DEPUTADO LELECO PIMENTEL (PT)
Declaração de Voto
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 03/10/2025
Página 83, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas PL 1360 de 2023
63ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 1/10/2025
Palavras do deputado Leleco Pimentel
O deputado Leleco Pimentel – O deputado que me antecedeu está fora da realidade. O Estado é laico, meu irmão! O Estado é laico! É lamentável os estudantes terem que ouvir tanta hipocrisia, tanto besteirol. É lamentável que, numa Casa onde se elaboram leis e se fiscalizam ações do Executivo, tentem impor goela abaixo que o aluno, dentro da sala de aula, que tem que ler a Bíblia. E pior ainda: agora eles estão querendo que vocês nem leiam a Bíblia, apenas consumam a pílula da interpretação que a igreja ou o pastor desejam. Meu Deus, o Deus dos oprimidos não deixe os opressores serem vitoriosos diante da razão! Talvez, deputado, se o senhor soubesse que à relação de alteridade, à relação de um ser humano com o outro se dá o nome de política, não viria aqui falar da relação do ser com Deus. Isso é religião. O Estado é laico, e o padroado acabou, deputada Leninha. Fazer as pessoas engolirem a sua versão sobre Deus leva àquele nível de genocídio que hoje o Estado de Israel impõe ao povo palestino. Então isso é lamentável. Peço desculpas aos estudantes da UFMG e aos que me ouvem por termos esse nível de confusão entre Estado e religião, entre a sua decisão pessoal e a sua religião e a decisão política. A política dedicamos a vocês e desejamos-lhes boas-vindas. O nosso projeto de lei que veio a Plenário hoje, em 1º turno, reconhece o coreto da cidade de Piranga, onde tivemos uma das maiores relações entre mestres dos saberes da cultura: Mestre Piranga e Aleijadinho. Infelizmente, tivemos uma matriz do século XVIII destruída. Ou seja, um patrimônio material e imaterial do povo mineiro foi destruído, e hoje temos que salvar a memória de um povo, trazendo reconhecimento ao coreto daquela praça para que não destruam a nossa memória nem a consciência da nossa história. Um povo que não reconhece a sua história não sabe o caminho por onde anda. Portanto, em invés de impor a Bíblia aos alunos, eu diria: se a gente tiver mais bons livros de história e se os deputados quiserem trazer esse debate laicizante – para nós aqui significa trazer a história como elemento de construção da consciência crítica –, que a gente assim possa fazer para o povo de Piranga, a fim de dar continuidade a esse projeto de lei na Casa. Por fim, quero dizer que realizamos, nesta manhã, deputada Beatriz e deputados do Bloco Democracia e Luta, um importante debate na audiência pública da Cipe Rio Doce. Eu quero também dizer que nós fazemos aqui uma moção de aplausos ao deputado Renato Freitas. Ao contrário do que disse o deputado aqui, ele respeita a liberdade religiosa. Ele respeita a liberdade e busca reparar este estado colonizador e racista que nós temos. E é a luta do Renato Freitas que a gente evoca para que a nossa consciência aumente. Eu queria dizer, então, que a Cipe Rio Doce hoje realizou um importante debate e trouxe dados também da repactuação. Ressalto, ainda, que acontecerá no próximo dia 20 de outubro, com as ATIs, que são as assessorias técnicas independentes, outro grande debate nesta Casa, para o qual convidamos os deputados e as deputadas. Nós estamos tratando da fiscalização dos recursos das mineradoras criminosas – Vale, BHP e Samarco –, que ninguém prendeu, e completa 10 anos, no próximo dia 5 de novembro, o crime que matou 20 pessoas, matou a bacia, a fauna e a flora. A Bacia do Rio Doce requer de nós fiscalização e trabalho, e a Assembleia Legislativa, com a Cipe Rio Doce, tem buscado essa resposta. Muito obrigado, presidenta.