DEPUTADO ANTONIO CARLOS ARANTES (PL)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 05/12/2025
Página 78, Coluna 1
Aparteante DUARTE BECHIR
Indexação
81ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 3/12/2025
Palavras do deputado Antonio Carlos Arantes
O deputado Antonio Carlos Arantes – Sr. Presidente, deputado Leonídio, nobres deputados presentes, telespectadores da TV Assembleia, eu venho aqui, mais uma vez, fazer a minha manifestação, até de repúdio, pela forma como têm sido tratados os nossos produtores rurais. Vivemos um momento muito difícil para vários setores da economia do campo. Como exemplo, cito o pessoal da área dos grãos e o pessoal da área do leite.
Fizemos aqui uma audiência pública com o deputado Raul Belém e muitos convidados – vários produtores, sindicatos rurais, sindicatos de trabalhadores rurais. E ficou muito claro as grandes dificuldades que esses produtores têm passado. Infelizmente, em função das intempéries da natureza, houve frustrações de safra, especialmente no caso do milho, da soja e do feijão, que sofreram com muitas pragas. Houve frustrações e esses produtores hoje estão em dificuldades financeiras, muitas dificuldades. E não temos visto boa vontade do governo federal em renegociar essas dívidas. Falam até em renegociar, mas com juros astronômicos. Chega-se a falar em 20% ao ano, o que é impossível. Sem contar que muita gente não consegue acesso e que, às vezes, quem renegocia não consegue novo crédito. Então é uma situação muito complicada.
Aí vêm os produtores de leite, que são massacrados pelo governo federal, que prefere gerar emprego fora do Brasil e incentivar as empresas que importam leite em pó. Infelizmente, os nossos produtores rurais hoje vivem uma situação caótica. Milhares e milhares de produtores estão tendo de encerrar as suas atividades. E olha que, talvez para a maioria, é a única atividade econômica que aquele produtor tem ali na sua propriedade. É lamentável, é muito triste o que está acontecendo no Estado e no Brasil, inclusive com muitos suicídios, porque os produtores não têm mais condição de saldar suas dívidas. Produtores que veem suas máquinas sendo levadas pelo banco, porque não conseguem pagar, acabam entrando em desespero e até cometendo suicídio. Só no Rio Grande do Sul aproximadamente 30 produtores se suicidaram neste ano. Houve ali uma enchente – a maior dos últimos 100 anos – e secas prolongadas, mas não deram apoio nenhum àqueles produtores, segundo a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul. Inclusive muitos deputados federais, em Brasília, estão fazendo denúncias.
Aí vem deputado aqui, nesta Casa, e chama o produtor de caloteiro. Caloteiro é quem rouba dinheiro do INSS dos próprios produtores rurais, que não conseguem nem se aposentar ou que, quando chegam ao banco, encontram o seu dinheiro descontado por esses ladrões dos nossos idosos, dos nossos velhinhos. Esses, sim, são os caloteiros. Caloteiro é este governo, que coloca dinheiro público, dinheiro do povo, nas mãos de grandes banqueiros, como aconteceu agora com o Banco Master, um grande calote de bilhões e bilhões de reais. Esses, sim, são caloteiros; produtor rural, não. Produtor rural não tem dia, não tem hora. Ele coloca a sua atividade a céu aberto para produzir, para gerar comida, alimento para mais de 1 bilhão de pessoas no Brasil e no mundo. Então não venha chamar produtor de caloteiro, chame a sua turma que rouba dinheiro dos nossos aposentados, que rouba dinheiro dos Correios, empresa que hoje está com o maior déficit da sua história, com prejuízo equivalente a R$12.000.000.000,00, R$20.000.000.000,00, sei lá. Isso, sim, mas falar que produtor é caloteiro, nós não podemos admitir isso nesta Casa.
