21ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 19ª LEGISLATURA, EM 7/10/2022

Palavras da deputada Andréia de Jesus

A deputada Andréia de Jesus – Bom dia, presidente; bom dia, colegas deputadas e deputados, povo que nos acompanha. Eu me inscrevi para declaração de voto porque acho importante deixar para o povo mineiro a leitura da primeira mulher negra a ocupar, nesta Casa, uma cadeira como deputada. E aí eu quero dizer que, de fato, é preciso registrar: a Assembleia Legislativa ainda é composta majoritariamente por homens, é composta majoritariamente por homens brancos e herdeiros. Mas nós não viemos, nesta manhã, discutir estrutura, porque isso é um problema estrutural no Brasil, a ausência de corpos negros, da maioria da população, nos espaços institucionais. Nós estamos aqui definindo algo extremamente importante: quem vai sair desta Casa e vai ocupar uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais. Nós estamos aqui afirmando o nosso compromisso com as instituições, porque é extremamente importante para a democracia o fortalecimento das instituições, como esta Casa e como o Tribunal de Contas. E falar de Agostinho Patrus é importante. É o presidente que me recebeu nesta Casa e garantiu, inclusive, a harmonia interna para que a gente pudesse exercer o nosso trabalho. A Comissão de Direitos Humanos, em que hoje eu estou como presidenta, só foi possível porque Agostinho Patrus também assumiu o papel de garantir que o trabalho interno desta Casa fosse possível, atendendo aos interesses dos 77 deputados. Ser liderança não é coisa simples, não é coisa de amador, e é preciso ter responsabilidade com isso. E Agostinho Patrus foi responsável ao manter a harmonia da Casa; ao garantir CPIs importantes, como a CPI de Brumadinho, como a CPI da vacina, que demonstraram para o povo mineiro que a gente fiscaliza e que temos responsabilidade com o dinheiro público, com o orçamento do Estado e com os serviços que precisam ser garantidos com qualidade. E para finalizar, presidente e colegas, é importante dizer que Agostinho Patrus também teve a postura de garantir que a Mesa diretora assumisse a responsabilidade sobre a minha vida. Hoje, ainda vivo sob ameaças. São quase trinta inquéritos de ameaça de morte e de injúria racial de pessoas que não querem ver a democracia ser efetivada com a presença de mulher negra como deputada. E Agostinho Patrus foi fiel ao papel que assumiu na Assembleia Legislativa, presidindo-a, mas também garantindo que a Mesa agisse com rapidez para garantir a segurança interna da Casa. A polícia legislativa faz um papel excelente em garantir a segurança interna, e a segurança externa, hoje, com a Polícia Militar, que continua acompanhando a Comissão de Direitos Humanos e a presidenta da Comissão de Direitos Humanos. E, por isso, garantiu que a gente tivesse condições de participar do processo eleitoral, mesmo que esse processo ainda não represente a maioria do Estado de Minas Gerais. Então, assumindo o meu compromisso e a lealdade, porque isto é muito caro – ser leal –, eu voto “sim” e garanto que Agostinho Patrus siga o seu trabalho agora no Tribunal de Contas. Eu aguardo também resposta do Tribunal de Contas, porque eu fiz uma representação contra o governador Zema em função desse orçamento secreto, que é uma ilegalidade, um abuso, um genocídio, um etnocídio do povo mineiro. Então, com a presença do Agostinho no Tribunal de Contas, eu tenho certeza de que o Estado de Minas Gerais terá resposta quanto aos abusos desse governador. Obrigada, presidente.