Pronunciamentos

DEPUTADO RICARDO CAMPOS (PT)

Discurso

Critica o governador Romeu Zema por sua conduta perante a prefeita do Município de Contagem, Marília Campos, durante o evento de entrega da obra da Bacia B3 nesse município. Elogia a postura da prefeita na ocasião. Denuncia que obras de responsabilidade do governo do Estado permanecem inacabadas e cobra sua execução. Contesta a suspensão do programa Leite pela Vida em municípios do Norte de Minas. Defende que programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida, o Mais Médicos e o Programa Nacional de Agricultura Familiar - Pronaf - resultam de ações do governo Lula e cobra retratação do governador à prefeita e ao povo mineiro.

50ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 19/8/2025

Palavras do deputado Ricardo Campos

O deputado Ricardo CamposObrigado, presidenta Leninha. Caros colegas deputados, caras colegas deputadas, todo o povo mineiro que nos acompanha pela TV Assembleia e pelos nossos canais de redes sociais. É lamentável o que venho trazer nesta Casa. Uma atitude pequena, não no tamanho do indivíduo, mas de grandeza política que não existe. Uma atitude descabida e um total desrespeito às mulheres, em especial a esta grande mulher, neste mês de “Agosto lilás”, mês da defesa e da proteção das mulheres. Aquele que deveria dar exemplo, mais uma vez, mostra a sua pequenez.

O governador do Estado, em um ato despreparado seu e da sua assessoria, do seu cerimonial, teve a capacidade e a audácia de ir até Contagem, nossa querida cidade, tão bem governada pela prefeita Marília Campos, para participar de uma visita à obra da Bacia B3, uma obra importante, executada pela Prefeitura de Contagem, com recursos próprios da Prefeitura de Contagem e também com recursos oriundos da lei aprovada nesta Casa, a lei em defesa do resgate da vida e da preservação da memória da tragédia-crime de Brumadinho. Nós vimos ali, mais uma vez, um descaso absurdo do governador. Uma obra executada pela Prefeitura de Contagem, com recursos do Município de Contagem e com recursos da lei da tragédia-crime de Brumadinho. Nós vimos o governador, mais uma vez, passar vergonha. Mais uma vez ele quer criar uma situação tão pequena, de pequenez da sua atitude, mas grande na relevância do ato. Aquele que não respeita uma autoridade municipal, um executor de uma obra importante para a região, não respeita a si próprio. Ontem, em Contagem, nós tivemos esse absurdo. Um evento que era a entrega da obra da Bacia B3, uma obra feita pela Prefeitura de Contagem, com recursos da reparação do crime da Vale e também recursos do município, na ordem de R$7.000.000,00 do município, e R$21.000.000,00 da lei aprovada nesta Casa. A bacia tem um papel importante na contenção de enchentes, especialmente em Belo Horizonte, no Ribeirão Arrudas, mas acabaram com a antiga Vila PTO, onde centenas de famílias viviam graves problemas de inundação. A bacia é a Vila PTO.

O governo do Estado promoveu um evento de entrega da bacia, que seria composto por uma visita técnica à obra, seguida de uma coletiva. No momento da visita à obra, o governador gravou um vídeo com representantes da Avabrum e com o vice-governador para as suas redes sociais e para o seu cerimonial. De forma deselegante e totalmente acovardada, ele convidou a prefeita Marília Campos a se retirar do local. A deselegância foi tão grande que a prefeita chegou a ser tocada por um integrante do cerimonial no intuito de apressá-la a se retirar!

Diante do ocorrido e do mal-estar causado com a prefeita e com a sua equipe de secretários municipais que estavam no local, Marília resolveu se retirar do recinto e não participar daquele evento e daquela coletiva. A postura da prefeita Marília Campos – a prefeita é, com certeza, uma das maiores lideranças do nosso partido e uma das maiores lideranças de Minas Gerais – mostrou a altivez de quem não se contenta com o papel subalterno em sua própria causa. A postura do governador, por sua vez, mostrou que ele não respeita a liturgia do cargo, que não respeita a instância institucional e que não respeita a maior autoridade do município eleita, assim como ele, pelo voto popular. Mais ainda, Marília Campos mostrou que não se curva a um papel secundário, historicamente relegado às mulheres da política. Marília Campos é hoje, com certeza, uma das maiores lideranças políticas do Estado de Minas Gerais, e nós sabemos o tanto que isso afronta o atual governador e o seu vice-governador.