E, agora, através da área do meio ambiente, através do pessoal ligado à ministra Marina, eles vêm querendo também prejudicar os nossos produtores de peixes, como os produtores de tilápia, de peixes exóticos, alegando que todos esses peixes são invasores e que invasores têm que ser exterminados, ou que se produza de forma que aquilo não se prolifere. Gente, pelo amor de Deus, falar de tilápia, falar de piscicultura, falar de peixe é falar de saúde, é falar de emprego, é falar de renda. Aí vem essa loucura. Depois eles negam: “Não, não fizemos nada, não. Não há nada proibido”. Mas estão criando normas impossíveis de serem cumpridas. É impossível!
E aí cai, da mesma forma como ocorreu com os grandes frigoríficos. No caso da JBS, acabaram com os pequenos frigoríficos. Criam-se sistemas e formas de incentivo aos grandes, matando-se os pequenos. Agora, até a própria JBS importou, parece-me, mais de 600.000t de tilápias do Vietnã. Mas aí o produtor brasileiro, mineiro, não pode produzir. É mais uma aberração.
Como nós estamos falando de agro, deputado Eduardo... Quando eu falo de agro, eu me lembro, por exemplo, da DivinaExpo; eu me lembro de São Sebastião do Paraíso, eu me lembro da nossa região, eu me lembro dos grandes eventos de exposição agropecuária. Então aqueles espaços, como o que existe em Passos, por exemplo, deputado Eduardo, são espaços que abrigam animais, como vaca, cabras, éguas, cavalos.
Minha gente, houve uma manifestação, em Brasília, das mulheres pretas. As mulheres foram lá reivindicar seus direitos. Até aí, tudo normal. Foram para a frente do Supremo ou da Polícia Federal, sei lá, protestar, manifestando que estavam felizes com o Bolsonaro preso, mesmo que injustamente. Até aí, tudo bem, mas o que mais me deixou indignado e assustado é que essas mulheres foram recebidas, ficaram alojadas no parque, na Granja do Torto. Espere aí, na Granja do Torto, gente, há poucos dias, havia um grande evento na área de animais. Lá é lugar de vaca, lá é lugar de porco, lá é lugar de cavalo de raça, lá é lugar de expor o agro, as coisas do agro.
Estão fazendo das mulheres pretas animais? É isso que o governo do Lula faz para valorizar as mulheres do Brasil, as mulheres pretas? E não sou eu que estou falando, não. São elas que estão falando: “Aqui está um cheiro de vaca, um cheiro de animais”. Puseram pó de serragem em cima do esterco da vaca, da urina da vaca. Puseram esterco e depois cobriram com uma lona para elas dormirem nas cocheiras. As mulheres pretas estão sendo alocadas na cocheira. Meu Deus do Céu, a que ponto se chegou! Se fosse no governo Bolsonaro, aí virava a terceira guerra mundial, aí eu vou lhe contar, aí só Deus para ter dó. Olha a que ponto chega este país! É um poder de manipulação, inclusive das mulheres. E, quando se fala em valorizar a mulher, que valorizar a mulher o quê? Quando se colocam essas mulheres pretas dentro da Granja do Torto, que é um parque de exposição que tem cheiro de estrume, de dejetos de animais, gente, aí é gozação, aí é humilhação com as mulheres pretas do nosso Brasil. Deixo aqui a minha fala de repúdio.
O deputado Duarte Bechir (em aparte) – Eu gostaria de usar esse tempo para uma fala bem rápida, já que V. Exa. faz uma explanação muito realista. Quando V. Exa. inicia sua fala, remetendo-se à situação dos produtores rurais, lembro que nós, que residimos no Sul – V. Exa. também faz parte daquele contexto –, constantemente, presidente Leonídio Bouças, deputado Betão, somos cobrados. A política do leite está deixando os produtores quebrados. O valor pago pelo litro de leite e a permissão da importação do leite em pó são duas ações que não combinam. Não combinam. O pai ajuda o filho a se manter, dá educação para o filho, paga escola para ele. Quer dizer, o pai é o presidente, está simbolizando os produtores. Então, se a política...
