DEPUTADA CHIARA BIONDINI (PP)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 07/08/2025
Página 90, Coluna 1
Aparteante EDUARDO AZEVEDO
Indexação
46ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 5/8/2025
Palavras da deputada Chiara Biondini
A deputada Chiara Biondini – Presidente, como não há aviso sonoro, alguém poderia fazer sinais. Boa tarde a todos; boa tarde, presidente. Quero parabenizar primeiro o deputado Caporezzo e o deputado Bruno Engler, que me antecederam e falaram de forma muito brilhante o que de fato está acontecendo aqui, no nosso país. Antes de passar para o assunto nacional e para o assunto mais problemático do nosso país, eu quero mais uma vez… O deputado pode pedir o art. 164, se quiser, mas sei que vai pedir aparte à deputada Bella, porque já os vi conversando. Respeitar o deputado que está com o microfone…
Não foi uma vez, nem foram duas, nem três, nem quatro vezes que o deputado Leleco ficou aqui, no Plenário, rindo e debochando de quem está com o microfone na mão. Todos nós, os 77 deputados, fomos eleitos democraticamente, se é que esta palavra ainda existe no nosso país, deputado Bruno Engler, se é que democracia ainda existe no nosso país, deputado Eduardo. Se a gente puder falar essa palavra e se a gente ainda puder usar o microfone para falar aquilo que a gente pensa, acredita ou defende, sem ter um deputado rindo, debochando ou zombando… Você teve 15 minutos de fala, você falou o que você quis, e todo mundo te respeitou. Depois, como não tocou a campainha, o presidente, deputado Mauro Tramonte, deu mais tempo a você. Quando foi o caso do deputado Bruno, você veio aqui reclamar. Calma aí! Pode fazer deboche também da minha fala, não tenho problema com você. Mas a Casa inteira está cansada das suas ironias e dos seus deboches. Continue fazendo, pode fazer. Mas realmente eu quero pedir mais respeito com os colegas parlamentares. Pode fazer sinal de maluca para mim, pode fazer sinal de doida para mim. Presidente, que fique registrado em ata que o deputado Leleco, mais uma vez, desrespeita este Plenário e faz o sinal de maluca para mim. Quando fizeram sinal de maluco aqui, nesta Casa, para um deputado, vocês causaram espanto. A deputada Bella, que está atrás de você, espero que, quando ela falar aqui, no microfone –, ela defenda as mulheres, como um dia em que veio um homem aqui, nesta Casa, e fez sinal de maluca para a deputada Bia, deputado Bruno Engler, e todas as mulheres se solidarizaram. E a gente pode então falar para não fazerem sinal de maluca para parlamentar. Espero que o deputado Leleco também respeite as mulheres e não fique só no discursinho, no “mimimi”, na “falazada”, que esse grupo tende a fazer, porque infelizmente é isso que acontece. Infelizmente eu sou alvo de ataques o tempo inteiro, e parece que as mulheres não escutam. A deputada Bella, inclusive, defende Maria Tereza.
Deputado Bruno, eu vou trazer uma pauta, rapidamente, antes de falar do caso do presidente Bolsonaro, porque, se a gente abrir um precedente… Quando a deputada Bella subiu, nesta tribuna, para falar por que convidou Maria Tereza, aquela que falou que ia dar na minha cara, me chamou de vagabunda, etc., para uma audiência pública, ela falou que a Maria Tereza contribuiu muito com o debate daquela audiência pública, que eu nem me lembro de qual era o tema. Imagine se a gente abre um precedente, imagine se eu faço aqui uma audiência pública sobre esporte! Aí eu vou começar a chamar aqueles jogadores que de fato contribuíram no esporte, fizeram nome, fizeram carreira, mas agrediram namoradas, mas bateram em mulheres. Enfim, não vou nem citar nomes, porque nós todos sabemos. Se a gente abre precedente que a gente pode convidar agressores ou pessoas que ameaçam porque contribuem com um discurso, com uma audiência, nós estamos lascados, esta Assembleia vai viver de gente que agride, esta Assembleia vai viver de gente que bate e que ameaça. Sinto dizer-lhe que entre um homem que dá 60 socos em uma mulher ou um filho que mata a mãe, como o que matou a professora, para alguém que chega aqui, na Assembleia e tem coragem de apontar o dedo na cara e falar “eu vou dar na sua cara”, é um pedaço muito curto de distância. Rapidamente a Maria Tereza poderia ter dado um tapa na minha cara. Então eu espero que de fato, deputado Leleco, deputada Bella, possam defender aquilo que, realmente, pregam aqui. Além de democrático, eles têm o direito de falar e o direito de defender tudo o que eles falam aqui, no microfone, mas que eles fiquem além da fala e que vão de fato para o ato concreto, porque eu já fui quatro vezes xingada aqui. Uma vez pelo amigo do Leleco, que me mandou uma carta, no meu gabinete, pedindo para eu … Eu tenho essa carta no meu gabinete, Leleco, se você quiser, eu a leio aqui, deputado. Ele falou: “Que você tenha o cristianismo em seu coração e que você possa perdoar o …”, fulano de tal, que me agrediu no corredor. Eu tenho essa carta, eu tenho o seu áudio, inclusive, no WhatsApp, mas, se você questionar e falar que eu estou mentindo, eu exponho, porque, graças a Deus, o que falo aqui eu posso comprovar e posso seguir.
