28ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 14/5/2025

Palavras da deputada Beatriz Cerqueira

O presidente – Só 1 minuto, por favor, deputada Beatriz. Independentemente de ser uma questão de ordem regimental, por sermos uma Casa, a Casa do povo, nós temos a prerrogativa da fala. Com muita gentileza – e é praxe sempre darmos a palavra aos nossos colegas –, concedo a palavra à deputada Beatriz Cerqueira. Com a palavra, pela ordem, a deputada Beatriz Cerqueira.

A deputada Beatriz Cerqueira – Presidente, diferentemente da minha colega que me antecedeu, essa é uma questão de ordem, porque pedir questão de ordem para burlar procedimento do Parlamento… A colega tinha acabado de perder a inscrição. Ela estava inscrita para falar. Ela teve a oportunidade para ficar 15 minutos falando mal do Lula, do PT da Janja, lembrando-nos desse setor da sociedade que pensa o que ela acabou de dizer, ou seja, que o lugar de mulher é em casa, que o lugar de mulher não é na política, que a mulher não tem que falar de política. Ela teve 15 minutos para dizer isso no Plenário. Lamentavelmente, é um direito de ela expressar essa visão patriarcal, essa visão machista, que muito contribui para a misoginia, para o ódio às mulheres. Quando se fala que o lugar da mulher é em casa, que mulher não tem que falar de política… Ela teve 15 minutos para fazer isso, porque, na organização da dinâmica do Plenário, a gente tem exatamente esse tempo. Mas, diferentemente, quando terminou a etapa, ela utilizou questão de ordem para fazer a inscrição, aquela inscrição, a inscrição do recorte para a rede social, porque é só disso que vivem as pessoas que praticam o ódio como forma de fazer política. Elas, inclusive, usam a tribuna para ficar no palanque para sempre e disseminar essa teoria, que ataca todas as mulheres e que diz que o lugar da mulher é em casa e que a mulher nunca sabe o que fala quando está no espaço da política. É disso que alguns políticos vivem no nosso país. Vivem em um eterno palanque porque precisam polarizar. E a polarização é feita pelo ódio. Na verdade, a questão de ordem que eu pedi é para relembrar para que ela serve. Isso está lá, a partir do art. 165: “São consideradas questões de ordem as dúvidas sobre interpretação deste Regimento, na sua prática, ou as relacionadas com o Texto Constitucional”. De fato, presidente, durante os trabalhos, é de praxe mesmo, quando tudo termina, que se faça uma questão de ordem, que se faça uma consideração rápida. Mas, por favor: não podemos diminuir a nossa inteligência. Temos que entender que se burla o momento do Plenário, o Grande Expediente, para fazer uma questão de ordem que seria apropriada em tal momento. Então não se utilizou do Grande Expediente para fazer questão de ordem. Foi por isso que eu pedi questão de ordem. Foi por isso que eu protestei. De fato, é praxe. Muitos colegas chegam agora, apresentam uma questão de ordem e trazem alguma informação. Às vezes há algum debate relacionado às questões que são da vida política, inclusive essas polarizações entre aquelas pessoas que falam isto mesmo e que defendem isto mesmo: que o lugar da mulher é em casa, que o lugar da mulher não é na política. Isso vai sempre depreciando as mulheres, como se elas não tivessem competência para estar na política, para realizar viagens internacionais ou para compreender processos políticos em larga escala. Às vezes os debates acontecem, mas não para burlar o Regimento Interno. Nós estamos aqui, então é importante respeitarmos esse processo para que essa convivência democrática se torne possível, mesmo que tenhamos que escutar, lamentavelmente, mulheres defendendo que o lugar de mulher é em casa, que o lugar de mulher não é falando sobre política, que a política não é o lugar da mulher. Eu quero pedir a Vossa Excelência o encerramento de plano desta reunião.