DEPUTADA BELLA GONÇALVES (PSOL)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 24/04/2025
Página 53, Coluna 1
Indexação
21ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 22/4/2025
Palavras da deputada Bella Gonçalves
A deputada Bella Gonçalves – Boa tarde, deputado Tramonte, toda a equipe de servidores da Assembleia, meus colegas deputados e deputadas da Casa, todo o mundo que nos acompanha. Eu também não poderia deixar de ecoar hoje o último discurso do papa Francisco, proferido antes da sua morte, o discurso de Páscoa, em que ele fala que a paz é possível. Eu queria destacar o papel importantíssimo que o papa teve como voz de luta pela paz contra o genocídio do povo palestino. Eu queria destacar três atos do papa que foram fundamentais e que mostram a grandeza desse homem que a gente perdeu na manhã de ontem.
Além de o último discurso do papa ter sido direcionado ao clamor pela paz na Palestina, é importante lembrar as 563 ligações que ele fez para a paróquia da Igreja Católica da Palestina. Todos os dias ele ligava para saber se as pessoas tinham se alimentado, como estava a situação da busca pela paz e o que estava acontecendo na Palestina, fazendo um acompanhamento direto e comprometido, não apenas protocolar. O papa também se revelou muito grandioso em seu último Natal: montou um presépio muito bonito no Vaticano, com o Menino Jesus enrolado em um pano palestino, chamando, então, a atenção de toda a comunidade cristã mundial a olhar para aquele conflito com humanidade, com justiça e com o sentimento que faltou àqueles que traíram Jesus Cristo e que as pessoas deveriam ter hoje para buscar redenção e uma sociedade melhor.
São muito mais do que esses três os atos importantes e os apelos feitos pelo papa Francisco em favor da paz na Palestina, e essa paz é urgente. Isso porque, mesmo com o falso anúncio do cessar-fogo, as crueldades do Estado de Israel contra o povo palestino não cessaram. Posso destacar 3 mil crueldades que foram feitas, ou mais, mas eu gostaria de lembrar-lhes das recentes: o bombardeio feito pelo Estado de Israel a uma creche, uma escola infantil protegida, inclusive, pelas Nações Unidas, que deixou muitas vítimas, muitos mortos, entre eles, crianças; e o ataque a ambulâncias que levavam paramédicos para socorrer as pessoas. Muitas vezes ligados ao Médicos sem Fronteiras, são pessoas que se desprendem e viajam o mundo para prestar assistência médica. Houve, então, esse bombardeio intencional pelo Estado de Israel que levou à morte de 14 paramédicos.
Além disso, a gente se lembra da crueldade constante dos bombardeios em hospitais, inclusive com a utilização de armas químicas. A crueldade contra o povo palestino caminha hoje num sem-fim, e é muito triste saber que, embora as palavras do papa evocassem a paz, o fim da guerra e o cessar-fogo, os países hoje ainda não conseguiram estabelecer critérios para a paz. O cessar-fogo parece uma mera questão, um mero protocolo cumprido pelas nações, em especial pelo Estado de Israel e pelos Estados Unidos, que, de fato, não se aliam para garantir o cessar-fogo real e a retomada da vida do povo palestino, do território palestino, que seriam essenciais para que a gente conseguisse gerar algum tipo de justiça.
O papa Francisco nos deixou muitas lições sobre a importância da luta pela terra, sobre a luta contra a fome e a miséria, sobre os desafios de um enfrentamento à mudança climática, mas talvez a mensagem que hoje deva ecoar mais forte é: “Parem o genocídio contra o povo palestino”. É isso que eu queria dizer, presidente, muito obrigada.