Deputado Leonídio, V. Exa. também é de uma área muito produtora, é da região de Uberlândia. Se nós não intervimos, se todos não fizermos manifestações... Nós não somos donos dessa política, ela não está ligada aos deputados estaduais; ela está ligada a Brasília, aos deputados federais. Se nós não fizermos a movimentação – e eu fiquei sabendo que V. Exa. a fez na Comissão de Desenvolvimento Econômico –, se não fizermos mais barulho, se não nos organizarmos para mostrar ao Brasil, ao governo federal a voz de Minas em favor dos produtores, a situação não tende a melhorar. O que vai acontecer? Nós vamos ver os produtores de leite quebrados, vendendo os seus animais por um preço bem inferior à realidade, fechando os seus retiros. Aí quem vai comandar a política do leite no Brasil vai ser o leite em pó.
Então eu faço a V. Exa. esse pedido para unirmos forças. Quero me unir a V. Exa. e aos demais pares na busca urgente pelo respeito e pela credibilidade dos produtores rurais, especialmente da política de leite. Parabéns e muito obrigado.
O deputado Antonio Carlos Arantes – Muito obrigado pela intervenção, deputado Duarte Bechir. É uma realidade, gente: milhares e milhares de produtores estão fechando as suas propriedades produtoras de leite. E isso vai ficar nas costas do presidente Lula, que não olhou pelos produtores, pelos médios e pelos pequenos, e, sim, olhou por quem importa leite do Uruguai, da Argentina, da Holanda, da Nova Zelândia, fazendo toda aquela triangulação. É um absurdo o que está sendo feito com os nossos produtores de leite.
Eu gostaria até de abordar outro assunto que tem sido bastante discutido no Brasil: realmente é lamentável e muito preocupante o número de feminicídios que tem acontecido no Brasil e em Minas Gerais. É assustador, é preocupante e é revoltante a situação das nossas mulheres, que são assassinadas por esses homens covardes. O governo federal precisa entender que, se depender dele... Você pode ter certeza de que quem está matando normalmente são pessoas do mal, são, muitas vezes, traficantes, que o presidente Lula fala que, na realidade, são vítimas da sociedade. O sujeito espalha droga para todo lado, o sujeito drogado mata as mulheres, e isso é culpa também do governo federal, que não quer combater principalmente o tráfico. Mas é culpa dele também porque, quando vem com projetos que só facilitam a vida dessas pessoas… Inclusive o sujeito mata, vai para a cadeia e sabe que vai ter a saidinha. Na saidinha, ele comete mais crimes e, muitas vezes, mata a própria esposa ou a ex-esposa. Ele mata a esposa porque ele percebe que, de repente, ela está com outra pessoa. Isso acontece por quê? Porque existe essa lei afrouxada pelo governo federal. E chega ao ponto também, gente, de essas pessoas matarem… Existe a saidinha e existe também o benefício, o auxílio-reclusão. No assalto, matam um pai de família, matam um jovem, e aquela família não tem nenhum auxílio. Ela fica sem o pai, muitas vezes, sem o chefe da casa e passa a ter muitas dificuldades financeiras. Ela não tem auxílio, mas o preso tem auxílio-reclusão.
Então, quando se fala de feminicídio, também se pode creditar na conta do governo federal grande parte disso, porque ele não quer combater as facções. Quando a polícia reage, como reagiu no Rio de Janeiro… Qual foi a manifestação do presidente Lula até agora? Nenhuma. Na morte dos policiais, qual foi a manifestação dele? Nenhuma. Na morte dos bandidos, sim, a manifestação foi a de que houve exageros, que esse não é o jeito de se combater o crime. Essa, sim... Mas não fez nenhuma ação para favorecer, para ajudar o governo do Estado do Rio de Janeiro, o Cláudio Castro, a combater a criminalidade, o que ele está fazendo. Então coloquem no seu crédito, debitem na conta do governo federal o grande número de assassinatos que há hoje no Brasil. Há uma disposição, uma vontade de proteção dessas pessoas, para que elas tenham facilidade com a saidinha, com o auxílio-reclusão e também com o acesso à droga, a partir do momento em que ele diz que o traficante é a vítima. Muito obrigado.