Pronunciamentos

DEPUTADA ANDRÉIA DE JESUS (PT)

Discurso

Denuncia o genocídio do povo palestino e questiona a visita do prefeito do Município de Belo Horizonte a Israel em meio ao conflito com a Palestina. Manifesta solidariedade à influenciadora Laura Sabino, vítima de tentativa de feminicídio pelo irmão, e destaca a importância do combate à violência contra mulheres. Denuncia o colapso do sistema prisional em Minas Gerais, lamentando mortes recentes em unidades prisionais dos Municípios de Ribeirão das Neves e Paracatu.
Reunião 37ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 19/06/2025
Página 64, Coluna 1
Indexação

37ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 17/6/2025

Palavras da deputada Andréia de Jesus

A deputada Andréia de Jesus – Boa tarde, presidente Betão. Boa tarde aos colegas que estão nos acompanhando e àqueles que estão nos acompanhando de casa. Aproveito esta tarde para ocupar este Plenário trazendo diversos assuntos. Ouvindo o deputado Doutor Jean Freire falando das quadrilhas e da festa junina, como não participar e, inclusive, não sair da dieta com a canjica, com os caldos, não é? É uma tradição mineira.

Mas, enquanto no Brasil a gente está passando por um mês festivo, não dá para não falar do genocídio que está acontecendo na Palestina. Infelizmente, acompanhar essa guerra pela televisão já nos causa muito temor. E não consegui entender ainda o que o prefeito de Belo Horizonte foi fazer em Israel. Graças a Deus, estou entendendo que ele está voltando. Graças a Deus. O compromisso do presidente Lula em resgatar os turistas que estavam lá… Bom que ele está vivo e que está voltando, mas isso nos assustou. No mínimo, há falta de leitura da conjuntura quando um prefeito recém-empossado vai para Israel no momento em que esse país está atacando a Palestina, assim como outros países. Além disso, ele colocou em risco a própria vida e não contribuiu para algo tão importante, que é fazer cessar essa guerra que está matando crianças, jovens e mulheres. É melhor entender isso, não é? Matar crianças e mulheres é pôr fim numa nação, e é isso que Israel está fazendo com a Palestina.

Presidente, eu também me inscrevi para trazer duas situações graves que a gente vem acompanhando. Gostaria de manifestar a minha total solidariedade à companheira Laura Sabino, uma jovem de Ribeirão das Neves, influenciadora digital que tem feito um papel importante no enfrentamento da extrema-direita. Ela tem tido um papel importante orientando os jovens acerca do que é socialismo e comunismo e mostrando a diferença daquilo que os extremistas têm feito ao distorcerem a história. A Laura sofreu uma tentativa de feminicídio dentro de casa, assim como muitas mulheres. Ela levou mais de nove facadas e teve o corpo parcialmente incendiado pelo próprio irmão. Nós estamos denunciando a situação, e felizmente ela está sendo acompanhada pelo programa de proteção e por órgãos.

A violência contra as mulheres é tão perversa que acontece dentro de casa; esse é o lugar onde há menos segurança. A gente vai seguir acompanhando essa jovem, que precisa tanto de atenção. Com isso buscamos garantir a proteção da vida das mulheres, das nossas mulheres, as mulheres jovens – falo daquelas com menos de 30 anos – para que se sintam seguras onde quer que estejam. A Laura cumpre um papel muito importante nas redes sociais, conversando com pessoas da sua idade. Então deixo a ela a minha solidariedade.

Outra coisa que gostaria de falar é que o sistema prisional segue colapsando em Minas Gerais. Nesta semana, estivemos no Drumond – ao lado da minha casa, moro no Bairro Sevilha B –, onde morreram mais duas pessoas privadas de liberdade. Uma série de pessoas privadas de liberdade foi atendida no Hospital São Judas Tadeu, o único hospital público da cidade. Sete delas estavam com ferimentos graves no corpo. Há um incentivo ao autoextermínio dentro do sistema, e isso está muito ligado à gestão, à forma como Rogério Greco, secretário de Justiça, tem lidado com o sistema prisional.

Em Ribeirão das Neves, agora, num presídio onde já estão vários presos do seguro, colocaram uma ala LGBT. Retiraram parte do grupo LGBT que estava em Bicas e o mandaram para o presídio de Ribeirão das Neves, que hoje é o mais superlotado do Estado de Minas Gerais. Isso trouxe uma série de conflitos, e é impossível à Polícia Penal conseguir contê-los. O resultado disso foram duas mortes em menos de 24 horas e vários feridos a ponto de precisarem de internação. Eles estão internados no Hospital São Judas. Presidente, também foi assassinado Daniel dos Santos Chaves, de apenas 22 anos, no presídio de Paracatu. (– Pausa.) A tosse me pegou. Ele foi preso, acusado de roubar um supermercado. Em menos de uma semana dentro do sistema, foi encontrado asfixiado no banheiro.

Presidente, eu quero agradecer o espaço. A tosse não vai me deixar chegar ao final. Essas denúncias de morte dentro do sistema prisional não podem ser naturalizadas. Então estou deixando a minha denúncia aqui e dizendo que nós, da Comissão de Direitos Humanos, vamos acompanhar esse caso porque a família tem o direito de ter o nome do filho limpo, tem o direito de poder enterrar esse jovem com dignidade e tem o direito a um sistema que funciona. Prender um jovem acusado de roubar supermercado e que, em menos de uma semana, tem a vida encerrada dentro do sistema prisional, isso só demonstra o quanto falho é esse sistema e que precisa de reparação imediata, ou seja, reparação para a família e reparação para as pessoas que estão privadas de liberdade. O secretário e o governador Zema são cúmplices dessas mortes. Obrigada, presidente. Boa tarde!