Pronunciamentos

DEPUTADO LELECO PIMENTEL (PT)

Discurso

Critica a postura do governador Romeu Zema em relação aos servidores públicos. Denuncia o pagamento de salários abaixo do mínimo a mais de 60 mil servidores, o desmonte dos serviços públicos, a falta de diálogo com as categorias e a priorização de interesses privados e eleitorais.
Reunião 23ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 01/05/2025
Página 64, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas PL 3503 de 2025

Normas citadas LEI nº 15293, de 2004

23ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 29/4/2025

Palavras do deputado Leleco Pimentel

O deputado Leleco Pimentel – Viva a luta! Viva as mulheres! Não pensem que nós não estamos ouvindo cada um dos gritos importantes dos que vieram aqui defender aqueles, como disse a deputada Beatriz, mais de sessenta mil servidores que este governador, não tendo escrúpulo, deixa receber menos que um salário mínimo no Estado de Minas Gerais.

Essa luta colocou polícia, professor, servidores da saúde, servidores do Estado numa mesma trincheira de luta. É claro, gente, que nós estamos diante de um fato que também é importante ressaltar: não existe proposta de reajuste ou proposta de política pública no Estado, porque Zema veio para negar e para destruir o Estado. É isso que ele, o caixeiro viajante, vem fazer. Que me perdoem os caixeiros viajantes – eu sempre peço desculpa aqui, do Plenário. Mas não é possível que a gente tenha uma pessoa que tenha tanto desprezo pela política a ponto de gostar tanto dela e se fazer um ditador, porque, para ele, tudo. Para os seus inimigos ou até adversários, a negação da política e a banana com casca.

Esse Zema, gente, passa para nós a imagem daquele que não compreendeu até hoje onde foi a batida que ele deu com o ônibus, porque ele tem o desplante de fazer campanha extemporânea, de tentar apaziguar os setores, como a mineração, como o agronegócio, e acaba trocando os pés pelas mãos. É claro que nós também devemos fazer repercutir aqui, neste dia, após o Dia Internacional da Educação, comemorado ontem por tantos que não têm condição de comemorar, a fala destes quando abrem o seu contracheque. Ouvimos servidores ASBs, ATBs e professores dizerem que não têm coragem de abrir o contracheque, porque lá está desmerecida toda a sua dedicação e serviço ao Estado.

Nós nos juntamos aqui para poder fazer repercutir, do Plenário da Assembleia, o desmonte que Zema fez quanto à política de reajuste salarial dos servidores. Mas nós, ao mesmo tempo, estamos vendo o efeito do desmonte de serviços e de atendimento. O hospital Hmal, que há poucos dias, teve essa reviravolta de abre e fecha, demonstrou como é que Zema deseja colocar estas OSCs para poder levar a cabo a privatização da saúde.

Da mesma forma, a tentativa de empurrar para os municípios isso que ele chama de Mãos Dadas e nós rebatizamos de Lavando as Mãos, às escolas, para que os municípios, aceitando chantagem, recebam essa merreca para dar conta da educação em Minas Gerais, assim como ele fez ao destratar, ao acabar com qualquer possibilidade de diálogo com as forças de segurança. É por isso que a gente, neste último mês, conseguiu ver servidores se somando numa mesma luta e dispondo aqui as bandeiras de luta para poder tirar esta máscara que Zema continua a manter. Viva a luta dos trabalhadores e dos servidores! O que nós estamos fazendo na Assembleia vai, com certeza, nos ajudar a aumentar a consciência.

Mas aquilo que gostaríamos, de fato, presidente, seria a sensibilidade do governo. Eu vi a mídia dizendo que a Assembleia Legislativa derrubou um veto. Não é verdade. Esta Assembleia Legislativa derrubou dois vetos do governador. O primeiro deles foi a tentativa do Zema de acabar com o sonho de mães que passam a enxergar uma política pública de tratamento à pessoa com espectro de autismo, a partir da criação dos centros regionais de atendimento, com multiprofissionais. Nós derrubamos esse veto, deputada Ana Paula. Também um veto relacionado à causa animal foi derrubado no Plenário.

Nós lamentamos, de fato, que a manutenção daqueles vetos tenha se dada pela base do governo, porque eu sei que até mesmo aqueles que fizeram acordo, no Plenário, discordaram dessa manutenção. Nós temos que desmascarar a relação do governo com a Assembleia, como se estivéssemos numa relação estável, quando não estamos. Quando o Sargento Rodrigues sobe aqui para pedir ao presidente Tadeu que não recue diante das ameaças de Zema sobre o Propag, nós nos somamos, porque, na verdade, quem teve a coragem de buscar diálogo com o ministro da Fazenda, junto com o senador Rodrigo Pacheco, foi o presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Tadeu. Por essa mesma razão, nós pedimos que não deixe Zema acabar com o único diálogo possível com o governo federal no reconhecimento de que Minas Gerais tem uma dívida grande e não vai conseguir resolvê-la sem o Propag.

Eu não posso associar o Zema a palavras de baixo calão porque o Regimento não me permite, mas eu gostaria de dizer que todos os sindicatos aqui presentes têm tido a coragem, a envergadura, de dizer as coisas que todos nós achamos do Zema. É lamentável que este governo seja mantido por uma liderança que não tem palavra, escrúpulo ou conhecimento da política. O Zema ultrapassa a barreira do possível, porque consegue manter uma cara de pau para fazer propaganda, para manter os custos do Estado para uma propaganda daquele que só faz benesses aos seus apadrinhados. Zema é um engodo, Zema é uma mentira, Zema faz mal aos servidores, Zema faz mal à política.

Por isso, nós não podemos deixar de registrar no Plenário a importância desses requerimentos para refletirmos sobre o fato de os reajustes não estarem sendo feitos no Plenário. Zema não tem coragem de encarar os servidores em um debate, muito menos dando a eles possibilidades, dando estrutura para desenvolver o que fazem com o mínimo que têm. Nós sabemos que vocês estão reivindicando o mínimo, mas as condições de trabalho de cada um de vocês já é mínima. Portanto, vocês sabem como sobreviver, mas não vão se calar diante daquele que quer comprar a consciência e o voto daqueles deputados e deputadas.

Eu quero, ainda, lembrar que, no dia de ontem, a humanidade tratava do tema da educação, pelo Dia Mundial da Educação, e nós, no Brasil, podemos trazer a figura de Paulo Freire para entender, pela pedagogia do oprimido, uma importante correlação de força: Zema sempre estará ao lado dos opressores para sacrificar os trabalhadores e trabalhadoras. Viva a luta! Viva a pedagogia que existe na relação do trabalho! Viva os servidores da educação! Viva os servidores da segurança pública! Viva os servidores do sistema de meio ambiente! Viva os servidores que têm coragem de colocar a cara a tapa e de enfrentar quem nem tem mais cara de pau para vir aqui. Obrigado. Viva a luta e contem conosco! Parabéns a todos e vamos lutar.

Meu tempo já terminou, presidente, mas só quero dizer que cada voz rouca que sai daqui nos ensina que o Parlamento é o lugar das defesas, e não o lugar da negociata. Nós precisamos fazer as defesas, e eu louvo quem tem coragem de subir aqui para defender o servidor, porque, desse povo que vota calado, na surdina, nós já estamos, com certeza, de saco cheio.

O presidente – Obrigado, deputado Leleco.