DEPUTADO LELECO PIMENTEL (PT)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 10/04/2025
Página 70, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas VET 19 de 2025
VET 20 de 2025
19ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 8/4/2025
Palavras do deputado Leleco Pimentel
O deputado Leleco Pimentel – Durante esse intervalo, a gente ouvia a voz de servidores e servidoras, do público que acompanha aqui na Assembleia esta discussão, que é para nós, de fato, uma luta. Eu acho que, se fosse o dever de consciência de cada um e de cada uma, nós derrubaríamos todos os vetos que o governador mandou para esta Casa, não só por justiça, mas pela falta de respeito que o governador Zema mantém na relação com os deputados.
Não achem que nós não temos projetos de lei importantes para passar aqui e que estamos aqui a tratar desses vetos com vontade só de enfrentar o Zema. Não é só por isso, não. Nós temos projetos de lei, esta Casa tem deputados e deputadas nos quais o povo de Minas votou que estão empenhados nas duas tarefas desta Casa. A primeira delas, talvez a atribuição em que menos há desempenho, é a da fiscalização da coisa pública e sobretudo da forma como o governo Zema vem conduzindo as políticas e também vem destruindo as empresas estatais.
Nós sabemos que, enquanto os vetos estão aqui na pauta, há as denúncias que hoje se avolumaram e que, com a presença dos eletricitários em frente à Cemig, puderam dar conta de como há uma quadrilha chefiada pelo presidente, o reizinho coroado, Reynaldo Passanezi. Ele está não só a blindar as relações de desmonte, de desidratação da Cemig, como tem mantido aquilo a que veio o Salim Mattar, que foi fazer a desestatização.
Acho que foi o Gustavo que, há pouco tempo, falou um nome bonito. Ele está aqui, no Plenário. Ele deu um nome bonito de corporation. Está igual ao inglês de Bolsonaro. O inglês de Bolsonaro dá para entender o que é corporation. Ou seja, quis falar da privatização, mas inventou um termo em inglês que não convence ninguém.
Por essa razão, os eletricitários estão de parabéns pela grande manifestação, pela paralisação, pelo tempo indefinido. Hoje, puseram-se às ruas e, à frente do prédio da Cemig, puderam dar seu grito, fazendo-se, inclusive, presentes e solidários naquela audiência que também dá conta da campanha salarial dos professores.
Para a nossa surpresa, há quase dez anos, não se via a cena que nós vimos hoje, razão pela qual nós estamos aqui a agradecer aos servidores públicos. Os servidores, técnicos, os ASBs, professores que dão conta da educação do Estado de Minas Gerais iniciaram a campanha pelo piso salarial e também pelos reajustes que são feitos nessa data.
Parabenizo a deputada Beatriz, que, junto com os sindicatos, conduziu não só a mobilização, mas também fez com que esta audiência pública fosse uma aula entre eletricitários, que denunciam uma trupe chefiada pelo Reynaldo, que gastou o cartão corporativo, inclusive em Cancun, pagando bebidas. Fez uma carta, chamada “carta indenidade”, que é uma carta conforto para ele e para o alto escalão da Cemig. Não há limite financeiro naquilo, não. Se ele fizer qualquer merda que for, vai estar garantindo nessa carta o pagamento dos honorários advocatícios para defendê-lo, inclusive, quando ele for demitido da Cemig. Porque a carta indenidade, como eles querem discutir, dá a ele garantias no pós-trabalho, no pós… Porque nós temos certeza de que este presidente cairá não porque Zema está preocupado com a imagem da Cemig, mas porque ele vai cair por corrupção.
E nós sabemos que a 17ª Promotoria vai receber também a nossa notícia-crime. Pois bem, a aula entre professores e servidores que iniciaram a campanha e dos eletricitários, que começaram hoje o movimento de greve, em favor da empresa Cemig, e não como faz o presidente Reynaldo de desmantelá-la para poder vender, foi agraciada ainda com a presença dos servidores públicos da segurança pública na porta da Assembleia. Há quanto tempo não se viam servidores, como os da segurança pública, eletricitários e também os servidores da educação, presentes na porta da Assembleia Legislativa, no auditório José Alencar, e fazendo esse belo movimento de cidadania e democracia?
Presidente Tadeu, a Assembleia não pode estar surda, diante dos gritos de injustiça que trouxeram hoje os servidores tanto na audiência pública quanto na porta da Assembleia. Por isso que aqui é importante a gente reverberar essa relação de servidores que resolveram, hoje, dar um basta. E foi em alto e bom tom e som que deram este grito: “Fora Zema!”.
E o que nós, dentro do Plenário, podemos fazer com a mesma coerência com o que fez os servidores? Nós podemos derrubar esses vetos que hoje são sangrentos contra a pessoa com espectro de autismo. São vetos que tratam de retirada de direitos da nossa população que mais precisa. Não preciso nem dizer que a derrota que Zema teve, ao tentar fechar o Hospital Amélia Lins, Hmal, foi para nós um ponto de resiliência e resistência e um sinal de esperança. Assim como estamos aqui a falar dos servidores da educação, dos eletricitários, falamos também dos servidores da segurança pública. Queremos parabenizar a resiliência e a luta dos servidores da saúde.
Esses servidores estão resistindo nos hospitais, os quais também estão sendo sucateados, porque a proposta, o método do Zema é levar tudo ao estado de miséria para poder fazer com que a população tente cuspir e escarrar em cima das empresas ou até dos hospitais. Essa vitória, que atribuímos aos servidores da saúde, é uma vitória do povo mineiro. Todos nós sabemos que o Hmal é o hospital que amortece grande parte dos casos graves que chegam ao Hospital João XXIII. Então é um crime o governador do Estado, a presidente da Fhemig e o secretário de Saúde virem dizer que o fechamento do hospital se dá sem impacto. Considerando que os atendimentos deixaram de ser feitos pelo hospital, eles não têm responsabilidade nem com o tratamento, nem com o cuidado. E o Hospital João XXIII também clama por investimentos públicos para que possa ser dada qualidade de atendimento e celeridade a todo tipo de acidente grave que ali chega, deputada Bella. Eu estou salientando que hoje seria injusto a gente somente parabenizar os servidores da educação, da segurança pública e os eletricitários. É dia também de nos unirmos aos trabalhadores da saúde, que tiveram importante papel de permanência e de luta.
E, por fim, quero também dizer da importância, na cidade de Ouro Preto, da paralisação daquela mineradora chamada Patrimônio ter sido feita, para que o Ministério Público e as autoridades acordem para o fato de que estamos tratando de patrimônio material e imaterial, de patrimônio hídrico. Aquela mineração é um tapa que dói na cara de cada pessoa da comunidade de Botafogo e de toda a população ouro-pretana. Por isso, nós não podemos aceitar um governador que está de joelhos para as mineradoras, dando licença ambiental a torto e a direito. É um governador que quer, por meio desses vetos, tirar mais direitos, quando, na verdade, o povo acordou e viu que o Zema é um engodo, uma mentira. Esperamos que o pedido para derrubarmos esses vetos seja ouvido pelos deputados, em uma relação de coerência com o que o povo de Minas Gerais quer. Muito obrigado, presidente.
O presidente – Obrigado, deputado Leleco.