Zema está confundindo o papel de candidato ou de pré-candidato a presidente da República com o papel de governador. Aliás, ele já esqueceu o que é governar desde quando tomou posse. Ele anda mais preocupado em comer banana com casca para gerar likes e curtições no seu Instagram e nas redes sociais do que fazer a política republicana que marca a história de Minas Gerais. Marília Campos, por sua vez, é uma liderança política de grande estatura republicana, que recebe as lideranças e dialoga com todas as lideranças partidárias e com todos os integrantes de governos, independentemente da bandeira e da linha ideológica. Recebe bem o governador em Contagem, em todos os eventos, conversa com todos e é conhecida por sua capacidade de dialogar com quem pensa diferente.

Zema se apequenou mais uma vez, como ele tem feito sempre. Aliás, o seu cerimonial é utilizado como ferramenta de aparelhamento do Estado para tentar calar a voz de uma prefeita que tem 80% da aprovação do seu povo em sua cidade. Mais ainda, ele tenta, mais uma vez, fazer com que o povo confunda aquilo que não é dele: a obra da Bacia B3, que é uma obra da Prefeitura de Contagem, uma obra executada pela prefeitura, com recursos próprios da ordem de R$7.000.000,00 e com recursos decorrentes da tragédia – crime de Brumadinho no valor de R$21.000.000,00, totalizando R$28.000.000,00. É uma obra que já está entregue.

Por outro lado, em Contagem, o governador não tem coragem de falar que também as obras que são, sim, de responsabilidade do governo estadual sequer estão saindo do papel. Eu digo isso como residente de Contagem, como quem viu ser dada a ordem de serviço daquela obra. Até hoje nós não vimos a obra ser entregue, a obra da Bacia B6, da Rua Rio Volga, a praça, com o batente de contenção, que ali já está há sete anos sob o comando do governo do Estado. Os recursos são oriundos também da tragédia-crime de Brumadinho, mas ele nem sequer anuncia quando ela será concluída. O governador tem capacidade de falar que será efetivada. E mais: a obra da galeria. Então, são obras, gente, que vão colaborar com a Grande Belo Horizonte, em especial com a região da Pampulha, com a região do Cabana, do Madre Gertrudes, acabando de vez com os riscos de alagamentos, em razão dos quais tanto sofremos em BH.

Lá em Contagem, aí sim, a prefeita Marília Campos fez a obra que era da sua competência, da sua responsabilidade. E aí, aquele que quer ser pai do filho bonito, ontem, mais uma vez, mostrou a sua pequenez. Desta tribuna, governador, pedimos desculpas à prefeita Marília Campos, em nome do Estado de Minas Gerais, porque o governo do Estado não tem capacidade de reconhecer a sua pequenez e a sua atitude descabível e indelicada neste momento institucional.

Mais ainda: o governo do Estado deveria ter capacidade de assumir aquilo que não é seu. Quando é o não cumprimento por parte dos outros, ele quer colocar a culpa. Foi assim, deputado Doutor Jean, meu grande amigo, deputado Cristiano Silveira, deputada Bella Gonçalves, quando o governo do Estado anunciou, no mês de julho, que suspenderia o PAA Leite, que é o programa Leite pela Vida, em mais de 80 municípios do Norte de Minas, do Jequitinhonha, do Mucuri e do Noroeste, alegando falta de recursos do governo federal. É uma mentira descabível! O deputado Ricardo Campos, com o apoio do deputado federal Paulo Guedes, ou seja, nós imediatamente acionamos o Ministério do Desenvolvimento Social e provamos o contrário. Provamos que o ministério repassou R$13.000.000,00 para o governo do Estado no ano de 2024, para execução até 2025. Até o mês de maio deste ano, o Idene não tinha sequer prestado contas desse convênio.

Mas aí, para impedir que a mentira vire verdade, o governo federal já renovou o convênio para 2025 e 2026 e aportou, mais uma vez, a primeira de duas parcelas no valor de R$5.600.000,00. Teremos em breve, assim que houver a aprovação, a prestação de contas do programa Leite pela Vida, o PAA Leite executado no ano passado. São mais R$5.600.000,00, totalizando, neste ano de 2025 até abril de 2026, outros R$13.000.000,00. Esse é o governo do presidente Lula, que coloca recursos para apoiar o agricultor familiar. São mais de 10 mil agricultores que recebem, em suas contas, o pagamento do Leite pela Vida. Mais de 60 mil famílias foram beneficiadas com esse programa. Então aqui nós temos esse papel de não deixar o governador mentir para o povo mineiro.