Você me pediu para eu ter – como ele se chama? – compaixão, mas eu não vou ter compaixão nem piedade de quem me chama de vagabunda no meu ambiente de trabalho, com todo o respeito, e espero que o senhor também não. Então espero que o que vocês falam vocês cumpram.
Antes de passar o aparte ao deputado Eduardo, eu quero falar do tema mais grave que está acontecendo no nosso país, que é a falta de democracia. Isso, gente, não é mais esquerda e direita, não é mais lado A contra o lado B, é quem tem o mínimo de senso e sabe um pouco de processo jurídico, de noção da questão de democracia e de justiça no nosso país. Eu não fiz direito na faculdade, eu fiz administração de empresas, mas eu sei o básico do que é prender alguém. E eu sei que não se pode prender alguém por atitudes de terceiras. Não é porque o deputado A ou o deputado B ou o próprio filho fez ação A ou B que você pode prender o presidente Bolsonaro. Eles estavam esperando o mínimo que fosse para prender o presidente. E eles não prenderam de forma rápida, deputado Bruno. Eles estão fazendo passos lentos para que o Brasil realmente não pare. Porque todos eles – o STF, o presidente Lula e todos os deputados de esquerda estaduais ou federais – sabem que a hora que realmente prenderem o Bolsonaro, de fato, o Brasil vai parar. Se é que já não está parando, como realmente tem senadores sentados, como o senador Davi Alcolumbre dizendo que não vai presidir, até que ele escute e sente como o senador de oposição.
Vivemos ainda numa democracia. Até que, de fato, instaure uma ditadura em nosso país – que a gente não vai permitir –, a gente vive numa democracia, a gente tem o direito de fala, a gente tem o nosso direito de deputado eleito preservado. Diferente do ministro Alexandre de Moraes, que não foi eleito, nós fomos por uma parcela alta da sociedade. Inclusive, você, o deputado estadual mais votado da história de Minas Gerais tem direito de fala e tem que ser respeitado pelos outros colegas deputados, principalmente por aqueles que sequer tiveram o voto. Se eles quiserem falar, se eles quiserem discursar, se eles quiserem lamentar, que eles vão para as urnas. Porque eu acho que o ministro Alexandre de Moraes sequer tem votação para ser eleito como vereador de alguma cidade, qualquer que seja, independentemente da quantidade de votos que precise. É uma pessoa que não pode sair nas ruas porque é vaiado. Coitado. E aí, deputado Eduardo Azevedo, quando ele é vaiado no jogo do Corinthians, faz um gesto obsceno, e a gente fica calado. Ora, a pessoa rasga a Constituição, a pessoa rasga o princípio de ética do cargo, a pessoa rasga o princípio da moral, qualquer coisa que seja rasga, e nós ficamos calados. Realmente a democracia está relativizada no nosso país. Chega de ser o lado A contra o lado B. Hoje é o Bolsonaro, amanhã pode ser o outro, pode ser o deputado Leleco. Porque se a gente abrir precedentes aí realmente abrem precedentes. Então fica aqui a lamentação que o ministro do STF, que não foi eleito, quer realmente legislar, quer ser um ditador, quer ser o imperador.
Ministro Alexandre de Moraes, o senhor pode ter a força que for enquanto ministro do Supremo Tribunal Federal, mas o seu tempo vai acabar. Essa fase vai acabar, a sua hora vai chegar, a sua conta vai chegar. O que já está acontecendo com o senhor é pouco para tudo que você está infringindo e fazendo pelo País, pela direita e por pessoas, inclusive, provocando mortes porque o senhor não cumpriu a legislação do nosso país. Então que o senhor possa ter consciência, independentemente de gostar ou não de alguém, de gostar ou não de uma ideologia, de pensar ou não como o que considera certo. Que você possa ter compaixão. Assim como o Leleco um dia me pediu para ser cristã, que o senhor possa ser cristão e entender que tem senhoras, tem pessoas que, para além de estarem presas indevidamente, para além de estarem sendo presas de formas incoerentes ou que nem deveriam estar presas, tem gente morrendo na cadeia, morrendo pais e mães de famílias. Então que o senhor possa ter compaixão e entender que a gente ainda vive numa democracia em nosso país.
