PL PROJETO DE LEI 634/2011

PROJETO DE LEI Nº 634/2011

(Ex-Projeto de Lei nº 4.775/2010)

Dá denominação à rodovia que menciona.

A Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais decreta:

Art. 1º - Fica denominada José Marques de Moraes a rodovia que liga o Município de Juruaia à Rodovia MG-446, entre os Municípios de Nova Resende e Muzambinho.

Art. 2º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Sala das Reuniões, 15 de março de 2011.

Antônio Carlos Arantes

Justificação: A lei determina que, para a denominação de estabelecimentos, instituições e próprios do Estado, só podem ser escolhidos nomes de pessoas falecidas que se tenham destacado por notórias qualidades e relevantes serviços prestados à coletividade. O preceito legal foi respeitado na apresentação deste projeto de lei, que homenageia o Sr. José Marques de Moraes.

Nascido em 7/9/43 no Bairro das Areias, Distrito de Juruaia, Município de Muzambinho, era filho de Joaquim Laurindo de Morais e Maria Marques de Morais. Joaquim Laurindo era descendente de antigas famílias da região de Cabo Verde e Caconde, e Maria Marques era oriunda de tradicionais famílias de Guaxupé e Juruaia, formadoras de grande parte da sociedade juruaiense.

José Marques de Morais iniciou seus contatos com as letras na pequena escola do bairro onde nasceu. Na sua adolescência sua família mudou-se para São José do Rio Pardo, lá permanecendo por cerca de um ano, tendo isso acontecido no ano de 1958. Após esse período, a família muda-se novamente para Guaxupé, onde o jovem José Marques frequenta por algum tempo a Academia de Comércio, retornando a sua terra natal no começo dos anos 60. Associa-se então com seu primo Juraci e um lojista de Guaxupé da família dos “Tauil”, e os três montam uma pequena loja, que ficava situada nas esquinas das Ruas Afonso Pena (atual Jairo Domingues Siqueira) e Francisco Antônio de Melo, dando a ela o nome de “Irapuã”.

“Zé da Loja”, como passou a ser conhecido, tinha 17 anos e, além de ser inteligente, tinha muito talento para o futebol, o que fez com que dentro de pouco tempo ficasse conhecido não só em Juruaia como em todas as cidades da região, pois passou a ser o maior atacante do glorioso “Sete de Setembro Futebol Clube”, antigo e famoso time da sua querida Barra Mansa. Além dos atributos esportivos, os quais doava com toda a sua alma, era também uma pessoa cordial e educada.

Na sua adolescência Zé da Loja foi um jovem namorador, mas, ao completar seus 20 anos, enamora-se de uma jovem de nome Maria José de Castro. Faz desse namoro seu projeto de vida familiar, casando-se em 31/10/65. Por essa época, meados dos anos 60, o Brasil passava por grandes transformações políticas que influenciavam a administração pública juruaiense. Zé da Loja, pela sua popularidade, é chamado a participar da política partidária local e se posiciona justamente ao lado da oposição aos antigos caciques políticos da cidade. Lança-se candidato a Vereador nas eleições de 1966. Contava na época apenas 23 anos e, apesar da pouca idade, o povo lhe confere uma ampla votação, derrubando antigos adversários. Começa então no cargo de Vereador uma luta sem par por uma grande causa, a fundação de uma escola secundária em Juruaia, evitando assim que os jovens fossem obrigados a sair em busca de conhecimento. Na Câmara Municipal ocupa a secretaria, auxiliando o Prefeito com todo o empenho e zelo na criação da referida escola. Conseguindo seu intento, volta então aos bancos escolares, de onde tinha saído havia muito tempo. Inteligente, estudioso, participativo, retoma com garra seus estudos, que culminam com o curso de Advocacia, levado a cabo entre os anos de 1976 e 1979.

Nas eleições de 1970, Zé da Loja é convocado a ser candidato a Prefeito por seus correligionários, porém, mesmo com sua popularidade, enfrentou alguma desconfiança popular e muitos se perguntavam se seria ou não uma opção vencedora, pois seu adversário era nada mais nada menos que o Comendador Eduardo Senedese, raposa política, maduro nas lides e com dois mandatos “nas costas”, além de ter sido um dos personagens atuantes na emancipação político-administrativa de Juruaia. Contudo, Zé da Loja, com 27 anos, “moleque”, como diziam os adversários, “tira de letra” e vence a eleição com boa margem de votos.

Ao ser empossado, começa imediatamente a mostrar a sua maneira especial de administrar. Ouve a todos, aceita críticas, separa o joio do trigo, aproveita ideias até dos adversários, moderniza a administração e, mesmo com parcos recursos, duplica e melhora a malha de estradas do Município, facilitando com isso a mobilidade de todos os munícipes. Começa a construção do prédio para o ginásio, cujo funcionamento é mantido pelo Município mesmo com todas as dificuldades econômicas.

Infelizmente, seu mandato foi reduzido de 4 para 2 anos, o que prejudicou muito a sua atuação, mas, devido a sua competência administrativa, elege seu sucessor. Sai da administração pública, mas não abandona seus ideais, participando sempre das atividades sociais da cidade. Ocupa a Presidência do Asilo de São Vicente de Paula durante largo período e colabora também, paralelamente, na edificação do prédio do hospital e na sua gerência. Devido a sua atuação nas várias frentes em que empenhou seu tempo, é mais uma vez eleito Prefeito, e o seu mandato, que seria de 1977 a 1980, é estendido até 1982, dando a ele a oportunidade tirada no primeiro mandato, a qual ele aproveitou com muito zelo. Uma das causas mais prementes naquele momento, começo dos anos 1980, era a ligação asfáltica entre Juruaia e Guaxupé. Embora não conseguindo êxito total, deixou todos os projetos elaborados através de autoridades estaduais, para que a obra viesse a ser realizada em um futuro próximo, o que de fato aconteceu. Tanto fez em seu mandato que mais uma vez elege seu sucessor.

Afasta-se novamente das lides políticas, porém não da realidade municipal e regional, tendo atuado sempre com grandeza e sabedoria. Zé da Loja viveu com tamanha intensidade, que conseguiu fazer o que todo homem público poderia e deveria, e por isso mesmo talvez tenha nos deixado tão cedo. Dentre a sua grandiosa obra, o que mais se destaca é seu amor à democracia, pois, mesmo sendo criticado, jamais pensou em vingança contra seus adversários; ao contrário, usou as críticas em prol da boa administração da coisa pública. “Do povo, pelo povo, para o povo”, como diria Lincoln.

Por essa atuação memorável, jamais suplantada, ocupa lugar de destaque na história de Juruaia!

- Publicado, vai o projeto às Comissões de Justiça, para exame preliminar, e de Transporte, para deliberação, nos termos do art. 188, c/c o art. 103, inciso I, do Regimento Interno.