DEPUTADA BEATRIZ CERQUEIRA (PT)
Questão de Ordem
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 30/05/2025
Página 47, Coluna 1
Indexação
12ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 28/5/2025
Palavras da deputada Beatriz Cerqueira
A deputada Beatriz Cerqueira – Presidente, bom dia. Eu queria também deixar – como diz o deputado Sargento Rodrigues – consignada a importância de todas nós, mulheres parlamentares, termos ambientes seguros e livres de violência para o exercício da nossa atividade parlamentar. Achei muito interessantes todas as manifestações dos meus colegas deputados no Plenário desta manhã de quarta-feira. Na oportunidade, eu quero deixar registrada ao microfone – e protocolarei isto –, presidente, uma questão de ordem. Ouvindo os colegas deputados, eu me lembrei de três situações. Uma delas: recentemente eu fui informada de que o homem que me ameaçou de morte em 2022, que inclusive já teve que responder por isso na Justiça, veio à Assembleia, veio visitar o gabinete de uma deputada. De fato, nós precisamos de providências. Como um homem que me ameaçou de morte não só entra na Assembleia como é recebido em um gabinete parlamentar, como se um cidadão comum fosse? Então, é preciso, de fato, providências em relação a isso. Da mesma forma, eu me lembro de uma pastora que passou umas 2 horas de uma audiência que eu presidia me chamando, entre outras coisas, de vagabunda. Eu presidi uma audiência ouvindo gritos por horas. Inclusive, essa pastora está respondendo a isso criminalmente. Ela pode entrar aqui de novo, de novo me chamar de vagabunda e passar 2 horas incitando as pessoas a tumultuar uma audiência pública? Eu me lembrei também de outra situação: neste Plenário, o único deputado solidário a mim e à deputada Bella foi o deputado Tito Torres, quando, presidindo uma audiência da Comissão de Administração Pública, fui alvo de uma manifestação organizada que quase inviabilizou a realização da audiência. Era um grande poder econômico que estava por trás dessa movimentação – a federação que defende mineradora nesta Casa. E essa foi uma campanha organizada, imputando a mim e à deputada Bella omissões que foram desmentidas neste Plenário por outro colega deputado, que estava também presente na referida audiência. Lembro-me de um outro episódio, em que fui alvo do MBL. Todo mundo vai se lembrar disso, porque foi fartamente noticiado nos meios de comunicação. O MBL armou – posso falar isso, porque já foi comprovado pela Justiça – para imputar a mim crimes que eu, como deputada estadual, teria cometido. Ele armou aqui, dentro da Casa. Não estou falando de nada que acontece fora. Isso foi amplamente divulgado, e parte dos colegas que estão aqui eram deputados quando esse crime aconteceu. Ele armou, fazendo acusações falsas gravíssimas, expondo-me no exercício do meu trabalho parlamentar. Então, de fato, é preciso que o Parlamento seja um ambiente livre das violências que nós, parlamentares, sofremos. E como é importante haver uma solidariedade quando nós, mulheres, somos vítimas de violência. Estou apresentando a questão de ordem, presidente, porque, quando a turma do MBL, que cometeu esse crime, vem à Casa, ela é recebida em gabinetes, e eu sou avisada. Quem fica com a restrição de deslocamento no local de trabalho sou eu. Quem tem que ficar com a escolta da Polícia Legislativa quando o meu agressor de 2022 é recebido em gabinete de deputada, nesta Casa, sou eu. Sou eu que fico restrita em meu direito de andar não só dentro da Casa, como na redondeza da Assembleia Legislativa. Então, de fato, é preciso cuidar para que nós, mulheres, tenhamos condições plenas para o exercício do nosso trabalho e para que gabinetes parlamentares não recebam homens que comprovadamente agridem e ameaçam, homens que já foram condenados pela Justiça por ameaçar mulheres parlamentares no exercício do seu trabalho. Vou registrar isso, presidente, encaminhando toda essa documentação como questão de ordem para que a presidência possa resolver. Obrigada.