Portanto, fica aqui o meu agradecimento ao Eduardo Bolsonaro e a todos os nossos líderes do Brasil e fora do País que estão dando luz para essa escuridão que a gente vive. Eu ainda tenho fé que, em breve, viveremos momentos felizes. Que o nosso presidente Bolsonaro, em breve, estará convivendo e podendo estar no meio de nós de volta. Porque, como o senhor mesmo disse, deputado Bruno Engler, ele não fez nenhum crime como os outros fizeram. Ele simplesmente teve a liberdade de expressão e conversou com seu filho pelo telefone, mas agora está preso em casa sem poder usar algum aparelho telefônico ou eletrônico. É lamentável que a gente viva numa ditadura! Que pena que tem gente que aplaude a ditadura.
Hoje é na gente que a água está batendo, mas não se esqueçam: “Pau que bate em Chico bate em Francisco”. Então que possamos nos unir a favor da democracia do nosso país.
O deputado Eduardo Azevedo (em aparte) – Obrigado, deputada Chiara, pelo aparte.
O que aconteceu no Brasil ontem nos mostra mais uma vez o abuso de poder do ministro Alexandre de Moraes. Ministro Alexandre de Moraes, o que eu quero dizer para o senhor aqui nesta tarde é que você vai ficar lembrado na história como um ditador que cairá muito em breve.
E eu venho aqui agora na tribuna da Assembleia porque temos visto que hoje o Congresso Nacional volta às suas atividades parlamentares com a promessa de obstrução total até que todo esse conflito seja de uma vez por todas solucionado. Senhores deputados federais e senhores senadores, a responsabilidade agora também é de vocês.
Vocês agora têm tudo para obstruir e parar a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, mostrando ao Brasil e ao mundo que este país não é de Alexandre de Moraes, que o STF não é de Alexandre de Moraes. Chega! O povo brasileiro já está cansado do abuso de poder desse ministro, que vem usando a caneta de forma ditatorial para perseguir pessoas e para perseguir especialmente o ex-presidente Bolsonaro.
Eu nunca vi isto: um homem que não tem sequer uma condenação criminal ter que usar tornozeleira. Agora ele está preso, porque, através do celular dos seus filhos, presenciou e acompanhou as manifestações que ocorreram no último domingo. Preso por crime de opinião! Que país é este? Que situação é esta a que nós estamos chegando no Brasil, onde um ministro manda, desmanda e faz tudo? Congresso Nacional, tenha misericórdia do Brasil! Aos senadores que dirigiram a Casa nos últimos anos, que se acovardaram, foram omissos e não tiveram peito suficiente para pautar o pedido de impeachment – porque há vários pedidos de impeachment do ministro Alexandre de Moraes: a hora é agora. O Brasil não tolera e não suporta mais Alexandre de Moraes.
Portanto, Congresso Nacional, que essa obstrução total de todos os partidos que começaram a se mobilizar possa acontecer no Brasil, para que realmente Alexandre de Moraes possa entender qual é o seu papel e qual é o seu lugar e para que ele respeite aquelas pessoas, os deputados e os senadores que foram democraticamente eleitos pelo povo. Ele não tem sequer um voto e não tem moral nenhuma para continuar fazendo o que vem fazendo de forma arbitrária. Portanto, Alexandre de Moraes, você vai ficar lembrado na história. Você vai cair como um ditador que teve dia e hora marcada para cair, porque tenho certeza de que, desta vez, os seus dias estão contados.
Sr. Presidente, vou encerrar a minha fala. Um deputado que me antecedeu – não vou mencionar o seu nome para não lhe dar direito de resposta – teve a coragem de chegar na tribuna e chamar o nosso governador de burro. Não vejo o governador Romeu Zema como burro. Pelo contrário, eu vejo que ele tem feito uma excelente gestão, entre acertos e também erros. Mas burro, Sr. Deputado, é o presidente que o senhor apoia. Ele é burro, ignorante e tapado, porque está vendo a situação em que o Brasil está, mas é covarde e não toma uma atitude para tentar resolver todo esse problema que tem sido desencadeado pelo STF e pela omissão de um presidente burro, omisso e covarde. Obrigado.
A deputada Chiara Biondini – Obrigada, deputado Eduardo. Obrigada pela sua fala. É exatamente isso. Agora, as Assembleias de todo o País, as câmaras de vereadores, os prefeitos etc. têm que cobrar isso dos senadores e dos deputados federais, para que possamos pautar a anistia e, em especial, o impeachment de Alexandre de Moraes. Esta agora é a nossa prioridade número um. Vamos ficar aqui para fazer manifestação, obstruir e usar este microfone, para que, junto aos nobres colegas deputados federais e senadores, possamos mostrar ao nosso país que existem deputados estaduais que são a favor da anistia e do impeachment. Nós faremos isso. Isso é nossa prioridade. Ficaremos unidos até que isso seja realidade e até que a ditadura acabe no nosso país. Agora podemos ouvir a pessoa que vai se opor a mim.