DEPUTADA LOHANNA (PV)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 12/12/2024
Página 95, Coluna 1
Indexação
54ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 10/12/2024
Palavras da deputada Lohanna
A deputada Lohanna – Boa tarde, presidenta. Boa tarde aos colegas parlamentares que estão presentes. Eu tenho uma sugestão, presidenta, uma sugestão para os colegas parlamentares, a de ignorar provocações em Plenário feitas por pessoas que têm muita dificuldade de ter visibilidade, de qualquer forma, quando saem das provocações. O normal de algumas figuras que a gente observa é que apareçam pela defesa de pautas, pela cobrança, seja cobrança ao governo federal, seja cobrança ao governo do Estado. Inclusive, quando cobram o nosso campo, quando cobram o nosso governo, várias pessoas se destacam muito. A minha sugestão é que a gente ignore aqueles que só conseguem aparecer quando provocam pessoalmente outros colegas parlamentares. A gente constrói coisas muito boas aqui na Casa, direita e esquerda juntas, inclusive – como o deputado Cristiano falou dos bons debates que já teve com pessoas que pensam diferentemente dele –, quando a gente mantém esse respeito, entendendo que um é de um jeito, defende uma coisa, e o outro é de outro, defende outra.
Mas, presidenta, eu subi aqui hoje para falar de uma situação muito triste. A internet, hoje, está cheia de perfis de extrema-direita desejando a morte do presidente Lula. E eu não pude deixar, deputada Bella, de entrar em alguns perfis para poder ver quem era esse povo que estava postando coisas desejando a morte do presidente da República, um homem que é pai, que é avô, que é bisavô, que foi presidente, deputado da Constituinte. Podem gostar, podem não gostar, mas é uma figura importante na história do País. E todo esse povo tem, na bio do Instagram, o seguinte: “Cristão”, “Deus”, alguns versículos bíblicos…
Um povo que fala que é cristão e deseja a morte de alguém, sinceramente, gente – me desculpem inclusive o linguajar, pois a tribuna da Assembleia não merece ver este tipo de palavra –, mas é um pessoal que vai de tobogã para o inferno. Não é de outra coisa. Porque desejar a morte de alguém no momento em que a pessoa tem uma hemorragia porque teve uma queda, estava com dor de cabeça forte, uma pessoa que está trabalhando, que está tentando cuidar do País – você pode até não concordar, mas está tentando –, não é coisa de gente que fala que acredita em Deus, sinceramente.
E eu acho que a extrema-direita está num ponto de sofrimento muito grande, Doutor Jean. Eles têm que estar mesmo. Porque esse povo não conseguiu ganhar a eleição. Eles não deram conta. Eles estavam com a máquina na mão, aprovaram a PEC Kamikaze de R$41.000.000.000,00 para tentar comprar a reeleição. Eles estavam aniquilando os adversários deles pelo território, falando, inclusive, em metralhar adversário político. E não deram conta. O capital econômico estava todo do lado deles, parte da imprensa estava mobilizada do lado deles, e eles não deram conta de ter a vitória eleitoral. Então, esse povo tem que ficar mesmo com muito sofrimento. Eu só não acho que esse sofrimento justifique desejar a morte de alguém. Há gente que acha. Mas, como eles estão nessa situação horrorosa, eu acho que cabe uma análise de conjuntura sobre o quanto é triste quando o que restou ao seu campo político é desejar a morte de alguém. Você não ganha a eleição desse alguém – não é? –, então você fica desejando que essa pessoa morra.
A outra coisa que eu acho importante lembrar é que o Lula não é o Bolsonaro. E isso é muito importante. O Lula resistiu a 580 dias de prisão. O Bolsonaro, que não é uma pessoa conhecida pela sua coragem – muito pelo contrário: é conhecido por ser bastante acovardado – já tem falado sobre procurar asilo numa embaixada caso seja preso. Ele já tem dito isso. Um cara que nem sequer sabe ainda se vai ser condenado já está falando abertamente que vai procurar asilo em embaixada, enquanto a gente sabe muito bem que o Lula teve oferecimento de vários países para poder receber asilo político. Não se tratava de se esconder em embaixada, não, mas de receber asilo político, virar cidadão desses países, ser respeitado, trabalhar politicamente lá. E ele não foi. Ele ficou aqui por respeito às instituições, foi preso durante 580 dias, saiu e ganhou a eleição para presidente da República. Então, a gente não está falando de um homem frouxo, de um homem acovardado, de um homem pequeno. A gente está falando de alguém que, concordando-se ou discordando-se dele – eu mesma discordo várias vezes –, é alguém que tem estatura para ocupar a cadeira que ocupa, não um zé que estava lá por causa de um acidente histórico.
A outra coisa é que esse povo precisa mesmo ser questionado sobre a sua fé. E quem está falando é uma mulher católica. Essa turma é que falou que o erro da ditadura foi torturar e não ter matado. Foi essa turma que defendeu, que foi contra o fim da escravidão. Inclusive, foi uma das responsáveis pelo fato de Brasil ter sido um dos últimos países a acabar com essa coisa horrorosa que foi a escravidão no nosso país. Esse povo, se chegasse à porta do céu… Se eu fosse um mosquitinho para poder voar até lá, eu ia saber que iam tomar porta na cara, porque isso não é comportamento de quem conhece as leis de Deus, isso não é comportamento de quem fez catecismo, isso não é comportamento de quem frequentou algumas missas na vida, não precisa nem ter ido a muitas. Se esse povo é cristão, se esse povo defende Deus, vocês me desculpem, o que eu acho é que eles estão cavando o caminho para descer de tobogã para o inferno.
Eu queria dizer isso porque acho que é muito desrespeitoso desejar a morte de alguém. Quando Bolsonaro tomou a facada, e parte dos setores progressistas fez piadas sobre isso ou disse que isso não era verdade, eu sempre me coloquei no campo do respeito a uma vida, a uma família que estava em sofrimento. Então eu não poderia deixar de vir aqui e falar a mesma coisa: o que eu acho é que todos nós deveríamos nos unir, se não em oração pelo presidente Lula, pela recuperação dele, pelo menos em silêncio, porque uma das coisas que a gente aprende quando frequenta a igreja minimamente é que o falar é de prata e o ouvir é de ouro. Então, se não há nada de bom para falar, fique calado sobre esse assunto, porque o fato de o presidente da República estar internado não é bom para ninguém. Obrigada, presidente.