E aí, prefeita Marília Campos, toda a nossa reverência, todo o nosso apoio contra essa atitude descabível e indelicada, contra essa atitude imatura, despolitizada do governador. A pequenez dele não é só no tamanho, na estatura, é também e mais ainda na política.

Por fim, quero dizer que nós temos visto a base do governo Zema andar por Minas Gerais, a base composta por parlamentares que andam de helicóptero para cima e para baixo, que não andam pelo chão comendo poeira, que não andam vendo a péssima qualidade das estradas de Minas Gerais, terem capacidade, deputado Betão e deputado Leleco, de anunciar, através de vídeos, através de cards nas redes sociais, que o programa Minha Casa, Minha Vida, que voltou com o presidente Lula, está sendo entregue nos municípios a partir das suas atitudes. Mentira tem perna curta! Não é, gente? Refiro-me a deputados que inclusive são da segurança pública, do agronegócio, que percorrem regiões somente de helicóptero, deixando poeira para o povo, e falam que o Minha Casa, Minha Vida lá dos Municípios de Patis, Novo Cruzeiro, Almenara, São João da Ponte, Varzelândia, Januária e Diamantina foi mérito da relação deles com o relator do projeto. Sabemos bem que o Minha Casa, Minha Vida voltou porque elegemos o presidente Lula. Elegemos também uma bancada de deputados que ainda não é a maioria no Congresso, em função do Centrão e desses parlamentares que só fazem jogo sujo a favor das emendas secretas e do orçamento secreto. Elegemos uma bancada como a do PT, do PCdoB, da Rede, do PV, do Psol, do PDT, partidos progressistas que apoiam o presidente Lula e que tem o mérito. E aí, deputado Leleco, deputado Doutor Jean, deputado Cristiano Silveira, deputada Bella Gonçalves e deputado Betão, tenho orgulho de caminhar ao lado de vocês e ao lado dos nossos colegas deputados federais. Somente com o deputado federal Paulo Guedes eu estive mais de dez vezes na Caixa Econômica Federal, em Brasília, no Ministério das Cidades, assim como vocês estiveram com os colegas deputados federais parceiros, pautando a volta do programa para as nossas cidades.

Mas é como diz o ditado: de filho bonito todo mundo quer ser pai. Não vamos deixar esses bolsonaristas e esses que não fizeram nada nos sete anos de governo Temer e Bolsonaro quererem cantar de galo. Não vão cantar! O povo brasileiro sabe que quem governa ao lado do presidente Lula somos nós: o deputado Ricardo Campos e os colegas do Bloco Democracia e Luta desta Casa. Por isso, nós anunciaremos muito mais: o Minha Casa, Minha Vida, o Mais Médicos, o Pronaf. Só hoje, por uma grande iniciativa desta Casa – parabéns ao deputado Leleco, ao deputado Padre João, à nossa colega deputada Leninha, ao Betão, que estiveram conosco –, anunciamos o Pronaf para o agricultor familiar. Anunciamos, por meio do Pronaf, de tantos outros programas e do Plano Safra, quase R$600.000.000.000,00 para o agro, para que possa produzir, gerar riqueza e abastecer a mesa dos brasileiros.

Por fim, não poderia deixar de cobrar, deputado Leleco, a inoperância do governo do Estado, que tem dinheiro da tragédia-crime de Brumadinho e até hoje… Eu cobrei do governador, no dia 8 de dezembro, no Dia dos Gerais, em Matias Cardoso, a obra da ponte do Rio São Francisco entre Manga e Matias Cardoso. E aí a obra já foi licitada. Que o governador dê a ordem de serviço o quanto antes! Essa não é uma obra dele, é uma obra do povo mineiro, feita infelizmente com recursos da tragédia-crime de Brumadinho. Se dependesse do governador, não sairia uma obra sequer. Mesmo assim, nós vimos, na divisa de São Francisco com Pintópolis, quatro anos de ordem de serviço efetivada e, até hoje, nada da conclusão da ponte de São Francisco a Pintópolis. Esta é a minha cobrança: que o governador se retrate o quanto antes com a nossa prefeita Marília Campos e com o povo de Minas Gerais.

O presidente (deputado Betão) Obrigado, deputado Ricardo Campos. Com a palavra, para seu pronunciamento, o deputado Caporezzo.