Pronunciamentos

GUILHERME DA CUNHA

Discurso

Declara posição favorável ao projeto de lei que altera a lei que institui as carreiras de Técnico da Defensoria Pública e Analista da Defensoria Pública e dá outras providências.
Reunião 22ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 19ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 27/12/2022
Página 13, Coluna 1
Assunto DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS (DPMG). PESSOAL.
Proposições citadas PL 3852 de 2022

Normas citadas LEI nº 22790, de 2017

22ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 22/12/2022

Palavras do deputado Guilherme da Cunha

O deputado Guilherme da Cunha – Bom dia, novamente. Estamos aqui com o projeto da Defensoria Pública, que promove a criação de 180 cargos comissionados, aliás, cerca de 200 novos cargos comissionados na estrutura da defensoria. Esse é um projeto, colegas, que teve uma história um pouco longa, pelo menos na Comissão de Constituição e Justiça. É um projeto que chegou a esta Assembleia quase como um pedido de cheque em branco por parte da defensoria, que pretendia criar os cargos, fixando remunerações de cerca de R$7.000,00 e R$7.500,00, mas sem informar o que esses cargos fariam, dizendo que depois seria definido pela defensora-geral em normativo interno.

Nós, na Comissão de Constituição e Justiça, apesar de ser um projeto que veio do governo do qual meu partido faz parte, batemos o pé e dissemos que isso é errado. É errado porque a lei determina que a criação de novos cargos, de novos empregos, de novas funções públicas deve determinar não apenas o quantitativo e o salário, mas também a função. E a defensoria enviou na sequência a descrição das funções que seriam exercidas por esses cargos, tornando o projeto constitucional, permitindo que o projeto avançasse, permitindo que chegasse a este Plenário. Na comissão, minha análise foi puramente constitucional desse aspecto, que está longe de ser um detalhe, é da mais alta relevância, que é o cheque em branco que se queria e aquilo que a lei determina.

Aqui eu faço uma análise mais de mérito. No mérito, eu digo que a Defensoria Pública precisa repensar a sua forma de atuação, precisa repensar como ela exerce seu papel de levar defesa, de levar justiça para a população mais carente do Estado. A gente percebe, ao longo desta legislatura, um movimento dos defensores de buscar equiparações remuneratórias, de vantagens e de carreira com os membros do Poder Judiciário, com os membros do Ministério Público, de maneira tal que ficará caríssimo para o cidadão mineiro e doerá no bolso, especialmente desse mais pobre que a defensoria precisa atender, a expansão desse modelo para todas as nossas comarcas, para todos os nossos processos.

A conta é impagável. A defensoria precisa urgentemente repensar sua forma de atuação e começar a trabalhar em parceria com advogados dativos que têm uma capilaridade gigantesca em Minas Gerais, que têm condições de fazer o atendimento dessa população mais carente, recebendo os honorários do Estado num valor que seria uma fração daquilo que recebe um defensor público em Minas Gerais. Ao Defensor Público caberia eventualmente a coordenação desses contratos com dativos, dessa rede de escritórios dativos, eventualmente a revisão, o monitoramento e a fiscalização do trabalho deles. Seria mais condizente com o salário de R$30.000,00, sem desmerecer obviamente quem exerce a função, e fazer petição de juntada de documento, fazer petição que, na imensa maioria dos escritórios de Minas Gerais e do Brasil, e eu tive uma longa vida dentro de escritório de advocacia, é feita pelo estagiário. A gente precisa repensar esse modelo para que ele caiba no bolso do cidadão mineiro, para que ele chegue a mais lugares e chegue mais rápido.

Então, na discussão do projeto, trago a sugestão a nossa defensora pública-geral para que repense o modelo da defensoria para um de gestão de processos, utilizando-se de uma rede de dativos e promovendo revisão e fiscalização.

Em relação ao projeto especificamente, a criação dos novos cargos é muito vantajosa. Vai custar para Minas Gerais cerca de R$30.000.000,00 por ano, mas vai permitir que o trabalho da defensoria chegue a muitos mais lugares por uma fração do preço que é hoje, porque são cargos que tenho a certeza de que vão fazer 90% do trabalho que faz hoje o defensor nesses processos mais simples, da mesma maneira que nos escritórios de advocacia estagiários e advogados juniores fazem 90% do trabalho em vez de sócio sênior. É normal que seja assim. Aqui vamos permitir então 200 novas pessoas trabalhando na estrutura da defensoria por uma fração do custo de um defensor, tocando o serviço e fazendo a defensoria chegar a mais lugares. Por essa razão, esse projeto é bom. É um projeto que vai ajudar a defensoria a atingir suas finalidades por um custo menor. No longo prazo, não adianta criarmos mais 3 mil, mais 5 mil cargos comissionados na estrutura da defensoria. No longo prazo, se quisermos que ela chegue a cada canto de Minas Gerias, a cada comarca do nosso Estado e a cada pessoa necessitada, será necessário repensar o modelo.

Fica aqui a sugestão, portanto, à nossa defensora-geral para que promova esses trabalhos no âmbito interno da defensoria. Se desejar, coloco-me à inteira disposição para colaborar na elaboração dessa proposição.

Finalizando a discussão, colegas, a sugestão que faço é que votemos “sim”, sanado dos seus vícios, da sua inconstitucionalidade e que, na sequência, iniciemos esse movimento de repensar como expandir nossa defensoria cabendo no bolso do cidadão, especialmente daquele mais pobre a que ela atende. Muito obrigado.