral da cidade. Zé Gominho lhes deu sepultura digna, doando uma parte de uma gleba de terrenos de sua propriedade, sendo que este local é conhecido desde 1925 como “Cemitério dos Bexiquentos”, pontos de peregrinação e devoção da nossa cidade, o que seus familiares cuidam com muito carinho até os dias atuais.
Era muito caridoso, tendo criado as suas expensas uma Vila com moradias para as pessoas carentes, que ficou conhecida como “Vila Zé Gominho” e muito auxiliava quem era desprovido de assistência.
No Grande Reinado do Rosário de Itapecerica é que seu nome ficou para sempre consagrado, pois, substituindo a seu pai no comando da festa tornou-se seu “Comandante Maior”, o “Capitão-Mor”, aquele que podemos dizer que foi um dos maiores conhecedores do folclore em Minas Gerais, sobretudo no que concerne ao Reinado, sendo um folclorista de primeira água. Amava o Reinado e fez do Reinado do Rosário sua vida. Além de ser o Chefe Maior de todo o Reinado, comandava o terno de Moçambique que logo passou a Chefia para o Capitão Olivério Félix dos Santos, o popular Oliveira. Também conhecia os cânticos dos ternos dos mouros, que por ser ele é o único que sabia como dançá-lo foi extinto.
Zé Gominho deu uma estrutura ao Reinado do Rosário de Itapecerica, imprimindo nos festejos as mais puras características destas festas trazidas pelos negros da África, na época triste da escravidão, tanto que ela se tornou o festejo popular mais conhecido de toda nossa região centro-oeste mineiro, bem como de nosso estado.
Também o nosso conhecido José Gomes Filho foi membro da “Confraria da Ordem Terceira de São Francisco” que era responsável pelas vetustas igrejas de São Francisco e Santo Antônio. Atuou também como leiloeiro oficial da festa de São Sebastião da paróquia, que era uma festa solene e de muita fartura em seus leilões. Também promovia todos os anos a Festa da “Queima do Judas”, no Largo da matriz, um festejo não litúrgico, mas de caráter folclórico, com grande presença popular. Também foi rei Momo nos festejos carnaval de Itapecerica.
Na política foi candidato a prefeito pela extinta U.D.N (União Democrática Nacional), junto a doutor Jefferson Ribeiro Filho, Bruno Alves Ferreira, Antônio Furtado de Miranda, Dr. José Geraldo de Araújo, Luiz Mendes de Araújo e tantos outros.
Sua residência tinha as paredes cheias de presentes que recebia, bem como peças variadas e históricas, assim como fotografias e possuía álbuns de fotos antigas, ou seja, uma coleção de peças variadas. Também em um cômodo próprio onde fazia suas infusões, colecionava várias plantas curativas e raízes separadas e classificadas cada qual para o seu mal. Contíguo à sua casa, ele mandou construir pequenos cômodos com uma cama e o mais necessário para quem viesse de longe para uma “consulta” pudesse se hospedar ali por uma noite. Também se serviam desses cômodos mendigos e transeuntes para uma pousada breve.
Hoje, neste local, passa o “Contorno rodoviário”, motivo pelo qual, pretende-se nominar esta obra como seu ilustre nome, visando perpetuar a sua memória e, com a casa já não existe, para que seu nome possa ser lembrado sempre para posteridade.
Por todo exposto, conto com o apoio dos nobres colegas na aprovação deste projeto.
– Publicado, vai o projeto às Comissões de Justiça, para exame preliminar, e de Transporte, para deliberação, nos termos do art. 188, c/c o art. 103, inciso I, do Regimento Interno.